POV. RICHARD

Hoje, a tarde está simplesmente magnífica, digna de ser retratada pelos mais famosos poetas de toda a história, e eu aqui, na sala da minha casa fazendo absolutamente nada. Minha pequena ruivinha, Alexis, está no colégio, minha mãe deve estar por aí, gastando dinheiro ou com algum novo namorado e minha vontade de escrever nesse momento é zero.

Mas você deve estar se perguntando “quem é este maluco que muito fala e nada diz?”. Deixe-me responder essa questão. Meu nome é Richard, sou escritor de mistérios, tenho 26 anos e uma filha, que acredito ser a melhor parte de mim, com 5 aninhos. Na minha profissão, quem não almeja alcançar um sucesso considerável? Pois é, eu também sonho que um dia o que eu escrevo será lido e admirado por alguns milhões de pessoas e posso dizer que estou no caminho certo. Tenho 4 livros publicados, mas o último conseguiu superar até as minhas melhores expectativas, é um best-seller e tenho muito orgulho de dizer isso. Mas, apesar de todo esse sucesso recentemente alcançado, eu sinto que falta algo em minha vida.

Mas deixando minhas angústias de lado voltemos a falar da minha família. Minha mãe, dona Martha, é uma atriz um pouco excêntrica, mas devo dizer que é uma das melhores pessoas que conheço. Apesar de tudo que a vida lhe aprontou durante todos esses anos, principalmente no que diz respeito a minha pessoa, uma vez que ela teve que me criar sozinha e preciso admitir que nunca fui uma das melhores pessoas no quesito comportamento, ela se mantém firme, alegre e um tanto quanto louca, mas quem pode condená-la, não é mesmo? Bem, ela mora comigo e minha filhinha.

Falando na minha filha, ah, minha doce Alexis. Ela é uma criança totalmente adorável, engraçada, extremamente responsável, apesar da pouca idade, e linda. A mãe dela nos abandonou assim que ela nasceu, foi buscar, segundo ela, um sonho muito maior do que cuidar de uma família. Por anos guardei uma mágoa gigantesca de Meredith, mas hoje sou indiferente. Alexis não a conhece e às vezes pergunta sobre a mãe. Seria muito triste dizer para a minha menininha que a mãe não a queria, então eu sempre desconverso, mas sinto que um dia terei, infelizmente, essa conversa com ela.

Hoje eu vivo para minha mãe, minha filha e alguns fãs que encontram nas minhas palavras algo de bom.

Mas voltando aquela sensação de que falta algo, eu não aguento mais ficar aqui, me sinto sufocado, o vazio começa a me dominar. É nessas condições que pego as chaves do carro e de casa e saio sem um destino definido.

POV. KATHERINE

Mais um dia se inicia e hoje, graças a Deus, eu não preciso trabalhar. Não me entenda mal, eu amo meu trabalho, mas ultimamente tem sido tão desgastante. Não sei se por é por conta dos meus objetivos dentro da polícia de Nova York, não sei se por causa da distância da minha filha, só sei que mal voltei e já estou louca por férias.

Bem, vamos às apresentações. Meu nome é Katherine, Katherine Beckett. Tenho 21 anos e sou mãe solteira. Tenho uma linda bebê, Lara, e ela tem apenas 7 meses. Eu trabalho na polícia de Nova York, como já disse, e quero me tornar detetive. Quando voltei da licença maternidade, voltei muito decidida, é isso o que eu quero. Meus pais nunca entenderam muito bem essa minha escolha de trabalhar com a polícia, mas a necessidade que sinto de ajudar as pessoas não seria saciada dentro de um tribunal, como a deles. Mas apesar de não entender eles me apoiam, sempre me apoiaram.

Quando descobri que estava grávida de Lara, foi muito complicado. Ela foi resultado de uma noite de bebedeira com um idiota qualquer que, quando soube que eu estava grávida, disse que não tinha nada a ver com isso e mandou eu me virar e pode ter certeza que eu fiz isso, me virei. Agora só tenho olhos pra minha Lara e para o posto de detetive vago na 12ª e eu sei que vou conseguir.

Já deixei claro para a capitã de lá, Victória Gates, uma mulher forte e que mete medo em qualquer um, que me interesso e muito por essa vaga. Ela permitiu que eu faça os testes para a vaga e eu já comecei. Me saí muito bem na prova escrita e a partir de amanhã começam as provas práticas, mas tenho medo de não ir tão bem, pois minha forma física ainda não está igual à que eu tinha antes de engravidar. Mas tenho que confiar no potencial que sempre tive, essa vaga é minha.

Como já disse, hoje estou de folga e resolvi dar uma volta com Lara num parque não tão longe do meu apartamento, essa menina precisa sair um pouco, com toda essa loucura de testes eu não tenho tido muito tempo pra minha filha e ela merece mais de mim. Pego a bolsa dela, o carrinho, ponho ela nele e saio rumo ao parque.