Deadly Hunt escrita por Lara


Capítulo 8
Desatino


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥!! Desculpem a demora para atualizar, mas aconteceu tanta coisa e eu acabei não conseguindo aparecer antes. Eu quero dizer que fiquei muito feliz com a aparição de alguns leitores sumidos no capitulo passado e dedicar esse capítulo a Feh Freitas que fez aniversário ontem.

Obrigada Juliana Lorena, Sweet Princess (Feh ♥), Princesa, Lavinia, VacuumCleaner e Joosy pelos comentários maravilindos no capítulo passado. Obrigada pelo apoio e por me inspirarem tanto a escrever. Amo vocês muitão!! Boa leitura...



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“Eu assisti tudo na minha cabeça

Sentido perfeito

Eles vão me tirar da minha cama

Deixar tudo o que vale

Algum centavo e me levar ao invés disso

Aquele programa de Tv que eu vi enquanto adormecia

Me fez cair de joelhos

Rezando para o que quer que esteja nos céus

Por favor me envie um criminoso

E não deixe a polícia saber”

 

Female Robbery - The Neighbourhood

 

 

Capítulo VII – Desatino

 ֎

 

Dizem que a loucura e a sanidade andam lado a lado em uma linha tênue. Diante do sorriso satisfeito de minha filha, enquanto seu rosto se encontrava em um estado deplorável, essa frase continuava a ecoar em minha mente. Bárbara nunca esteve em uma briga, nem mesmo participou de uma guerra tão de perto, no entanto, ela exalava a mesma aura perigosa e sanguinária que a de um guerreiro que voltou da guerra após matar seu maior inimigo.

Eu não tinha certeza do que tinha acontecido no quarto dos reis de Krósvia. Bárbara simplesmente desapareceu em um momento e no outro aparece ao lado da esposa do braço direito de Allycia, com o cabelo assanhado, o rosto vermelho e repleto de marcas de briga.

— O que aconteceu? – Pergunto, depois de um longo período em silêncio. O motorista nos conduzia até o esconderijo que Taynara havia conseguido para nós na periferia da cidade. Eu precisava cuidar dos ferimentos de Bárbara e conversar com meus aliados.

— Nada demais, mamãe. – Responde a garota, dando de ombros.

— Nada demais? Você está machucada, Bárbara! – Grito e ao ver que chamei a atenção do motorista, respiro fundo para me recompor. Pego as perucas e outras roupas que estavam ao meu lado e jogo para a garota. – Vista seu disfarce. Nós teremos uma conversa séria assim que chegarmos ao esconderijo.

— Como a senhora desejar, mamãe. – Responde com um sorriso irritante nos lábios, enquanto começa a se vestir.

— Bárbara. – Repreendo-a. Ela sabe muito bem o quanto eu detesto ser feita de boba.

Bárbara me olha com divertimento e volta a encarar a paisagem como se fosse somente mais um passeio pela cidade. Assim que chegamos ao nosso destino, ordeno ao motorista que retorne para o castelo e volte em algumas horas, além disso, deveria ser mantido em sigilo a nossa localização.

Apesar de ser uma região bem mais afastada do centro e estar ao lado da densa floresta que rodeia a capital de Krósvia, havia diversas construções bonitas e crianças brincando de um lado para o outro, ainda que fosse nítida a diferença do ritmo daquele lugar que mais se assemelhava ao interior.

Assim que entramos na casa abandonada, vou atrás de uma maleta de primeiros socorros e volto a encarar Bárbara com intensidade. Minha filha observava o majestoso castelo Cristal pela varanda do quarto e parecia divagar sobre uma realidade distante da nossa. Seus olhos brilhavam de maneira tão intensa que eu não sabia como reagir. De longe, essa era a primeira vez que eu via minha filha tão...diferente.

— Bárbara. – Chamo-a e demora alguns instantes para que ela se virasse para mim. – Venha cuidar desses ferimentos.

— Sabe, mamãe, hoje eu experimentei algo maravilhoso. – Comenta a garota, sentando-se na cama de frente para mim.

— E o que foi? – Pergunto, confusa.

— Eu experimentei bater naquela sonsa da Allycia. – Responde, sorrindo maliciosa. – E por muito pouco eu não rasguei aquele rostinho sem graça com a minha adaga. Seria realmente maravilhoso vê-la implorando por misericórdia, enquanto eu a torturava.

— O que você foi fazer no quarto de Allycia sem a minha permissão, Bárbara? Você quer colocar tudo a perder? Imagina se o Austin aparece? – Questiono, descrença da falta de senso de minha filha.

— Mas ele não apareceu. – Afirma Bárbara, dando de ombros. De repente ela abre um sorriso animador e pega a adaga que estava em sua cintura. Com um olhar perigoso, ela examina a lâmina e parece relembrar o momento. – Quer dizer, ele apareceu, mas no momento certo.

— Você sabe o quanto eles desconfiam de nós! Não seja inconsequente! – Repreendo-a, colocando um curativo em sua bochecha. – Não podemos colocar tudo a perder agora que estamos começando a ter a confiança deles. Não por apenas o desejo de machucá-los.

Bárbara revira os olhos e se afasta, ignorando meus cuidados. Ela para de frente ao espelho do quarto e observa seu rosto. Respiro fundo algumas vezes para manter a calma. Taynara ficará uma fera quando descobrir a ação inesperada de minha filha. Victor com certeza irá nos punir por não seguirmos seu plano, afinal, ele esperou muitos anos para iniciar sua vingança.

— Taynara ligou mais cedo e pediu que pegássemos alguns equipamentos de espionagem que estão nessa casa. Ela quer que, de forma discreta, instalemos esses apetrechos pelo castelo. – Aviso, relembrando das palavras de mais cedo da mulher.

— Ela por acaso está achando que nós viramos as escravas dela? Por que ela mesma não faz isso? Ela não é a super incrível Imperatriz? – Debocha Bárbara, rindo com ironia. – Taynara não passa de uma cadela medrosa.

— Cuidado com suas palavras, Bárbara! – Alerto minha filha, preocupada com as consequências. – E se Taynara ou Victor estiverem nos espionando? E você sabe muito bem o motivo dela nos mandar fazer esse serviço.

— Tanto faz. – Bárbara dá de ombros e começa a se maquiar para esconder as marcas de mais cedo.

Bárbara sempre teve uma personalidade difícil de lidar, mas as coisas estavam indo longe demais. O seu lado rebelde da adolescência continuava a dominar boa parte de seu modo de agir. Por outro lado, eu também me sentia orgulhosa por ver sua determinação. Não há nada que minha filha não consiga quando quer alguma coisa e isso significava que ela não medirá esforços para destruir Allycia.

Meu celular toca e vejo o nome da Imperatriz brilhar com intensidade na tela. Olho para Bárbara que para de se maquiar e me encara através do reflexo do espelho. Ela também parecia saber quem me ligava e parece que finalmente a ficha do que ela fez havia caído, mas diferente do que imaginei, ela apenas volta a se arrumar, como se nada tivesse acontecido.

— Oi Taynara. – Atendo a ligação, colocando o celular no viva voz para que minha filha também ouvisse a conversa.

Não diga meu nome. Quantas vezes eu terei que dizer isso? – Repreende a mulher, suspirando em seguida. Eu conseguia imaginar com clareza ela revirando os olhos.

— Sinto muito.Lamento, engolindo em seco diante da frieza usada pela mulher. – Por que você me ligou? Algum problema?

Por que você não me diz? Algum problema, Elena? — Questiona Taynara, como uma serpente esperando qualquer deslize meu para atacar.

— O quê? Por que diz isso? Não tem problema nenhum! – Afirmo, tensa pela nítida análise que estava sofrendo de Taynara.

Por que está tão nervosa? – Pergunta a Imperatriz e eu sentia como se ela realmente soubesse o que tinha acontecido.

— E por que está nos interrogando ao invés de ir direto ao ponto? – Retruca Bárbara, após perceber que eu não estava conseguindo disfarçar o meu nervosismo. Eu conhecia Taynara há muito tempo e sabia como ninguém o quanto ela e Victor podem ser cruéis quando irritados.

Cuidado com a língua, Bárbara, ou eu terei o prazer de a cortar com uma faquinha de serra. – Ameaça Taynara de forma intensa. – Vão para o andar superior e liguem o computador que está no escritório. Eu quero fazer uma vídeo-chamada.

Por quê? – Questiona minha filha, olhando-me com seriedade. Ela estava ficando nervosa.

Não me questione e faça o que eu estou mandando, Bárbara. – As palavras repletas de significados e ameaças de Taynara parecem surtir um forte efeito em Bárbara, que prende a respiração e vejo o ódio puro brilhar em seus olhos. Encaro-a com repreensão e faço sinal para que ela não testasse ainda mais a paciência de Taynara.

À contragosto, Bárbara sobe as escadas em passos pesados e preciso respirar fundo para manter o controle antes de acompanhá-la. Também não era como se eu estivesse feliz por estar recebendo ordens de alguém mais novo do que eu, mas eu também tenho ciência que Taynara possui um poder superior ao meu e que poderia me matar em questão de segundos.

Ao chegarmos ao escritório, Bárbara liga o computador como havia sido ordenado. Taynara desliga o celular e em poucos instantes, sua imagem aparece na tela do computador com Victor ao seu lado. Ambos carregavam expressões sérias e ao nos encarar, é visível que eles haviam notado os machucados de Bárbara.

O que aconteceu com o rosto de Bárbara? – Questiona Taynara, expondo a dúvida que estava evidente em suas faces.

Desvio meu olhar da tela do computador e encaro minha filha, ponderando se deveria ou não revelar o que de fato havia acontecido. No entanto, antes que eu dissesse qualquer coisa, Bárbara suspira e assume uma postura mais angelical e indefesa.

— Eu tentei descobri se os boatos que eu havia ouvido do novo aliado de Allycia era verdadeiro, mas antes que eu tivesse chance, ela me atacou. – Responde, com a voz mais suave do que havia apresentado instantes antes ao conversar com Taynara.

Victor nos encara com indiferença e Taynara começa a ri, como se não acreditasse no que estava ouvindo. Troco alguns olhares com Bárbara e assim que minha aliada se recupera de sua crise de risos, vejo-a se tornar a Imperatriz temida por todos os homens que a conheceram e tiveram a sorte de sobreviver.

Eu realmente espero que esses boatos possam nos ajudar em alguma coisa, porque caso contrário, espero que você não sofra tanto por perder sua única filha de maneira tão trágica e tão jovem, Elena.— Taynara estava furiosa, enquanto Victor permanecia com uma máscara de gelo em sua face, onde não demonstrava qualquer sentimento.

— Taynara, por favor, escute-nos! Bárbara teve um bom motivo para se arriscar, não é filha? – Digo, temendo pela vida de minha primogênita. Bárbara balança a cabeça, sorrindo presunçosa.

Diga-nos o que você sabe, Bárbara. – Finalmente Victor resolve participar da conversa e diferente de Taynara, ele se mantinha calmo e com a voz suave. No entanto, todos os meus poros gritavam perigo. Era como se ele fosse um predador, observando a sua caça e esperando o momento certo para nos matar.

— O novo cientista brilhante que está lutando ao lado de Allycia está desconfiado que ela esteja grávida. Não há nenhuma certeza disso e ele afirmou que gostaria de fazer alguns exames o mais breve possível. – Revela Bárbara, surpreendendo a todos.

— Grávida? Allycia pode estar grávida? – Repito, sem saber como reagir a essa novidade.

É mesmo? — Victor parece se interessar pelo boato revelado por Bárbara. Ele se levanta da cadeira que estava sentado e passa a andar de um lado para o outro, pensativo. – Que notícia interessante.

— Se ela estiver realmente grávida, muita coisa pode mudar ao nosso favor. – Complementa Taynara, tão distante quanto Victor. – Ainda temos a questão da bactéria que está atingindo crianças de vários países. Se Allycia estiver mesmo grávida, ela não vai arriscar a vida da criança. E se analisarmos também que sua última gestação foi de extremo risco e que o mesmo pode se repetir dessa vez, ela vai precisar se manter afastada do trono.

Automaticamente, Austin irá assumir o controle do país. Nesse momento, eu já terei conquistado o coração daquele tolo e ingênuo rei. Eu destruirei o casamento perfeito dos reis de Krósvia, acabarei com a união e essa esperança irritante daquela família e construirei um império poderoso. Farei Allycia implorar por misericórdia e eu terei o prazer de extinguir qualquer resquício de dignidade dessa nação nojenta e desprezível. – Complementa Bárbara, com um sorriso perigoso em seus lábios.

Eu estou ansioso para ver isso acontecer. – Afirma Victor, parecendo gostar da determinação de Bárbara. Taynara, por outro lado, permanecia desconfiada de nossas ações.

E quanto a Austin e os outros aliados de Allycia? Eles sabem dessa briga que aconteceu entre vocês duas? – Questiona Taynara com seriedade.

— Sim. – Responde Bárbara, dando de ombros. – Mas não se preocupem. Eu tenho tudo sobre controle. Austin ficou ao meu lado nessa briga e me defendeu das acusações de Allycia. E apesar daqueles amigos irritantes dela terem a defendido, eu consegui criar uma grande briga entre os dois. Eu não tenho dúvidas quanto a isso.

Você teve sorte dessa vez, mas aja novamente sem nos consultar e você conhecerá o inferno mais cedo. Não esperamos tantos anos para ter a nossa vingança para uma garota mimada a estragar apenas por diversão. Eu não vou tolerar erros. Mais um passo arriscado realizado sem as nossas ordens, você e sua mãe sofrerão as consequências. – Avisa Taynara e Victor sorri satisfeito. Com certeza ele concordava com as ameaças da mulher. Após mais um sorriso perigoso vindo da mulher e a vídeo-chamada é encerrada.

— Meretriz! – Grita Bárbara, revoltada com a atitude de Taynara.

— Ao menos, por enquanto, nós estamos a salvo. – Bárbara grunhi diante de minha afirmação e deixa o quarto, indo em direção ao andar inferior. – Bárbara!

— Eu estou cansada dessa maldita nos dar ordens. – Afirma, assim que eu desço as escadas. Ela se vira para mim e pega um dos revólveres que estava em uma caixa ao lado da porta de entrada, algo que não estava lá no momento em que chegamos a casa.

— Isso não estava aqui antes. – Afirmo, olhando desconfiada para a caixa com alguns objetos estranhos. – Cuidado com o que você está mexendo, Bárbara.

— Por quê? Você é tão sem graça, mamãe. – Responde a garota, fascinada pela arma em suas mãos. – Não é óbvio que a cobra nos mandou para o segundo andar para que um de seus espiões colocassem essa caixa aqui sem que nós víssemos?

Bárbara começa a mexer com o revólver e a procurar pela munição que estava dentro da caixa. Ela recarrega a arma e abre a porta da casa, colocando o braço para frente como se simulasse estar atirando. Era como se fosse uma criança brincando com seu brinquedinho novo. Quando criança, ela teve algumas aulas de tiro ao alvo para aprender a se defender em casos de emergência, então ela sabia bem como manusear aquela arma.

— Pare de brincar e guarde essa arma. – Peço, preocupada que alguém nos reconhecesse, enquanto me aproximava de Bárbara.

E para a minha surpresa, a garota começa a mirar em uma cadela que estava prenhe e passava pela rua. Eu não sabia explicar bem, mas um frio na espinha se fez presente e eu senti que aquele era um sinal que talvez eu não conhecesse minha filha tão bem quanto eu imaginava.

Bárbara engatilha a arma e antes que eu a impedisse, ela atira diversas vezes contra a barriga da cadela e o pior era que ela parecia ter se divertido. No instante seguinte, um garotinho aparece, chorando assustado pela cadela que supôs pertencer a ele. Minha primogênita ri ainda mais e sem qualquer piedade, atira na cabeça do garoto, matando-o na hora.

— Me dá essa arma agora! – Retiro a arma de sua mão e a puxo para dentro de casa.

Desesperada para que descobrissem o que tinha acontecido, escondo o revólver sem munição dentro de minha bolsa junto de alguns outros objetos que serão usados para espionar o castelo e levo Bárbara para fora. Aproveitando da multidão que havia se formado, começamos nosso teatro, implorando para que chamassem a polícia. Por estarem preocupados com o estado do garoto, as pessoas não parecem notar a nossa presença.

Por sorte, o carro que iria nos levar de volta para o castelo não demora a aparecer e desviando às pressas, conseguimos entrar sem sermos impedidas pelos moradores do bairro. Respiro fundo e tento me manter calma, enquanto nos dirigíamos para o castelo. Bárbara continuava a ri e parecia se divertir com o meu desespero.

— Você ficou louca? – Grito, sentindo meu sangue ferver. Bárbara para de ri e me encara com tédio.

— O quê? Por que ficou tão afetada por aqueles seres insignificantes? – Questiona Bárbara, parecendo não entender o motivo da minha ira. – Eu estava apenas testando como seria acabar com a vida de Allycia e aquele principezinho mimado. Não seria emocionante?

— Eu te pedi para que não chamasse atenção e você mata uma criança e uma cadela. Você está passando dos limites, Bárbara! – Exclamo, indignada com a falta de bom senso de minha filha. – Já está na hora de você crescer e assumir responsabilidades. Eu também quero vingança e quero aquela fortuna que deveria ser minha, mas precisamos ser cautelosas. Eu já perdi a minha chance quando Mike escolheu se casar com a minha irmã mais nova. Eu não vou perder essa oportunidade mais uma vez. Você será a rainha de Krósvia, mas para isso, nós precisamos nos livrar de Allycia da maneira correta.

— Quando essa hora chegar, eu te darei tudo aquilo que é seu por direito, mamãe. Eu vou ter toda a fortuna e o poder que deveria ter sido nosso há muito tempo. – Bárbara promete com convicção.

— Então me prometa também que não tomará nenhuma atitude precipitada sem me consultar e que não vai chamar mais atenção do que já estamos recebendo. – Peço, preocupada com a forma como Bárbara vem agindo. – Você está sendo muito impulsiva, filha. Além de estarmos na mira de Allycia e seus malditos aliados, nós também não podemos contar totalmente com Taynara e Victor. Eles não confiam em nós, principalmente, a Imperatriz, que possui ainda muito poder. Nós temos que ser cautelosas.

— Tudo bem. – Concorda Bárbara, suspirando em seguida. – Tomarei mais cuidado, se é isso que deseja.

O restante do trajeto até o castelo foi silencioso e calmo. Eu ainda estava me sentindo incomodada pela insensibilidade de Bárbara ao matar alguém pela primeira vez, mas ao mesmo tempo, estava satisfeita. Se queremos mesmo iniciar uma guerra, precisamos estar preparadas para o momento em que iremos assumir o controle da situação e destruir de uma vez por todas Taynara, Allycia e todos aqueles que nos impedem de conquistar o mundo.

Assim como era esperado, quando colocamos nossos pés no castelo, o clima mudou. Todos os funcionários nos encaravam com desconfiança e evidente desprezo. Sem muita opção, seguimos para nossos quartos o mais rápido possível. Eu já havia tido um dia repleto de emoções e o que eu mais queria no momento era colocar minha mente no lugar.

Após tomar um banho, sinto a necessidade de tomar um ar, espairecer um pouco. Para o meu alívio, Théo não apareceu e provavelmente passou o dia todo caçando e debatendo assuntos econômicos e políticos com Phillip. Não havia um dia sequer em minha vida que eu não havia me arrependido de me casar com ele. Théo jamais seria como Mike, o homem que deveria ter sido meu e que foi roubado de mim pela minha própria irmã.

Destruir o reino de seu filho e nora é apenas o início de minha vingança pela humilhação que eles me fizeram enfrentar. A família Moon sentirá na pele o arrependimento de terem me descartado e me tratado como se eu fosse apenas um objeto desnecessário, alguém sem qualquer valor. E eu farei isso a qualquer custo, nem que eu tenha que destruir toda a família Dawson e o reino de Krósvia.

Com esses pensamentos em mente, passeio pelo jardim do castelo, observando o céu nublado. O vento gélido atingia meu rosto sem piedade e eu apenas aproveitava do silêncio e da calmaria daquele momento. Mas, como era de se esperar, isso não durou muito tempo. Conforme me aproximava da parte central do jardim, vejo Allycia com Enzo em seu colo, Dezmond e Patrícia passeando pelo lugar.

Ao notar a minha presença, Allycia para de andar no mesmo instante e me encara com seriedade. Seus amigos não demoram a perceber a mudança de comportamento da rainha e logo se colocam em posição de defesa. Aproximo-me devagar do quarteto e observo que o príncipe dormia nos braços da mãe, apertando seu pescoço com intensidade. E as imagens da cadela e da criança sendo atingidas por Bárbara voltam a minha mente.

— Também decidiram aproveitar que a temperatura aumentou um pouco para pegar um pouco de ar puro? – Digo, obrigando-me a sorrir com simpatia.

— Aproveite seu passeio sozinha. Com licença. – Despede-se Allycia, dando as costas para mim.

Os amigos de Allycia me lançam olhares ameaçadores e seguem a amiga na direção contrária à minha. Sorrio diante do desprezo da rainha por mim. Observo com atenção o seu corpo e logo percebo de fato, ainda que de maneira discreta, seu quadril parece ter aumentado. Mesmo que o grosso vestido solto da cintura para baixo, havia alguns detalhes que davam a impressão que o corpo dela não estava como o mesmo de antes.

— Allycia. – Chamo-a e ela para de andar mais uma vez. Novamente, volto a me aproximar da monarca e forço um sorriso envergonhado. Assim que me encontro de frente para ela, respiro fundo e a encaro. – Eu sinto muito por Bárbara ter entrado em seu quarto sem ter avisado.

— Poupe-me de suas falsidades, Elena. Você e Bárbara podem até enganar ao meu marido, mas nós duas sabemos que esse seu discurso de mãe preocupada com a educação da filha não funciona comigo. Eu sei que vocês duas querem destruir o meu casamento e tomar o meu reino. Mas eu tenho uma má notícia para te dar. – Avisa Allycia, com um sorriso perigoso em seus lábios. Seus olhos brilhavam de maneira fria e quase mortal. – Antes mesmo que você tenha a chance de se aproximar de mim, eu vou revelar a todos as verdadeiras bruxas que são você e sua filha.

— Eu não faço ideia de qual é o plano maluco que você e Bárbara estão planejando, Elena, mas eu não vou permitir que vocês machuquem Ally. – Afirma Patrícia, encarando-me com raiva.

— Hoje Bárbara teve a sorte de não ter encontrado nenhuma resistência para chegar ao quarto de Ally e Austin, mas da próxima vez que ela sequer ameaçar a vida de Ally novamente, eu não medirei esforços para que cumpram severas penitencias por traição a rainha de Krósvia. – Ameaça Dezmond, complementando a fala de sua esposa.

— Vocês lançam mentiras e acusações para o ar assim como serpentes traiçoeiras destilam seus venenos. – Proclama Bárbara aproximando-se de nós. – Vocês não sentem vergonha por caluniarem alguém inocente?

— Inocente? – Repete Patrícia, rindo alto. – Não me faça ri, bruxa. Você pode ser tudo, menos inocente.

— Mamãe? – Ouço Enzo chamar a mãe, acordando com o barulho que estava ao seu redor.

— Está tudo bem, querido. Volte a dormir. – Pede Ally e o pequeno garoto faz o que a mãe diz, enquanto é balançado. – É muita coragem sua aparecer na minha frente depois de tudo que você me fez.

— Filha, vamos embora. Já vimos que não somos bem recebidas aqui. – Faço a minha parte do teatro ao notar que Austin estava próximos de nós. Bárbara estava atuando e eu precisava fazer algo para que ela ganhasse ainda mais a confiança do rei.

— Tudo que eu te fiz? – Bárbara se faz de ofendida e ri, indignada. Ela se afasta de mim e encara Allycia com seriedade. – Eu fui ao seu quarto para ver se você estava bem e tudo que eu recebo são ataques de adagas, tapas na cara e puxões de cabelo. Você é realmente uma hipócrita, Allycia.

— Hipócrita? Eu sou a hipócrita aqui? Quer saber, eu vou voltar para o meu quarto, antes que eu cometa uma loucura. Vamos, Trish e Dez. – Responde Allycia, pronta para se virar.

— Eu vou desmascarar! – Grita Bárbara, surpreendendo a todos. – Eu vou abrir os olhos de Austin para a megera que você é! Eu vou mostrar ao meu primo que ele merece alguém muito melhor do que você!

— E quem seria essa pessoa? Você? – Allycia responde de maneira alterada. Ela não havia gostado nenhum pouco da fala de Bárbara. Enzo volta a se remexer em seus braços e ela o entrega a Dezmond. – Você vai precisa de muito mais do que palavras falsas e sentimentalismo barato para destruir meu casamento.

— Não se preocupe, Ally. Quem está destruindo o nosso casamento é você mesma. – Afirma Austin, finalmente se revelando.

Bárbara e eu trocamos alguns olhares e sorrimos discretamente. A discussão que está por vir apenas o começo para o fim inevitável de Austin e Allycia.


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Notas finais do capítulo

Oii amores! O que acharam? Erros ortográficos? Sugestões? Críticas? Infelizmente, eu não consegui revisar, então perdão (again!).

Espero que tenham gostado e tenham odiado ainda mais a Bárbara. Próximo capítulo teremos a entrada de uma personagem nova e é possível que eu não demore tanto a aparecer. Deixem a opinião de vocês. Obrigada por tudo, amores! Beijocas ♥

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