100 dias escrita por Camila Lião


Capítulo 4
Capítulo 4 - O acidente I


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês! *assovios* *uhuuu* *palmas*
Espero que gostem ;3



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Leon Lerner nasceu e cresceu em um bairro nobre da Capital. Seus pais eram empresários bem sucedidos e a família era unida. Até que de repente, aos 18 anos sua mãe morreu de câncer e seu pai começou a beber, perdendo rapidamente todo o patrimônio que levaram anos para construir. As coisas estavam acontecendo rápido demais para que Leon pudesse digerir. A descoberta da doença e a morte de sua mãe, a falência da família, o alcoolismo do seu pai que acabou o levando a morte, e sua inacabável revolta pelo fato de sua mãe não ter tido chances de lutar contra a doença, o estágio que o câncer estava em seu corpo a destruiriam em poucas semanas. Tudo isso traçou de vez o destino do garoto.

Aos 20 anos, Leon trabalhava o dia todo e estudava a noite. Às vezes era necessário trabalhar aos finais de semana para cobrir as despesas da faculdade de medicina. Cursou medicina, biomedicina, farmácia, enfermagem e biologia. Além de alguns cursos de naturologia e nutrição que conseguiu gratuitamente passando em algumas provas.

Com 46 anos ele estava casado com Emma Scarlet, que era seis anos mais nova que ele. Ela era uma estilista bem sucedida, tinha sua loja, onde vendia apenas peças próprias e fazia seus desfiles. Moravam em um modesto apartamento no centro da cidade que era mil vezes melhor que o anterior onde ele e Emma moravam quando estavam começando suas carreiras e tiveram que achar algo barato. Leon estava em seu primeiro emprego num laboratório de verdade, onde estava com uma equipe que fora escolhida para criar uma cura, fosse ela uma vacina ou comprimido. Eles tinham que achar um meio de combater o câncer. Era inacreditável, todos os anos dedicados a tantos estudos, finalmente valeu a pena, ele tinha sua chance.

Sidney Turner era seu melhor amigo desde que entrou no laboratório como estagiário há alguns anos. Sidney era dois anos mais velho que ele, solteiro e sem filhos, ele não quis ter um outro relacionamento após a morte de sua esposa que também foi dominada pelo câncer.

Na noite em que o meteoro caiu, Sidney e Leon estavam comemorando suas promoções, Leon como cientista, recebeu a promoção após ajudar no desenvolvimento de um novo tratamento para o câncer, com remédios criados por ele e quase finalizar a cura e descobrir que o único "ingrediente" que faltava na vacina eram as pétalas de uma raríssima flor que só nascia em uma montanha muito distante dali. Logo teria ela nas mãos e se tornaria o melhor cientista do mundo e poderia salvar milhares de vidas. E Sidney como médico cancerologista após descobrir um novo tipo de câncer e com a ajuda de Leon, desenvolver um tratamento.

Duas semanas depois da promoção, eles saíram de viagem para a montanha onde supostamente estaria a flor. Eles tinham um certo receio, perto do lugar onde estava a flor, haviam começado obras para a construção de um hospital especializado em algumas áreas que só podiam ser tratadas longe das outras pessoas. E se o material que eles estão usando faça com que a flor pare de nascer? Já é uma coisa rara ela brotar, com mudanças no ambiente então..

—Chegamos! -Exclamou Leon animado-

—Aleluia. -Respondeu Sidney se espreguiçando-

Viajaram por dez horas, fizeram apenas uma parada.

—Cara, você não está cansado? -Disse Sidney correndo atrás de Leon que já estava indo para a ponte que dava acesso a outra montanha-

—Não existe descanso por enquanto, amigo. Ele só irá existir depois que eu pegar aquela belezinha lá no topo, colocar naquela vacina, receber meus milhões e me aposentar com a satisfação de estar sempre salvando uma vida toda vez que a vacina for aplicada.

—Certo, e se por alguns minutos a gente respirar o ar fresco antes de subirmos?

—Pode ficar aqui embaixo, eu subo e logo desço, você vai preparando o lugar onde iremos transportar a flor.

—Nem pense nisso. Eu prometi a Emma que cuidaria de você.

"-Você sabe como Leon é ansioso, vai chegar lá e vai correr para pegar a flor. Algo me diz que é perigoso demais, cuide dele por favor, Sidney.

—Pode deixar, Emma. Não tirarei os olhos dele."

—Então vamos logo! -Disse Leon correndo para a pequena estrada que dava acesso ao topo-

Levaram doze minutos para chegar até o topo, a montanha era realmente alta.

—Mas que vista sensacional, não concorda Sidney? -Perguntou Leon cutucando o amigo para animá-lo- Veja só aquelas árvores lá embaixo, quando passamos lá elas eram imensas, hein? Agora veja! Olhando daqui de cima parecem formigas.

—É, realmente a vista é bonita. Vamos logo com isso, precisamos nos hospedar em algum lugar antes de voltarmos. Só não sei onde, aqui não tem nenhuma cidade perto. Onde foi que você me meteu?

—Mas que humor, acho que a viagem não te fez bem. Tudo bem, me ajude a procurar uma flor roxa e azul.

Os dois caminharam por metade do topo até que Sidney perguntou:

—Ei, Leon. Por acaso não é aquela? -Sidney apontou para a beirada da montanha-

—Sabe que eu acho que é? -Leon correu para checar-

—Cara, vá com cuidado, um passo em falso e você vai cair e se transformar em vários Leons.

—Você fala como se eu fosse descuidado.

Leon se agachou ao lado da flor.

—É essa mesma! -Exclamou Leon contente e retirando a flor cuidadosamente-

—Leon! -Gritou Sidney ao ver o amigo ficando de pé numa tentativa de sair dali, pisando em uma pedra mais solta-

—Sidney! -Berrou Leon desesperado e procurando um lugar para se segurar-

"-Amor, acho que não é uma boa ideia. O próprio pessoal que está construindo naquela área diz ser um local de risco. Eu preferiria que você não fosse. Ou mandasse alguém no seu lugar. Agora que você obteve sua promoção, tem outros cientistas trabalhando para você, talvez um deles...

Emma foi interrompida.

—Chega. Você quer que eu abandone meu sonho pela metade? Ou mandar alguém fazer meu serviço por mim?

—Não, eu só...

—Emma, não vai acontecer nada. Eu sei me cuidar, oras. E o Sidney irá comigo.

—Tudo bem... Eu amo você, Leon. Por favor, tome cuidado.

—Vá se deitar, está tarde. Eu também amo você."

Leon se lembrava das palavras exatas de Emma.

Do seu rosto corado e seu olhar preocupado.

Também se lembrava como havia esquecido dela ultimamente. Apesar disso ela o amava e cuidava. Cuidou dele como um bebê, dando-lhe proteção e aconchego. E mesmo assim ela se tornou segundo plano, a vida dele girava em torno da vacina.

Eu te amo, Emma. Espero que me perdoe.

Aquela queda parecia infinita.

Ele já se sentia em pedaços. "Quantas pancadas mais até o chão?"

Ele sentia o sangue escorrer.

Ele sentia o cheiro de sangue.

Ele ouvia o barulho do seu corpo batendo contra as pedras da montanha.

"Jamais sairei vivo disso"

A dor era insuportável. Leon estava agonizando e quase apagando quando sua cabeça acertou em cheio uma pedra no final da montanha.

E então tudo se apagou.

Sidney levou cinco minutos para descer tudo e ver o amigo inconsciente no chão. Em menos de dois segundos estava ligando para a emergência.

—A ambulância não chegará aí antes de duas horas, senhor.

—Duas horas?! Meu amigo está morrendo. -Gritou Sidney no celular-

—Sinto muito senhor, ela já está a caminho. Espero que aguarde.

—Aguardar? Ele pode estar dando seu último suspiro agora!

—Não consigo entender, a ligação está cortando. Senhor, aguarde no local.

A atendente desligou.

—Maldito sinal! Leon, pelo amor de Deus, aguente firme.

Sidney estava preocupado com Leon e consigo mesmo. Estava anoitecendo, não queria ficar ali para ser devorado, mas não podia abandonar seu amigo. Felizmente a ambulância chegou vinte minutos mais cedo do que a atendente havia lhe dito. Assim que entrou no carro, começou a ver os primeiros zumbis aparecendo. Aquela ambulância na sua frente com as luzes ligadas e aquele barulho alto, poderiam ser um problema, talvez chamasse atenção demais. "Já viu esses bichos correndo?" Pensou ele.

Chegando no hospital ligou imediatamento para Emma.

—Alô?

—Emma, venha imediatamente para o hospital mais próximo da montanha, Leon sofreu um acidente, anote o endereço...

Emma não estava escutando.

"Não pode ser. Não. Leon, porquê?"

—Eu estou indo. -Sussurrou Emma chorando desesperadamente-

—Tome cuidado, essa hora todos os lugares estão repletos por zumbis. Pegue as estradas mais vazias. Eles são atraídos pelo sinal de vida. Lugares afastados estão vazios.

Ela desligou.

Nove minutos depois ela estava em sua caminhonete indo para a estrada. Perdida em pensamentos e lembranças, sua visão embaçou por causa das lágrimas.

Um estrondo.

A caminhonete havia batido em alguma coisa. Emma estava atordoada pela batida na cabeça. Abriu a porta na tentativa de sair do carro antes que ele explodisse, o cheiro do combustível estava ficando forte rapidamente.

Dor.

Um grito.

Emma foi mordida.

Não sentia seu braço, mas conseguia ver o sangue escorrendo e uma criatura horrenda do seu lado. Começou a ser puxada para fora do carro.

—Não, por favor. -Sussurrou Emma sem forças-


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido até aqui. ♥



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