Esta Noite é a Noite! escrita por Carlos Abraham Duarte


Capítulo 1
Prólogo




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Em algum lugar do arquipélago japonês, encapsulada dentro de uma dimensão paralela separada do mundo humano por um kekkai, uma barreira mística, há uma escola toda especial.

Youkai Gakuen...

Uma instituição de ensino médio exclusiva para youkais e outras criaturas preternaturais estudarem. Aqui se movem criaturas de pesadelo, feiticeiros, monstros e demônios travestidos de rapazes e moças humanos, enquanto aprendem como coexistir com a humanidade sem expor suas verdadeiras formas. Um verdadeiro templo do horror, onde ser morto é o menor de mil terrores indizíveis que espreitam das sombras - e onde humanos autênticos não são bem-vindos.

Com uma única exceção.

Tsukune Aono...

Tal como fazia todos os dias, Tsukune Aono percorria despreocupadamente o caminho que ligava os dormitórios à escola. Um rapaz trigueiro de aspecto mediano, cabelos pretos e olhos castanhos bondosos. Sendo o ÚNICO estudante humano da Academia Youkai, sua raça era um segredo muito bem guardado, conhecido apenas por um seleto número de amigos e colegas de classe - e, presumivelmente, também pela alta direção do estranho instituto.

"É terminantemente proibida, sob pena de morte, a presença de seres humanos neste solo sagrado". Assim reza o rígido regulamento da Academia Youkai. "Qualquer ser humano eventualmente encontrado no interior dos limites da Academia será morto sem complacência, a fim de evitar que a humanidade descubra o segredo da existência dos youkais".

"Um ano atrás ingressei por engano nessa escola secreta cheia de demônios e monstros que imitam a forma humana", meditou Tsukune ajeitando a gravata vermelha do uniforme. "Mas voltei pra cá por minha livre e espontânea vontade, porque fiz vários amigos queridos".

Tsukune não havia caminhado muito longe no percurso que cruzava o decrépito cemitério de idade imemorial, quando ouviu uma voz feminina familiar, musical, chamar por ele. Virou-se na direção da mesma, e seus olhos foram abençoados com a visão mais luminosa e arrebatadora que aquele mundo tenebroso seria capaz de oferecer.

Moka Akashiya...

- Bom dia, Tsukune-kun! - disse a linda garota de olhos verdes e longos cabelos rosados, acenando-lhe com a mão e sorrindo-lhe calorosamente para ele.

- Bom dia, Moka-san! - Tsukune respondeu alegremente. Ele não conseguia desviar os olhos da garota, de seu sorriso radioso, de sua figura tão meiga e angelical. Moka Akashiya, a jovem mais cobiçada da Academia Youkai, fora sua primeira amiga naquele lugar terrível e a principal razão de sua permanência ali, a despeito do perigo constante que isso representava para sua vida, pois se apaixonara por ela. Amava Moka Akashiya, se bem que tal amor, ele o sabia, havia de enfrentar problemas e percalços inimagináveis no mundo humano.

Pois, não obstante seu aspecto exterior inocente, de mocinha estudante, Moka Akashiya era o que se chamava de "youkai classe S", ou seja, uma vampira. Dizia-se que seu pai era um dos três Reis demoníacos do Makai, um youkai poderosíssimo que, por sinal, odiava humanos.

- Tsukune - ela murmurou docemente quando alcançou o rapaz, cujo olhar embevecido percorria-lhe o corpo fascinante, admirando-lhe as pernas lindíssimas, as coxas bem torneadas que a saia pragueada xadrez não escondia, o volume dos fartos seios sob o blazer verde do uniforme escolar, a pele lisa branco-rosada, os grandes e expressivos olhos amendoados verde-esmeralda que sobressaíam no belo rosto oval emoldurado pelos cabelos cor-de-rosa longos e sedosos que lhe caíam pelas costas até a cintura. Ela era perfeita (o lendário poder de sedução dos vampiros)!

- Moka-san - Tsukune murmurou no mesmo tom, sentindo o ritmo das pulsações aumentar quando seus orbes achocolatados se conectaram com os dela, esmeraldinos; os lábios dela, como coral rosado, entreabriram-se com sensualidade ingênua, pronunciando seu nome em murmúrios extasiados, no que era correspondida por ele com igual entusiasmo e interesse. (No plano psíquico, uma aura rosa brilhante os envolveu a ambos.)

- Tsukune...

- Moka-san...

Seus rostos estavam a poucos centímetros um do outro. - Itadakimasu - ela murmurou. Por uma fração de segundo os olhos de Tsukune viram os pequenos caninos pontiagudos na boca da garota, reluzentes como minúsculos punhais de marfim afiados. Subitamente então...

Kappu-chuuuuu!!!

Antes de Tsukune ter tempo de esboçar um movimento de resistência, Moka cravou os caninos no pescoço dele, perfurando-lhe a artéria carótida e sugando-lhe o sangue morno. Tsukune gemeu baixinho, sentindo um frêmito percorrer o corpo. Gentilmente, a língua de Moka lambeu o sangue das feridas de seu pescoço, curando-as e fazendo com que sumissem de vez. Até parecia que sua carne nunca conhecera a mordida das presas retráteis de um vampiro.

"Ela fez de novo", pensou Tsukune, instintivamente massageando o próprio pescoço.

- Domo arigato, Tsukune-kun - ela agradeceu, deliciada. Naquele instante, era tão bela e engraçadinha como qualquer adolescente humana. - Obrigada por me deixar sugar seu sangue.

Tsukune suspirou. - Você não tem jeito mesmo, hein? Até quando vai me tratar como sua bebida favorita e café da manhã? - Seu olhar pousou casualmente sobre o indefectível rosário em torno do pescoço de Moka, donde pendia uma cruz em cujo centro brilhava uma pedra vermelho-sangue; era o talismã místico usado para selar os poderes e a verdadeira natureza da vampira, feroz e indomável, deixando-a fraca e meiga. Só não selava seu desejo de sangue!

Moka riu-se com gosto, mostrando aquele sorrisinho lindo, a um só tempo travesso e inocente, e que era a marca registrada dela. - Me perdoe, Tsukune-kun. Mas eu não pude resistir. O seu sangue é tão gostoso... sempre fresquinho... delicioso... E tão nutritivo!

- Sei, sei... O melhor do mundo.

Tsukune, aborrecido, ficou especulando por que ele e Moka não poderiam simplesmente se beijar que nem um rapaz e uma moça normais. "Porque não somos um 'casal' normal, e jamais o seremos", corrigiu-se mentalmente. "Eu sou humano e Moka-san é youkai, e ainda por cima, uma kyuuketsuki, uma vampira... viciada em sangue humano... no meu sangue".

- Anda, vem, Tsukune - disse Moka alegremente, puxando o precioso amigo humano pela manga do blazer verde-garrafa. - Não queremos nos atrasar para a aula das sete da manhã!

- Moka-san - ele começou, enquanto caminhavam juntos por entre árvores mortas de formas grotescas, antigas lápides rachadas, urnas, cenotáfios e fachadas de mausoléus mofados, tudo ruindo e coberto de musgo e hera, sob um céu azul-acinzentado onde flutuavam suavemente grandes nuvens alaranjadas. - Moka-san...

- Sim, Tsukune - ela replicou. Um sorriso radiante brincava nos seus lábios róseos.

- Moka-san, você tem sido meu sol, minha luz nesse lugar de escuridão e malignidade. Minha amiga, minha protetora... - Hesitou um instante e, como que surpreso pelas suas próprias palavras, falou: - Eu gosto muito, MUITO de você!

Ela tornou a rir, o riso suave, acariciante, de que ele tanto gostava e que o fazia sentir-se tão otimamente bem. - E eu ADORO você! - Apanhou o cotovelo de Tsukune. - Vamos entrar de braços dados e deixar morrendo de inveja os rapazes que ficam me passando cantadas.

- Legal - disse ele, torcendo para que algum dos "rapazes" não fosse além de apenas sentir inveja. Tinha consciência de quão violentos podiam ser aqueles youkais, ainda mais se fosse descoberta a presença de um humano incógnito em seu meio. Seria morte certa!

Lembrou-se do truculento orc Saizou Komiya. Ser humano bom é ser humano morto.

"Moka-san me protegeu desde que nos conhecemos, mesmo eu sendo um humano. Ela, Kurumu-chan, Yukari-chan, Mizore-chan e até Ruby-san me protegeram dos outros".

Tsukune esboçou seu melhor sorriso para Moka. "Kami-sama, estou tão feliz", pensou. "A garota mais bonita, inteligente e simpática de toda a escola ME adora! Se ao menos..."

E lá foram eles, de braços dados, como bons amigos e confidentes, para enfrentar mais um aloucado dia de aula na exótica e perigosíssima Academia Youkai.


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Notas finais do capítulo

Minha estreia neste afamado e decantado site! Minha primeira fanfic ambientada no universo de Rosario+Vampire, pelo qual tornei-me aficcionado desde que conheci tanto o animê quanto o mangá. Como diria o simpático Tsukune Aono, procurei dar o melhor de mim na feitura desta modesta história. Boa leitura, portanto. E, lembrem-se, a aventura só está começando!