Me levanto da cama e respiro profundamente. Hoje eu teria que ir a escola e eu não estava com a mínima vontade. Me lembro do que aconteceu noite passada e logo tento esquecer, aquilo foi totalmente diferente do que estou acostumada.

Abro meu guarda-roupa e pego uma calça preta, uma camiseta branca de manga curta e visto tudo. Me encaro no espelho e logo vejo a marca roxa em meu pescoço.

– Ai meu Deus! - murmuro, entrando e desespero.

Vejo na cômoda as maquiagens que Rosalya deixou aqui e logo procuro algo do tom de minha pele e que esteja escrito algo como "Sai somente depois de esfregar com uma esponja de aço" porque se aquilo saísse eu teria que dar algumas explicações e eu não estou muito a fim disso.

Logo depois de passar a maquiagem, pego minha mochila e vou direto para a cozinha pegar algo para comer e depois ir para a escola. A boa noticia do dia é que hoje minha irmã vai me levar de carro, ou seja, nada de andar.

Não encontrei minha irmã na cozinha, então tomei rapidamente uma xicara de café e fui para a saída do apartamento.

Escuto vozes do lado de fora e logo a abro.

– ... ficariam tão lindos junt... - Kate para de falar assim que me vê. Ela e Rosalya estavam conversando, e pela drástica pausa de minha irmã pude perceber que eu não deveria saber do assunto.

– Olá, Katherine! - diz Rosalya, acho que tentando mudar de assunto.

– Olá. - digo - Posso saber o que estavam conversando?

– Não, não e não. - diz Rosalya e logo depois me segura pelo pulso e começa a me arrastar pelo corredor - Vamos pra escola. Adeus, Kate!

Minha irmã ri.

– Adeus Rosalya e Loli... Katherine!

Olho para minha irmã, indignada.

– Mas você iria me levar de carro!

Não obtive resposta porque Rosalya me atirou para dentro do elevador.

*

Chegou a hora do almoço e eu estava morrendo de fome. Tive química e logo depois literatura, e, não sei porque, passei a aula de literatura inteira ignorando as palavras do professor e fiquei observando Lysandre. Na aula de química eu tive de formar uma dupla - a escolha da professora - e eu fiquei com um tal de Alexy, ele tem os cabelos azuis ele é uma das pessoas mais divertidas que encontrei nesse meu tempo aqui em New Jersey e acabei descobrindo de uma maneira não muito agradável que ele gosta do que eu gosto - também espero que ele seja bom em química porque eu sou horrível.

Sou a ultima a sair da sala de aula, e quando passo pela porta me deparo com uma Ambre furiosa, acompanhada das escorias da humanidade, ou seja, Li e Charlotte.

– Eu sei o que você fez! - ela berra para mim.

Ela está maluca?

– Me explique o que eu fiz então, - tento ficar calma - porque eu não sei.

Ela solta um grunhido e pega o celular da mão de sua amiga Li e o coloca em frente ao meu rosto.

– Isso te lembra alguma coisa?

Na tela do celular estava uma foto minha, de ontem a noite, junto com o Castiel e bem na hora em que ele estava com sua boca em meu pescoço.

– Eu...

– Li viu tudo e tirou essa foto! - ela sorri para a amiga - Você fez um péssimo serviço com maquiagem nesse seu pescoço.

Ela pega uma garrafa d' agua das mãos de Charlotte e a joga sobre mim, e isso me deixa furiosa.

Olho para meu pescoço e o roxo esta visível.

Começo a tremer, mas não de frio, e sim de raiva.

– Isso é pra você aprender a não mexer com o que não é seu. - ela ri, e antes que eu pudesse agir ela me da um tapa na cara - E isso também.

Isso foi a gota d' agua. Cheguei no meu limite. Eu sempre tentei não levar as coisas pro lado da violência, mas as vezes era algo praticamente inevitável.

Fecho meu punho e, sem pensar, dou um soco na cara de Ambre assim como eu fiz com o ex namorado de Kate.

Ela vai para trás e as amigas dela vão socorre-la.

Olho para os lados e tem um aglomerado de pessoas. Algumas estão rindo, outras paralisadas e outras tirando a maior quantidade de fotos com o celular que conseguirem.

Começo a correr para o pátio, para longe daquelas pessoas idiotas. Quando chego, esbarro sem querer em Lysandre.

– Desculpe. - digo tentando não olhar em seus olhos.

– Eu vi o que aconteceu. - ele diz calmamente - Não aprovo violência, mas ela estava merecendo.

– A amiga dela me viu com Castiel e disse a ela, - falo indignada - e ela ainda tem foto!

Ele aperta os lábios.

– Castiel bebeu mais do que deveria, tanto que nem veio a escola hoje. - ele revira os olhos - Peço perdão pelo comportamento dele e... também pelo meu.

Encaro o chão.

– O que a Ambre tem com o Castiel?

Ele parece um pouco surpreso e desapontado com minha pergunta.

– Ela nutre alguns sentimentos por ele, mas como sempre, Castiel ignora.

Bate um forte vento, me fazendo arrepiar todinha e, para piorar a situação, eu estava toda encharcada por causa daquela vadia.

– Aqui, - ele tira sua jaqueta e a entrega para mim - você precisa mais que eu.

Não digo nada, apenas o abraço. Não consegui evitar fazer isso, foi automático. Mas eu nunca gostei de abraços... O que esta acontecendo comigo?

Uma semana depois

– Eu só posso estar ficando maluca! - grito, enfiando a cara no meu travesseiro.

Durante essa semana eu comecei a ficar com sintomas de arritmia cardíaca. Todas as vezes, numa certa situação, eu começava a suar e meu coração batia mais rápido do que o normal. Eu estava imaginando coisas indecentes, coisas que nem eu sabia que conseguiria imaginar tão bem.

Vasculhei o histórico de doenças da minha família e não tem nada sobre arritmia cardíaca nem esquizofrenia ou algo do tipo. Eu realmente estou maluca.

– Kate pode me ajudar!

Me visto rapidamente e logo corro para sala, na esperança de que minha irma ainda se encontre em casa.

– Kate! - grito assim que chego na sala.

– O que foi? - ela estava sentada no sofá, mexendo em sua bolsa cara do Victor Hugo.

Vou andando até ela e me sento ao seu lado no sofá.

– Eu estou doente.

Ela para de mexer na bolsa e me encara.

– O que você tem? - ela pergunta, preocupada.

– Eu estou suando exageradamente e meu coração palpita freneticamente. - explico a ela, e acho que estou exagerando um pouco nas palavras - E eu ainda tenho pensamentos... - abaixo um pouco a voz - indecentes.

Ela ergue uma sobrancelha e logo depois começa a rir. Que tipo de irmã ri da outra quando esta nessas condições?

Ela para de rir.

– Isto acontece quando esta com alguem em especial?

Volto em minha memoria. Isso acontece em todas minhas aulas de literatura, quando falo com Lysandre e em meus sonhos indecentes. Aconteceu dois dias atrás quando eu fui ao parque com Kentin, mas foi porque eu subi numa arvore e quase cai.

Explico tudo isso a ela. A cada palavra minha ela abria um sorrisinho e seus olhos começavam a brilhar.

– Minha jovem Lolita, - ela coloca uma mão em meu ombro - isso se chama amo... Quer saber? - Kate sorri - Deixarei descobrir sozinha.