A Herdeira escrita por Amigo Anônimo


Capítulo 5
A voz de um desejo incompreendido


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!
Primeiramente, gostaria de agradecer por todos os comentários e favoritos. Isso me deixa muito animada!
Segundamente, peço perdão por minha demasiada demora para postar o novo capítulo. Não consegui as prometidas 2.000 palavras, mas ao menos chegou perto disso.
Estou pensando em agendar meus dias de publicação para os finais de semana, que é quando tenho mais tempo livre.
De toda forma, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/633188/chapter/5

Desci as escadas segurando um castiçal que possuía três ramos, nos quais esses três possuíam velas acesas. Já estava agitada, e o susto que levei ao ver duas sombras só contribuiu para que um berro saísse de minha boca.

— P...Pai? — Gaguejei, vendo o meu pai a minha frente também com um castiçal na mão. — E...

Um sentimento de surpresa invadiu-me completamente ao reconhecer o rosto da outra pessoa presente. Estava aparentemente mais arrumado que da primeira vez que eu o vi, e a pouca luz me fazia enxergar com dificuldade, mas isso não foi o suficiente para me enganar.

Cabelos exóticos de uma coloração rosada, olhos mais negros que o mais escuro dos carvões, e aquela pele morena que agora estava totalmente limpa.

Era a mesma pessoa que tinha rondado nos meus pensamentos na maior parte do tempo naqueles dois últimos dias.

— Lucy — A voz do meu pai despertou os meus sentidos. — Vá para o teu quarto. Como vês, acabo de retornar de casa e estou exausto, pelo o que vejo também estás. Portanto, durma e pela manhã conversamos.

Fiquei parada durante alguns segundos, tentando desviar o meu olhar do rapaz cujo nome era desconhecido para mim. Tive que me lembrar da presença do meu pai e tentar processar as palavras que tinha acabado de ouvir dele para me retirar do local e voltar para o meu quarto quase aos tropeços.

Estava totalmente pasma e tomada por perguntas que eu teria que me segurar para fala-las somente amanhã. Fiquei encarando o teto acima de mim na escuridão do meu quarto, mudando de posição várias vezes até achar uma confortável, e então novamente dormir.

Na noite anterior, no local onde Jude Heartfilia se encontrava...

Após um bom tempo dentro de uma carruagem, finalmente Jude chegou ao seu destino, quase esgotado depois de tanta força psicológica que fez para manter a paciência.

Estava ele, acompanhado por outras carruagens que chegavam uma atrás da outra, em um enorme local. Aquele era um antigo teatro, que por infelicidade de alguns teve que fechar por não arrecadar dinheiro suficiente com os ingressos para prosseguir com as apresentações.

Era um local fechado, porém algumas poucas janelas permitiam a entrada do ar. Já dentro do antigo teatro na parte superior das laterais se viam vários corredores de outros andares. No total tinham-se três andares.

Mais para o térreo, que era onde os convidados se encontravam, havia várias fileiras de poltronas que serviam como assentos para todos ali presentes. As poltronas ficavam de frente para um grandioso palco que era escondido por uma cortina vermelha de tecido grosso.

No meio dessas poltronas, era deixado um curto espaço usado como corredor, por onde Jude andou até chegar ao assento escolhido. Optou por ficar numa das primeiras fileiras, perto do palco, onde a maioria se encontrava.

Não tinham um grande número de pessoas, mas também não estava totalmente vazio. Afinal, era permitida somente a entrada de pessoas com boa condição financeira, o que não era facilmente encontrado.

Quando as luzes começaram a se apagar, toda a conversa que ecoava pelo lugar se transformou em sussurros discretos. As cortinas se abriram e mostrou-se a primeira vista um palanque de discurso de madeira. Atrás desse palanque, estava um homem jovem alto de cabelos castanhos e olhos de mesma cor. Ele usava um traje social e em suas mãos estavam papeis, no qual ele passava os olhos várias vezes até começar a falar.

— Senhoras e senhores da nobreza, sejam bem-vindos ao Décimo Leilão de Fates! — Em sua voz, estava uma falsa empolgação. — Creio de discursos são desnecessários perante o vosso anseio. Se me permitem, irei adiantar-me e já iniciar a apresentação.

Um som fraco de aplausos se encerrou tão rápido como quando iniciou.

O rapaz organizou os papeis que estavam em suas mãos, limpando a garganta antes de começar a apresentar em voz alta a ficha de cada um dos “produtos” do leilão.

— Iniciando em ordem decrescente das posições, apresento-lhes a primeira Fate!

Todos ficaram espantados quando escutaram estar se referindo a “ela”. Era quase um absurdo ter uma garota em primeira colocação, assim Jude e quase todos os presentes pensavam.

Caminhando para o centro do palco, em um ponto marcado com um “X”, estava a primeira Fate, a melhor entre todos. O seu aspecto físico era muito belo, com quadris um pouco largos, cintura fina, busto e coxas levemente amostra, seduzindo a maioria dos homens. Seus cabelos eram ruivos. Mas não um simples ruivo, e sim um ruivo intensamente avermelhado. Ela vestia um kimono de cor salmão, com detalhes de borboletas bordadas em seu tecido e um tipo de cinto de pano preto envolta da cintura.

Talvez a única coisa que arruinasse seriam os seus olhos. Eles tinham a íris totalmente cinza, lembrando o céu nublado quando as nuvens estavam para anunciar o início de uma triste e longa tempestade.

“Cega?”, perguntou-se Juda.

— Começando com o primeiro lance de 10.000 libras. Alguém? — Falou o apresentador e viu uma mulher levantar a mão. — Eu ouvi um 10.600?

Dessa vez, dois homens levantaram a mão e um deles era Jude.

E assim se seguiu, até que chegou ao valor de 14.000 libras, sendo o lance final de um rapaz cujo rosto não conseguia ser identificado por Jude e nem mesmo por ninguém, pois ele tinha a face coberta com um capuz.

Foram leiloados mais três Fates, e nenhum deles chamou muito o interesse de Jude. Estava quase desistindo de que conseguiria algo útil naquele ano, quando então entrou o rapaz da quarta posição. A aparência era um tanto diferente, quase tão chamativa quanto a da garota da primeira posição.

O quarto Fate tinha um ótimo físico na visão de Jude, e poderia fazer várias atividades, até mesmo bem lucrativas. Porém, foi citado que esse Fate tinha certos problemas de disciplina, e já até mesmo chegou a agredir alguns de seus proprietários. Com isso, grande parte das pessoas dentro do antigo teatro desistiram de compra-lo.

Com exceção de Jude e outra mulher de aparência curiosa. Eles disputavam lance após lance, até que finalmente Jude finalizou com o último lance de 9.900 libras.

O quarto levantou o seu rosto para ver o seu novo dono, já tirando a conclusão de que seria apenas mais uma desgraça na sua vida. Queria desesperadamente fugir dali, queria correr e gritar assim como a maioria dos Fates presentes. Porém, era proibido de se manifestar contra.

FIM DO FLASHBACK

Acordei mais cedo do que o esperado, sendo levada pela ansiedade que tomava conta de mim. Me arrumei e desci diretamente para a sala de jantar, já vendo a comida servida na mesa, mas não encontrando nenhum sinal de meu pai ou do outro garoto.

Sem nada para fazer, fui para o jardim da casa que ficava perto da cozinha. Sentei-me em uma mesa onde geralmente se tomava chá.

Senti certa nostalgia em ficar ali sentindo o vento tocar o meu rosto, aproveitando o máximo que podia do momento silencioso, quando então sinto um incômodo repentino que me faz olhar para trás. Fui subindo o olhar até chegar à janela do segundo andar da mansão e percebi que através dela estava o nosso recém-chegado. Ao ele perceber que eu o havia notado, saiu de perto da janela e eu o perdi de vista.

Tentei fingir que não tinha visto nada e ignorar novamente minha ansiedade, mas não consegui. Levantei-me da cadeira e entrei novamente em casa.

Na sala de jantar, estava já minha tia puxando a cadeira para sentar-se. Por um segundo, eu tinha me esquecido que ela estava compartilhando a casa conosco agora.

— Bom dia — Ela me cumprimentou ao me ver.

— Bom dia... — Falo baixo, mas o suficiente para que ela me ouvisse. Sento na cadeira que ficava de frente para a da minha tia. — Por que acordaste cedo?

— Eu que lhe pergunto.

— Ah... — Tentei pensar em alguma rápida desculpa, porém achei desnecessário mentir justamente para uma das poucas pessoas em que confiava. — Estava muito agitada para continuar a dormir.

— Por que, querida? Algo a incomoda?

Estava para lhe responder, quando então travei minha boca ao perceber que meu pai tinha chegado. Atrás dele estava o mesmo rapaz que eu tinha trocado olhares pela janela agora pouco.

— Bom dia — Eu disse em uníssono com minha tia.

Meu pai apenas acenou para nós duas e caminhou direto para o seu lugar que ficava na ponta da mesa. O garoto apenas o acompanhou e ficou alguns passos atrás dele, parado e olhando reto para a parede. Ele parecia menos exausto que quando o vi na praça, mas ainda assim podia ver a palidez eu seu rosto. Conseguia quase ver certo desespero reprimido dentro dele e eu me questionava sobre o motivo.

Ajeitei-me na cadeira, buscando qualquer coisa que eu visse para me entreter sem que eu tivesse que ficar encarando o nosso hóspede por muito tempo. Escolhi começar a comer, e com meu ato meus parentes seguiram o exemplo.

Perguntava-me também o porquê do garoto de cabelo rosado não sentava e comia conosco.

— Gostaria de apresentar à vocês o servo que arranjei. Ou melhor, Fate — Meu pai corrigiu sua fala.

“Um Fate...?” Tentei puxar na memória o significado dessa palavra, até que me lembrei vagamente de um leilão que se tinha a cada ano.

Os Fates eram escravos especiais que eram leiloados anualmente em algum lugar da capital. Possuíam habilidades inacreditáveis que o faziam serem desejados por todos os nobres. Eram vendidos para serem os bonecos controlados. Talvez o único lado bom fosse estar em condições pouco melhores que escravos comuns. Mas qual é o lado bom de estar preso a uma eterna servidão?

— Tu o compraste? — Perguntei, deixando de comer para falar. Limpo com o guardanapo a minha boca, já me sentindo totalmente sem fome apenas por conta do rumo da conversa.

— Sim. No primeiro momento pensei em torna-lo seu, mas pelo o meu conhecimento tu não iria querer. Portanto, decidi revende-lo por um bom preço. — Ele continuou e eu me concentrei em cada fala dele. — Uma de suas primas já se interessou.

— Qual a classificação dele? — Minha tia disse, também parando de comer.

— Quarta.

Já na penúltima fala de meu pai, eu tinha perdido totalmente a minha concentração. Fechei meu punho, perfurando minha unha na minha pele e machucando a minha mão sem perceber. Não sabia o que estava fazendo, mas perdi totalmente o controle na hora e pronunciei a frase:

— Eu o quero.

Minha tia e meu pai direcionaram seus olhares para mim. Logo entendi que eles não haviam compreendido, portanto resolvi repetir e explicar melhor.

Uma voz sussurrava para mim que eu não deveria deixar aquele garoto ir embora, e eu não conseguia calá-la.

— Eu... — Estava quase atropelando várias palavras. Minha cabeça dava voltas com que eu estava para dizer. — Eu o quero. Eu quero esse Fate para mim, pai.

Os dois me encaram espantados. Minha tia especialmente parecia surpreendida, tanto que acabou se engasgando com o suco que tinha acabado de beber. Meu pai já parecia irradiar algum orgulho, felicidade, mas, naturalmente, não sorria.

Não ousei olhar para o Fate. Nem mesmo tive coragem. Mas imaginei que ele estivesse tão chocado quanto eu mesma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Estou realmente muito ansiosa para começar com a ação nessa fanfic, pois sou o tipo de pessoa que não gosta muito de uma história parada.
Se eu demorar para postar o próximo capítulo, por favor, compreendam. Eu vou iniciar minhas provas, portanto vou ficar com menos tempo para escrever o sexto capítulo. Mas prometo recompensar caso isso ocorra.
Até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Herdeira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.