Elementar escrita por LunaLótus


Capítulo 16
Fuga


Notas iniciais do capítulo

"Eles abrem fogo, e o sorriso de Thaís se torna mais perverso. Os sentidos dela ficam mais aguçados. Os seus genes, ela pode sentir, estão ativos e trabalhando com empenho."



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Thaís corre em disparada, mas para bruscamente quando escuta um tiro e um arquejo baixo. Vira-se para trás e vê Alexandre deitado no chão.

– Não! – grita.

A jovem corre de volta à luta. Sua raiva está no ápice. Fica em frente a Alexandre para protegê-lo e grita para os oficiais:

– Saiam daqui! Agora!

Os oficiais abrem fogo contra ela. São humanos, ela pensa. Não pode matá-los. Ela não é um assassina.

Thaís sabe que não tem tempo para pegar nenhuma de suas armas. Estão todas guardadas em sua bolsa, e mesmo que conseguisse pegá-las, aqueles oficiais já teriam matado Alexandre. Sua única escolha era manipular o Ar, isso contando que ela consiga controlá-lo.

– Desista, convocada. Você não tem arma. Estamos em maioria. O desertor está ferido. O que você pretende fazer? – grita o oficial mais próximo.

– Você vai ver o que eu pretendo fazer – responde ela, a voz baixa e muito perigosa.

A fúria dela é imensa. Ela não vai permitir que eles matem Alexandre ou que cheguem à sua casa e encontrem Renato. Ah céus, Renato!, pensa, desesperada. Ela precisa arrumar um jeito de avisá-lo que eles a encontraram, que ele precisa se esconder, ir embora dali.

O ar começa a ficar mais denso. A temperatura cai vários graus. Thaís reconhece a sensação. Foi assim que ela manipulou o Elemento pela primeira vez. Ela está com raiva, exatamente como na noite anterior. Mas dessa vez, ela consegue sentir o Ar respondendo ao controle dela. Ela pode senti-lo como parte de seu corpo, capaz de realizar qualquer coisa que ela ordene. E ao reconhecer isso, sorri maliciosamente.

Os oficiais não recuam, mas seus rostos demonstram preocupação. Eles se preparam para atirar novamente, mas o ar se move com tamanha energia em volta dela, formando uma bolha de proteção, que eles têm medo de atacar. Thaís ri alto e os instiga:

– E então? Com medo?

Os aliados do governo trincam os dentes. Estão receosos do que isso poderá acarretar. E, no entanto, o mais próximo dela grita:

– Atirem!

Eles abrem fogo, e o sorriso de Thaís se torna mais perverso. Os sentidos dela ficam mais aguçados. Os seus genes, ela pode sentir, estão ativos e trabalhando com empenho. Ela consegue lembrar cada técnica que seu pai lhe ensinara quando criança, lembra-se de cada manobra de luta que assistira na TV. Mas não importa agora, porque ela não vai usá-las. Ela só precisa manipular o Ar, e está conseguindo.

Os raios parecem vir em câmera lenta. A jovem consegue ver cada um deles. Incrivelmente, respondendo a um comando dela, o escudo absorve a energia deles, extinguindo-os antes que eles consigam tocá-la.

– E então? – diz ela. – Não podem fazer melhor que isso?

Novamente os oficiais atiram, vezes e vezes seguidas. Mas vezes e vezes seguidas, a enorme bolha em volta dela suga toda a energia dos disparos e dos raios. Os aliados recuam, o olhar feroz. Thaís avança um passo, lentamente, confiante e lhes dá um sorriso amável.

– Ela devia poder controlar o Elemento tão cedo? – sussurra um dos oficiais para o outro lago a sua esquerda, mas Thaís o ouve e se vira para ele, sorrindo.

– A culpa... É toda de vocês.

O olhar de Thaís é perigoso. Ela encara cada um dos aliados, a decisão se formando vagarosamente em seu cérebro. O ar parece entender o que ela quer e fica mais violento, com muito mais energia. O barulho agora é ensurdecedor, mas ela não liga. O Elemento não a atinge, mas os oficiais estão quase sendo empurrados pelo seu poder.

– Adeus... – murmura ela, com um enorme e perigoso sorriso no rosto.

Um deles percebe o que Thaís pretende antes que ela execute o movimento e grita:

– Abaixem-se! – E corre para trás dela, jogando-se no chão.

Os outros não são tão rápidos. Com um movimento ágil de expulsão, Thaís cruza os braços sobre o peito e os solta violentamente, gritando, e o escudo se rompe, liberando tanto poder e energia que empurra os oficiais velozmente, derrubando suas armas, levantando-os do chão e arremessando-os contra as árvores mais próximas. Eles caem, desacordados.

Thaís está ofegante, mas sem forças para comemorar a vitória. A adrenalina ainda corre em suas veias. Vira-se para olhar a carnificina em volta, quando percebe o que deixou passar.

Há um oficial ali, segurando-se a Alexandre, a arma encostada em sua cabeça. O olhar dele é enlouquecedor, mas determinado.

– Pare, ou ele morre – diz o oficial.

Thaís não movimenta um músculo, não pode colocar em risco também a vida do tenente. Ela diz:

– Deixe-o em paz. Ele é um de vocês.

– Ele é um desertor. Traiu o governo.

– Como pode dizer que ele é um desertor? Ele não sabia de nada.

– Ele sabia, sabia sim. Tanto que tentou nos atrasar.

– Ele o quê?

– Ah, pois é, mocinha. Parece que ele está mesmo apaixonado por você, não é? Pena que ele não vai viver muito para vocês terem o “feliz para sempre”.

Thaís trinca os dentes e cerra os punhos. Tem que usar toda a sua força de vontade para não se descontrolar. Aquele oficial pode machucar Alexandre com um único movimento seu.

– O que você quer? – pergunta ela. – Vá embora, eu o deixo ir. Não vou matar seus amigos. Não sou uma assassina como vocês.

– Ha-ha. Ha-ha. – Ele ri sem graça nenhuma. – Você acha mesmo que eu quero partir sem nada para entregar ao meu líder? Chegar lá com um fracasso nas costas?

– Diga-me o que você quer, então.

– Entregue-se, ou eu terei que levar a cabeça dele.

– Nunca! Nem um nem o outro! Deixe-o em paz e talvez eu seja bondosa com você.

– Eu não preciso da sua piedade, Elementar. Você estaria me fazendo um favor, caso me matasse.

Thaís não responde imediatamente. Ela olha para Alexandre e toma um susto. O tenente faz um pequeno movimento para ela, mas o oficial não percebe. Ela entende o que ele vai fazer, sem nem mesmo precisar de palavras.

– Então, talvez eu deva deixá-lo vivo! – ela grita, e com um movimento ágil, ao mesmo tempo que Alexandre arranca a arma da mão do oficial, Thaís o expulsa manipulando o Ar. O aliado é arremessado contra uma árvore e desabada no chão, também desacordado.

Alexandre está ofegante, o braço ferido. Thaís está com o coração acelerado, assim como sua respiração, e adrenalina ainda ativa. Ele se aproxima dela e entrega a arma.

– Tome – ela diz. – É melhor ficar com isso. E é melhor você ir embora daqui também.

Ela pega a arma e responde:

– Alexandre, eu... Obrigada... Por não dizer nada a eles.

– Por nada. Apenas não se deixe ser presa, ok?

– Olhe, eu...

Eles se encaram durante alguns segundos, até que ela se vira para ir embora.

– Thaís – ele a chama.

Ela se volta para ele, e Alexandre a surpreende com um beijo.

– Boa sorte – sussurra ele. – Vejo você em breve, espero.

Thaís não responde nada. Vira-se e se afasta correndo pela rua, sem qualquer direção, sem qualquer ajuda. Apenas a mente confusa e com sua primeira missão em curso: encontrar a Elementar da Água.


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Notas finais do capítulo

Cadê as pessoas que achavam que Alexandre era um traidor? u-u kkkkk' Muitas surpresas ainda nos aguardam!
Estarei de volta em breve! Beijos da Luna.



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