Wolfpack escrita por Junior Dulcan


Capítulo 7
1x07 - Cage of Fear


Notas iniciais do capítulo

Eai Wolfers!
Um capítulo cheio de emoções para vocês hoje! Compensando a semana passada que ficamos sem um capítulo essa semana tivemos dois! o/
Um grande obrigado a todos que acompanham WolfPack, está sendo um prazer escrever essa fict!

Apenas aquele aviso de leve que os personagens de Teen Wolf pertencem a MTV e ao Tio Jeff, mas os personagens originais dessa fict são meus então nada de sair usando por ai!

[NOTA: Esse capítulo é inspirado no episodio 1x07 - Night in School da série original Teen Wolf]



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Anteriormente em Wolfpack... David e Jonny tentam se ajustar a nova vida como shapeshifters, mas com a lua cheia cada dia mais próxima David enfrenta problema para controlar sua raiva. Helen está fora da cidade em um torneio inter escolar e tem um encontro marcado com David, enquanto isso Henry se mostra distante e pouco interessado em ensinar como controlar a transformação, sua ligação com Jonny também continua um mistério. O alfa ainda se mantém quieto e os caçadores aguardam seu movimento.

David

Mais uma semana e nada de novo aconteceu. O alfa não havia aparecido e já estava começando a achar que ele havia desistido de me querer em seu bando, o que era bom já que não tinha intenção de sair correndo por aí uivando e matando pessoas. Estava mais interessado em tirar uma boa nota no meu teste de Biologia e Álgebra e do meu encontro com Helen naquele fim de semana.

Durante a semana Jonny trabalhou comigo meus problemas de raiva, a primeira sessão foi um total desastre. Estávamos na escola depois das aulas do período da tarde, ele havia levado algumas bolas pesadas, sincronizando medidor de pulsação em nossos celulares e me deixado há alguns passos de distância da cesta de basquete.

— Tudo bem. Você tem que aprender a controlar esse seu mau gênio. – Ele pegou uma das bolas e olhou para mim. – Prenda seu celular com o medidor de pulsação ligado ao seu braço e para garantir que tudo saia direito vou amarrar seus braços para você não se defender.

— Então seu plano é me amarrar e jogar bolas de basquete na minha cara? – Ele acenou afirmando. Tive um mal pressentimento quanto aquilo. – Tem certeza que isso não é por causa daquele lance de tentar te matar, não é?

— O que? Estou ofendido! – Entretanto sua expressão ansiosa dizia o contrário. – Não tenho nenhuma vontade de causar dor ao meu amigo só para dar vazão a minha raiva! Que tipo de pessoa você acha que eu sou?

— Então porque você está sorrindo? – Ele até tentou parecer que não estava animado com aquilo, mas estava bem claro suas intenções. – Ah! Você sabe "Sorriso de tristeza" e "Lágrimas de felicidade". Não é nada pessoal!

— Podemos ao menos discutir isso?

— Não. – Ele pegou a primeira bola e lançou com força, parecia mais pesada quando batia com tanta potência direto na cara. Senti a onda quente de raiva percorrer todo meu corpo imediatamente, mas meu amigo não estava interessado, mais duas bolas vieram em seguida e uma terceira no mesmo rastro.

Quando cai no meio no chão sentia tanta vontade de atacar meu agressor que me soltei e parti para cima em um instante, minha mente estava totalmente tomada pelo predador até que o alvo a minha frente puxou algo do bolso e borrifou em meus olhos. A dor queimou e turvou minha visão, não conseguia me orientar e então outra dor se espalhou pelo lado esquerdo do meu corpo em espasmos.

— Olha só! Quem diria que isso funcionaria! – Jonny estava parado do meu lado, tinha uma vaga lembrança de que tinha perdido o controle, sabia que tinha levado um choque, apenas não sabia quando, Jonny não parecia machucado apenas feliz segurando um Spray e uma arma de choque.

— Você me eletrocutou?!

— Também borrifei esse spray de pimenta nos seus olhos. – Ele não parecia preocupado, nem sequer manifestou remorso ou nada parecido. – Cara, eu tenho que comprar um desses para mim!

— E está tudo bem para você eletrocutar as pessoas?!

— Você rasgou meu peito com suas garras idiotas de lobisomem e eu não dei nenhum show.

— Eu pedi desculpas!

— É? Bom, desculpas aceitas agora. – Queria ficar irritado com Jonny, mas ainda estava trabalhando a raiva por isso respirei fundo várias antes para ter certeza que minha vontade de o matar se não se baseava em uma fúria de lobisomem.

— Onde você conseguiu essas coisas afinal de contas? – Ainda estava incerto se devia ou não quebrar o nariz dele, mas conversar e respirar com força estava realmente me deixando menos nervoso.

— Eu peguei da bolsa da Eva. – Ele me ajudou a ficar de pé, tive vontade de pegar o pequeno aparelho e quebrar, mas contive o impulso. – Vamos continuar?

Continuamos o treino por toda a semana e confesso que apesar de querer matar meu amigo diversas vezes, meio que estava dando certo. A prática de levar golpes e não querer rasgar a garganta das pessoas funcionou bem para mim, até consegui melhorar meu desempenho em jogo e tirar aquele sorrisinho idiota da cara de Max.

Na sexta à noite seria era meu último treinamento com Jonny naquela semana, no dia seguinte iria sair com Helen e agora que meus problemas de raiva estavam mais controlados estava confiante de que não iria estragar tudo. Jonny tinha um encontro na mesma noite então ele também estaria bem ocupado, estava meio que impressionado com meu amigo. Desde que tinha descoberto que era um canibal sobrenatural ele havia lidado muito bem com tudo, não o tinha visto ter problemas com o apetite em nenhuma outra ocasião e ele estava mais bem-disposto do que nunca.

Já passava das oito horas quando terminamos o treino, apesar das consequentes dores por todo o corpo estava contente de ter perdido a cabeça apenas uma vez. Jonny nem precisou usar a arma de choque e eu podia jurar que ele parecia desapontado com isso. Estávamos a caminho do vestiário quando todas as luzes apagaram.

— Péssima hora para faltar energia. – Jonny estava ao meu lado direito quando pegou o celular para conseguir uma fonte e luz.

— Vamos apenas sair daqui. – Não era difícil para dois seres sobrenaturais com sentidos aguçados se orientarem no escuro, quando chegamos ao pátio para pegar a bike de Jonny foi que notamos a primeira coisa suspeita. Primeiro a bicicleta estava pendurada em uma árvore e segundo ela parecia totalmente torta.

Ahh cara! Que tipo de doente faz isso com a bike de outra pessoa? – Jonny correu para olhar os estragos, mas algo me dizia para não me mover. Sentia como se de repente estivesse dentro de uma jaula com um predador faminto à espreita.

Então ele veio. Era como um pesadelo que tomava forma através da noite, ele surgiu logo além dos limites do pátio bloqueando nossa saída da escola. Estava tão grande e medonho como me lembrava: grande, peludo e com olhos vermelhos. Podia sentir ele me encarando, medindo a distância entre nós e então ele avançou.

— Jonny! – Ele estava examinando a bicicleta e olhou na direção do alfa antes de largar tudo e disparar correndo em minha direção. – Vamos para dentro do prédio!

Entrar foi fácil, as portas estavam abertas um deslize do zelador que tinha salvado nossas vidas. Passamos sem nem olhar para trás em direção ao grande salão de entrada, Jonny voltou até a porta olhando através dos vidros.

— O que você está fazendo?! Temos que dar o fora daqui!

— Ele não está nos seguindo! Não o vejo em lugar nenhum! – Olhei pelos vidros escuros tentando encontrar a forma gigante do alfa, não havia o menor sinal dele. Jonny se afastou por um momento e pegou um suporte de ferro da parede e o arrancou, apesar do barulho ele não parecia preocupado. Usou a barra para travar a porta e ficou esperando.

— Você acha que isso vai manter ele fora? – Franzi as sobrancelhas. – Existe pelo menos mais cinco entradas para esse prédio, o que o impede de entrar por uma delas?

Trocamos um olhar, se o monstro estivesse do lado de fora certamente teria entrado, mas por outro lado ele poderia usar outra entrada e nos emboscar a qualquer momento.

— Dentro da cabine do vigia na entrada do pátio tem um alarme que funciona com energia própria, podemos usá-lo para conseguir alguma ajuda! – Jonny concordou comigo, era um grande risco, teríamos que atravessar todo o pátio e ficar expostos. Mal havíamos decidido o que iriamos fazer e uma das grandes janelas da direita do salão explodiu, uma enorme mesa de som, parte do gerador destruído e o que restou de um megafone.

— Acho que não vamos mais pedir ajuda... – O alfa entrou pela mesma abertura derrapando dentro do salão, nem sequer olhamos para ele e já estávamos correndo para as escadas do lado esquerdo. Minha pulsação devia estar a mil por hora, mas como a sensação predominante era medo então não recebia nenhuma força sobrenatural de lobisomem.

Subimos as escadas com o monstro em nossa cola até Jonny virar bruscamente no corredor da biblioteca e me puxar, o alfa passou direto enquanto ficamos escondidos.

— Temos que sair daqui! – Não eram necessários meus sussurros urgentes para saber que estávamos mortos se o alfa nos pegasse.

Helen

As últimas semanas haviam sido uma loucura, após quase ser morta por um monstro na floresta que não tinha ideia do que era, terminar meu namoro com Mateus e começar a conversar com David, era difícil me concentrar em um campeonato. A luta com bastão era minha grande paixão desde os oito anos quando descobri que balé não era muito a minha praia.

O campeonato em si foi fácil de lidar e apesar de ter enfrentado algumas boas atletas fiquei orgulhosa de ter conseguido o segundo lugar, minha adversaria da final parecia mais um gorila de quimono. Mantive contato com David durante a segunda metade do torneio, ele estava claramente envergonhado de ter me deixado na festa e não ter ligado depois.

Diferente de Mateus ele era mais tímido e parecia ter medo de uma má reação da minha parte, meio bobinho, mas fofo. Já tinha marcado um encontro com ele para a noite seguinte a minha chegada, mas infelizmente graças à intervenção de Kelly isso não seria da forma que planejei. Ela tinha dito que David e Jonny estavam ficando todos os dias na escola após o horário para praticarem basquete e queria me usar como desculpa para ir até lá.

Ela sabia que Jonny não estava nem um pouco interessado em seus flertes, mas era admirável sua capacidade de desculpas para tentar conquistá-lo. Quando chegamos a escola fiquei contente em observar o local tão familiar, as luzes da noite o deixavam mais bonito do que de costume. Kelly pagou um taxi e quando o homem foi embora fiquei pensando em como ela esperava que fossemos embora, certamente ela não devia esperar que andássemos todo o caminho de volta.

— Sabe que eles podem nem estar mais aqui não é mesmo? – Era uma chance e agora que estávamos dentro da escola me pareceu bobagem não termos ligado para os rapazes de uma vez.

— Estão sim, a bike de Jonny ainda está no pátio, olha! – Infelizmente nada iria impedir minha amiga de mais um ataque surpresa no garoto. Olhei para minha ela e de repente me senti meio desleixada, ela estava usando um top verde claro com uma linda jaqueta escura, uma saia cinza fosca justa ao corpo que modelava sua cintura que se abria nas pernas lhe dando flexibilidade, botas altas até os joelhos, brincos e um colar dourado. Tudo isso somado a sua maquiagem perfeita e os cabelos em cachos bem definidos e brilhantes.

Eu não estava tão produzida com minha blusa de babados branca, jaqueta de couro escura, jeans e um par de botas que iam até os tornozelos e sem salto, não estava maquiada e meu cabelo apesar de estar solto e liso não parecia tão brilhante quando o da minha amiga.

— Estou começando a achar que não estou vestida para essa ocasião.

— O que? Não seja boba Hen, você está linda! – Gostava da forma que ela me chamava “Hen”, apesar de ter ficado aborrecida com o que houve na reserva era difícil não amar essa garota. – Agora vamos entrar, eles devem estar indo ao vestiário nesse momento.

— Como você sabe?

— Eu posso ter ficado vigiando do lado de fora da escola uma ou duas vezes. – Não pude conter o riso, não esperava que Kelly fosse do tipo stalker.

Tudo estava indo muito bem até as luzes simplesmente apagarem, naquela escuridão ficamos totalmente perdidas. Tínhamos atravessado todo o pátio e dado a volta para a quadra, infelizmente sem luz não dava para ver se tinha ou não alguém praticando.

— O que vamos fazer? – Kelly ligou o celular para ter uma fonte de luz, os feixes não eram longos, mas foram o bastante para sabermos que ninguém mais estava jogando. – Eles devem estar nos vestiários, é melhor irmos andando essa escuridão toda está me deixando nervosa.

— David! Jonny! Vocês estão ai?! – Senti um arrepio de medo quando ela gritou os nomes dos rapazes, imediatamente percebi que não deveríamos ficar ali.

— O que você está fazendo?! Não sabemos o que aconteceu aqui! Temos que ser cuidadosas! – A luz iluminou o rosto de minha amiga, ela parecia desconfiada de alguma coisa.

— Não tem nada aqui. Vamos ou iremos perdê-los. – Ela fez um movimento levando a luz diretamente para seu rosto, por um momento apenas vi sua imagem iluminada pelo celular e em seguida vi um par de olhos vermelhos surgirem próximos a quadra.

Parecia que alguém tinha injetado gelo em minhas veias, por um momento era como se estivesse de volta a floresta. Kelly secundou meu movimento, ela virou o corpo em câmera lenta e então ele soltou um medonho uivo. Todos os fios de cabelo da minha nuca se arrepiaram, minhas pernas pareciam feitas de gelatina e em seguida ele atacou.

Duas coisas aconteceram naquele instante e não tive certeza plena se era minha cabeça pregando peças ou se estava ficando louca de vez. Primeiro o monstro veio em nossa direção e não tive certeza se tinha gritado ou tido um acesso de loucura e segundo o monstro foi interceptado por algo, pude até ouvir o barulho oco como o de madeira antes do monstro desviar sua rota. Minhas pernas pareciam ter percebido que aquela não era uma boa hora para não funcionarem e pude senti-las novamente, praticamente pareciam querer correr sozinhas e deixar o restante do corpo para trás.

— Vamos sair daqui! – Agarrei Kelly pelo pulso e a puxei em direção ao prédio de Humanas, era o mais próximo de onde estávamos, se déssemos sorte estaria aberto.

Não queria olhar para trás e saber o que poderia ter tão corajoso a ponto de atacar o monstro dos olhos vermelhos, talvez outro tipo de monstro. Os rosnados eram altos e raivosos, não entendia como ninguém ainda os tinha ouvido.

— Hen, espera! Meu celular caiu! Não estou vendo direito! – Kelly parecia um saco de batatas, com aquelas botas ela estava apenas nos atrasando.

— Tire essas botas! Se aquela coisa nos alcançar estamos fritas!

— São da Chanel!

— Eu não ligo nem se fossem feitas de diamante! Você prefere suas botas ou sua vida?! – Mesmo no escuro eu conseguia ver a dúvida em seu rosto, era frustrante!

Continuamos nosso caminho até o prédio, graças aos céus as portas estavam abertas e entramos sem problemas. Estávamos correndo pelo primeiro corredor quando o monstro entrou derrapando. Nossos gritos de medo e rosnados raivosos do monstro se combinaram, corremos para dentro da primeira porta que vimos na nossa frente e a trancamos.

Por sorte era a sala de Português, uma das poucas que eram ligadas a outras. Não levou nem trinta segundos para o monstro arrombar a porta, já estávamos correndo pela sala de Literatura quando ele finalmente bateu contra a porta que ligava as duas salas. Passamos correndo pela porta de saída da sala indo de volta para o corredor, se continuássemos aqui seriamos alvos fáceis, por isso escolhemos virar a primeira esquerda indo em direção a saída que ligava aquela parte do prédio ao setor administrativo.

— O que vamos fazer agora?! – Kelly parecia a mesma do dia que ficamos presas na floresta com o mesmo monstro. – A polícia! Vamos ligar e pedir ajuda!

Era uma boa ideia, se Kelly não tivesse perdido seu celular e o meu estivesse ficado em casa. Estávamos sem opções, a não ser que voltássemos a quadra e procurássemos o celular perdido. Quando contei meu plano minha amiga parecia achar que eu tinha ficado doida.

— Você ficou doida! Tem uma coisa por aí nos caçando e você quer voltar até onde aquele troço está?!

— Então você prefere ficar fugindo a noite toda? Isso assumindo que em algum momento a coisa não nos encontre! – A noite não era das mais escuras, podia ver na claridade ela mordendo o lábio indecisa.

Uma voz flutuou até nós vindo dos corredores, parecia de homens, conversavam com o um tom urgente e baixo. Estávamos agora bem perto do prédio administrativo, mais alguns metros e chegaríamos a biblioteca que a era a mais próxima. Estava farta de correr, não tive medo desse monstro da última vez porque iria ter agora? Com alguma dificuldade pegamos vassouras no armário do zelador e removendo os cabos tinha em mãos um bastão e com isso uma chance de lutar.

As vozes estavam cada vez mais próximas, pararam de conversar, por um momento o único som era a respiração acelerada de Kelly e a minha lenta. Estávamos em uma quina, quem estivesse vindo não seria capaz de nos ver, esperei até que as sombras surgissem e então ataquei. Não olhei diretamente para quem era, mas ele segurou meu bastão com força e antes que eu pudesse pensar a respeito dei uma joelhada em suas partes baixas.

— Oh God... – A voz que acompanhou o som de alguém caindo e se contorcendo de dor no chão era familiar, para meu total espanto pertencia a David. – Eu estou bem... estou bem... só preciso de um momento para me contorcer em agonia.

— Mulher qual é o seu problema?! – Jonny estava ali também, eles pareciam suados, bom David ainda tinha a dor que tinha lhe causado.

Kelly apareceu no instante seguinte e se não fosse pelo monstro enorme que apareceu no fim do corredor por onde os rapazes haviam chegado eu teria me desculpado e talvez até sorrido. Jonny agarrou seu amigo e o amparamos até uma sala próxima. O monstro estava perto quando seu rosnado se misturou com outro, mais alto e tão perturbador quando o primeiro.

Henry

Passar as últimas três semanas sendo baba de um lobisomem recém-criado e um wendigo que não queria comer todas as pessoas que ele conhecia vivas era uma tarefa cansativa. Se aquele alfa não estivesse nessa cidade teria tido tempo para ensinar o básico e seguir com minha vida, agora com caçadores e desaparecimentos de corpos logo essa cidade seria um farol para outros seres sobrenaturais.

Não que eu precisasse me preocupar com isso, afinal não iria ficar por muito tempo, com um passado como o meu ficar no mesmo lugar apenas gera mais problemas. Me lembro com clareza quando estava em Beacon Hills e vi o que os caçadores fizeram com os Hale, não era seguro criar raízes em nenhum lugar. Quando o incêndio acabou com a família mais poderosa de lobisomens que a comunidade sobrenatural tinha naquela região, senti que era hora de deixar aquele lugar.

Deaton era um bom amigo da comunidade sobrenatural desde aquela época, sem sua orientação nunca teria conseguido escapar de Beacon. Assim como os Hale tinham seus rivais nos caçadores, eu tinha os meus nos Pacificadores, há anos eles se declaravam como a Lei e a Ordem dentro da comunidade sobrenatural. Minha família tinha uma longa e complicada história com eles e agora eu era o novo foco.

Quando parti para a América do Sul anos atrás Cora Hale também estava indo nessa direção, nossos caminhos se cruzaram naquela época, porém uma vez que cheguei a esse país nunca mais a vi.

— ...eu também perdi minha família. Você vai ficar bem Jones.

Acordei ainda com a estranha sensação de estar ouvindo a voz de Cora em algum lugar. O que tinha realmente me acordado foi o uivo, era o alfa! Ele havia feito finalmente sua jogada depois de todos aqueles dias. Peguei minha jaqueta e em um instante estava dentro do meu carro indo em direção a escola, ele estava lá e é claro David também deveria estar.

O portão havia sido trancado com enormes correntes, o prédio estava totalmente escuro, mas eu podia ouvir os rosnados do monstro dentro da escola, estava se divertindo com o medo dos outros. Desci do carro decidido a dar um fim a essa história, era hora de uma revanche.

— Parado! – Alguém estava um pouco além do meu campo de visão, estava não focado no alfa que havia me distraído para o restante. Um jovem entrou em campo de visão vindo do lado direito da rua, reconheci seu semblante imediatamente. Nesse país apenas os que vivem sob o código dos Leões das Oliveiras tinham tanta firmeza diante de uma ameaça como eu.

— Garoto não estou no clima para brincar de gato e rato com um caçador. – Apesar de não o perder de vista, não tinha tempo para começar uma luta. – Tem um monstro nessa escola e eu quero mata-lo.

— Eu sei, estava esperando para ver quando alguém do bando dele iria aparecer. – Em outra situação teria feito algum comentário irritado sobre todos que pensam que sou aliado desse monstro. Quando olhei para o garoto loiro apontando uma arma em minha direção deixei que meus olhos falassem por mim. – Você é um alfa?

— A menos que você vá atirar em mim agora tem pessoas presas naquele prédio que precisam de ajuda. – Ele me avaliou por um momento, seus olhos procurando qualquer sinal de mentira nos meus. Depois de alguns instantes ele abaixou a arma.

— Tudo bem, vou aceitar por enquanto que você não está com ele.

— Estou emocionado. – Ele não gostou da minha atitude ou pouco bons modos.

Não tinha como me livrar dele agora por isso aceitei sua ajuda, atravessamos o que parecia ser o pátio da escola, o alfa já havia desligado toda a força e quebrado duas janelas no prédio mais próximo. Podia senti-lo em um ponto mais afastado, havia duas pessoas com ele, a respiração pesada e acelerada indicava que estavam paralisadas de medo.

Não sabia como o caçador estava fazendo para me seguir no escuro, mas ele não perdeu meu rastro por nem um segundo. Quando o alfa estava no meu campo de visão o caçador se adiantou, o monstro já havia saltado contra duas garotas e o rapaz saltou em sincronia, devia ser um atleta. Sacou duas peças de madeira da cintura e acertou o lobisomem diretamente na cabeça desviando-o se sua rota.

Por sorte as garotas eram mais espertas do que pareciam e fugiram para dentro do prédio, provavelmente não tinham visto nada demais. Por outro lado, o alfa parecia apenas irritado com o ataque do caçador, seu rugido de desafio ecoou na noite e eu estava mais do que preparado para o desafio. Parti para cima dele meu sangue pulsando de excitação pelo combate, dois alfas sempre causam um show e tanto.

Ele partiu para a ofensiva, seus braços longos me acertaram com uma velocidade incrível, nem parecia o mesmo de alguns dias atrás. Quando bati contra a parede mais próxima senti a dor se espalhar por todos meus ossos, o gosto de sangue em meus lábios só me fazia querer lutar mais. Seu segundo ataque não foi tão bom, passei por seu ataque longo ficando poucos metros de distância, o chutei com toda a força com os dois pés dando um salto mortal e caindo em uma posição com apenas um joelho no chão e braços abertos rugindo em desafio.

O caçador entrou na luta, suas peças de madeira agora pareciam úmidas, o cheio que vinha de suas armas queimava e causava falta de ar, só uma coisa podia causar aquela sensação: Wolfsbane! Ele teve sucesso ao bater com as peças contra o alfa, mas ele revidou rapidamente derrubando o rapaz e fugindo para dentro do prédio perseguindo as garotas.

— Eu podia tê-lo vencido sem você ter que usar wolfsbane!

— Deixa de ser convencido! Você acertou um chute nele, não o atingiu com uma bazuca! – Não tinha tempo para isso, deixei o caçador para trás e escalei as paredes a procura do cheiro do alfa, com toda aquela wolfsbane não tinha condições de acompanhar um caçador. – Você vai me deixar para trás?!

— Achei que você tinha seus gravetos para te proteger. – Não fiquei para discutir quem iria pegar aquele alfa, era hora de pôr um fim nisso. Quando alcancei a janela do nível mais alto ouvi o caçador começar a conversar com alguém no celular, ótimo mais caçadores.

Para minha sorte o alfa não parecia querer fugir de mim, assim que entrei no corredor pude ouvi-lo uivando a plenos pulmões. Estava em um dos muitos corredores quando avistei o alfa, ele estava perseguindo David o wendigo e duas garotas, não entendi o que ele queira com isso. Quando o provoquei com meu rosnado ele voltou sua atenção para mim, ele parecia estar procurando pelo caçador.

— Somos só nós dois agora, me mostre o que sabe fazer!

David

Depois de imaginar que estava no pior dos meus pesadelos, preso em uma escola com um monstro que me fazia praticamente querer fugir gritando achei que não havia mais para onde aumentar meu pânico, até encontrar com Helen e Kelly. Apesar do seu golpe em minhas partes baixas terem me deixado com dores e um trauma para toda a vida, estava feliz em vê-la em muitas semanas, uma pena que as circunstâncias fossem aquelas.

Podia ouvir ou rosnados e os sons de luta nos corredores, sabia que os dois alfas estavam lutando. A parte boa era que um dos alfas era Henry, o que nos dava uma chance de fugir, a parte ruim era que eu não iria deixá-lo enfrentar aquele monstro sozinho.

— David! O que está acontecendo?! O que é aquela coisa que estava atrás da gente? – Queria responder a verdade para Helen, principalmente para ela, mas como iria lhe dizer que aquilo era um lobisomem alfa assassino?

— Eu não sei! Estamos presos aqui do mesmo jeito que vocês! Só sei que se aquela coisa nos pegar ele vai nos matar! – Eu vi em seus olhos que ela não acreditou em nada do que eu disse, Kelly não ajudava nem um pouco dando ordens histéricas para Jonny ir buscar seu celular.

— Controle-se mulher! Temos que sair desse lugar não procurar celulares! – A garota parecia nem estar ouvindo o que ele dizia, apenas andava de um lado para o outro resmungando.

— Aquela coisa parece que encontrou outro igual a ele, vamos usar isso para fugir! Enquanto estão distraídos podemos sair daqui! – Kelly parou de andar e começou a concordar imediatamente, Helen ainda me olhava com uma mistura de magoa e ressentimento e Jonny o único que entendia a situação como eu parecia preocupado com Henry.

Felizmente o plano deu certo, o alfa estava tão preocupado atacando Henry que não pode nos impedir de sair da escola, a parte ruim foi quando chegamos no portão.

— Eu vou voltar e garantir que ele não siga vocês! – Os três me olharam ao mesmo tempo completamente pasmos, Helen parecia à beira de um ataque de pânico.

— Não.... Não! Aquela coisa vai te matar! Nós já chegamos até aqui vamos conseguir chegar a cidade e pedir ajuda! – Ela procurou apoio em Jonny, mas ele apenas fez um aceno concordando comigo. – Não! David, não faça isso!

— Jonny, leve as duas para um lugar seguro e peça ajuda, se tudo der certo nos vemos mais tarde. – Helen ficou me encarando como se não pudesse acreditar no que estava vendo. Levou apenas alguns instantes para que eles pulassem o muro e desaparecessem.

Deixei que toda a frustação e raiva corressem por meu corpo, senti a força crescer em meus músculos enquanto mudava. Corri pela escola sentindo onde Henry estava, não foi difícil encontrá-lo. Além das janelas quebradas os dois alfas haviam levado a batalha para os fundos da escola, Henry travava uma luta de vida ou morte contra o monstruoso alfa. Infelizmente ele estava perdendo, havia grandes cortes em seu peito e rosto e todos os ferimentos escorriam com sangue escuro.

Assim que entrei e uivei o alfa se concentrou em mim, infelizmente essa parte do plano eu não tinha planejado. Ele passou por um Henry quase desmaiado e pulou em minha direção, saltei e rolei o mais distante possível. Ele me pegou no momento que pisei no chão, minha perna parecia um palito para ele, porque a quebrou com tanta facilidade que parecia não ser feita de nada mais resistente do que isopor.

A dor era intensa, obliterava todos os meus pensamentos e tirava todo o meu foco, num instante era nada mais que um saco de setenta quilos de adolescente frágil a ser despedaçado. Ele bateu sua pata pesado sobre meu feito fazendo sangue jorrar da minha boca e então ele não estava mais lá. Pelo canto do olho pude ver Jonny com os dentes cravados na lateral do monstro. O alfa sacudiu o corpo soltando o wendigo e se afastando.

— Ei você voltou...

— Eu não podia deixar você com todas as glórias! – Estava prestes a responder quando um clarão explodiu me deixando praticamente cego. Havia gritos por toda a parte, Henry surgiu de algum lugar me ajudando a ficar de pé e me fazendo correr para fora da escola.

— O que houve? – Já estávamos há quase dois quilômetros ao sul da escola, no meio de uma florestada.

— Os caçadores, eles chegaram. Se tivessem nos pegado seria o fim de todos nós. – Henry ainda estava totalmente detonado, mas ao menos estava vivo.

— Não fizemos nada demais! – Ele me olhou com uma mistura de piedade e raiva nos olhos duros.

— Eles não se importam. Vão matar seu alvo e qualquer outra criatura sobrenatural que virem, boa ou má.

— Pessoalmente eu prefiro evitar ser morto. – Jonny parecia bem, o alfa não teve tempo para fazer dele um saco de pancadas.

— Onde você deixou as garotas?

— Quando avistamos a primeira casa, deixei elas ligando para a polícia. Temos que aparecer logo, com certeza devem estar a nossa procura.

— É melhor irem, não digam nada a meu respeito. A polícia vai deduzir que foi algum ataque de animal, quando menos souberem melhor. Nos falamos em outra hora.

— Esse lance da lua cheia também funciona para um alfa? – A pergunta veio do nada, mas agora que tinha enfrentado o alfa frente-a-frente a questão havia surgido em minha cabeça. – Quero dizer, ele fica mais impulsivo e assassino na lua cheia?

— Mais rápido, forte se cura mais rápido. Ele deve querer usar essa vantagem para ganha-lo para o bando.

— E o que foi isso hoje?

— Um teste. Conheço esse alfa, ele não quer qualquer um em seu bando, ele procura certas qualidades para molda-las, e você as mostrou hoje. Ele agora vai querer você no bando de qualquer forma.

—--------------------Sneak Peak 1x08 - Liars-------------------------------

No próximo capítulo de Wolfpack... David tem que lidar com as consequências da noite na escola, Helen está com dúvidas se deve ou não confiar no rapaz e o confronta em busca da verdade, mas o que ela encontra apenas a faz questionar ainda mais o que ele esconde. Henry é atacado por caçadores que querem saber a localização do segundo alfa, Eddy e Max embarcam em uma investigação sobre estranhos desaparecimentos de partes de corpos por várias cidades próximas. Tudo isso no próximo capítulo!


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Notas finais do capítulo

Eai Wolfers!
Novamente passando para lembrar a todos de dar aquela comentada básica para ajudar e incentivar esse autor aqui! Agora adicionando a "Sneak Peak" do próximo episódio, e também pela primeira vez pedindo para recomendarem a fict para outros leitores que possam gostar!
A promoção que farei para essa fict vai acontecer na season finale, então fiquem atentos (os prêmios não vão desapontar os fãs da série).
Até o próximo capítulo!



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