A Herdeira escrita por Amigo Anônimo


Capítulo 4
Arrependimento


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus nekos!
Peço desculpas por demorar para enviar esse capítulo, e peço mais uma vez perdão por enrolar tanto nesse capítulo e ainda por cima deixá-lo bem curto. Mas, eu espero ao menos o final satisfaça vocês. Ah, e só mais uma coisa: O começo do capítulo está em terceira pessoa, portanto não estranhem.
Tenham uma boa leitura!



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O agressor ficou surpreso ao ouvir aquele sobrenome, ao mesmo tempo em que recuou para trás. Se não se enganava, um homem muito poderoso chamava-se...

Sim, Jude Heartifilia. Era a família daquele homem de coração bruto e frio. Pensou.

— Ei, é melhor que tu pares — Avisou um dos quatro homens de uniforme ao companheiro.

Em resposta, murmurou um Cala boca, eu sei disso idiota.

Soltou os cabelos do rapaz que já se queixava de dor e olhou para as duas mulheres. Sentia-se enfurecido por ter que ser interrompido e obrigado a parar por causa delas. Fechou o punho e se obrigou a falar:

— Peço desculpas por machucar a tua sobrinha. Porém, espero que isso não se repita ou não terá piedade que a livre de uma boa punição.

Após falar isso, ordenou que continuassem a andar.

O menino de olhos negros fez força para se levantar, mesmo que exausto, faminto e machucado. Já tinha se conformado com sua vida que mal tinha importância naquela sociedade desigual, tinha perdido a esperança em meio a tanto sofrimento. Não seria salvo. Ninguém teria coragem o suficiente para tentar salvá-lo, ninguém nem mesmo se importava.

Mas então, quais motivos que levam a essa garota da nobreza a fazer isso? refletiu ao observar a loira pelo canto do olho. Deve ser só mais uma ilusão....

Entretanto, Lucy não pensava do mesmo jeito que o escravo. Ela acreditava que todos mereciam a liberdade, que ninguém deveria ser obrigado a viver nessas condições.

Sabia que nunca compreenderia a dor que essas pessoas sentem, e também sabia que ela era muito fraca para poder fazer algo por alguém. Mas, mesmo assim, queria ajudar. E deixar aquele garoto cheio de cicatrizes ir embora sem fazer nada a deixava angustiada e arrependida.

Completamente tomada com esses pensamentos, deixou que a tia a levasse para casa. Antes de saírem da carruagem, recuperou a compostura e pediu:

— Tia, por favor, não conte nada do ocorrido para o meu pai — Implorou.

Ficando em silêncio durante algum tempo, Elaine pensava profundamente sobre a proposta. Não contar nada para o responsável de Lucy era errado, ele tinha o direito de saber sobre tudo. Porém, recordou-se que o cunhado tinha formas extremamente rígidas de disciplinar.

— Tudo bem... Mas só dessa vez!

Lucy segurou a mão da tia com as duas mãos, sorrindo fraco e agradecendo.

[Lucy narrando]

Entramos em casa e percebemos que o meu pai não estava. O que foi incomum por ele não tinha dado nenhum aviso de que sairia durante a noite. De qualquer forma, fiquei feliz por não ter que ver ele, pois não teria que mentir sobre o que aconteceu hoje e por um sorriso no rosto para disfarçar.

Fui direto para o meu quarto, desejando antes boa noite para a minha tia e para todos os empregados com quem eu me lidava no caminho. Tirei o meu vestido, meu colar e o meu sapato, me sentindo com o corpo mais leve. Coloco um vestido branco cheio de babados que ia até os joelhos para dormir.

Jogo o corpo na capa e logo caio no sono. Estava muito cansada.

...

Já acordada, me dirijo para a sala de jantar e tomo o meu café da manhã junto de minha tia. Agradeci silenciosamente por minha tia não tentar se comunicar muito comigo, pois não estava muito animada para conversar. Claro que fui educada em ao menos cumprimenta-la e trocar algumas palavras.

Decidi que naquele dia eu queria sair novamente, ao menos para tentar mudar a direção do meu pensamento que só ia para a culpa que eu sentia em não ter salvado aquele rapaz de ontem.

Portanto, decidi que ir para um concerto ou uma peça de teatro era uma ótima distração para mim.

— Tia, eu... — Tentei não parecer muito pidona, dando uma pausa ao falar e abaixando olhar para o chão. — Eu posso ir para um concerto hoje? Ou um teatro talvez...

— Mas é claro! Porém, podes ir sozinha. Sabes que acabarei por dormir ao escutar Beethoven por mais de dez minutos — Sorri com essa resposta e a abracei em gratidão.

Pedi para a empregada preparar o meu banho, tentando manter em mente que teria que me preparar rapidamente. Mas, acabei percebendo que falharia na hora em que entrei na água quente da banheira. Já com o corpo quase todo dentro dágua, relaxei os meus músculos e soltei um suspiro. Era quase como o paraíso ficar ali. Se eu pudesse, teria a negligência de ficar daquele mesmo jeito por horas e horas.

Deixei que a empregada passasse suas mãos por minhas costas, ao mesmo tempo em que jogava um balde de água na minha cabeça. Escutei atentamente o barulho da água do balde se chocando com o meu corpo e os pingos caindo na água da banheira. Estava tudo maravilhoso, até que novamente aquele escravo tomou os meus pensamentos por segundos.

Levantei-me apressadamente, interrompendo a moça que estava a me banhar. Com minha repentina movimentação, eu percebi que ela acabou se assuntando.

— Desculpe-me. Eu acho que eu já vou me vestir... — Falei isso e logo ela cobriu o meu corpo com um roupão.

— Sei que nem deveria perguntar, mas... — Ela começou, temendo qual seria a minha reposta. — Está tudo bem com a senhorita? Aparenta-me estar perdida.

— Estou bem — Menti. — Agradeço pela preocupação.

Caminhamos até o quarto em silêncio. Ela me sentou na cadeira em frente a uma penteadeira e pediu para que eu aguardasse. Logo entrou um homem, cujo nome era, por mais estranho que pareça, Câncer. Câncer era o cabelereiro oficial da família. Desde o tempo que minha mãe estava viva ele cuidou da beleza dos cabelos meu e de minha mãe. Ele tinha pele bem morena, quase negra, cabelos pretos com algumas mechas vermelhas. Seus lábios eram bem grossos, mas não exageradamente, e logo abaixo deles tinha uma barba cavanhaque.

Diferente de outras vezes, não conversei muito com ele. Apenas falei para ele como queria o meu cabelo naquele dia e ele assim o fez em uma velocidade anormal.

Com o cabelo preso em uma bonita trança que ficava jogada para apenas um lado do ombro, trajei um vestido longo todo marrom e por cima coloquei um xale vermelho com uma rosa no ombro esquerdo.

Corri para fora de casa, entrei na carruagem e logo cheguei ao local onde teria a orquestra.

Tinha um amor especial por música. Ver todos aqueles instrumentos sendo tocados em uma perfeita harmonia, seguindo notas no qual foi necessária muita dedicação do compositor era algo incrível para mim. Coloquei toda a minha concentração em cada sentimento deixado pelo o que eu ouvia ali.

Até que então percebi que estava sendo observada a um bom tempo por alguém que eu não conseguia identificar, pois estava com um capuz cobrindo o rosto. Alerta, tive que sair do lugar antes que a orquestra encerrasse, o que me deixou triste. Mas em ter que escolher entre segurança e diversão, eu prefiro optar pela minha segurança.

Talvez fosse apenas um exagero de minha desconfiança..., pensei já no caminho para casa, me arrependendo de meu ato provavelmente precipitado.

...

Estava deitada na minha cama, já em um sono profundo. Sono tão profundo que me levou a sonhar naquela noite. O sonho começou comigo em um enorme quarto que era iluminado a velas que faziam um círculo ao meu redor. Parecia até... Um ritual.

Não sabendo o que fazer ao certo, comecei a gritar. Gritar tão alto que me machucou na garganta e me fez chorar, mas minhas lágrimas tinham mais algum motivo, no qual eu não conseguia compreender. Só entendia que aquilo estava doendo muito. Era como se eu estivesse perdendo algo muito importante, como se eu procurasse por um fragmento importante que me faltava.

Antes que eu pudesse identificar as doze pessoas que repentinamente apareceram ao meu redor no sonho, acordei com um barulho.

Coloquei a mão no peito, sentindo a respiração um pouco mais agitada do que o normal. Estranhei isso logo de início, mas rapidamente coloquei esse fato de lado e me centrei em saber que barulho foi aquele que me despertou.

Desci as escadas segurando um castiçal que possuía três ramos, nos quais esses três possuíam velas acesas. Já estava agitada, e o susto que levei ao ver duas sombras só contribuiu para que um berro saísse de minha boca.

— P...Pai? — Gaguejei, vendo o meu pai a minha frente também com um castiçal na mão. — E...

Um sentimento de surpresa invadiu-me completamente ao reconhecer o rosto da outra pessoa presente. Estava aparentemente mais arrumado que da primeira vez que eu o vi, e a pouca luz me fazia enxergar com dificuldade, mas isso não foi o suficiente para me enganar.

Cabelos exóticos de uma coloração rosada, olhos mais negros que o mais escuro dos carvões, e aquela pele morena que agora estava totalmente limpa.

Era a mesma pessoa que tinha rondado nos meus pensamentos na maior parte do tempo naqueles dois últimos dias.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado mesmo pelos comentários e favoritos, só me motivam mais a continuar com a história!
Os vejo no próximo capítulo, bye bye



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