Deadly Hunt escrita por Lara


Capítulo 7
Insegurança


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥!! Sinto muito pelo atraso, mas como sempre, minha vida não colabora para que eu seja muito pontual com as postagens dos capítulos e ainda tem os problemas com o bloqueio criativo. Espero que entendam. Esse capítulo trouxe alguns fatores que me fizeram demorar ainda mais para escrever. Estou torcendo para não decepcionar vocês.

Muuuito obrigada Jujuba (Juliana Lorena), Feeeh Cunhadinha (Sweet Princess), Vaquinha (Josynha) e a Ally Dawsun pelos comentários motivadores e amáveis que me trouxe muita inspiração para escrever. Amo vocês e sou muito grata pelo apoio. Espero que gostem. Boa Leitura...



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Eu tenho estado sozinho, me enganaram
Eu tenho sido mal interpretado
Eu tenho sido lavado, me colocaram para baixo
E eu disse que não estou bem
Mas eu pertenço a você,
Porque você me ajuda a ser forte,
Há uma mudança em minha vida
Desde que você veio

A Change In My Life - Hanson

 

Capítulo VI - Insegurança

 

֎

Com intensidade, nós nos encarávamos ferozmente. Ainda que assustada, Bárbara não recua e nem mesmo tenta se explicar. Sua mão continuava firme sobre o cabo de sua adaga, enquanto a minha era pressionada contra seu alvo pescoço. Sua respiração estava pesada e era possível ver que seu coração batia acelerado. Enzo permanecia adormecido ao meu lado, inocente ao perigo que estava ao seu redor

— Parece que terei que arrancar respostas de sua boca da maneira mais difícil. – Respondo fim, vendo-a se colocar em posição de defesa.

Em poucos instantes, a garota desvia de minha adaga e saca a dela. Provavelmente, ela havia desistido de tentar se explicar. Era nítido que eu não acreditaria em suas palavras. Temendo que meu filho acordasse diante da cena que ocorria, empurro meu corpo contra o de Bárbara e a afasto para longe da cama.

Sem perder tempo, avanço contra Bárbara e sou interceptada por sua adaga. A garota arregala ainda mais os olhos ao ver que eu não estava brincando. A raiva que eu sentia naquele momento era indescritível. Com dificuldade, ela continua a se defender de meus ataques, não sabendo bem como reagir. Apesar de ser muito boa, ainda faltava em Bárbara as habilidades que eu havia adquirido com anos de prática e combates corporais em campos de batalha.

Em um momento de descuido meu, acabo perdendo o equilíbrio e sinto meu corpo ser jogado contra uma das cômodas que haviam ao lado da cama. Enzo se mexe um pouco ao ouvir o barulho, mas logo volta a se virar para o lado, sem se importar com o mundo exterior.

Meu corpo doía e, em especial, minha barriga. Bárbara ameaça se aproximar, mas eu sou mais rápida e a ataco. Estava difícil conduzir aquela luta. Minha visão estava afetada e eu ainda me sentia fraca pelo desmaio de mais cedo, no entanto, eu continuava a desferir chutes e ataques contra a ela.

— Para com isso! – Grita desesperada, começando a se cansar do ritmo que aquela briga estava tendo.

— Calada! – Exclamo, irritada.

Jogo a adaga de Bárbara para longe e estapeio seu rosto, fazendo-a se calar no mesmo momento. Ela me encara assustada, parecendo não acreditar que eu realmente havia acabado de bater nela. Olho para trás e suspiro aliviada ao ver que Enzo continuava a dormir tranquilamente. No entanto, a garota me surpreende ao avançar sobre mim, puxando meus cabelos.

Ela estava furiosa e agia completamente por instinto. Sem qualquer equilíbrio, acabo indo ao chão e sinto fortes dores em minha cabeça. O impacto havia me deixado zonza e minha situação não melhorava em nada ao ter Bárbara puxando meus cabelos com fúria.

Tentando me livrar dos ataques ridículos de Bárbara, bato meu cotovelo em seu rosto e me afasto no momento em que ela tenta se recuperar. Sem conseguir me segurar mais, agarro o pescoço da garota e empurro seu corpo contra a parede mais próxima. Ela começa a se debater, em uma tentativa falha de se livrar de meu aperto. Eu continuava fraca e aquela situação só piorava ainda mais a minha dor de cabeça. Bárbara começa a gritar novamente e isso só eleva o meu nível de fúria.

— Eu mandei você calar a boca! – Sussurro entre dentes, desferindo mais um tapa no rosto de Bárbara. Ela cai no chão e volta a correr em minha direção assim que se recupera. – Você não aprende nunca, garota?

Derrubo-a mais uma vez com um chute e a levanto mais uma vez. Assim como antes, empurro seu corpo até a parede e aperto seu pescoço, impedindo que ela saísse. Eu estava tão furiosa e desequilibrada quanto a garota. Como ela ousa me atacar em meu próprio lar?

De repente, a porta do quarto é aberta. Por estar tão concentrada em descontar a minha raiva em Bárbara, não percebo que meu marido havia entrado no quarto e testemunhado aquela briga ridícula. Eu estava tão tomada pelo ódio, que não conseguia ouvir nada a minha volta. Bárbara e eu nos encarávamos em fúria, sem nos importamos com o que acontecia ao nosso redor.

— Ally! Solta ela! O que pensa que está fazendo? – Grita Austin, enquanto puxa meu corpo para longe de Bárbara.

— Mas o que está acontecendo aqui? – Pergunta Jade, entrando no quarto, acompanhada por Manu e Emmy. – Ally?

— Tire essa garota do meu quarto agora ou eu juro que eu irei cortar a cabeça dela fora. – Dito friamente, enquanto tento me soltar de Austin.

— Você ficou louca, Ally? Por que estava batendo em Bárbara? – Questiona Austin, revoltado.

— Por que não pergunta para sua prima o motivo? – Ironizo, levando a mão ao rosto. O mundo estava girando e estava sendo difícil me manter em pé.

— Eu não fiz nada. Eu juro! – Exclama Bárbara, começando a chorar. – Eu vim ver como ela estava e, de repente, ela me ataca dessa forma.

— Ally! O que deu em você? – Austin ajuda Bárbara a se levantar e vejo minhas melhores amigas encararem a cena sem entender o que estava acontecendo.

Rapidamente, Jade se aproxima de mim e me conduz até a cama. Ela havia notado que eu não estava me sentido muito bem. Em seguida, Manu se aproxima das adagas que estavam no chão e me lança um olhar questionador. Minha cunhada sabe melhor do que ninguém sobre a minha preferência por espadas em combates. Se eu havia atacado Bárbara com uma adaga, isso significava que eu estava agindo em modo de segurança.

— Tire-a daqui, Emmy. – Pede Manu, mantendo uma postura autoritária.

— Ela não vai sair daqui até que nos expliquem o que estava acontecendo aqui. Por que atacou a Bárbara, Ally? – Pergunta meu marido mais uma vez.

— Como pode ter tanta certeza de que fui eu que ataquei primeiro do que ela? – Retruco, sem acreditar no que eu estava vendo.

— Porque a pessoa mais habilidosa com lutas nesse quarto é você. Ainda que tenha algum talento, Bárbara jamais conseguiria te derrotar em um confronto direto como esse. Então por que eu estou vendo machucados no corpo de Bárbara? – Austin parecia cada vez mais furioso.

— Inacreditável. – Sussurro, olhando incrédula para meu marido.

— Calma, Ally. – Sussurra Jade, demonstrando estar tão surpresa quanto eu.

— Mamãe? – Enzo me chama, finalmente despertando.

— Vamos embora, Alteza Bárbara. – Pede Emmy, puxando a garota com cuidado para fora do quarto.

— Oi filho. – Digo, pegando Enzo no colo, enquanto encaro meu marido com seriedade. A tensão que existia entre nós era quase palpável, no entanto, o que eu menos queria era brigar com Austin na frente de Enzo. – Por que não vai com a tia Jade brinca com Kathy, Lizzie e Eric?

— Por quê? Eu quero ficar com você, mamãe. – Afirma meu pequeno, apertando meu pescoço em um forte abraço.

— Escute sua mãe, Enzo. – Pede Austin, com seriedade.

— Vamos, querido. – Pede Jade, sorrindo amável para Enzo.

— Eu não quero. – Insiste Enzo, olhando com preocupação para mim. – E se a mamãe ficar doente de novo?

— Eu estou bem, meu amor. Prometo que será rápido. Eu somente quero conversar a sós com seu pai. Assim que terminarmos, prometo que te chamo. – Tentando tranquilizar o garoto, sorrindo gentil para ele. Enzo sempre foi muito protetor comigo e depois de me ver desmaiar, eu não estranhava o fato dele não querer se separar.

— Tudo bem. – Concorda, inconformado. Ele me abraça mais uma vez e beija minha bochecha com carinho. – Eu te amo, mamãe.

— Eu também te amo. – Respondo, sorrindo. Jade me olha com preocupação, ponderando se realmente deveria me deixar. – Pode ir. Eu vou ficar bem. – Sussurro, sorrindo com sinceridade.

Manu continua a nos encarar por um tempo. Ela se aproxima de mim e analisa meu corpo. Eu havia alguns hematomas, que por sorte, Enzo não havia visto. Sorrio para minha cunhada, compreendendo o que se passava em seus pensamentos. Manu respira fundo, procurando controlar suas emoções. No momento em que iria dizer algo a Austin, seguro seu braço e balanço a cabeça negando.

— Ally... – Ela sussurra, preocupada.

— Conte a Dez o que aconteceu e o avise que eu quero conversar com ele na sala do trono. – Sussurro a minha cunhada.

— Tudo bem. Se precisar de alguma coisa, os guardas estarão do lado de fora do quarto. Se você se sentir mal, grite e eles aparecerão. – Responde, olhando desconfiada para Austin.

Assim que ficamos somente Austin e eu no quarto, o silêncio desconfortável domina o ambiente. Havia muito a ser dito, mas nenhum de nós estava disposto a iniciar a evidente discussão que aconteceria. Suspiro, sentindo minha cabeça latejar. O dia não estava sendo como eu desejava e tudo que eu mais queria nesse momento era um pouco de tranquilidade.

— Por que vocês brigaram? Por que atacou a Bárbara? – Questiona Austin, aproximando-se de mim. Assim que ficamos de frente, ele suspira e passa a mão pelo rosto, parecendo cansado.

— Você está tão obcecado pela imagem puritana que criou de Bárbara que nem mesmo consegue ver a maldade dessa garota. – Respondo, indo em direção a penteadeira que havia no quarto. Pego uma aspirina para dor de cabeça e tomo com um copo d’água.

— Ally, ela é somente uma adolescente que foi protegida pelos pais a vida toda. – Afirma Austin, exasperado. – Bárbara nunca esteve em uma guerra antes. Duvido muito que saiba como lutar. O que eu deveria pensar?

— Você deveria acreditar em mim como sua esposa! – Respondo, irritada, enquanto me viro para Austin. – Sou eu que durmo e acordo ao seu lado, Austin. Durante os últimos dez anos, eu permaneci ao seu lado. Você deveria me conhecer melhor do que ninguém. Acha mesmo que eu atacaria uma pessoa sem ter motivos?

— Você não gosta da Bárbara e de minha tia Elena... – Começa o loiro, cruzando os braços.

— E por acaso somente não gostar seria um motivo para que eu batesse em Bárbara? – Questiono, incrédula. – Não seja ingênuo, Austin. Essa garota está te manipulando de tal forma, que você nem mesmo se esforça para enxergar a verdade.

— Então me conte o que aconteceu! – Pede o loiro, já alterado.

— Ela entrou no quarto sem pedir permissão e eu quando eu acordei, ela me encarava, com uma adaga em sua cintura. – Respondo com seriedade.

— Por que ela estava aqui? – Austin me questiona, olhando com desconfiança.

— Para me atacar, obviamente. – Afirmo, revirando os olhos.

— Ally. – Repreende Austin, não acreditando em minha fala.

— Ela disse que veio ver se eu estava bem. – Conto e ele sorri presunçoso. – Ah, por favor, não me diga que você acredita nisso?

— Você já está ficando paranoica, Ally. – Austin suspira e se senta em nossa cama. – Tia Elena e Bárbara podem não ser as melhores pessoas do mundo, mas duvido muito que elas tenham coragem de te atacar. Isso seria quase suicídio.

— Por que você não consegue acreditar em mim? – Pergunto, magoada. – Está tão evidente para todos, Austin, mas você é o único que continua a duvidar de minhas palavras.

— Como você quer que eu acredite em você, quando fica escondendo as coisas de mim? – Retruca, em defensiva. Olho confusa para Austin e ele ri, irônico. – Acha que eu não sei que está escondendo algo de mim? Assim como no passado, Ally, você continua sem acreditar em mim. Eu sei que algo está acontecendo. Pode não parecer, mas consigo ver que Dez, Lawrence e você estão envolvidos em algo muito além da bactéria.

— O que uma coisa tem a ver com a outra? – Questiono, magoada. – Se eu não estou te dizendo nada, é porque tenho meus motivos.

— Quer saber, Ally? Eu não vou insistir. Você já passou mal hoje e eu não estou com cabeça para essa discussão que tem durado muito tempo. Nós estamos casados há dez anos e eu te conheço o suficiente para saber que você vai continuar a se esquivar de nossas conversas. Eu já conheço essa dança há muito tempo. O que acho engraçado é essa sua hipocrisia de pedir para que eu acredite em você, quando o sentimento não é correspondido. – Austin cuspe as palavras com mágoa e tristeza. A discussão já não tinha mais nada a ver com a minha briga com Bárbara. – Eu realmente estou tentando não interferir, Ally. Eu quero acreditar em você e confiar em suas decisões, mas você sabe que eu odeio ficar no escuro.

— Austin... – Sussurro, sentindo meu peito se apertar.

— O que está acontecendo, Ally? Por que não me diz o que está te tirando as noites de sono? – Questiona Austin, esperançoso.

— Austin, eu... – As palavras morrem em minha boca. Vejo o olhar decepcionado de meu marido e isso só me deixa ainda mais entristecida. Austin suspira e se levanta da cama para sair do quarto sem dizer nada. – Amor, espera!

Corro até o Austin e seguro seu braço, impedindo que ele saísse do quarto. Meu marido para de andar e, após respirar fundo, ele me encara com seriedade. Eu não sabia o que fazer e nem o que dizer. Eu não queria mentir para ele, mas também não podia dizer a ele o que estava acontecendo. Não enquanto eu não tivesse certeza de minhas suspeitas.

— Esquece, Ally. – Responde Austin, tirando minha mão com cuidado. Ele estava magoado e decepcionado. – Eu já entendi que eu jamais terei sua confiança por completo.

Austin deixa o quarto sem olhar para trás. Não havia sido uma de nossas brigas costumeiras, mas estávamos magoados. Sinto uma angustia inexplicável dentro de mim e as lágrimas se formarem em meus olhos. Sem forças para continuar a segurá-las, entrego-me ao choro silencioso. Eu não entendia o motivo de minha sensibilidade naquele momento, mas eu já não conseguia fingir que eu estava bem.

Não sei por quanto tempo permaneci deitada, chorando encolhida. Eu estava cansada, meu corpo todo doía e agradecia por estar sozinha. A porta do quarto é aberta mais uma vez e nem me dou ao trabalho de olhar para saber quem era ou de recompor. Vejo Dez se aproximar e se sentar na poltrona ao lado da cama. Ele fica em silêncio por alguns minutos, pensativo.

— O que aconteceu? – Pergunta Dez, suavemente.

— Bárbara e eu brigamos. – Respondo, desanimada. – Ela invadiu meu quarto com uma adaga escondida. Não pensou duas vezes antes de me atacar, quando eu a surpreendi com a adaga que guardo próxima de mim.

— Então Elena e Bárbara começaram a mostrar quem elas realmente são. – Supõe o ruivo, suspirando em seguida. – Austin saiu com Lawrence e Tyler. Suponho que vocês tenham discutido.

— Ele não acredita em mim. – Afirmo, finalmente criando coragem para me levantar. Dez me estende um lenço e eu limpo meu rosto. Ele sorri compadecido e bagunça meus cabelos, um costume que adquiriu com o passar dos tempos.

— Manu me contou. – Revela, dando de ombros. Dez suspira mais uma vez e se senta na poltrona ao lado de minha cama. – Para ser sincero, não estou surpreso. Bárbara parece ter conquistado a confiança de Austin. Você sabe como ele é fácil de ser influenciado.

— Vamos mudar de assunto. – Peço, indo em direção ao banheiro para lavar o meu rosto. – Pelo menos por hoje, eu não quero ter que me preocupar com Bárbara ou Elena.

De frente para o espelho, passo um pouco de maquiagem e arrumo meu cabelo. Jamais me perdoaria se demonstrasse fraqueza na frente de Bárbara e Elena, portanto, precisava estar bem. Assim que considero que estou relativamente melhor ao estado deplorável que me encontrava antes, volto para o quarto e encontro o olhar preocupado de Dez sobre mim.

— Você está bem? – Pergunta, analisando minha expressão.

— Já estive em dias melhores. – Respondo com sinceridade. Dez suspira e balança a cabeça, inconformado. Eu sabia que por ele, eu permaneceria deitada o restante do dia, recuperando-me do que aconteceu pela manhã.

— Você é tão teimosa. – Reclama meu melhor amigo, revirando os olhos.

Batidas na porta ecoam pelo quarto e não demora muito para que Emmy apareça. Ela sorri sem graça e parece ponderar se deveria se aproximar ou não. Sorrio, incentivando a garota a entrar.

— Sinto muito a intromissão, Vossa Majestade, mas existe um senhor solicitando a entrada no castelo. Ele afirma ser um conhecido de Oliver Hughes. – Explica a garota, em dúvidas. – Procurei o Sr. Hughes, mas não o encontrei em lugar algum e o rei Austin saiu mais cedo. O que devo fazer, Majestade?

— Ele se identificou? – Pergunto, curiosa.

— Apenas disse se chamar Ansel e que desejava falar com o Sr. Hughes. – Fala Emmy, pensativa.

— Deixe-o entrar. Eu irei recebê-lo. – Peço, olhando para Dez. Ele revira os olhos novamente e balança a cabeça, concordando. Meu melhor amigo sabia que não adiantava nada ele tentar me convencer a ficar de repouso.

— Como desejar, Majestade. – Responde a empregada, fazendo uma breve reverência. – Com licença.

— Quem será esse homem misterioso que está procurando por Oliver? – Questiona Dez, assim que Emmy deixa o quarto.

— Isso é o que iremos descobrir. – Afirmo, suspirando em seguida. – Vá recebe-lo, enquanto visto algo mais apropriado.

— Tem certeza que não quer continuar descansando? Sabe que posso cuidar do problema. – Dez me encara com preocupação.

— Eu sei. Mas não se preocupe. Eu estou bem. Depois do que aconteceu aqui, não vou consegui descansar, de qualquer forma. – Respondo, dando de ombros.

— Irei reforçar a vigilância de seu quarto. – Afirma meu melhor amigo, pensativo. – Dessa vez, nós tivemos sorte, mas não sei se posso dizer o mesmo, se elas tentarem alguma coisa e nossa segurança continuar a mesma.

— Terá problemas com Austin, se ele perceber. – Relembro Dez, enquanto procuro alguma roupa que me agrade em meu guarda-roupa.

— Não é de hoje que lido com Austin. Não se preocupe. Eu sei como cuidar daquele cabeça dura. – Fala o ruivo, sorrindo. – Espero você lá embaixo.

— Tudo bem. Obrigada. – Agradeço, vendo meu melhor amigo deixar o quarto.

Após me vestir com uma roupa um pouco mais quente, arrumo meu cabelo e passo uma maquiagem leve. Eu ainda estava com algumas marcas da briga de mais cedo com Bárbara, além dos olhos inchados pelo choro. Deixo o quarto sob o olhar atento dos guardas que Dez, com certeza, havia colocado como vigilantes.

Ao chegar à recepção do castelo, encontro Dez acompanhado de um homem alto, loiro, olhos cinzas marcantes e um sorriso gentil. Ele era muito bonito e conversava animadamente com meu melhor amigo. Aproximo-me, tentando não chamar a atenção dos dois rapazes.

— Eu me lembro disso. – Afirma Dez, rindo. – Naquela época, eu era apenas uma criança ingênua.

— Ah, por favor, não fale como se isso tivesse acontecido há muito tempo. Eu acabo me sentindo velho. – Responde o loiro, bem humorado. O homem parece notar a minha presença e, imediatamente, se ajoelha em minha frente. – Majestade.

— Levante-se, por favor. – Peço, sentindo-me envergonhada. Apesar de governar Krósvia há anos, eu não conseguia me acostumar com o tratamento que eu recebia de desconhecidos.

— Ah, você chegou. – Dez sorri e se vira para o homem, novamente. – Esse é Ansel De La Tróis. Um guerreiro admirável, que foi um aprendiz de meu pai.

— É um prazer conhecê-lo, Sr. De La Tróis. – Cumprimento, sorrindo. Aparentemente, ele é alguém em que Dez confia. – Acompanhe-nos, por favor. Vamos conversar em um lugar mais confortável, enquanto tentamos contatar Oliver.

— Espero não estar atrapalhando, Vossa Majestade. – Comenta Ansel, sorrindo sem graça.

— Não se preocupe, Sr. De La Tróis. Não está atrapalhando nada. – Afirmo, sorrindo com sinceridade. – Dez...

— Eu já pedi que Emmy trouxesse o café assim que você descesse. – Responde, adivinhando o que eu pediria.

— Obrigada. – Agradeço e o convidado que nos acompanhava ri baixo, parecendo tentar não chamar atenção. – Sr. De La Tróis?

— Oh, lamento. Só é engraçado como o as coisas mudam. Quando eu conheci Dezmond, ele era apenas uma criança levada e ingênua e hoje se tornou um homem confiável e leal. – Explica Ansel, batendo nos ombros de Dez, demonstrando estar realmente feliz pelo mais novo. – Tenho certeza de que seu pai estaria muito orgulhoso de você, Dezmond.

— Obrigado, Ansel. – Agradece Dez, sorrindo alegre.

Entramos em minha sala de reuniões e faço um gesto para que Ansel se sentasse em um dos dois sofás que haviam no local. Dez se senta de frente para ele e eu me acomodo ao seu lado. O loiro observa a sala com atenção, mas não demora a se voltar novamente para Dez.

— E sua mãe? Como ela está? Didi? Faz tantos anos que não tenho notícias. – Pergunta Ansel, com um ar nostálgico.

— Elas permanecem em Miami. Minha mãe está casada com o terceiro marido, mas parece estar muito feliz. Didi casou e tem um casal de gêmeos de dois anos. Eles são adoráveis. – Responde o ruivo, relembrando com carinho da família. – E eu estou casado e tenho dois filhos.

— Mesmo? – Questiona Ansel, surpreso. Ele sorri animado com a novidade. – Parabéns, papai!

— Obrigado. – Agradece meu amigo e instantes depois, batidas ecoam pela sala.

— Entre. – Permito e sorrio ao ver minha melhor amiga entrar na sala com Ian e Tommy.

— Falando neles. – Comenta Dez, aumentando seu sorriso.

— Papai! – Grita Tommy, correndo de encontro ao seu pai. – Oi tis Ally.

— Oi meu amor. – Cumprimento, achando adorável o abraço apertado que o garoto dava em seu pai.

— Espero não estar atrapalhando. – Fala Trish, envergonhada.

— Você nunca atrapalha, meu amor. – Responde Dez, galanteador. Trish ri e revira os olhos. Ele pega Tommy no colo e se aproxima da esposa. – Ansel, quero que conheça Trish, a mulher da minha vida, Tommy e Ian, meus filhos. Esses são os meus tesouros.

Sorrio diante do amor e orgulho que Dez tinha em sua voz ao apresentar sua família. Ele e Trish se encaram com carinho e eu tinha certeza que o amor deles continuava tão forte quanto o início do namoro dos dois, que se deu na guerra que ocorreu há dez anos. Ansel sorri com carinho e se levanta.

— É um prazer conhecê-la, Trish. – Cumprimenta Ansel, sorrindo para minha melhor amiga. – Prazer conhecer vocês também, Tommy e Ian. – O loiro acaricia a cabeça de Ian com cuidado, enquanto o bebê dormia tranquilamente no colo da mãe. Em seguida ele bagunça o cabelo castanho de Tommy, que ri. – Eu me chamo Ansel De La Tróis. Você tem um bom gosto para mulheres, Dezmond. Com todo respeito, sua esposa é uma linda mulher.

Trish ri e meu melhor amigo se aproxima, como se colocasse em posição de defesa. Isso faz com que a esposa e o filho mais velho de Dez rissem ainda mais com a atitude brincalhona do ruivo.

— Não se aproxime dele, amor. Esse homem é conhecido como o Don Juan de Krósvia. Eu não quero correr o risco de te perder para alguém mais bonito que eu. – Pede Dez, fazendo o amigo revirar os olhos.

— Quanto drama! – Reclama Ansel, rindo, enquanto estende o braço para pegar Tommy no colo. No mesmo instante, o garoto se joga sobre o amigo do pai e ri quando é levantado.

— Seu amigo é muito educado, Dez. – Comenta Trish, ajeitando melhor o caçula em seu colo. Dez se finge de chocado, mas logo ri em seguida, concordando. Com cuidado, ele pega Ian no colo e olha com carinho para o filho. – De onde vocês se conhecem?

— O pai de Dezmond me treinou quando eu ainda era muito jovem. Fui aprendiz dele por muitos anos. – Responde Ansel, brincando com Tommy, que ria cada vez mais alto todas as vezes que era jogado para cima.

Não demorou para que Emmy aparecesse com o café e alguns biscoitos. Dez e Ansel continuaram conversando sobre a vida e relembrando o passado, enquanto Trish me encarava com atenção. Eu entendia a preocupação da minha amiga, que, por sorte, não havia presenciado a briga de mais cedo. Ela faz um sinal discreto para a varanda da sala e logo entendo o que ela queria.

Discretamente, nós deixamos a sala e vamos para o local mais reservado. Sinto o vento gélido atingir o meu rosto, assim que abro a porta da varando. Trish se aproxima e assim que deixa a sala de reuniões, fecha a porta. Observamos em silêncio a vista do belo jardim que tínhamos.

— O que aconteceu? – Pergunta Trish, quebrando o silêncio pesado que havia entre nós. – Dez e as meninas não quiseram me contar. Eu também vi quando Austin deixou o castelo. Ele parecia furioso. Elena e Bárbara também saíram às pressas, sem dar qualquer explicação. E agora, eu estou vendo algumas marcas em você. Por favor, Ally. Me diz a verdade. O que aconteceu?

— Bárbara e eu brigamos. – Respondo, fazendo minha melhor amiga arregalar levemente os olhos. – Ela entrou em meu quarto sem permissão, com uma adaga na cintura. Eu reagi e acabamos tendo um combate físico.

— Me diz que você deu uma surra nela. Por favor! – Implora Trish, olhando-me com esperanças.

— Trish! – Repreendo-a, rindo.

— O quê? Vai me dizer que você não estava querendo dar uma surra nessa garota falsa? Essa garota se finge de boazinha, mas eu sei que ela é tão cobrinha quanto a mãe dela. – Responde minha melhor amiga, fazendo-me ri de suas caras e bocas.

— Só você mesma para me fazer ri desse jeito quando na verdade, o meu maior desejo é chorar. – Comento, rindo, enquanto observo a paisagem.

— Ally... – Trish suspira e me abraça com carinho.

— Austin não acredita em mim e o pior é que essa desconfiança dele vai muito além dele confiar em Bárbara. – Conto a latina, que me encara atenta. – Eu tenho guardado alguns segredos de Austin, nos quais não posso contar ainda. Eu odeio essa situação, mas eu estou tentando protegê-lo o máximo possível, Trish.

— De uma maneira bem estranha, eu consigo te entender. Apesar de saber que deveria te aconselhar a deixar de ser tão protetora, eu também sou assim. Talvez eu não guarde um super segredo que pode custar a vida de centenas de pessoas do meu marido, mas eu também quero proteger a minha família. Tem uma ou duas coisas que Dez nem imagina que escondo dele. Nós somos mães, no final das contas. É normal sermos superprotetoras. – Trish sorri e observa o marido e os filhos pela porta de vidro da varanda. – Infelizmente, eu não sou a melhor pessoa para te aconselhar e não faço ideia do que faria se estivesse em seu lugar, Ally, mas assim como dez anos atrás, não importa o que aconteça, nem o que tenhamos que enfrentar, eu permanecerei ao seu lado até o fim. Não só como sua melhor amiga, mas como uma leal seguidora.

— Obrigada, Trish. – Agradeço, sendo acolhida em um abraço apertado de minha melhor amiga.

— Ally! – O grito de Prince faz com que Trish e eu nos separássemos assustadas. Preocupadas que algo tivesse acontecido, voltamos para a sala de reuniões.

— O que houve? – Pergunto alarmada, assim que encontro os olhos agitados de meu irmão mais velho.

— Você está bem? Manu me contou que você passou mal hoje. – Meu irmão se aproxima de mim e agarra meus ombros, fazendo uma análise criteriosa sobre mim.

— Eu estou bem, Prince. Quanto exagero! – Afirmo, revirando os olhos diante da exagerada preocupação de meu irmão.

— Eu disse a ele que você estava bem, mas ele não quis acreditar em mim. – Comenta Oliver, humorado, enquanto dar de ombros.

— Ele só está cumprindo muito bem o papel de irmão mais velho dele. – Théo defende meu irmão, rindo da cena.

— Mas que eu me lembre, Ally, eu havia pedido para que permanecesse em repouso pelo resto do dia. O que está fazendo aqui? – Questiona o cientista, estreitando os olhos, como uma mãe quando repreende o filho.

Penso em algo que justificasse a minha desobediência ao claro pedido médico de Oliver, mas não consigo nenhuma desculpa boa suficiente que ocultasse o meu confronto com Bárbara. Tudo o que eu menos precisava no momento era do modo “irmão superprotetor” de Phillip junto ao drama familiar que iria presenciar com Théo, sua esposa e sua filha.

— Oliver Hughes! – Ansel intervém, com seu sorriso animado. Vejo o loiro lançar uma discreta piscadela para mim e abre os braços em direção a Oliver, como se nada demais tivesse acontecido. – Por acaso você estava fugindo de mim?

— Ansel De La Tróis? Não acredito! Quanto tempo! – Oliver sorri largamente e abraça o amigo de maneira animada. – O que faz aqui? Pensei que estivesse na Bélgica, realizando pesquisas para o rei.

— E estava, mas resolvi voltar às pressas, assim que soube sobre a nova bactéria que está atingindo alguns países vizinhos. Os boatos de que o cientista genial de Kenedias se espalhou rapidamente e logo soube que você estaria envolvido. Imaginei que pudesse ajudar de alguma forma. – Responde Ansel, separando-se do amigo. – Isso, é claro, se você concordar com a minha presença.

— Está brincando?! – Oliver parecia ainda mais animado com a proposta. – Toda ajuda é sempre bem-vinda, principalmente, de um soldado e cientista tão brilhante quanto você. Quer dizer, se a Ally, Austin e o príncipe Phillip concordar também, é claro.

— É como você disse, Oliver. – Começa meu irmão, após verificar que eu estava satisfeita com a provável participação de Ansel. – Toda ajuda é sempre bem-vinda.

— Em um momento de crise como esse, nós precisamos unir forçar para lutar contra essa ameaça invisível, mas a mais letal de todas. – Complemento, sorrindo. – Espero que possa trazer mais avanços e boas notícias para nós, Ansel.

— Não se preocupe, Majestade. Eu farei o possível e o impossível para encontrar uma forma de exterminar essa bactéria. – Afirma o loiro, sorrindo confiante.

Ansel parecia carregar uma energia positiva e confiante. Encaro Dez e ele sorria animado, dando total apoio para minha decisão. Por ser um amigo de longa data de Dez e Oliver, eu daria um voto de confiança ao soldado. No entanto, ainda havia algo que me incomodava no homem: o sobrenome De La Tróis. Eu tinha a impressão de que eu já havia o visto em algum lugar e não me trazia uma boa sensação. Talvez fosse somente insegurança devido aos problemas que eu estava enfrentando, mas por hora, permaneceria de olho nesse nosso novo aliado.


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Notas finais do capítulo

Oii amores! O que acharam? Erros ortográficos? Sugestões? Críticas? Infelizmente, eu não consegui revisar, então perdão (again!).

São esses capítulos mais complicados que me dão mais medo de decepcionar vocês. Ele foi um capítulo relativamente parado, mas possui detalhes que espero ter prendido a atenção de vocês. Desculpe a demora em postar, mas infelizmente não vou garantir não demorar novamente. Esse mês de dezembro é bem complicado para mim, que trabalho em um salão de beleza também. Leitores fantasmas, apareçam, por favor. Eu quero muito saber o que estão achando. Obrigada por tudo, amores! Beijocas ♥

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