Deadly Hunt escrita por Lara


Capítulo 6
Família


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥!! Como vocês estão? Capítulo novinho em folha para vocês. Obrigada Jujuba (Juliana Lorena) e Feh (Sweet Princess) pelos doces comentários no capítulo passado. Espero que gostem desse capítulo. Boa Leitura...



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Você está com as bochechas coradas?
Você já teve aquele medo de não poder mudar
O tipo que gruda como algo em seus dentes?
Há algum às nas suas mangas?
Você não faz ideia de que é minha obsessão?
Sonhei com você quase todas as noites essa semana
Quantos segredos você consegue guardar?

Do I Wanna Know? - Arctic Monkeys

 

Capítulo V- Família

 

֎

 

Escuro. Não havia luz alguma a minha volta. O ambiente quente e abafado, tornava o lugar ainda mais assustador. Em minha boca, o gosto metálico de sangue me dava ânsia de vomito. Tento me mexer, mas meus braços e pernas estavam presos em correntes grossas e pesadas. Minha pele ardia como fogo, marcada por diversos cortes e outros ferimentos.

De repente uma forte luz se acende sobre mim. O contato com a claridade, após tanto tempo na escuridão faz meus olhos arderem. Fecho-os com força e somente alguns segundos depois é que eu me arrisco a tentar abri-los. O cenário mudou. Eu estou presa em uma cadeira de ferro, semelhante as de tortura usadas na idade média.

A minha frente, Füssen estava em chamas. Os gritos das pessoas passam a ecoar em minha cabeça. Elas imploravam por misericórdia. Aclamavam por qualquer um que pudesse acabar com seu sofrimento. As chamas consumiam as casas e era possível ver algumas pessoas presas no lugar.

— Nada é real. – Sussurro para mim mesma, sentindo uma dor inexplicável em meu peito. – Nada disso é real.

— Está enganada. Isso é real. – Responde uma voz masculina desconhecida. – Não há como fugir, Majestade. A coroa que carrega em sua cabeça é a sua maldição. Você morrerá vendo seu amado reino cair diante de meu poder.

Um arrepio premonitório percorre meu corpo. Tento me mexer mais uma vez, mas é em vão. As correntes continuam a machucar minha pele ferozmente. Olho em volta, procurando pela pessoa que havia falado comigo, mas eu estou sozinha. Eu era a única que assistia a tragédia que atingia meu amado reino, sem poder fazer nada.

As correntes caem. Eu estava livre. Desesperada, corro em direção ao centro da cidade, onde o caos estava reinando, no entanto, não havia ninguém. Além das chamas e dos rastros da destruição, Füssen estava vazia. Não havia animais, pessoas, nenhum ser vivo. Tento gritar, mas minha voz havia sumido. Ninguém me ouviria. O cenário muda novamente e eu estou em uma floresta escura e fria.

Um som tão estridente quando o arranhar de um quadro negro se faz presente. Levo minhas mãos ao meus ouvidos com o intuito de abafar o torturante barulho, mas isso só faz que o som fique ainda mais alto. E então, uma mulher aparece. Ela calçava botas cano longo de salto, calça e jaqueta de couro. Um sorriso maléfico moldava seus lábios, enquanto ela caminhava calmamente em minha direção. Percebo então que o estridente barulho vinha de sua espada que arrastava pelo chão.

— Era uma vez, um reino quase encantado chamado Krósvia. Ele era governado por dois jovens reis, Allycia Dawson e Austin Moon. Tudo era lindo e todos viviam na mais perfeita harmonia. Até que um dia, uma doença passou a atingir as crianças do reino. Uma a uma, elas começaram a morrer, quase que acabando por completo com a existência infantil nesse reino. Depois de muito procurar uma cura, a rainha soube por uma curandeira, que morava aos redores do castelo, de uma orquídea negra que poderia ser usada para destruir a bactéria responsável pelas mortes.

O problema é que orquídea negra só nascia em um lugar específico do reino, no alto das montanhas ao norte. Temendo pela vida de seu primogênito, uma das poucas crianças que ainda não havia sido atingida pela bactéria, a rainha selecionou um grupo de homens de sua confiança e com eles foi atrás da orquídea.

O que a rainha não sabia era que tudo não passava de uma grande armação. Ela havia caído em uma armadilha e foi pega pelos seus inimigos. Devido aos ataques, seus homens não foram capazes de proteger a rainha e ela padeceu diante de seus olhos. – Caída no chão, finalmente encaro o rosto da mulher que continuava a arrastar sua espada. Não era ninguém menos que Bárbara. A mulher sorrio maldosa ao perceber que eu havia a reconhecido. Vejo Austin, Oliver, Dez, Lawrence, Prince e Tyler amarrados as árvores que me cercavam, enquanto gritavam para que eu fugisse.

E antes que eu tivesse a chance de reagir, Bárbara levanta sua espada e atinge meu tórax. Sinto uma forte dor em meu peito, eu não conseguia respirar. Uma...duas...três...dez vezes. Ela me atingia com ódio, enquanto um sorriso psicótico moldava seus lábios. Meus amigos, meu irmão e meu marido continuavam a gritar desesperados.

Um último golpe acerta meu coração. Meus olhos encontram os de Bárbara. Ela sorria deslumbrada, parecendo admirar o meu estado. Havia sangue por toda a roupa preta da garota. Ela se aproxima de mim e colocando uma arma em minha testa, ela me encara sanguinária.

— ‘Mors monarchia’! – Fala Bárbara. Seu sorriso presunçoso é a última imagem que tenho antes da arma ser disparada, atingindo brutalmente a minha testa.

Acordo assustada. Meu coração batia acelerado e meu rosto estava molhado. Eu havia chorado. Limpo minhas lágrimas e olho ao meu redor. Austin dormia ao meu lado e parecia não ter notado a minha agitação. Abalada, levo minha mão direito ao peito, tentando diminuir a dor que eu sentia. Assim que consigo normalizar minha respiração, eu me levanto e me dirijo ao banheiro. Lavo meu rosto e encaro minha imagem refletida no espelho.

— Você está horrível. – Sussurro, desviando o olhar. Ignoro minha aparência e me dirijo para a varanda do quarto.

Os primeiros raios solares do dia começam a apontar no horizonte, enquanto eu observo a paisagem. Austin ainda dormia serenamente, assim como a maior parte do castelo e dos moradores de Füssen. A tranquilidade daquele cenário me proporcionava a paz que eu precisava, após ter acordado de um terrível pesadelo.

Batidas tímidas são dadas na porta, quebrando o silêncio do quarto. Austin se vira para o outro lado da cama e puxa a coberta para se proteger do frio que fazia. Sorrio do sono pesado de meu marido e apenas aguardo que a pessoa do outro lado da porta entrasse. Com cuidado, a porta é aberta somente o suficiente para revelar uma parte do rosto angelical de meu filho.

— Mamãe? – Enzo chama hesitante.

— Entre, querido. – Respondo e abro meus braços assim que meu pequeno abre a porta por completo e sorri radiante. Abaixo-me para ficar em sua altura e o vejo correr em minha direção. – Bom dia, meu amor. – Digo, quando seus delicados braços contornam meu pescoço.

— Bom dia, mamãe. – Cumprimenta, apertando ainda mais o nosso abraço. Em seguida, o garoto beija a minha bochecha e encosta sua cabeça em meu ombro.

O gesto singelo de meu filho, aquece meu coração e traz o acolhimento que eu precisava depois das cenas de terror que vivencie em meus sonhos. Acariciando as costas de Enzo, pego-o no colo. Para não acordar Austin, sigo para a varanda do quarto novamente, sentindo a brisa gélida do início do inverno nos atingir.

— Você está bem, querido? – Pergunto, assim que passamos a encarar o amanhecer da capital de Krósvia. - Por que acordou tão cedo?

— Eu tive um sonho ruim, mamãe. – Responde, apertando um pouco mais o meu pescoço. – Você e o papai desapareciam e eu ficava sozinho.

— Eu jamais permitiria que isso acontecesse. – Afirmo, beijando a testa de meu filho em seguida. Enzo ainda parece ter dúvidas sobre a minha fala. – O que seria de mim sem o meu amado herói?

— Eu sou um herói? – Pergunta Enzo, animado.

— Claro que sim! – Concordo, rindo discretamente. – Você foi a pessoa que trouxe felicidade a mamãe. Você é o herói da mamãe e do papai. Nós amamos você mais do que qualquer coisa nesse mundo, Enzo.

— Mais do que chocolate? – Questiona, com seriedade, afastando-se um pouco para olhar em meus olhos.

— Mais do que chocolate. – Digo, tentando manter a mesma postura séria que o garoto. Ele sorri docemente e volta a me abraçar com carinho.

— Eu também amo a mamãe e o papai. – Afirma Enzo, encostando sua cabeça em meu ombro.

— Mais que chocolate? – Repito sua pergunta, correspondendo ao abraço.

— Mais do que chocolate. – Afirma Enzo, meio sonolento.

Passo a acariciar suas costas, enquanto balanço meu corpo. Em poucos minutos, Enzo pega no sono em meus braços. Suspiro, sem relembrando de meu pesadelo. Tudo havia sido tão real. Era como se fosse um aviso para o mal que estava prestes a cair sobre meu reino.

E por estar tão concentrada em meus pensamentos, sou surpreendida pelos braços calorosos de Austin. Meu marido meu abraça por trás e encosta seu queixo sobre o topo de minha cabeça. Desvio meu olhar do horizonte para a encará-lo. O loiro sorria amoroso e seus olhos brilhavam com admiração, enquanto encarava nosso filho.

— Bom dia. – Sussurra Austin, dando um beijo leve em meus lábios.

— Bom dia. – Respondo em mesmo tom, aconchegando-me em seus braços.

— Por que você parece tão preocupada? – Questiona meu marido, suavemente.

— Tive um pesadelo. Apenas isso. – Digo e Austin suspira preocupado.

Desde a guerra que ocorreu há dez anos, eu vivia sendo atormentada por inúmeros pesadelos e todos terminavam com a mesma tragédia. Não havia um sonho específico. Eram diversos cenários e por diferentes motivos. No fim, eu sempre morria. O que sempre me levava a questionar se eles eram um aviso ou apenas pesadelos macabros ocasionados pelos meus traumas da guerra.

— São apenas sonhos ruins. Não pense muito nisso. – Pede Austin, apertando-me ainda mais contra si. Enzo se mexe um pouco em meus braços e se aconchega ainda mais. – Eu jamais permitiria que algo de ruim acontecesse a você e a Enzo.

— Eu sei. – Digo, virando-me para meu marido. – Mas é tudo tão real.

Austin acaricia meu rosto e encosta sua testa na minha. Nossos olhos se encaram com intensidade. Ele sorri com compreensão e me beija. Com cuidado, ele me traz para mais perto e aprofunda nosso beijo. Era sua forma de dizer que tudo ficaria bem, que nós enfrentaríamos aquele problema juntos, como marido e mulher.

— Eu te amo. – Sussurra Austin, abraçando a Enzo e a mim com carinho. – Eu amo vocês.

— Eu também amo vocês. – Respondo, inspirando o cheiro característico de meu marido, que me traz tanta paz e segurança.

De repente, eu me sinto fraca. Minha visão se torna turva e preciso me segurar em Austin para não cair. Com muito esforço, continuo com Enzo em meu colo, temendo que ele caísse e se machucasse. Não demora muito para que o loiro note que havia algo de errado comigo.

— Ally! Ally!

Austin pega Enzo de maneira exasperada, no entanto, não consegue evitar que eu vá ao chão. Eu não conseguia ver nada, mas as vozes distantes de Austin e meu filho mostravam que eu ainda não havia perdido a consciência por completo.

— Ally! O que aconteceu? Por favor, fale comigo! – Enzo começa a chorar diante do desespero do pai. – Calma filho. A mamãe só está dormindo.

— E por que ela não acorda? – Questiona Enzo, ainda aos prantos.

Antes que eu ouvisse a resposta de Austin, meu corpo se torna ainda mais pesado e aos poucos vou me entregando ao cansaço que havia se apossado de mim.

[...]

— O que ela tem? – Ouço meu marido perguntar. Minha cabeça doía e eu permanecia de olhos fechados.

— Eu recolhi uma amostra de sangue para analisar o que aconteceu de fato. Então preciso dos resultados dos exames para dar uma resposta definitiva. Mas não parece ser nada grave. Ela já está acordando e parece que foi apenas uma queda de pressão. – Dessa vez era Oliver quem falava. Abro meus olhos devagar e vejo um sorriso preocupado na face do cientista. – Você está bem, Majestade?

— Sim. – Respondo, fracamente. – Austin?

— Eu estou aqui. – Fala meu marido, prontamente, colocando-se ao meu lado. – O que aconteceu, Ally? Você desmaiou de repente. Quase me matou de susto!

— Não se preocupe. Eu estou bem. – Afirmo, apertando a mão de Austin que estava próxima a minha. – E Enzo?

— Ele chorou bastante, mas as crianças conseguiram acalmá-lo. Ele deve estar brincando com elas no jardim. – Explica Austin, sorrindo discretamente. – Você nos deu um susto e tanto.

— E o que você está fazendo aqui, Oliver? – Pergunto curiosa. – Espero que não se ofenda com a minha pergunta. Eu apenas estou curiosa.

— Não se preocupe, Majestade. – Responde, sorrindo gentil. – O príncipe Enzo ficou desesperado quando viu a mãe desmaiando, então enquanto o rei Austin cuidava de Vossa Majestade, ele correu gritando pela primeira pessoa que ele encontrou no castelo. Acho que eu era o único acordado e como tenho um pouco de conhecimento em primeiros socorros, vim ajudar.

— Obrigado pela ajuda. – Agradece Austin, com sinceridade.

— Digo o mesmo. – Concordo, sorrindo. – E não precisa de todas essas formalidades. Eu não me importo com títulos, então pode me chamar de Ally. Nós temos quase a mesma idade, não é mesmo? Eu acabo me sentindo uma velha quando alguém da minha idade me chama de Majestade.

— Eu apenas fiz o que qualquer um na mesma situação teria feito. – Responde, dando de ombros. – Mas, não sei se é uma boa ideia eu chamá-la...

— Não se preocupe com isso, Oliver. – Austin o interrompe, enquanto entrelaça nossos dedos. – Nós realmente não nos importamos com a forma como somos chamados. Assim como Ally disse, nós nos sentimos velhos com esses títulos. Sinta-se à vontade para nos chamar pelos nossos nomes.

— Tudo bem, Maje...digo, Austin. – Oliver se corrige ao ver o olhar repreendedor de meu marido. O cientista ri sem graça e eu acabo rindo de sua timidez.

Austin me olha aliviado ao ver que eu já parecia ter voltado ao meu estado normal. Ele beija a minha testa e sorri. Eu realmente havia o assustado. Essa não era a primeira vez que eu desmaiava ou me sentia enjoada. Com certeza eu estava preocupada e o fato de ter sonhos onde em todos eu morro, não era exatamente algo animador. Tento me sentar, mas sou impedida por meu marido.

— O que pensa que está fazendo? – Pergunta o loiro, olhando-me com repreensão. – Você acabou de acordar de um desmaio.

— Eu quero apenas me sentar, querido. – Respondo, revirando os olhos. – Não é como se eu estivesse com uma doença grave. A minha pressão apenas caiu.

— Isso é o que vamos descobrir quando Oliver tiver os resultados dos exames. Até lá, você vai ficar deitada aqui, quietinha. – Austin estava sério diante de sua decisão, suspiro frustrada.

— Mas eu tenho muito o que fazer! O reino precisa de mim. – Afirmo, relutante quanto ter que ficar de ‘castigo’.

— E eu preciso da minha esposa e Enzo da mãe dele. – Retruca Austin, enquanto ajeita o lençol que me cobria. – Não se preocupe com Krósvia. Ela consegue sobreviver um dia sem a rainha dela. Além disso, eu não sou rei apenas de enfeite. Posso muito bem cuidar do reino em seu lugar por um dia.

— Eu sei, amor. Mas é que você também tem muita coisa para fazer. – Tento argumentar, mas estava claro que ele não ia mudar de ideia. – Tudo bem. – Concordo, dando-me por vencida.

— Vocês são engraçados. – Afirma Oliver, rindo de nossa pequena discussão. – Mas o Austin tem razão, Ally. Você precisa descansar. Um dos motivos de você ter desmaiado pode ser o excesso de trabalho. Aproveite a oportunidade para repor suas energias.

Balanço a cabeça, concordando. No entanto, eu não estava satisfeita com a decisão de ter que ficar um dia afastada dos meus compromissos. Em tempos de crise como estamos vivendo no momento, ficar um dia longe pode significar inúmeros problemas. Batidas na porta despertam-me de meus devaneios.

— Entre. – Responde Austin, desviando seu olhar para a porta. – Algum problema, Dez?

— Primeiro vim conferir como Ally está. – Responde o ruivo, entrando no cômodo. – Eu soube por Jade do seu desmaio repentino. Você está bem, Ally?

— Não precisa me olhar assim. Eu estou bem. Foi apenas um susto. – Afirmo, revirando os olhos.

— Sei. – Comenta meu melhor amigo, lançando um olhar sério para mim. Eu sabia bem o que aquele olhar significava. Ele não havia se esquecido do outro dia que eu havia passado mal. Correspondo ao olhar, esperando que ele não comentasse nada. O ruivo apenas dá de ombros e muda de assunto. – Austin, Lawrence e Prince estão te esperando na sala de reuniões para tratar de alguns assuntos pendentes.

— O dever me chama. – Fala Austin, suspirando cansado. Ele beija minha testa e em seguida os meus lábios. – Descanse, mocinha. Volto mais tarde para ver você.

— Pare de se preocupar e se concentre em seus compromissos. Eu estou bem. – Afirmo, despedindo-me de meu marido.

Austin revira os olhos e balança a cabeça negando, antes de sair do quarto. Assim que ficamos somente Dez, Oliver e eu, o ruivo se aproxima e me estende um envelope branco. Pego o papel e o abro. O cientista nos encara em dúvida, sem saber se deveria me repreender ou se deveria apenas sair do quarto.

— Não comente isso com Austin. – Pede Dez, olhando com seriedade para Oliver, como se lesse meus pensamentos. – O que acontece aqui, fica aqui.

— Não irei contar. – Concorda o rapaz, ao notar meu olhar sobre si. – Mas eu realmente não sei se vocês querem que eu saia ou que permaneça aqui.

— Desculpa, Oliver, mas Dez investigou a sua vida. – Respondo, sorrindo simpática. O outro parecia surpreso com a minha afirmação. – Dez e Lawrence são as pessoas em quem mais confio nesse castelo. Se ele está confiando em me entregar algo de tamanha importância na sua frente, é porque posso confiar em você.

— Obrigado? – Ele parecia ainda mais confuso sobre como reagir.

— O fato é que nós precisamos de você, Dr. Oliver. – Começa Dez, permitindo que eu lesse o documento que ele havia me entregue. – Nós estamos sobre uma ameaça maior do que você pode imaginar. A guerra que aconteceu há dez anos, que resultou na morte dos reis Lester, Penny e Edgar pode se repetir de maneira ainda mais sangrenta se não impedirmos.

— Como assim? – Pergunta Oliver, interessado.

— Além das mortes misteriosas das crianças dos reinos vizinhos, nós também precisamos confirmar se uma pessoa realmente morreu. Um inimigo de longa data foi dado como morto algum tempo atrás, mas Ally não acredita que ele realmente esteja morto. E é aí que você entra. – Continua Dez, encarando o cientista com desafio. – Soube de suas habilidades investigativas. Preciso que analise os restantes de ossos que sobrou do incêndio que aconteceu no presídio de segurança máximo onde Victor Dobyne estava preso e descubra se alguma das amostras pertence a ele.

— Tudo bem. Farei o meu melhor, mas preciso de alguma coisa que tenha o DNA dele. – Responde Oliver. Dez pega um pequeno pacote transparente que estava em seu bolso e estende para o cientista. Era a identificação que o presidio usou como prova para a morte de Victor.

— Essa identificação pertencia a ele. Não sei se vai ser de grande ajuda. Não entendo muito de testes de DNA, mas acho que você pode conseguir alguma coisa com isso. – Explica o ruivo. Oliver observa o objeto e parece interessado.

— Eu consigo. – Afirma, sorrindo confiante.

Estendo os documentos que Dez havia me passado e suspiro. Era ótimo que tivéssemos mais um aliado a nosso favor, mas ainda havia inúmeros problemas a serem resolvidos. Eu não sabia o que me preocupava mais. A presença de Elena e Bárbara em meu reino, a possibilidade de Taynara e Victor estarem vivos e aliados ou a bactéria que tem se espalhado cada vez mais rápidos e fazendo inúmeras crianças de vítimas.

— Em relação a bactéria, você descobriu alguma coisa? – Pergunto a Oliver, enquanto me sento na cama.

— Eu tive alguns avanços. Passei as últimas três noites pesquisando alguma forma de retardar a modificação da bactéria e a contaminação, e acredito que tenha encontrado algo que possa ajudar. – Revela Oliver, assumindo uma postura séria. – No entanto, estou esperando o resultado do último exame antes de testar de testar em animais e pessoas.

— E o que você acha que pode ter resultado? – Questiona Dez, sentando-se na poltrona de frente para minha cama.

— Existe uma substância bastante rara que parece surtir efeito sobre a bactéria. – Explica Oliver. – Ela é tão rara, que até o momento, o único lugar onde se é possível encontrar essa substância é em uma espécie rara de orquídea. A orquídea negra.

— O quê? – Sussurro, surpresa.

— Algum problema, Ally? – Pergunta meu melhor amigo, preocupado.

— Apenas fiquei surpresa. – Respondo, sorrindo forçado. Dez me encara com desconfiança e parece não aceitar a minha resposta. Suspiro, desistindo de tentar mentir para ele. – Você se lembra daqueles sonhos que eu tenho com certa frequência? – Pergunto.

— Aqueles que sempre terminam em sua morte? – Indaga Dez, em dúvida. Balanço a cabeça, confirmando. – O que têm eles? Você teve mais um sonho desse, essa noite?

— Sim. E nele, eu fui morta por Bárbara enquanto procurava pela orquídea negra. – Respondo, fazendo meu melhor amigo assumir uma postura preocupada.

— Mas foi apenas um sonho, certo? Não tem porquê se preocupar, Ally. Tenho certeza que todos nesse reino dariam suas vidas para salvar a sua. – Afirma Oliver, tentando me acalmar.

— A questão é que Bárbara é uma possível inimiga, Oliver. E ela está vivendo sobre o mesmo teto que Ally. – Contrapõe Dez. Assim como eu, o ruivo não confiava em Elena e sua filha. – O que vai fazer a respeito? Pode ter sido somente um sonho...

— Ou pode ser um aviso para o que está por vir. – Completo a fala de Dez. Meu melhor amigo balança a cabeça, concordando. – Eu não sei o que fazer. Por enquanto, vamos apenas ficar de olho em Bárbara. Enquanto a orquídea negra, Oliver. Ela por acaso cresce nos altos das montanhas ao norte?

— Isso. Como sabia disso, Ally? – Pergunta Oliver, parecendo surpreso sobre o meu conhecimento.

— A Bárbara me contou isso em meu sonho. – Respondo, revirando os olhos ao notar o quanto era ridícula a minha afirmação.  

— Bom, por enquanto, a orquídea negra é somente uma suposição. Eu ainda tenho uma amostra dela. Caso dê certo, nós acharemos uma solução para ir atrás dela, sem que seja preciso a sua participação nela. – Afirma Oliver, sorrindo confiante.

— Ele tem razão. – Concorda Dez. – Por prevenção, vou colocar alguns espiões para ficarem de olho em Bárbara e Elena. E para a sua proteção, eu ficarei de vigia na porta do seu quarto.

— Não seja inconsequente. – Repreendo Dez, sem acreditar em seu plano. – Eu preciso de você coordenando as nossas investigações ao lado de Lawrence.

— E o que eu devo fazer? Lawrence está ocupado com as investigações sobre Victor e Taynara, Oliver precisa trabalhar em sua pesquisa para encontrar a cura para a bactéria, Prince e Tyler estão trabalhando para isolar as áreas que podem ser atingidas pela doença, Austin precisa cuidar do reino e não acredita que a prima dele não seja mais uma criança, Jade, Manu e Trish estão ocupadas ajudando Oliver e não há ninguém de confiança que eu possa pedir para cuidar de sua proteção. – Retruca Dez, suspirando.

— Eu vou ficar bem. – Afirmo, entediada pela superproteção de meu melhor amigo. – Eu não sou uma criança indefesa e você sabe melhor do que ninguém que eu sei me defender muito bem.

— Mas você está doente. – Responde Dez com preocupação.

— Errado. Eu apenas passei mal. Não estou doente e já me sinto bem melhor. Só estou nessa cama, porque Austin e Oliver insistiram que eu deveria descansar por um dia. Então, não exagere. – Digo, suspirando cansada. Ele continuava a me encarar com preocupação. Às vezes, Dez conseguia ser ainda mais teimoso que eu.

Antes que Dez dissesse alguma coisa, a porta de meu quarto é aberta de uma vez, surpreendendo a mim e aos meus amigos. Após me recuperar um pouco do susto, vejo meu amado garotinho olhando hesitante para mim. Assim como o pai, ele possuía o olhar preocupado e não sabia se podia se aproximar ou não. Abro meus braços e na mesma hora, ele sorri largamente e corre na minha direção.

— Mamãe! – Grita Enzo, pulando sobre a cama para me abraçar. Parecendo sentir medo de que eu sumisse, meu filho me abraça apertado e preocupado. – Por que você dormiu de repente? O papai ficou gritando seu nome e o tio Oliver também ficou chamando o seu nome e você não acordava.

— É que eu estava com muito sono, meu amor. Sinto muito se eu te deixei preocupado. – Lamento, correspondendo ao abraço com igual intensidade. Com cuidado, afasto Enzo de mim e olho em seus olhos, que brilhavam ao segurar possíveis lágrimas. Ele queria chorar, mas estava se fazendo de forte. – A mamãe está bem, Enzo. Não fique assim.

— Você me assustou. – Sussurra, deixando algumas lágrimas caírem pelo rosto angelical. – Você disse que nunca ia me deixar sozinho, mamãe. Eu fiquei com medo de ficar sem você.

Surpreendo-me com a revelação de meu filho. Era como se ele, à sua maneira, entendesse o significado da morte. Limpo as lágrimas de Enzo e o trago para um novo abraço. Vê-lo tão afetado havia quebrado meu coração. Vendo que eu e ele precisávamos de um tempo, Oliver e Dez deixam o quarto, despedindo-se de mim com rápidos acenos.

— Eu soube que você ficou brincando com seus primos. – Mudo de assunto, tentando melhorar o humor de Enzo. – O que vocês fizeram?

— Eles brincaram no parquinho e eu fiquei cuidando de Peter e Ian, enquanto tia Manu e tia Trish conversavam. – Responde, ainda desanimado. – Eu queria vir, mas ninguém deixou.

— Por que não deita com a mamãe? – Pergunto, sorrindo na esperança de animá-lo.

— Está bem. – Concorda, colocando-se abaixo da grossa coberta de casal, assim que eu a levanto. Puxo Enzo para mais perto e o aconchego em meus braços. Ele me abraça com força e me olha com carinho. Era impressionante a semelhança de Enzo e Austin. – Mamãe, você realmente nunca vai me deixar sozinho?

— Eu prometo, meu amor. – Sussurro, apertando-o ainda mais contra mim.

E após algumas horas, conversando entre sussurros, Enzo acaba dormindo. Ele havia lutado muito contra o sono, talvez temendo que o que havia ocorrido mais cedo pudesse voltar a acontecer. Eu me sentia péssima por ter deixado Enzo tão preocupado. No entanto, assim como no momento em que eu estava com ele em meus braços, eu me senti mais calma e tranquila. E antes que eu percebesse, também acabei me entregando ao mundo dos sonhos.

Alguém havia entrado no quarto. O som dos passos cuidadosos me deixa em alerta. Aquele não era Austin e muito menos um de meus amigos, eu tinha certeza disso. Com cautela, levo minha mão ao esconderijo que havia na cabeceira de minha cama e encolho meu corpo ainda mais sobre Enzo. Pego minha adaga e aguardo as próximas ações do invasor.

Assim que ele está ao lado de minha cama, abro meus olhos e ergo minha adaga na direção de seu pescoço. Sorrio ao ver que ela havia agido mais cedo do que eu imaginei. Bárbara estava com os olhos arregalados e segurava a respiração. Ela sabia que eu não hesitaria em degolá-la.

— O que faz aqui? – Questiono com seriedade. – Por que não pediu permissão para entrar em meu quarto?

— Eu...eu bati! – Exclama, desesperada.

— Mentira! A minha audição é muito boa. Eu teria ouvido se você tivesse batido. – Respondo sem hesitação. – E eu estou vendo uma adaga em sua cintura. – Bárbara olha para sua cintura e coloca a mão sobre o cabo de sua adaga. – Então eu irei repetir a pergunta e eu espero que seja esperta o suficiente para me dizer a verdade, ou eu terei o prazer de perfurar sua garganta com a minha adaga favorita. Diga-me, Bárbara, o que você veio fazer aqui?


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Notas finais do capítulo

Oii de novo! O que acharam? Erros ortográficos? Sugestões? Críticas? Infelizmente, eu não consegui revisar, então perdão.

Eu adorei escrever sobre a interação mãe e filho de Ally e Enzo. O que vocês acharam? E quais são as teorias que vocês têm para o que vai acontecer no próximo capítulo? Eu quero muito saber a opinião de vocês. Leitores fantasmas, não tenham medo de mim. Não irei atacar vocês se vocês deixarem a opinião de vocês kk! Enfim, até o próximo mês!! Beijocas ♥

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