Elementar escrita por LunaLótus


Capítulo 17
Partida


Notas iniciais do capítulo

"Eu amo você. Para sempre."



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Thaís está correndo o mais rápido que pode, tentando controlar o medo e a aflição presente em seus olhos. Para seu azar, as ruas estão cheias de pessoas e ela logo tem que desacelerar o ritmo. Começa a caminhar apressadamente, mas ninguém parece reparar nela. Ela ajeita a blusa ainda mais para que não vejam a sua marca. É claro que o governo já sabe que ela é uma convocada, mas a jovem pensa que é melhor manter seu disfarce, pelo menos enquanto está na cidade.

Ela para por um momento, já muito distante da praça onde está Alexandre e, talvez, onde os oficiais estão despertando. Com horror, Thaís se lembra de Renato, ainda na casa, esperando por seu retorno ou até por uma resposta dela. Esquecera-se completamente dele. Ela precisa fazer algo.

Olha para os lados, mas há muita gente ali. Ela está quase na saída da pequena cidade, numa espécie de feira para viajantes. Como ela vai avisar ao seu namorado que não retornará para casa? Ela havia tirado o seu minicomputador, não podia enviar uma mensagem. A única maneira é pedir para que alguém leve um recado. Com certeza, essa pessoa achará estranho, mas ela só precisa dizer que é coisa de apaixonado, e talvez não desconfiem. Não tem jeito.

Thaís tira as mochilas do ombro e se senta num banco próximo. Abre uma delas, a que não possui armas, e retira um bloco de notas. Ela olha em volta novamente, e agora algumas pessoas começam a notá-la. A jovem não os culpa. Naquele século, eles não precisam de coisa tão antiquada como escrever. Eles podem digitar ou até somente pensar, que uma máquina exerce seu comando, guarda o que você queira guardar... Ela ignora os olhares e escreve somente uma palavra:

Sueda.

Ele vai entender, pensa ela. É somente ler de trás para frente. Aquele é um código que o casal havia criado para que Ajax não descobrisse suas anotações. Mas não é com a compreensão da mensagem que ela está preocupada. Ela espera que ele entenda os seus motivos e as suas intenções, entenda que ele deve ir embora, se esconder, ficar em segurança.

Suspira e levanta a cabeça. Procura alguém que possa levar o pequeno bilhete, alguém que não pareça suspeito. Até que ela vê um adolescente, no máximo com treze anos, e o chama.

– Oi, tudo bem? – diz ela. – Será que você pode me fazer um favor?

O garoto fica confuso por um instante, mas responde:

– Claro.

– Olhe, meu minicomputador está com defeito, não estou conseguindo enviar uma mensagem para meu namorado. Será que você pode entregar esse bilhete a ele? Vou dizer onde ele está. Você precisa apenas entregar a ele, ok?

– Tudo bem. Mas você já está indo na fábrica para consertar o seu minicomputador?

– Ah sim... Sim, já estou indo, estou indo justamente para lá. Mas meu namorado está me esperando e não tenho como avisá-lo que irei me atrasar. O nome dele é Renato.

Thaís explica como chegar à casa onde Renato está e descreve qual é a aparência dele. Ela pega um pequeno envelope dentro de sua bolsa e o sela para que só seu namorado o abra. Entrega o bilhete ao garoto e lhe diz:

– Obrigada. Agora vá. E se ele tentar fazer perguntas, diga-lhe que fui ao governo. Bem, você sabe, por causa do aparelho. Mas não acho que ele vá fazer perguntas.

– Tudo bem. Até mais, moça.

– Até mais – Thaís murmura, mas o menino já está correndo entre os andantes e não a escuta.

A jovem o observa ir, e quando ele desaparece, levanta rapidamente. Ela não pode ficar ali. Tenta se manter calma e caminha para fora da cidade. Felizmente, ninguém a impede e nem a pergunta sobre onde está indo. Thaís mantém a cabeça erguida e continua seguindo seu curso como se não estivesse fazendo nada demais.

Dez minutos já se passaram quando ela encontra um esconderijo longe o bastante da saída da cidade e que não a vejam. Desaba no chão, ofegante. Joga as mochilas ao lado e encosta a cabeça na árvore em que está apoiada. Agora é real, pensa. Não tem como fugir. Olha para frente, tentando ver seu destino, mas tudo o que vê é uma estrada onde passa o trem antigravitacional, que pode levá-la a qualquer distância em questão de poucas horas.

Thaís se vira para o lado. Não há ninguém ali. O trem não passaria àquela hora. Ela pega a primeira mochila e a abre. Suas roupas, anotações e a arma. Esquecera-se completamente de comida ou água. Ela precisará roubar, e não gosta nada dessa ideia. Desiste de procurar seja lá o que for e pega a segunda mochila. Abre e fica olhando para o conteúdo.

Suas armas. Um sobretudo que cobriria o seu corpo até os joelhos. O cinto, o bracelete e a fita para amarrar na perna. Ela mexe um pouco mais na mochila e encontra...

Thaís puxa desajeitada os outros objetos. Não acredito!,pensa. Renato realmente pensara em tudo. Há água, comida suficiente para quatro dias, dinheiro e uma bússola. E há ainda um bilhete dele. Ela o abre, desajeitada e com as mãos tremendo.

Não há muito, mas espero que ajude. Eu amo você. Para sempre.

Thaís rasga o resto do papel e guarda somente as últimas palavras. Se ela conseguir encontrar a Elementar da Água em quatro dias, talvez não precise roubar. Ainda assim, não está muito confiante com isso. Enfim, coloca o pequeno papel dentro da bolsa e retira suas armas.

– Não adianta – diz ela para si mesma. – Agora é melhor estar prevenida.

A jovem se equipa com seus instrumentos. Depois de alguns poucos minutos, está pronta. Então veste o casaco e tenta visualizar-se. Nenhuma parte pode estar visível. Ninguém iria entender muito bem se vissem uma garota armada até os dentes saindo para dar um passeio. Ela não quer chamar atenção. Levanta-se e põe-se a caminhar calmamente.


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Notas finais do capítulo

Meus Convocados! Perdão pelo sumiço, senti falta de vocês, sim, viu? Ainda estou tentando organizar direito algumas coisas, mas já aviso que em breve haverá história nova!
Enfim, o que acharam do capítulo? Foi meio parado, mas se preparem para mais ação no próximo!
Espero que tenham tido um excelente Natal, e que 2016 seja um ano de conquistas e realizações para todos! Ah, só mais uma coisa: se você quer que 2016 seja diferente, seja diferente. Se você continuar o mesmo (cometendo os mesmos erros), dia 01/01/2016 será apenas mais um dia comum.
Beijo da Luna no coração de cada um. Amo vocês! E até ano que vem!



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