45% escrita por SobPoesia


Capítulo 44
Jeito de Amar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641385/chapter/44

Parar de pensar nela era impossível.

Todas memórias voltaram para mim em casa quieta ou impaciente inspirada. Da primeira vez no necrotério, com toda a sua sensual investida antes da embolia pulmonar; até momentos atrás, no qual seu corpo cheio dançava em meio as quentes águas do chuveiro.

Bruni sorria, o tempo todo. Corria, segurando as minhas mãos. Corava a qualquer elogio. Concordava com a opinião da maioria. Tinha as roupas mais coloridas que coloriam o mundo todo ao seu redor. A gargalhada dela era a melhor música do mundo. Seu cheiro era tão sereno quando seu olhar cego. Ela era uma deusa, das gregas, com o corpo cheio e cabelos ao vendo. A amava tanto, e, ainda sim, não tinha sido o suficiente, já que eu não tinha notado.

Não conseguia comer, nem conversar.

Como um disco quebrado, as memórias repassavam em minha cabeça, rodando e rodando em um ciclo espiralado quebrado, que terminava com a triste realidade. Sempre soube que ela ia morrer, mas nunca conseguiria engolir o fato de que a doce, a mais doce das garotas estava sofrendo.

—Você está bem? – Diana segurou minha mão.

Estávamos em nossa mesa usual. A falta dela era sentida, mesmo que todos conversassem, não era a mesma coisa.

—Não. – empurrei meu prato para frente e deixei que minha cabeça caísse a mesa, ficando ali, deitada.

Como algo estaria bem? Como qualquer coisa estaria bem depois daquilo?

As quentes mãos de Diana acariciaram minha nuca, em um carinho aconchegante. Não queria fugir dali mais, mas também, não queria chorar em seu colo.

O almoço se passou, sem que eu me movesse. Não havia necessidade.

Quando o sinal soou, ela me deu um quente beijo molhado no ombro e me sussurrou que fossemos para o quarto.

Sem pronunciar nem ao menos uma palavra, peguei as minhas coisas, jogadas ao meu lado direito, puxei Hazel e segui até meu quarto, apostando que ela me seguiria.

Sentei-me em minha cama e ela me beijou na testa.

Um carinho curto que me aqueceu o coração, mas ainda não sabia se era disso que eu precisava no momento.

Diana sorriu.

Seu sorriso não me contagiou e foi aí que eu percebi.

—Você precisa de mim agora? – suspirei.

—Como assim?

—Você tem câncer. Eu quero saber se precisa de mim, para cuidar de você, para estar aqui. – minha voz falhou e ainda assim não era o que eu queria dizer, Diana ergueu uma sobrancelha.

Dei uma pausa.

Ela precisa de mim e vai morrer. Não me julgue, mas quero estar do lado dela quando isso acontecer, porque foi uma promessa que fiz quando nos conhecemos. Se você precisar de mim, divido meu tempo, luto e me mato, deixo de dormir, mas cuido das duas. Mas se não precisa, me deixe fazer isso.

—“Você me conheceu em um momento muito estranho da minha vida”? – ela sorriu.

—Bem no meio do que eu acho que é uma transição maluca. – sorri.

—Violet... Isso é esquisito, entre nós. É a única razão para qual eu estaria concordando com essa história maluca. Mas eu entendo. Entendo, porque quando te conheci não juntei minhas pequenas coisas e fui viajar com você para o que quer que seja que estivesse acontecendo, já que eu tinha uma namorada e devia satisfações. Entendo uma promessa. Mas não me faça esperar tempo demais. Amor pode ser um fogo muito intenso quando mantido, mas assim que você para de colocar lenha na fogueira, as chamas morrem. – ela se levantou.

—Nós temos jeitos esquisitos de dizer que nos amamos. – segurei ambas as suas mãos.

—Porque você é esquisita.

A beijei.

Era um beijo que eu queria sentir por toda a eternidade.

Então coloquei Hazel nas costas e segui para onde quer que 45% estava. Não havia mais tempo a perder.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "45%" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.