POV. KATE

Impressionada, essa é a palavra que me define neste momento. Estou impressionada com a forma como as coisas aconteceram hoje. A forma como conheci Richard, como a conversa entre nós fluiu de maneira extremamente natural e, por fim, como eu simplesmente dei o número do meu telefone a um completo estranho. Qual é, ele pode ser um psicopata e eu como policial deveria saber que não é adequado dar o número de telefone a qualquer pessoa.

Mas quer saber? Eu sei que ele não é nada disso. A verdade que eu vi nos seus olhos enquanto ele falava de sua garotinha prova que ele é uma boa pessoa. Mas, pera aí, se ele tem uma filha então... ele pode ser casado. Ai meu Deus, eu dei o meu número a um homem casado. Isso é realmente estranho. Mas pode ser que ele queira apenas amizade não é mesmo? Afinal ele disse que seria muito bom nos encontrar novamente. E também pode ser que ele não seja casado, pois passamos uma tarde inteira conversando – apesar do nosso assunto principal ter sido crianças – e ele não mencionou uma possível esposa. Aaagh, pensar nisso tudo está me matando. O que está feito, está feito, agora só me resta aguardar, se ele ligar ótimo, se não é só seguir em frente e esquecer.

Sou tirada dos meus pensamentos pelo som do meu celular, já que Lara dorme desde que saímos do parque.

– Alô – atendo sem olhar quem está ligando

– Katie?

– Oi mamãe! – percebo de quem é a voz do outro lado – tudo bem?

– Sim querida! Eu liguei pra saber como andam as coisas com você e com minha netinha preferida.

– Ela é sua única neta mamãe – dona Johanna é tão boba as vezes, principalmente quando se trata de Lara

– Mesmo assim, como vocês estão?

– Estamos bem. Hoje eu tô de folga e resolvi passear um pouco com Lara, com essa minha rotina de treinos após o horário acabo não tendo muito tempo pra ela – digo enquanto aliso carinhosamente os cabelos curtinhos e castanhos, iguais aos meus, da minha bebê.

– Ah, fez muito bem querida, vocês duas precisavam disso. Mas também liguei pra te pedir uma coisa, acho que vai ser bom pra nós duas.

– Pode dizer mamãe, o que a senhora deseja?

– Sabe Katie, eu consegui alguns dias de folga lá no escritório e como sei que seus testes práticos começam amanhã, o que você acha de deixar a Larinha comigo durante o resto da semana?

– Mas mãe, hoje ainda é segunda. A senhora tem certeza disso? A Lara ainda é um bebê, pode ser bastante incômodo pra senhora. Eu sei que a senhora pegou esses dias pra descansar e com ela aí não vai conseguir.

– Katie é claro que eu tenho certeza. Passar esses dias com minhas netinha será ótimo, e daqui pra sábado todos os seus testes já terão acabado, ou não?

– Sim, eu começo amanhã, termino na sexta e terei o fim de semana livre.

– Ótimo, então façamos assim: você deixa ela aqui amanhã de manhã e quando for na sexta à noite você vem, dorme aqui e passamos o sábado juntas, o que acha?

– Mas eu vou ficar com saudade do meu bebê – faço bico e tenho certeza que minha mãe sabe disso.

– Ora Katie, se ela ficar ai você mal dará atenção a ela.

– A senhora está certa, amanhã de manhã eu passo aí e deixo a Lara e as coisas dela.

– Muito bom querida, espero vocês amanhã. Um beijo, Eu te amo.

– Eu também te amo mamãe, até amanhã.

E assim desligo o telefone, já pensando em como vai ser passar todos esses dias sem ver minha bolinha.

POV. RICHARD

Saio do parque ainda pensando em tudo que aconteceu. Fiquei surpreso com a atitude dela, mas devo dizer que adorei. Pego o carro e sigo em direção ao colégio de Alexis.

Chego exatamente na hora em que as crianças estão largando e só consigo ver aquela multidão de crianças correndo por todos os lados. Meu Deus, reunir tanta criança assim deve dar um trabalhão, acho que isso justifica o tanto de dinheiro que cobram aqui.

Desço do carro e encosto nele, esperando até que minha ruivinha apareça. Não demora muito e sinto algo agarrando minhas pernas.

– PAPAAAAAAAI – ela grita ao mesmo tempo em que agarra minhas pernas.

– Olá querida – pego-a em meus braços e encho seu pequeno rostinho e pescoço de beijos fazendo ela dar uma gargalhada por conta das cosquinhas que sente.

– Para papai, já estou sem ar.

– Então abóbora, como foi seu dia na escola? – pergunto enquanto coloco ela na cadeirinha.

– Foi muito legal papai, nós pintamos, desenhamos, brincamos e a professora ainda disse que eu sou muito inteligente – ela abre um sorriso orgulhoso que eu sei que também tenho em meu rosto nesse momento.

– Claro que é, você é menina mais esperta, mais inteligente e mais bonita que eu conheço.

– Aaah papai, o que você diz não vale, você é a pessoa que mais me ama no mundo inteiro.

– É a mais pura verdade sua pequena convencida – eu falo e ela ri.

– Pai, vamos ver aquele filme hoje?

– Qual amor?

– Aquele que tem os sentimentos...

– Aaah, divertida mente né?

– Isso mesmo, parece ser tão legal papai.

– Então vamos assistir. O que acha que pararmos no supermercado pra comprar sorvete? O que tinha eu comi todo – falo fazendo uma cara infantil, sorvete é algo sagrado pra nós dois.

– Você tinha que comer tudo né? – ela fala me dando bronca – tudo bem, vamos no supermercado então.

Depois de muitas risadas e algumas sacolas cheias de sorvetes e doces nós chegamos em casa. Ajudo ela no banho e depois nós dois vamos para o sofá ver o filme. Definitivamente esse dia foi muito melhor do que eu poderia prever.