Ele tem 18 anos escrita por Hanna Martins


Capítulo 15
Nuvens negras no horizonte


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui! Desculpem pela demora, mas aqui está um capítulo quentinho!



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Bocejou, enquanto esfregava os olhos. Tomou um grande gole de café e continuou a fazer anotações nos desenhos que fizera aquela noite. Ainda era cedo, sete horas da manhã, o relógio do computador apontava.

— Você ficou à noite inteira aí? — perguntou Katniss, lhe dando um beijinho na bochecha.  

— Precisava terminar alguns desenhos...

— Peeta, você sabe que precisa dormir! — ela o advertiu com preocupação.

Apenas deu os ombros. Ultimamente, empregava todo o tempo que tinha livre nos desenhos. Precisava melhorar seus desenhos. Precisava divulgar mais seus trabalhos. O blog estava... em seu início, ainda não tinha muitas visitas. Trash até lhe dava uma mão divulgando seu blog o quanto podia.  

— Estou indo para o laboratório — disse Katniss.

Era sábado. Mas, ela estava no meio de testes para um novo medicamento.

— Se cuida — ela deu-lhe um rápido beijo nos lábios. — Durma um pouco, hein! Não vá ficar o dia inteiro aí... — acariciou seus cabelos com delicadeza.

Ele sorriu e a puxou para um beijo. Um longo beijo.

— Você... vai me fazer chegar atrasada! — disse ela, separando seus lábios dos deles, mas antes ela ainda lhe deu uma leve mordida em seu lábio inferior. — Tenho que ir — disse lhe dando alguns pequenos beijinhos nos lábios. — Descanse... hoje é seu dia de folga.

Ele assentiu. Katniss se foi.

No entanto, ele não poderia descansar como prometera a Katniss. Iria almoçar com sua mãe, Gale e Madge. E ainda queria terminar os desenhos.

Gastou boa parte da manhã, naquela tarefa. E quando se dera conta, estava quase atrasado para o almoço. Tomou um banho rápido e foi para o apartamento de Gale e Madge. No caminho, no ônibus, ainda fez mais alguns esboços. Não podia perder nenhum minuto sequer. Todo tempo era precioso.

Foi Madge que veio o receber. Ela estava linda em vestido floral. Madge era muito bonita. Era delicada, simpática, sempre prestativa. Com certeza, os pacientes de Madge eram afortunados. Ela era uma pediatra e atendia em um grande hospital.

— Peeta! — ela o cumprimentou com um largo sorriso. — Estávamos de esperando! Entre!

Era bom que Madge estivesse presente. Ela era ótima em acabar com a tensão no ambiente. Com Madge por perto, estava prevenido. Nem sua mãe ou seu irmão iriam tocar naqueles assuntos que eles sempre existiam e dos quais estava altamente falto.

Madge o conduziu até a sala de jantar, em que eles sempre faziam as refeições. A mesa estava posta com bastante esmero. Flores vistosas de variadas espécies enfeitavam a mesa. Peeta se sentou ao lado de sua mãe.

— Deveríamos ter convidado Katniss... — disse Madge, servindo Peeta.

— Ela está ocupada — respondeu Gale. — Em um novo projeto do laboratório...

— Ah... Então, a convidamos da próxima vez — Madge sorriu.

— Ela é uma moça encantadora... deixar Peeta ficar no apartamento dela... — falou sua mãe.

Peeta notou o olhar de Gale. Ele sabia o que significava. Tinha que contar para a mãe sobre Katniss. Mas, se Gale tivera aquela reação, sua mãe... seria ainda mais complicado.

Olhou para Gale que degustava uma taça de vinho tinto. Por que o irmão não apoiava seu namorado com Katniss? Seria a diferença de idade? Nove anos. Aquilo era uma bobagem. Idade não significava nada. E daí que Katniss era nove anos mais velha do que ele? Isso lá mudava alguma coisa? Isso iria alterar os sentimentos que ele tinha por ela? Tudo era uma grande besteira. Ele era um adulto, tinha 18 anos, sabia muito bem o que estava fazendo. Mas... e se não fosse por causa disso exatamente. Katniss era a ex-namorada de Gale.

A ex-namorada de seu irmão.

Podia recordar nitidamente o modo que Gale sempre falava de Katniss. Os olhos brilhando, o sorriso em seus lábios ao pronunciar o nome dela. Antes mesmo de Katniss se tornar sua namorada, ele sempre falara dela com muito carinho.

O amor que Gale tinha por Katniss era algo palpável. E repentinamente veio aquela notícia, os dois tinham se separado. Naquela época, estava resignado a sua condição, só poderia amar Katniss platonicamente. Não alimentava nenhuma esperança. Katniss era a namorada de seu irmão.

Nunca soubera o motivo da separação entre eles. Seu irmão não tocara no assunto.

Será que... Não, não poderia ser. A simples possibilidade daquilo o deixou... atordoado.

— O que foi, Peeta? — perguntou Madge.

— Nada — respondeu. — Só estou... — iria dizer cansado, mas conteve-se a tempo, aquela palavra poderia render um sermão mais tarde por parte de sua mãe ou seu irmão. — Pensando em algo, só isso — sorriu e tomou um gole de vinho.

Madge começou a falar sobre vários assuntos, entretendo todos à mesa. O almoço foi até agradável. Pelo menos, não tinha ganhado nenhum sermão.

Após o almoço, resolveu dar uma pequena volta. Foi a uma loja destinada as histórias em quadrinhos e passou quase toda a tarde, folheando revistas. A pequena volta se transformara em horas. Naquele mundo poderia passar por um tempo incontável. Saiu da loja com várias revistas.

A tarde já estava quase acabando, quando chegou no apartamento. Deveria dormir, passara a noite inteira desenhando. Mas, não estava com vontade. Resolveu dar um pequeno passeio pelo parque que ficava perto do apartamento.

Quando já estava na porta do prédio, encontrou Katniss.

Ela sorriu ao lhe ver.

— Aonde você está indo?

— Dar um passeio, vem comigo?

— Agora? — ela fechou um dos olhos de um modo preguiçoso. — Estou exausta...

— Vai ser bom para você que passou o dia inteiro no laboratório. É bom respirar ar puro, ver o verde... Vamos, sim? — sorriu para ela e entrelaçou seus dedos nos delas.

— Ah... você sempre consegue me convencer! — disse rendida. — Vamos, então!

Os dois caminharam em silêncio pelo parque. Katniss encontrou um lugar agradável na grama debaixo de uma imensa árvore.

— Aqui está ótimo! — disse ela, se espreguiçando.

— Muito trabalho?

— Sim. Só não fiquei mais hoje porque preciso ler alguns livros... E você, aproveitou seu dia folga?

— Almocei com minha mãe, Gale e Madge.

— Ah... E como foi?

— Bom... — os dois não falavam muito sobre aquilo. Pareciam ter um acordo silencioso sobre o assunto.

Katniss deitou-se na grama e olhou o céu.

— Katniss... você e Gale sempre foram bastante amigos, não é mesmo?

— Sim, desde que nos conhecemos na faculdade... por que?

Não disse nada.

Ela se levantou e olhou, procurando uma explicação.

— Peeta, o que foi?

— Nada — ele não deveria ter começado com aquilo, fora levado pelos pensamentos que lhe surgiram no almoço.

— Peeta... — ela exigia por uma explicação, poderia ver em sua expressão.

— Por que... — hesitou por um instante, mas o olhar exigente de Katniss o fez continuar. — Você e Gale terminaram?

— Por que você quer saber disso? — ela perguntou na defensiva, desconfiada.

— Só quero saber...

— Isso foi há tanto tempo... não tem importância — deu os ombros.

Não era bem assim. Ele sabia. Havia algo que o incomodava. No começo, ele não dera importância. Mas, aquilo ainda estava lá. Era como um fantasma que estava o rondando.

— Você ainda gosta do meu irmão?

— O quê? — ela o olhou perplexa, sem saber como reagir.

— Não pense que esqueci, Katniss... quando... nos encontramos naquele hotel, era a noite da festa do noivado de Gale. Você estava bebendo. Bebendo para esquecê-lo, não era assim? — ela o escutava sem emitir um som sequer. — E depois, no dia seguinte... quando eu perguntei se você gostava do meu irmão, você negou, mas havia algo em seus olhos...

— E você disse que me faria esquecer Gale — completou Katniss, desviando o olhar dele.

— Então, era verdade? Você tinha... tem sentimentos pelo meu irmão?

Katniss se voltou para ele e levou suas mãos até sua face. O olhou em seus olhos.

— Peeta... — ela segurou com delicadeza sua cabeça entre suas mãos. — Naquela noite do noivado de Gale, eu realmente estava confusa. Gale... o que eu e ele tivemos foi algo muito profundo.

Peeta sentiu uma pontada em seu coração. Não queria mais ouvir aquilo. No entanto, Katniss mantinha-se forte, segurando sua cabeça, impedindo que ele desviasse o olhar.

— Nós dois somos muitos parecidos em diversos aspectos...

Ele realmente não queria continuar a ouvir aquilo. Fez menção de desviar o olhar dela.

— Me escuta, Peeta. Por favor, me escuta — a voz de Katniss era autoritária. — Naquela noite, eu vi Gale com Madge... os dois tão felizes, tão perfeitos juntos e... pensei que poderia ser eu... lá. Eu...

— Katniss... — ele tentou se desvencilhar de suas mãos, mas ela não permitiu.

— Eu me senti perturbada por aqueles sentimentos. Eu sempre soube o que queria sempre...

— Você ainda o ama?

— Peeta, por favor, me deixe continuar, sim?

Resignado, concordou.

— Gale e eu terminamos... porque queríamos coisas totalmente opostas. Gale... me pediu em casamento e eu não aceitei. Ele queria uma família, filhos. E eu não estava preparada para aquilo, entende? Eu ainda não estou prepara para isso. Você conhece Gale... Ele sempre quis uma casa cheia de crianças correndo.

Aquilo era a mais pura verdade. Gale sempre sonhara com uma vida pacata, com lindos bebês gordinhos brincando no jardim. Seu irmão falara em ter um time de futebol.

— E eu... sempre sonhei em descobrir um medicamento que ajudasse as pessoas que têm a mesma doença que minha irmã. Você sabe como minha vida é corrida. Eu tenho que me dedicar o máximo ao meu trabalho. E eu gosto disso. Gosto de pensar que posso salvar vidas. Que posso cumprir a promessa que fiz a minha irmã, que encontraria a cura para sua doença. Eu não podia aceitar a proposta de Gale. Não podia... fazer o seu sonho se tornar realidade. Eu sabia que se aceitasse a proposta de casamento, eu tornaria nós dois infelizes...

Katniss fez uma pausa.

— Peeta, você entende? Eu e Gale nos amávamos... mas, nós dois nunca poderíamos ficar juntos. Nossos sonhos são opostos.

Ela acariciou o rosto de Peeta, retirando uma mecha de cabeço que caia em seu olho.

— Naquela noite, eu estava pensando no que teria acontecido... Não, eu não me arrependi de minha escolha. Mas... naquela noite, eu pensava em Gale em como éramos felizes naqueles tempos juntos. Eu pensei que já tinha dado um ponto final em minha história com Gale...

Novamente, sentiu um formigamento em seu estômago. Uma vontade imensa de fugir. Entretanto, se manteve ali.

— Naquela noite, velhos sentimentos vieram à tona...Como eu já disse, o que eu e Gale tivemos não é algo que se esquece... Eu só estava confusa, naquela noite, você pode compreender isso, Peeta?

— Acho que sim... — sua voz era baixa.

— De verdade? Você pode compreender?

Peeta desviou os olhos de Katniss e abraçou as suas pernas. Aquilo tudo eram tão difícil de ser ouvido. Katniss havia amado tanto Gale. Uma coisa ridícula estava corroendo seu estômago. Uma coisa que ele tinha até vergonha de admitir que existia. Ciúmes.

— Mas o que eu e Gale tivemos está no passado... bem no passado. Nós dois seguimos em frente.

Ele levantou a cabeça e a olhou. Tinha uma pergunta a fazer, mas temia a resposta. A pergunta rodopiava por sua mente, porém, não se atrevia a expô-la.

— Eu... — ela apanhou novamente sua cabeça e o beijou. Um beijo demorado. — Te amo — sussurrou Katniss.

A olhou como se a visse pela primeira vez. Katniss sorriu.

— Nunca duvide disso. Nunca — ela murmurou.

Uma explosão de sentimentos o invadiu. Nada mais importava. Ela o amava.

— Eu também te amo, Katniss — a beijou. — Te amo! — deu-lhe outro beijo.

Aquela tarde era uma das mais felizes que já tivera. Sentia-se cheio de energia, um calor gostoso o aquecia. Sentia-se capaz de tudo. Era dono do mundo. Aquela era a mais bela melodia que já ouvira.

— Vamos — Katniss o afastou. — Daqui a pouco vai anoitecer e... se continuarmos assim, vamos ser preso por desacato ao pudor — brincou.

— Não me importo — ele beijou seu pescoço, ou melhor, chupou um delicado ponto da pele de Katniss no pescoço.

— Peeta... vamos... crianças podem passar por aqui...

— Hum... — ele resmungou, enquanto continuava a beijar seu pescoço.

Katniss se afastou rapidamente e levantou-se da grama.

— Vamos embora — lhe estendeu a mão.

Resignado apanhou a mão que ela lhe estendia e se levantou. Passou o braço pelos ombros de Katniss. Precisava mantê-la o mais próximo que podia. Ela se aconchegou nele. E os dois começaram a andar lentamente, sem dizer uma única palavra. Apenas sorriam um para o outro. Nada importava, apenas os dois.

— Peeta? Katniss? — uma voz veio quebrar toda a tranquilidade e plenitude daquele momento.

Voltou-se.

— Mãe?

Ela os encarava silenciosamente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Agora sabemos o motivo da separação de Katniss e Gale... E depois dessa declaração de amor, eis que surge uma nuvem negra no horizonte. Qual será a reação da mãe de Peeta depois dessa cena?



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