Esta Noite é a Noite! escrita por Carlos Abraham Duarte


Capítulo 2
Um Dia "Normal"...


Notas iniciais do capítulo

Mais do que comédia romântica, sobrenatural, terror, humor, aventura, "Rosario+Vampire" versa sobre orgulho e preconceito, xenofobia e racismo, amor e amizade - e é essencialmente sobre nós, humanos; foi de conformidade com esse espírito que me propus a escrever esta modesta fanfic (e outras que inda pretendo postar).



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Aula de literatura japonesa moderna, com a Profª Shizuka Nekonome (a youkai-gato).

Durante toda a aula, Tsukune Aono bem que tentou, porém não conseguiu se concentrar nos estudos. Seus pensamentos turbilhonaram no cérebro, quase sempre em torno da bela estudante vampira sentada na carteira atrás da sua, e do que ele, Tsukune - um humano - , significava REALMENTE para ela. Depois de um semestre inteiro vendo Moka "beijar" o pescoço de Tsukune - que piada! - , quase todos na escola de youkais passaram a acreditar que os dois estavam namorando a sério, e que o próprio Tsukune devia ser algum tipo de vampiro, porquanto dizia-se que "vampiros são criaturas solitárias e egoístas que só se casam com indivíduos da mesma raça". São racistas até o fundo da alma. "Vampiros só podem ficar com vampiros", assim ditava a regra ancestral. "Qualquer raça que não seja vampiro é igual a lixo". "Aqueles que se opõem às regras devem morrer". (Ah, as vetustas Leis Vampíricas! Um pesado fardo para a forte raça de vampiros, que se julga a melhor de todas, o "auge do poder", de-chu!)

Mas a própria Moka lhe explicara que essa regra era letra morta e esquecida hoje em dia. Sou livre para amar quem eu quiser, sem distinção de raça ou espécie.

De sua parte, não obstante, Tsukune nutria dúvidas sobre os sentimentos de Moka para com ele. Vezes e mais vezes, quando os dois se encontraram a sós, Tsukune quisera beijá-la, e ela parecera sentir o mesmo em relação a ele, mas, no último instante, o desejo de sangue, atiçado pelo aguçado faro de vampiro, falara mais alto e... Kappu-chu! Tsukune chegava a recear que Moka só estivesse saindo com ele para sugar-lhe o sangue, por mais absurdo (e preconceituoso) que se lhe afigurasse tal receio. Fosse como fosse, o sentimento de insegurança persistia em atormentá-lo.

"Moka-san, o que eu sou pra você?"

Relanceou o olhar para trás e viu a face sorridente e amável de Moka, tímida e confiante, os orbes verdes brilhantes fitando-o com carinho, eivados de silencioso incentivo. Eu te amo. Sentiu-se envergonhado por pensar mal dela. Moka Akashiya, que sempre estivera sozinha no mundo humano - uma youkai entre mortais - , fora a primeira a sentir o problema de Tsukune - um humano "perdido" entre youkais - e se solidarizar com ele. Eu nunca vou te deixar só.

"Sou mesmo um cara mesquinho", recriminou-se Tsukune. "Moka-san é uma vampira, pra ela beber sangue é tão normal, natural, quanto, sei lá, comer peixe cru pra Nekonome-sensei. Mas o que importa de verdade é que o que eu sinto por ela não irá mudar. Eu amo a Moka-san e quero dizer isso a ela com todas as letras".

Finda a aula, Tsukune procurou falar com Moka. Todavia, mal havia trocado duas ou três palavras com ela e - subitamente, como sucedia sempre em tais ocasiões - foi quase asfixiado pelos seios imensos e balouçantes da bela succubus Kurumu Kurono, que se jogara sobre o "indefeso" Tsukune ao vê-lo, abraçando-o com sofreguidão de maneira lasciva e libidinosa - para perplexidade de uns e inveja de outros, pois a garota-demônio de cabelos azuis-turquesa e busto aerodinâmico era de longe a moça mais popular do colégio, e, acima de tudo, a principal rival de Moka pelo amor de Tsukune (para dor de cabeça de Moka e sufoco de Tsukune).

E assim, durante todo o dia, Tsukune Aono tentou de todas as formas possíveis declarar seu amor a Moka Akashiya, porém - por "n" razões - ele falhou miseravelmente.

No Clube de Jornalismo da Academia, foi a vez de Moka ser (como de hábito) assediada descaradamente pelo licantropo Ginei Morioka, um pervertido notório por suas fotos indiscretas de garotas em posições comprometedoras, sendo salva não por Tsukune (que ficou sem ação), mas por uma bacia de bronze gigante que do nada materializou-se acima da cabeça do lobisomem e o nocauteou no chão - uma das marcas registradas da graciosa bruxinha Yukari Sendo, de doze anos, bissexual e apaixonada igualmente por Tsukune e por Moka. (Depois Gin-senpai tentou apertar os seios de Kurumu, porém o que ganhou foi um belo olho roxo! De-chu!)

Aproveitando-se de um descuido dos colegas, Tsukune rapidamente tomou a mão de Moka, puxando-a e levando-a consigo para o pátio da academia, onde, à sombra de uma monstruosa árvore-youkai-serpente há séculos presa em um sono mágico, ele pretendia - afinal - confessar-lhe seu amor. Contudo, a yuki onna Mizore Shirayuki já o esperava e, bem diante de seus olhos estarrecidos, aprisionou Moka em um bloco de gelo, a pretexto de impedí-la de sugar o sangue de Tsukune, a quem insistia em chamar de "meu predestinado". Como em tantas ocasiões antes daquela, não foi senão a chegada afoita de Kurumu e Yukari que impediu que a linda e fria youkai das neves de olhos azuis cristalinos e cabelos arroxeados concretizasse o seu sonho, há tanto tempo acalentado, de fazer um filho... com Tsukune!

Ao meio-dia foi o almoço no refeitório escolar. Mas como sempre acontecia, lá estava Tsukune, sentado a comer, cercado por suas amigas e "pretendentes": Moka, Mizore, Kurumu e Yukari, cada uma delas tão ciumenta e possessiva quanto a outra. Impossível, portanto, falar mais intimamente com Moka em tais condições. (Ruby Toujyou, a sensual bruxa-youkai-corvo com tendências masoquistas, que fazia as vezes de inspetora de alunos - entre outros "bicos" - , só podia ficar de lado, suspirando e sonhando com o "inatingível" Tsukune! De-chu!)

Desanimado, Tsukune cogitou desistir. Então...

Na aula de informática com a Profª Nanami Gokaze (uma tennyo belíssima, vestida de hagoromo e tudo), os alunos se dividiram em duplas: Kurumu arrastou Tsukune para o seu lado, enquanto Moka e Yukari sentaram-se juntas. A certa altura, Moka levantou-se. Mas ao passar pela mesa do computador de Tsukune, ela tropeçou e caiu. Tsukune já instintivamente se adiantou para ajudá-la. O incidente durou meio minuto, mas, no intervalo de tempo em que Tsukune ajudou Moka a se levantar, ela passou à mão dele, furtivamente, um pedaço de papel dobrado várias vezes. Tsukune de pronto enfiou o papel no bolso da calça. Moka deu uma piscadela de cumplicidade para ele. Kurumu nada percebeu.

A pretexto de ir ao banheiro, Tsukune pediu licença e saiu da sala dos computadores. Uma vez lá fora, desdobrou o papel. Evidentemente, continha um recado. Ele o leu ali mesmo. Dizia simplesmente, em caligrafia clara e bonita: "Esta noite, no meu quarto. Moka".

Durante vários segundos ele ficou boquiaberto; incrédulo, releu o bilhete mais uma vez. A seguir tornou a guardar o papel no bolso. Voltou à sala dos computadores, sentou-se, e se concentrou em ajudar a Kurumu, que estava toda "encalacrada" com o teclado do computador. De repente, deu-se conta de que Moka estava olhando intensamente para ele. No momento em que ela percebeu que Tsukune também a fitava, desviou o olhar e voltou a se ocupar com o trabalho de PowerPoint em seu computador.

O resto da tarde, bastante surpreendentemente, transcorreu sem ocorrências graves. O único incidente digno de nota foi uma ligeira altercação com um bishonen que se pavoneava de sua vasta cabeleira vermelha - possivelmente um kudagitsune, um youkai-raposa - e queria por todos os meios "sequestrar" a Moka para levá-la num tour suspeito pelos "Arcos Mononoke". Tsukune apenas removeu a cruz do rosário de ferro em torno do pescoço de Moka, e deixou que a personalidade integral dela, 100% vampira - de olhos rubros, longos cabelos branco-prateados, superforça sobrenatural e youki esmagador - , partidária da política de "tolerância zero", assumisse e se encarregasse de dar uma lição inesquecível no pretenso conquistador.

Tsukune tinha a impressão de que uma fogueira lhe ardia na barriga (a espertíssima Yukari diria que isso provinha de uma conexão reforçada com seu "elemental pessoal do fogo"). Seus pensamentos gravitavam em torno do fragmento de papel - arrancado do caderno de Moka, com o desenho inconfundível do morcego estilizado - que continha o recado inesperado. Sentia-se incrédulo e orgulhoso. O seu sonho estava prestes a se concretizar, afinal!

"Esta noite...!"


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Notas finais do capítulo

O que os fãs do "casal" Tsukune Aono & Moka Akashiya, no animê e no mangá, vêm aguardando há tanto tempo, com impaciência, está mais perto de acontecer do que nunca! Será mesmo? No próximo (e último) capítulo...!