Corríamos por entre os galhos das árvores floresta a dentro, Shikamaru ía mais a frente ao lado de Sasuke-kun, ele pedia informações sobre o caso, detalhes mínimos que em geral até o melhor ninja deixava escapar, já tinha feito umas missões com o Gênio de Konoha e sabia que tudo aquilo era uma forma de traçar uma espécie de diagrama mental sobre o quadro que lhe era apresentado, tanto assim otimizar e evitar qualquer erro mínimo, era uma mente interessante de se ver trabalhar.

Do meu lado Hinata ia calada, vez ou outra usava seu doujutsu para verificar a área, mas logo voltava para a expressão séria e cansada, estranhei aquilo, já que mesmo tímida, ela sempre tinha uma aurea de calma ao redor transmitindo toda tranquilidade que se era necessária em uma missão, porém seus olhos pálidos pareciam mais as primeiras nuvens que se juntavam no céu para uma tempestade.

– Hinata? Hinata? - chamei-a a atenção, mas não pareceu me ouvir. - Hinata? Ei! - balancei a mão na frente do seu rosto.

– Oh, está falando comigo Sakura-chan? - ela olhava-me aturdida, como se tivesse acabado de acordar.

– Sim, te chamei três vezes.

– D-desculpe-me, eu estava meio distraída.

– Isso eu percebi, e pela cara que você estava fazendo me parece algo sério. - sua expressão se agravou, mostrando que realmente não era nada simples - Você não quer me contar?

– Sakura-chan, eu não sei se devo, é só que… - ela suspirou pesado, concentrando seu olhar no caminho - Tenho conversado com meu otou-san e parece que ultimamente as coisas no nosso clã não estão indo muito bem, estão surgindo umas histórias, algumas conversas não muito agradáveis e isso está gerando desavenças entre a primeira e a segunda família. Mesmo não assumindo a liderança do clã eu me preocupo com todos, quero dizer, não gosto de ver minha família brigando.

– Entendo… Seu otou-san está conseguindo lidar com a situação?

– Está, ou ao menos ele acha que sim. A coisa é mais complicada do que parece Sakura-chan.

Assenti voltando a prestar atenção no caminho, preferi não forçar mais nada por saber que cada Clã de Konoha tinha sua política particular e nenhuma delas autorizava envolvimento de pessoas não pertencentes a família em seus assuntos particulares. Talvez distraída demais Hinata acabou pisando em um galho que cedeu assim que o peso apoiado associado a velocidade que corríamos. Hinata não foi capaz de parar, despencando alguns metros até o chão. Sasuke e Shikamaru olharam para trás com o barulho, fiz um sinal que verificaria como ela estava e pulei em direção ao chão.

– Hinata, você está bem?

– Sim, eu só estava um pouco distraída, me desculpe por isso. - observei um fraco jutsu médico sendo usado no seu quadril, tentando fechar um pequeno corte da queda.

– Deixa que eu faço isso.

Aproximei-me com a luz brilhando verde, estava contente por saber que toda minha recuperação tinha sido um sucesso, me sentia bem cumprindo minhas funções como ninja e sair numa missão depois de tanto tempo era um alívio para mim. Tsunade-sama tinha me contado no dia anterior que Naruto não estava confiante em me escalar para equipe dessa missão, mas que tivera sido aconselhado por Sasuke para perguntar a minha shisou antes de tomar qualquer decisão. Descobrir aquilo fora simplesmente divino para mim, saber que aquele por qual passei tanto tempo tentando me provar hábil agora reconhecia minhas capacidades de tal forma, isso deixava-me confiante.

Tão confiante que a sensação estranha que sentia ao curar Hinata não deveria ser ignorada, pedi para que deitasse para melhor poder examiná-la, espalhei meu chakra por todo seu abdômen mudando sua frequência para uma melhor avaliação, foi quando aquela sensação ficou mais forte e tive certeza da minha suspeita.

–O que foi Sakura- chan? - Hinata me olhou preocupada, temendo algo mais grave.

– Hinata vou querer que você faça alguns exames quando voltarmos para confirmar, mas… - dei uma pausa aumentando sua ansiedade, achei graça na sua aflição e sorri para lhe acalmar. - Hinata, eu tenho quase cem por cento de certeza que você está grávida.

– G-grávida? Eu grávida? - ela se sentou assustada, acabei rindo da sua reação, os olhos pareciam ter esquecido qualquer preocupação deixada na vila, agora brilhando de alegria. - Você tem certeza disso Sakura-chan?

– Como eu disse, você tem que ir no hospital fazer uns exames para confirmar, mas modéstia parte, sei executar esse jutsu como ninguém, acho difícil estar errado.

– Kami-sama! Eu vou ser uma okaa-san! - ela alisou o ventre, admirada, com algumas lágrimas caindo por seus olhos. - É menino ou menina?

– Calma, calma - levantei as mãos, ainda rindo por sua surpresa - não deve ter nem um mês, é impossível ver o sexo do bebê agora.

– Oh sim, claro, desculpe minha pressa, é que estou tão feliz. - o seu sorriso e as lágrimas que desciam pelos olhos me provavam aquilo. - Naruto-kun estava certo, eu não deveria ter vindo nessa missão, é perigoso para uma grávida.

– Não se preocupe, posso falar com o Sasuke-kun para voltarmos pra vila e pedir para cancelar a missão até amanhã. Ele é meio ranzinza, mas pode ter certeza que vai entender.

– Não Sakura-chan, me sentiria péssima atrapalhando a missão, eu vou ter cuidado. - ela colocou a mão protetora sobre a barriga.

– Não se preocupe, irei proteger vocês dois. - falei convicta, recebendo um sorriso de agradecimento.

Ouvi um balanço diferente nas folhagens, Sasuke-kun apareceu a alguns metros de distância com a mão apoiada preguiçosamente sobre o cabo da katana.

– Sakura. - não precisei mais do que aquilo para saber que ele estava com pressa.

– Está tudo bem Sasuke-kun, já resolvemos aqui. - sorri cúmplice para Hinata, que retribuiu com uma leve risadinha.

– G-gomen pelo incômodo Sasuke-san.

Ele observou conforme uma radiante Hinata começou a saltar para os galhos mais altos, voltando para a altura que mantínhamos nossa corrida. Seu rosto coberto pela máscara voltou-se para mim, um pedido mudo para uma explicação, andei até sua direção dando uma expressão que indicava toda felicidade travessa que uma criança poderia ter, dei dois tapinhas sobre sua tatuagem, tendo a certeza que por baixo do desenho de falcão suas sobrancelhas e testa estavam franzidas em confusão, após isso saltei para os galhos.

Continuamos a corrida no mesmo ritmo anterior, dessa vez eu ia ainda mais próxima de Hinata para qualquer eventualidade e agora ela andava bem mais atenta, observando com calma aonde pisava, os receios de antes foram substituídos por determinação e felicidade, e essa segunda só parecia aumentar cada vez que ela alisava o próprio ventre.

Passava das três da tarde quando chegamos na área de investigação, iríamos começar pelas regiões onde Sasuke enviara Anbus em missão de reconhecimento, Shikamaru parecia satisfeito com aquela atitude, afinal ninguém mais do que ele gostava de se precaver de infortúnios imprevistos. Não achamos nada de suspeito no primeiro momento, nenhuma caverna ou estrada que desse para algum esconderijo, muito menos algo que pudesse indicar um antigo acampamento. Por conselho de Shikamaru, Sasuke decidiu que deveríamos ir até a clareira que este tinha sido atacado, estávamos andando por uma estrada quando uma névoa estranha surgiu, imediatamente me coloquei ao lado de Hinata com uma kunai na mão.

– Hinata, verifique a área. - Sasuke ordenou já com a espada fora da bainha.

– Hai! - com um selo rápido os nervos de seus olhos se destacaram na pele branca, ela olhava para todos os lados com certa pressa, como se algo estivesse errado.

– O que foi Hinata? - perguntei tocando-lhe o ombro.

– Eu não consigo ver nada, tem algo nessa neblina atrapalhando meu byakugan.

Do outro lado vi Sasuke retirar a mascara, olhando para todos os lados com o Sharingan e Rinnegan ativados, a névoa aumentava, tomando uma coloração branca.

– Também não vejo nada, nem os seus próprios fluxos de chakra. - sua voz grossa soou, e pude perceber que era de forma irritada.

– Eles sabiam que você iria voltar aqui e se prepararam para isso, talvez pelas equipes de reconhecimento que foram enviadas. - comentou Shikamaru olhando atento para a direção em que a névoa se espalhava.

– Droga! Fiquem em alerta.

Permanecemos em completo silêncio com nossa visão comprometida, só nos restava confiar nos outros sentidos para nos guiar, foi quando a neblina começou a se dissipar e o cerco ao nosso redor ficou evidente, dezenas de ninjas sobre as árvores de cada lado da estrada. Se fosse numa situação normal não me importaria, mas aquilo era mais delicado, Hinata estava numa fase delicada da gravidez e não poderia lutar com tantas pessoas assim, além de que seu byakugan a tornava um alvo óbvio. Seria impossível atacar e protege-la ao mesmo tempo.

No momento que Sasuke-kun deu o primeiro passo para frente confirmei minha suspeita de que o alvo não era ele, seus genes e suas habilidades eram poderosas demais para serem controladas por um grupo de sequestradores, além que seu gênio o tornava impiedoso. Era mais perigoso para vida deles próprios do que para a do Sasuke-kun. Em compensação Hinata era um alvo mais fácil, por ser mulher seria julgada como fraca, por ser gentil nunca teria a frieza necessária para saber lidar com uma sensação de sequestro, seu estilo de luta totalmente baseado nas informações obtidas por seus olhos, estava inutilizável.

Tomei a decisão rápido e tudo parecia se mover em câmera lenta, com uma pequena sequência de selos lancei um genjutsu por toda área, os inimigos vinham na direção que eu estava, enquanto Shikamaru usava suas sombras para tentar para-los. Sasuke-kun corria até mim, sem a máscara sua expressão contrariada ficava bem visível, era lógico que ele sabia o que eu pretendia fazer, ele era o único que via através da minha ilusão.

Com chakra na ponta dos dedos desacordei Hinata, que mantinha as costas coladas na minha pra se defender melhor do ataque, ela caiu no chão e com um ninjutsu usando meu elemento doton consegui com que seu corpo fosse transferido por baixo da terra para outro lugar. Assim que o primeiro ninja me tocou tentei imitar o Punho Suave dos Hyugas, afinal naquele momento eu não era mais vista com uma mulher de cabelos rosas e olhos verdes, mas meus longos cabelos azuis e olhos perolados indicavam o posse de em doujutsu invejável.

Olhei para Sasuke-kun mais uma vez, quando notei o Chidori se formando na sua mão decidi parar de oferecer resistência, um chute me acertou a costa e finji desmaio, alguém segurou meu corpo jogando por cima do ombro. Abri o olho minimamente a tempo de ver vários de nossos inimigos realizando em sincronia um único selo, logo uma sensação estranha me atingiu, lembrando-me da sensação que senti ao viajar pelo Kamui. A última coisa que ouvi foi o grito de fúria do Sasuke-kun, chamando o meu nome.

[...]

Assim que chegamos aonde quer que fosse o outro lugar fui largada sozinha em uma pequena sala escura, desfiz o genjutsu e milhares de pétalas de cerejeira voaram ao meu redor até minha forma voltar ao normal para os olhos externos. Em seguida a porta abriu em um rompante dando passagem à dois homens, o primeiro de pele branca e cabelos marrons que caíam em tamanhos diferentes pelo ombro, dando uma aparência de mal cortado, mas o que me surpreendeu foi o segundo, cabelos castanhos compridos perfeitamente alinhados, vestes ninjas que eu conhecia muito bem, nas cores azul e verde, uma bandana brilhante e olhos brancos, olhos de um Hyuuga.

–Seus homens são uns incompetentes, - o traidor falou, assustado com a minha presença, levantei-me do chão encarando-o com uma expressão dura - esta é Haruno Sakura!

– Haruno Sakura? Discípula da Godaime? - ele se aproximou sorrindo, levando a mão até meu queixo, segurei seu pulso ainda no ar apertando-o com uma força suficiente para quebra-lo em pedaços, mas para minha completa surpresa nada lhe aconteceu - Ela pode ser bem útil para meus objetivos.