O Filho De Uma Traição escrita por Meninas De Preto, Agente Reis


Capítulo 21
Eu Destuo um Shopping




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639036/chapter/21

Os esqueletos olharam diretamente para Percy e vieram em nossa direção.

—- Vamos fugir - Zöe falou.

—- Não vai dar tempo, teremos que lutar - Falei, apontando uma flecha para os esqueletos que já estavam dentro do museu.

—- Alguém tem um plano? - Grover perguntou pegando sua flauta.

—- O plano é esse, Grover - Falei atirando no peito do esqueleto da frente. Ele se protegeu da flecha e ela fincou em seu braço. O esqueleto a arrancou como se a flecha fosse apenas uma pequena agulha.

—- É acho que teremos que mudar de plano - falei.

Bianca e Zöe puxaram suas facas de caça e, junto ao Percy, começaram a decepar alguns membros. Porém, segundos depois, os mesmo voltavam pra o lugar. Grover também tentava derrubar alguns esqueletos com golpes que eu não imaginava que ele sabia aplicar.

Como nada dava certo, eu resolvi apelar para uma coisa que ainda não tinha tentando: Me transformar em lobo.

Fechei os olhos e citei as palavras "mágicas" em pensamento e logo senti meu corpo encolher.

Zöe estava de costas, e um dos esqueletos estava prestes a acerta-la com sua espada, então pulei em cima dele e arranquei sua cabeça do corpo, fazendo a mesma coisa com todos os outros cinco. Porém, da mesma forma anterior, eles se juntaram.

Droga. Nada dá certo. Acho que vamos ter mesmo de fugir, mas como? Coloquei a mente pra pensar e logo tive uma ideia: iria invadir o museu com a Van. As paredes em volta eram de vidro, e eu poderia entrar por ali. Tá certo que iria causar uma pequena destruição, mais quem liga?

Voltei ao normal e agradeci mentalmente o fato de estar com minhas roupas e acessórios todos no seu devido lugar.

—- Zöe, me dá a chave da Van - falei desviando de um ataque.

—- Não, para que a queres? - Ela perguntou.

—- Não dá tempo de explicar, me dá logo! - Falei, pulando e acertando um chute na cabeça de um esqueleto. A cabeça voou entrando em uma das cápsulas existentes ali.

—- Não vou lhe dar a chave - Zöe disse e eu bufei em frustração. Mas o fato de ela não me dar a chave não iria atrapalhar, só iria agilizar o processo.

Peguei meu arco e mirei uma flecha na claraboia que havia no teto. Desejei que ela se tornasse um gancho para me puxar e assim aconteceu. Fui puxado para cima, passei pela janela e corri pelo teto. Logo avistei a Van. Usei outra flecha com gancho para descer pela parede. Eu estava no estacionamento a céu aberto, e me alegrei por Zöe ter estacionado num beco atrás do shopping. Corri até alcançar a Van e, com a ajuda da minha adaga, consegui quebrar o vidro e abrir a porta. Entrei e fiz ligação direta, conseguindo então ligar a Van. Daí, atravessei o estacionamento e me joguei na janela de vidro, destruindo boa parte. Subi a rampa por onde o leão tinha passado e avistei os meus companheiros de missão. Buzinei e fiz sinal para que saíssem da frente, felizmente eles entenderam o recado e abriram caminho.

Eu acelerei a Van. Quando estava perto dos esqueletos puxei a trava de mão e virei o volante, fazendo um drift que impediu a Van de bater-se na parede, atingindo somente os esqueletos. Eles voaram para o andar de baixo.

—- Strike - Gritei, abrindo a porta do passageiro - Entrem, vamos sair logo daqui antes que eles voltem - Falei e ate mesmo Zöe obedeceu e sentou do meu lado.

—- Apenas por que não há tempo a perder, certo? - Ela disse e me entregou a chave.

Voltei a descer a rampa, encontrando os esqueletos logo à frente. Não me importei, somente acelerei a Van, levando os esqueletos junto com ela. Aos poucos, eles foram se desmontando e ficando em pedaços pelo chão. Nem me animei com o resultado, com certeza iriam se remontar depois.

Tracei uma rota na cabeça: se saísse pela janela quebrada eu teria de dar toda uma volta no shopping até chegar à rua principal. Se eu o atravessasse por dentro, chegaríamos mais rápido, sabendo que os esqueletos já começavam a se regenerar. Escolhi a segunda opção.

Se você conhece o interior de um shopping sabe que a distância entre uma loja e outra não é muita. Sem contar que algum gênio teve a brilhante ideia de colocar bancos ou vasos de plantas no meio do local disponível para se andar, o que só me dificultou levar a Van pra fora.

Buzinei várias vezes, derrubei algumas amostras e joguei a Van em direção à porta automática, destruindo uma parte do vidro. Falando sério, a vida é muito curta pra esperar a porta do shopping se abrir sozinha.

—- Tens ideia do que acaba de fazer? - Zöe gritou ao chegarmos na avenida - Destruiu metade de um shopping!

—- Eu só destruí a janela de vidro do Museu e um nada da porta da frente - Me defendi.

—- Você é louco - Thalia afirmou, mas ela não parecia zangada. Ao contrario, ela se divertiu com a nossa saída triunfal do prédio.

—- Okay - Eu rebati, sério - Da próxima vez eu não vou ajudar a equipe a se livrar de um problema.

—- Rick está certo - Grover disse - Mesmo que tenha quase nos matado, se ele não tivesse feito isso ainda estaríamos lá com os esqueletos.

Ninguém contestou, e eu sorri.

—- Oeste. Aí vamos nós - Falei, enquanto trocava de marcha e seguia pela avenida.

Dirigi por algumas horas. Zöe segurava o mapa e me indicava o caminho a seguir. Não foi tão ruim quanto eu pensei, só o fato de eu dirigir me deixava contente. Assim atravessamos boa parte dos EUA.

Eu esperei que alguém fizesse um comentário sobre a minha transformação em lobo, mas, ao que parece, ninguém percebeu. Eu os desculpo, estavam ocupados com os esqueletos, além de que minha estratégia lobina não foi das melhores. Quem sabe da próxima vez?

Quando a neve começou a aparecer e as casas ficaram cada vez mais espaçadas resolvemos que era hora de parar para descanso. Chegamos a uma pequena cidade no Novo México, onde Grover apontou pra uma lanchonete.

—- Que tal um pouco de comida? - ele perguntou.

—- Café seria excelente - Zöe rebateu.

—- Que tal se vocês dois pegarem alguma comida pra nós? - Thalia perguntou e eles assentiram, saindo da van. Ficamos um tempo sentados até que resolvemos esticar as pernas um pouco.

Não que meio-sangues sejam tranquilos, mas Thalia estava particularmente inquieta.

—- O que você tem? - Perguntei a ela. Já estava ficando tonto de vê-la andando de um lado pra outro.

—- Tem alguma coisa errada - Ela respondeu, segurando firme seu bracelete.

—- Como assim? - Percy questionou, mas Thalia não teve tempo de responder, pois Zöe Grover voltaram com o lanche. Eles estavam com algumas sacolas de bolinhos, além de canecas de chocolate quente e café. Eu peguei o chocolate quente, que me aqueceu logo no primeiro gole.

—- Nós devíamos fazer o encanto de rastreamento - Zöe disse.

—- Hum... - Grover resmungou enquanto mastigava um pedaço de papel alumínio - Eu só preciso...

Então ele congelou. Quando eu ia perguntar o que aconteceu senti uma brisa quente e um cheiro de campo, que me lembrou a fazenda de meu pai. Cheiro de casa.

Não foi só eu que senti. Mas a brisa se foi tão rápida quanto veio, e novamente estávamos alguns graus abaixo de zero. Ouvi um som de algo quebrando e vi que Grover havia derrubado sua xícara no chão.

Então, algo ainda mais estranho aconteceu. Os pássaros que decoravam a xícara ganharam vida e saíram voando. Grover desabou no chão.

Corremos para acudi-lo, exceto Thalia. Ela estava realmente preocupada, procurando algo ao redor.

—- Temos que dar o fora daqui! - Ela falou - Vamos voltar pra Van!

Talvez fazer isso fosse fácil, se Grover não estivesse ao ponto de desmaiar e dificultando todo o nosso trabalho de coloca-lo de pé. Quando finalmente o conseguimos levantar, eu entendi o que Thalia estava pressentindo.

Dois esqueletos saíram de trás das árvores e pularam na nossa frente, sacando suas armas em nossa direção.

—- Recuem! - Thalia gritou no momento em que mais dois apareciam.

—- O Presente da Natureza está perto! - Grover falou. Mas eu estava ocupado demais bolando uma tática que não me dei ao trabalho de tentar entender aquela frase.

—- Vamos contra-atacar - Thalia disse - Sem o Grover, somos cinco. Quatro deles.

—- Vai ser moleza - completei, apesar de não acreditar em minhas próprias palavras.

De novo a brisa quente. Peguei minha adaga e tentei corta-los, em vão. Eles logo se regeneravam.

Estávamos de mal a pior, até que Bianca puxou sua faca e apunhalou um esqueleto no peito. Ele se transformou em pó no mesmo instante.

—- Agora descobrimos o ponto fraco! - Gritei, e com minha adaga fiz a mesma coisa com outro esqueleto. Dois a menos. Agora sim tínhamos chance de sair dessa.

Infelizmente os outros dois se preparam pra desviar dos meus golpes e dos de Bianca. Okay, voltamos a estaca zero.

E então, ouvi um rugido. Um rugido tão alto que me fez estremecer. Quando eu me virei, vi o maior javali que poderia imaginar. Devia ter uns 10 metros de altura, enormes presas e olhos vermelhos furiosos.

Ele atacou os esqueletos e os jogou para o lado com as presas. Eles voaram, e pedaços foram caindo por tudo que era lado.

Então, o imprevisível: Ele se virou pra nós em posição de ataque. Thalia levantou sua lança na direção dele.

—- Não o mate! - Grover implorou.

—- É o Javali da Erimantia - Zöe falou - Será incrível se conseguirmos mata-lo.

—- É um presente - Grover tentou argumentar.

O Javali correu em nossa direção.

—- Separem-se! - Gritei. Cada um pulou para um lado, mas isso não impediu que ele atingisse a van, a deixando como uma pilha de ferrou retorcido.

—- Ótimo - Falei - Agora não temos como sair daqui.

O Javali tentou nos atacar novamente, desta vez ele foi na direção de Bianca. Ela saiu do caminho bem a tempo.

—- Por aqui! - Percy gritou e saiu correndo em direção a floresta.

Não que tivéssemos escolha, mas nós o seguimos por entre as árvores. Infelizmente o Javali achou que o comando também era pra ele.

—- Separem-se! - Percy gritou.

E então ele e Thalia entraram por um túnel, enquanto o resto de nós continuamos correndo. O Javali ficou confuso, e decidiu também entrar pelo túnel. Em questão de segundos, ficamos livres.

E então o som de um objeto pesado caindo, acompanhado de uma forte batida que estremeceu o chão. E lá vamos nós correr para o túnel.

No fim dele havia um declive acentuado coberto de neve e com vários metros de descida. Lá em baixo estava o Javali coberto de neve até o pescoço, e Percy e Thalia acenando para dizer que estava tudo bem.

Pegamos alguns troncos e deslizamos pela neve, uma ótima experiência. Pouca coisa se compara a adrenalina do snowboard. Ao chegarmos, Grover tratou logo de examinar aquela criatura.

—- Uma bênção da natureza - ele se agitou.

—- Eu concordo - Zöe disse - Devemos usá-lo.

—- Espere aí - Thalia interrompeu - Como tem tanta certeza que esse porco é uma benção?

—- É a nossa carona para o Oeste - Grover respondeu - Não imagina quão rápido ele pode ser.

Ele então tomou um impulso e pulou nas costas do Javali, que já estava tentando se livrar da neve. Grover pegou sua flauta e tocou uma música horrível. Então jogou uma maçã pra frente e ela começou a flutuar na cara do javali. Ele ficou louco pra pega-la.

A ideia parecia absurda demais pra mim, mas mesmo assim eu pulei nas costas dele. Ideias malucas podem dar grandes resultados. Além de que não temos mais a Van como boa segunda opção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Filho De Uma Traição" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.