Elizabeth’s POV

Eu fiz uma pergunta a ele, por qual motivo ele fazia isso, mas só o silêncio reinou naquele momento. Ele se sentou na cama e abaixou sua cabeça, não sabia se tinha feito algum mal em fazer aquela pergunta. Apenas o fiquei admirando enquanto ele estava pensativo. Eu não sabia se ele fazia aquilo por querer, se ele sentia prazer em fazer aquilo. Mas tudo indicava que não. Pois se não, ele não pensaria em me responder e estava dando em cima de mim até eu não conseguir me escapar de seus braços. Dei de costas para ele e fiquei fitando o céu por uns segundos.

–Meu pai. –Ele falou baixo

Não sabia se eu o olhava e perguntaria o porquê. Apenas continuei fitando o céu que estava estrelado.

–Ele é dono disso tudo. “Trabalho” aqui desde meus 14 anos. As pessoas vêm até mim querendo sexo. E por isso eu sou “popular” e todas me “desejam” mas na verdade eu sou apenas um objeto sexual delas. –Ele disse ainda fitando o chão

Fiquei sem ter o que falar, não sabia se tentava o consolar ou se pedia para ir embora.

–Olha me desculpe, eu não sabia que os capangas do meu pai te trouxeram aqui a força. Pode ir embora se quiser. –Disse com a voz baixa.

Sem pensar duas vezes peguei minha bolsa que estava jogada no chão e sai daquele quarto as pressas sem o olhar. Mas deu para sentir que ele nem sequer me olhou saindo, ele estava de cabeça baixa parecendo que realmente não gostava do que fazia ou era só teatro. Liguei para uma das meninas que provavelmente já estariam saindo do bar e perguntei se podiam vir me buscar.

–O que houve amiga? –Chloe desceu do carro com a feição confusa

–Me leve pra casa, só isso. – Disse em tom baixo quase chorando

Entramos no carro novamente e as meninas entenderam que eu não queria falar sobre aquilo. Fomos para casa com um total silêncio. Nem o rádio que costumava ficar ligado estava naquele momento. Desci do carro as pressas e subi as escadas correndo para meu quarto. Estava chorando muito. Não por medo, mas foi porque eu consegui sair de lá sem que me fizessem mal algum. Nunca tinha levado um susto tão grande que nem aquele.

Já era de manhã, eu havia adormecido depois de tanto chorar. Acordei com o rosto inchado. Tomei um banho bem gelado com direito de lavar os cabelos que estavam secos, devido as lágrimas que caíram nele. Enrolei –me em uma toalha branca e fui ao guarda-roupa para decidir o que ia vestir. Não pretendia sair de casa, nem estudar. Incrível, alguma coisa aconteceu comigo na noite de ontem para nem vontade de estudar eu ter. Coloquei um short preto, um pouco curto e uma blusa vermelha de frio larga que caía sobre meus ombros. Fiz uma maquiagem de leve só para as meninas não perceberem que eu tinha chorado muito na noite anterior. Fui a primeira a acordar, como sempre. Desci e preparei café para as meninas como de costume. Eu gostava de fazer aquilo, ocupava um pouco minha mente.

–Hmmm que mesa bonita senhorita Alonso. –Disse Margô fazendo uma careta, nós duas rimos. Alonso é meu sobrenome

–Não vai se sentar para comer? – Perguntei-a dando um sorriso fraco

–Claro que vou, só vou acordar Chloe porque se não vai se atrasar para a festinha que vai ter na república ao lado. Que aliás, você vai. –Ela disse subindo as escadas.

Ela não me deu tempo para questioná-la. Festa? Mas que festa que teria na república ao lado?. Fiquei me martelando com isso e então as duas voltaram 30 minutos depois arrumadas para tomar café, e depois irem comprar bebidas para entrar na festa.

–Hmmm, ta maravilhoso esses ovos com bacon e essa torrada. –Chloe disse de boca cheia saboreando a comida. Apenas ri

–Mas que festa é essa que vocês vão? –Perguntei curiosa

–Venha e você saberá. –Margô piscou pegando as chaves do carro.

Dei uma lavada nas louças rapidinho, sequei minhas mãos e as cheirei. Estava com cheiro de detergente. Fui ao banheiro rapidamente e passei um creme para as mãos deixando as mesmas cheirosas. Fiz um coque em meus cabelos lisos que já estavam secos, tranquei a casa e então fui para o carro de encontro com as meninas. Fomos parar praticamente no centro da cidade para comprar bebidas. Compramos 2 garrafas de Vodka, 2 de Tequila e uma de Whisky.

Chegamos a festa já era 16:30. Estava lotado. Começava cedo e não tinha hora para acabar. O céu estava com pouco sol, o que eu não estava costumada a ver, pois no Brasil o clima era sempre muito quente e muito sol. Tanto é que minhas marquinhas do biquíni já estavam quase saindo e eu não consegui renová-las pois nunca saia um solzinho para eu ir a praia mais perto.

Chloe e Margô entraram com duas garrafas e eu fiquei com a do whisky, pois era a única que sobrou e eu não poderia entrar de mãos vazias. Havia várias pessoas da faculdade, aliás, todos da faculdade estavam lá. Foi ai então que eu vi Justin segurando a cintura da tal loira peituda. Ele estava lindo, estava rindo para os amigos do lado e segurando um copo vermelho com bebida dentro. Fiquei o fitando por 6 segundos e ele me percebeu. Olhou para mim e fechou o sorriso abaixando a cabeça. Saí de perto na tentativa de não intimidá-lo por causa da noite de ontem e fui para perto das meninas.

–Ei!Oi amiga! Esse é o nosso queridíssimo Ethan. –Disse Clo sorrindo abundantemente e o abraçando de lado colando suas bochechas.

–Oi! –Disse dando um sorriso e esticando as mãos para cumprimentá-lo.

–Oi! –Ele disse apertando minhas mãos.

–Então, vou deixar vocês dois ai um pouco e vou pegar uma bebida. –Ela disse deixando Ethan e eu sozinhos em umas almofadas que tinham no chão de uma salinha que não havia muita gente.

–Então..-Ele disse sem assunto

–Então..- Respondi do mesmo modo

Eu não sabia o que falar, eu não queria ficar com ninguém, tipo, ninguém mesmo naquele momento. E o que eu ia fazer se ele tentasse me beijar? Ele era um gato, mas não queria ficar com ele. Vai ver ele nem quer ficar comigo e ficou como eu, meio desnorteado por causa de Clo.

–Sua amiga Chloe é terrível – Ele disse soltando uma risada. Seu sorriso era perfeitamente lindo, mas não se comparava ao outro do sorriso que ainda não me recordo de seu nome de jeito nenhum.

–É, super louca. –Eu disse rindo

Ethan era o tipo de garoto perfeito. Alto, forte, não tão forte que nem esses caras que se entregam de corpo e alma na malhação. Cabelo preto um pouco bagunçado, os olhos dele eram pequenos, que sumiam quando ele sorria. Seu nariz era empinado, suas bochechas rosas, sua boca desenhada, era estiloso e não era gay. Pois é, e era bem cheiroso também e tinha hálito de maça verde, devido a bala que estava em sua boca.

–Foi um prazer te conhecer Ethan, desculpa não conversarmos muito, mas não estou me sentindo muito bem, aqui está muito abafado e eu preciso de um pouco de ar. – Disse me levantando e o abraçando sentado

Ufa, me livrei dele. Não que eu queria, mas é porque eu realmente estava com falta de ar. Fui até o jardim, onde tinha muito menos pessoa que na salinha. De longe avistei ele, o do sorriso. Era estranho não me recordar de seu nome e o chamar assim, mas logo logo descobrirei. E como na noite anterior eu não disse nada, criei coragem, respirei fundo e fui até ele.

Justin POV

A festa estava divertida demais para ser verdade. Estava com Megan em meu braço quando sentia alguém me fitando e então resolvi olhar. Era ela. A menina mais doce de todos os tempos. Não consegui olhar pra ela por muito tempo. Eu ainda estava envergonhado pela noite de ontem e não sabia o que falar com ela. Apenas fechei meu sorriso que acabara ali quando a vi e abaixei a cabeça por um tempo. Quando olhei de volta ela havia sumido. Mas aquela vergonha ainda estava tomando conta de mim. Era a primeira vez que me senti envergonhado por contar aquilo para uma menina. Antes eu até me achava um pouco. Mas com ela foi diferente.

Dirigi-me ao jardim, onde não tinha quase ninguém, pois a festa estava rolando mesmo era lá dentro. Sentei-me debaixo de uma árvore que estava bem escondida no canto. Não queria que ninguém me achasse. Só queria ficar quieto na minha e pensando um pouco. Larguei meu copo vermelho no chão e fiquei fitando uma rosa que peguei antes de me sentar. Era tão linda, mas havia espinhos.

–Oi – Ouvi uma voz baixa vindo por trás da árvore. Olhei para cima e era ela, a mais linda de todas.

–Oi, sente-se. –Disse chegando um pouco pro lado para nós dois ficarmos escondidos.

–Tudo bem com você? –Ela perguntou.

–Tudo. Olha, sinto muito pela noite de ontem, não foi mesmo minha intenção. –Minha voz soou um pouco baixa

–Está tudo bem, eu estou bem. –Ela disse eu pude sentir ela me olhando.

Ficamos em um silêncio e só o que ouvíamos era o som da música que tocava dentro da casa. Eu não sabia o que falar, mas tentei puxar algum assunto.

–Então, podemos esquecer de tudo isso? –Perguntei-a e criei coragem para olhar em seus olhos.

–Esquecer do que? –Ela me olhou confusa

–Da noite de ontem –Disse

–Eu sei, só estava fazendo de conta que eu havia esquecido a muito tempo. –Rimos

–Você tem sempre esse bom senso de humor? –Perguntei dando um sorriso e olhando novamente para a grama.

–Só quando estou bêbada. –Ela disse rindo

–E você está bêbada agora?

–Não –Olhei para ela sem entender e começamos a rir.

–Bom, eu sou Justin. –Me apresentei esticando meu braço para lhe dar a mão.

–Elizabeth, mas pode me chamar de Lize. –Respondeu-me tocando suas mãos na minha.

Suas mãos eram macias, fiquei ali fitando ela por um momento até ela abaixar a cabeça e esconder o rosto com suas mãos. Achei fofa a atitude dela, porque sinceramente se fosse Megan não faria isso e já estaríamos transando no quarto de cima da casa.

–Preciso ir. –Ela disse se levantando.

–Ei, espere um pouco. –Eu disse e peguei a rosa que estava em minha mão e a entreguei.- É para você. –Disse

–Obrigada, é linda. –Ela deu um sorrisinho de lado e a cheirou, depois saiu.

“Meu Deus, como ela conseguia ser tão linda?” Era o que eu me perguntava.