POV. RICHARD

Dou algumas voltas de carro a fim de encontrar um lugar agradável o bastante para caminhar e sentir uma coisa que eu sei que preencherá esse vazio, mesmo que momentaneamente: a liberdade.

Acabo encostando perto de um parque. O movimento das crianças, dos pais, dos namorados, dos animais, enfim, de tudo, se opõe completamente àquele silêncio ensurdecedor que se fazia presente na minha casa. Desço do carro e começo a caminhar mas sinto um pouco de sede, não é surpresa, uma vez que não é à toa que o dia está lindo, estamos no meio do verão e o calor que faz aqui só é amenizado pela grande quantidade de árvores do parque.

Pego um refrigerante e volto a caminhar. Quando estou quase dando uma volta completa no parque vejo um banco ocupado por uma jovem, que eu acho que tem pouco mais de 20 anos, com um bebê num carrinho. Resolvo sentar ali, a vista daquele banco é muito boa, é possível ver todo o parque de lá.

POV. KATHERINE

Resolvo não ir de carro para o parque, caminhar um pouco fará bem não só a mim, mas também a Lara. Quando chego ao parque caminho um pouco com minha filha, depois resolvo sentar num banco que me parece muito bom, dá pra ver o parque todo daqui e ainda tem uma sombra ótima pra Lara. Começo a conversar com ela e é inevitável o sorriso que brota em meu rosto.

Enquanto converso com ela, Lara faz sons como se tentasse responder àquilo que lhe foi dito. Ela faz esses sons e depois cai numa gargalhada tão gostosa que me faz acompanha-la. Essa menina é muito esperta e tenho certeza que antes de completar um ano ela estará falando.

Depois de um tempo vejo um homem se aproximar de nós e não posso deixar de reparar o quão bonito ele é. Alto, com um corpo aparentemente musculoso, cabelos castanhos, mas não como os meus, castanhos mais escuros e olhos pequenos e extremamente azuis. Não sei por que mas ele me lembra alguém. Ele chega e pergunta:

– Desculpe senhorita, mas posso me sentar aqui? – e aponta pro banco.

– Claro que sim – respondo prontamente com um sorriso educado no rosto.

– Obrigado – ele diz – é que a vista desse banco me parece muito boa – ele fala com um sorriso.

– É verdade, a vista daqui é maravilhosa, dá pra ver o parque todo – falo educadamente.

Depois disso ficamos em silêncio até que a pequena garotinha ao meu lado começa a fazer gracinhas e a dar risadas olhando para o homem ao meu lado.

– Sua filha? – ele pergunta enquanto começa a brincar com Lara.

– Sim – respondo – esta pequena enxerida é minha filha.

– Qual o nome dela?

– Lara.

– Oh, é um lindo nome – ele sorri e seus olhos ficam ainda mais apertados, não sei por que mais aquilo me agrada, depois ele se volta para Lara e começa a conversar com ela – Oi Lara, você é um bebê muito lindo sabia? – ele diz com voz infantil e Lara sorri como se entendesse.

– Acho que ela gostou de você – falo rindo, minha filha não costuma ser assim com estranhos.

– É, eu costumo ter esse efeito nas crianças – ele fala rindo também – desde que tive Alexis minha relação com as crianças é maravilhosa.

– Ah, você também tem uma filha?

– Sim, ela tem cinco anos, é linda, simplesmente linda – ele fala com um sorriso bobo no rosto.

– Nossa, você parece ser louco por ela – digo claramente impressionada, é difícil ver um pai tão apaixonado.

– Ela é quase tudo pra mim – ele diz e consigo ver uma pontada de tristeza mais prefiro não comentar.

– Minha Lara tem o mesmo significado pra mim – digo com sinceridade e ele assente.

POV. RICHARD

Nossa!

Essa tarde está sendo realmente proveitosa, eu e a mulher ao meu lado, só agora percebo que não sei o nome dela, estamos conversando há um tempo e eu estou muito admirado. Ela é linda, tem os cabelos castanhos claros um pouco abaixo do ombro, uns olhos num tom de verde que eu nunca tinha visto antes, mas o que mais me impressiona é a forma como ela conversa, suas ideias, estamos aqui há, deixe- me ver – olho o relógio e...

– Uau! – digo em voz alta o deveria ter apenas pensado.

– O que foi?

– Já são quase cinco da tarde – digo surpreso.

– O QUE? – ela solta um gritinho, adorável – nós passamos tanto tempo conversando?

– Parece que sim – digo rindo – e eu ainda tenho que pegar Alexis no colégio.

– E eu preciso levar essa garotinha aqui – ela diz – Eeeh... eu acabo de perceber que ainda não sei seu nome – ela fica um pouco vermelha e eu rio.

– Richard, meu nome é Richard.

– Sabe Richard, você parece ser um cara bem legal – ela pega um papel, anota algo e me entrega – tome, é meu telefone, eu realmente gostei de você e seria muito bom se a gente pudesse se encontrar outra vez.

– Vai ser realmente um prazer – digo surpreso – quem sabe da próxima vez trago Alexis também, será ótimo.

– Com certeza será – ela sorrir e sai caminhando pelo parque com a pequena Lara.

Pego o papel e olho, “Kate”, o nome dela é Kate. Eu com certeza vou ligar pra ela, depois dessa tarde eu sinto algo no meu peito, algo que faltava: paz. Aquele vazio não estava completamente preenchido, mas sinto que isso não vai demorar a acontecer e a grande responsável por isso será ela, Kate.