Nascidos das Sombras escrita por Miss B W


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos ao prólogo hehe ;)



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- Todos aqui reunidos devem estar esperando o discurso que iria fazer com que eu voltasse atrás. Afinal, minha família é devota à igreja, mas, infelizmente, eu não apoio todas as decisões e opiniões deles, não é como se eles fossem completamente sãos a todo o momento. Mas continuando, eu devo ressaltar que cada um tem sua reflexão sobre a vida e sobre suas origens. Por isso sou total e completamente a favor da ciência como explicação da vida e de tudo que existe. Vocês podem até tentar iludir as pessoas as fazendo acreditar em algo maior. - pausou para respirar e beber um gole de sua água mineral diretamente da garrafinha de plástico e em seguida voltou os olhos decididos a seu público - Porém, eu sei no que acreditar, e eu acredito no Big Bang e que não existe nada maior no mundo que o universo. Não existe uma força. E a teoria de que um Deus estaria sobre nós nos protegendo e zelando por tudo, que ele nos criou, bom, esta teoria é válida nas mais diversas religiões, com os mais diversificados povos da Antiguidade. Esses Deuses são criados para que acreditemos que existe algo cuidando de nós, foi criado para nos controlar. Foi criado para que tivéssemos algo para nos sustentar nos momentos difíceis. Mas isso é apenas imaginação. E é por isso... Que eu não acredito em Deus. Sintam-se à vontade de dizer a opinião de vocês na semana quem vem. - agradeceu logo saindo pela porta da frente da igreja, ignorando toda a mistura de olhares: Alguns furiosos, outros incrédulos e aqueles completamente chocados.

- Você é incrível, garota. - revelou seu melhor amigo, que se encontrava apoiado em sua própria caminhonete. Assistiu dali toda a apresentação da garota que trouxe uma série de expressões à tona, quem sabe assim eles paravam de persegui-la a fim de tentar levá-la a ser uma praticante do catolicismo.

- Shiiu, não estraga o momento. - riu o puxando pela camisa para dentro da caminhonete. O garoto de olhos admirados ligou o carro observando a rebeldia estampada no rosto dela.

- Como teve coragem?

- Sabe como é... Alguns goles de vodca fazem de tudo possível. Mas você viu a cara deles? Acho que nunca mais vão solicitar a minha presença. - riu apoiada a janela.

- Ah isso eu tenho certeza. É capaz até de eles te olharem feio quando te virem na rua. - gargalhou debochado.

- Nesse caso não tem nada melhor que ignorar.

- Isso, Srta. Adoro Fingir Que Os Outros Não Existem.

- Palhaço. Pode me deixar aqui, tenho que ir buscar o meu pai. - disse observando a entrada do parque do bairro.

- Ele tá na casa da sua tia de novo?

- Sim. Ele sempre vai para lá depois de encher a cara. Não sei mais o que fazer. - suspirou tirando o cinto.

- Ei, eu te levo, são só algumas quadras. - tocou o ombro dela com carinho.

- Valeu cara.

Assentiu com um leve sorriso no rosto. Não se passaram nem cinco minutos e ela já dava um beijo na bochecha do amigo e descia do carro.

O edifício antigo e meio mal cuidado a sua frente era o lar de sua tia, irmã caçula de seu pai que, após a morte de sua mãe para um terrível e devastador câncer de pulmão, se tornou o segundo lar do homem de meia idade que bebia litros e mais litros de álcool no bar da esquina e dormia o resto do dia ali até a hora em que a filha fosse lhe buscar.

- Tiiiia! - gritou em um cantarolar esperando receber a ilustre imagem da mulher esbelta cozinhando como sempre, no entanto acabou a encontrando fazendo cafuné na cabeça do filho, o garotinho de quatro anos que dormia preguiçosamente no sofá da sala espaçosa. Bagunçava e penteava com os dedos seus cabelos cacheados.

- Oi, onde estava?

- Por aí.

- Um dia vou te forçar a me contar o que apronta. - brincou se erguendo e seguindo para a cozinha onde de primeira os olhos da sobrinha cravaram-se no deleitoso bolo de chocolate com morangos por cima. Era tão bom ter uma tia confeiteira.

- Cadê o meu pai?

- Ele não veio para cá hoje. Pensei que estivesse em casa. - admitiu receosa.

- Quando acordei, ele já não estava mais em casa. - estralou os dedos começando a perder a calma.

- Relaxa que daqui a pouco ele deve estar aqui, nem que esteja com dois caras grandes o carregando como na semana passada. - deu uma risadinha enquanto cortava um pedaço de seu bolo para ela.

- Tem razão. - sentou-se a mesa que ficava na cozinha e deixou de pensar por um instante em onde seu pai estaria ou em seu estado.

Os minutos passavam lentamente, como se demorassem muito mais tempo que normalmente.

Estava ficando impaciente com toda aquela demora. Estava quase escurecendo, inferno! Onde aquele acéfalo poderia estar?

Sua tia a essa hora andava de um lado para o outro com um telefone em mãos aguardando uma resposta as mais de vinte chamadas e mensagens na caixa postal que deixou. Nada.

O desespero estava se abdicando de ambos os corpos. A mais nova abaixou a cabeça na mesa e fechou os olhos tentando, inutilmente, pegar no sono, algo que pareceria tão fácil se fosse outra situação.

- Será que ele não voltou para casa? - sua tia lhe indagou com um pouco de esperança. - Talvez ele tenha apagado. É tão comum daquele idiota do meu irmão.

- Você acha? - nem notara sua voz embargada ao questionar.

- Pode ser uma opção. Porque eu estou ficando sem nenhuma.

Eram dez e meia da noite, ambas as mulheres estavam com sono e plenamente cansadas daquelas longas horas sem suspeitas de onde o homem estaria.

Mas quando o relógio bateu onze horas o telefone soou com seu típico toque agudo e que irritava qualquer um, principalmente as duas que estavam nervosas ao extremo sem notícias.

A mais velha atendeu, e, apesar das reações dela terem sido normais no início, tudo que a filha do procurado pôde fazer foi arregalar os olhos pela ação da tia, ela despencou no sofá com os lábios retraídos e os orbes se enchendo de lágrimas. Escondeu o rosto nas duas mãos e seu choro desesperado deu início ao mesmo tempo em que a outra pegava o telefone e perguntava o que aconteceu.

- Você é a filha dele? - inquiriu uma voz grave e rouca.

Ela assentiu esquecendo-se que deveria dizer.

- Sou.

- Foi dada entrada dele no hospital agora a pouco. Ele havia levado dois tiros no peito. Sinto muito, ele faleceu a caminho daqui.

Pôs o telefone no gancho com cuidado, sem emitir ruído. Jogou-se no sofá ao lado da tia e só então foi como se todo o seu mundo derrapasse e se tornasse um caos. Oficialmente era uma órfã de pai e de mãe.

Chorou como se não houvesse amanhã. E para ela não tinha. Sua tia havia ido dormir pouco tempo depois de lhe dar um abraço apertado e um “Boa noite” quase sem som.

- Um dia vai passar. Tudo passa. - ouviu o sussurrar perto de si. Mas ao olhar para o lado tudo que encontrou foi uma camada de sombras e escuridão sem fim. Apagou ali, sem esperanças de haver cor no seu futuro próximo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo *-*



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