Wolfpack escrita por Junior Dulcan


Capítulo 5
1x05 - Hunters


Notas iniciais do capítulo

Wolfers! Chegando mais um novo capítulo!
Obrigado a todos que mandaram mensagem inbox (mandem nos comentários T.T)
Pessoal que está fazendo tantas perguntas, gosto desse entusiasmos, mas eu não posso responder T.T se eu contar não vai ter surpresas!

Leitores fantasmas, se manifestem povo!

Apenas um lembrete que apesar dos personagens de Teen Wolf não me pertencerem, os personagens originais criados para esse conto sim! Então nada de sair usando eles por ai, é crime!



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Anteriormente em Wolfpack... Jonny tenta lidar com as mudanças que a mordida do lobisomem alpha causou, ele descobre que não é uma lobo e sim um wendigo, uma criatura que se alimenta de carne humana. Enquanto são perseguidos por caçadores e novamente pelo alpha, David e Jonny encontram Henry o misterioso lobisomem que havia invadido a casa de David.

Eddy

Tudo bem, quando me mudei para Nova Horizonte esperava que os problemas com lobisomens fossem acabar. Dois anos aqui e a vida tranquila sendo um atleta parecia ter acabado, não precisava de muita coisa para saber quando havia problemas com lobisomens na cidade. Alfas sempre tem as mesmas tendências ridículas de aterrorizar adolescentes e recrutar entre eles, uma questão boba de que quanto mais jovens mais fácil é o processo de transformação.

Quando o incidente na festa aconteceu eu já estava fora da reserva, tinha me cansado da bagunça e queria ter uma boa noite de sono, afinal havia prática de basquete no dia seguinte e como capitão eu devia transparecer energia e disposição. Não voltei a floresta durante o tumulto, mas precisou apenas alguns minutos de conversa com os que ficaram para saber que algo sobrenatural havia acontecido.

Quando peguei meu celular para ligar ao meu irmão naquela mesma noite, já sabia que tudo que havia construído naquela cidade estava prestes a acabar. Meus pais eram caçadores de lobisomens e outros monstros, estavam fora do país atendendo a um chamado de um amigo da família na Califórnia. Quando estavam fora geralmente eu e meu irmão cuidávamos um do outro.

Havíamos escolhido Nova Horizonte porque a cidade tinha o mais baixo índice de eventos estranhos, era bem distante dos conflitos envolvendo alcateias importantes e meus pais conseguiam trabalhar com mais tranquilidade. Eu não queria ser caçador, francamente era um trabalho com uma taxa de mortes muito alta para o meu gosto, apesar da minha falta de vontade recebi treinamento para o caso de precisar enfrentar algum monstro.

Qual o problema Eddy? – Meu irmão atendeu na primeira chamada, era bem característico da parte dele. Sempre atendia minhas ligações com a mesma pergunta, afinal dificilmente conversávamos de algo que não fosse problemas.

— Ataque de animal na reserva. Pela descrição, parecia ser um monstro grande e peludo. – Direto ao assunto como sempre, sem perguntas como foi seu dia ou como foi o treino.

O que te faz pensar que isso é trabalho? – Ele parecia entediado, havia o som do que parecia ser um telejornal ao fundo.

— Ele uiva e todos diziam que tinha olhos vermelhos. – Como se precisasse de muita coisa, já vi minha família gastar semanas em pistas menos detalhadas que isso.

— Estou a caminho. – Era sempre assim com Lucca, apenas negócios nunca conversas normais entre irmãos.

Quando desliguei o aparelho e fui para casa mais deprimido do que de costume, não era porque veria meu irmão em meses, mas porque sua visita significaria a chegada de mais caçadores. Outras pessoas teriam ignorado o problema, tentado fingir que não estavam vendo o que estava acontecendo e apenas quando o mesmo estivesse sem controle chamaria ajuda, mas conhecendo minha família, deixar um problema como esse sem aviso me renderia bem mais que um castigo regular.

O dia seguinte foi mais estranho. Estou na mesma turma que Jonny, o conheço há algum tempo e sei bem que ele disputa a vaga de capitão comigo a mais tempo do que seria normal. A disputa me fazia sempre querer uma superação da minha parte. Jonny era um atleta e tanto e um gato, se não fosse tão arrogante até seria interessante conhece-lo, hum, mais profundamente.

Ele estava muito pálido nas primeiras aulas, como alguém que não comia a dias. Alguns minutos depois dentro de quadra, ele não apenas estava com uma aparência incrível como jogava como nunca tinha feito antes. Eu até poderia ter aceitado que ele estava mais comprometido, mas David um dos nossos jogadores reservas estava tão fantástico quanto ele. O que eles haviam feito em jogo me deixou preocupado, talvez tivessem treinado em segredo e agora no começo da temporada mostravam o resultado.

Depois de ter dois titulares confirmados e todos os demais jogadores terem deixado a quadra fui falar com o treinador, ele estava guardando as bolas e parecia mais feliz que o normal. Ele geralmente era uma pessoa barulhenta e que gostava de dar discursos sobre como se fazia as coisas em sua juventude, gostava de como ele dirigia a equipe, era divertido tê-lo por perto.

— Treinador? – Ele voltou sua atenção para mim, ainda sorria enquanto esperava que eu continuasse. – Queria falar sobre o jogo de hoje.

— Também achou incrível?! Filho, com certeza o campeonato é nosso! Com Jonathan e David jogando daquela forma o time com certeza vai ser o favorito para a próxima temporada!

— Eu sei, mas o senhor não achou um pouco estranho? Eles não pareciam normais, até meio "bons demais". – Ele me olhou com uma expressão de que não estava entendendo até mudá-la para surpresa.

— O que? Você acha que eles estão trapaceando? Usando suplementos ou anabolizantes? – Por um momento até achei que o técnico gritaria comigo, mas ele pareceu ponderar.

— Isso pode ser averiguado, como capitão é claro que você tem que pensar no que é melhor para o time, se os rapazes estiverem sob o efeito de alguma droga é melhor sabermos antes da temporada começar. – Minhas suspeitas eram baseadas em sentimentos mais pessoais, como não querer perder o posto de capitão, mas iria aceitar de bom grado qualquer desculpa para analisar os jogadores e até suspendê-los.

Após forçar um comprimento para David nos vestiários e fingir não estar vendo Jonny, me concentrei na iminente visita do meu irmão, por um lado porque no vestiário havia muitos rapazes e eu não queria me distrair e pelo outro por estar ciente da chegada de um bando de caçadores na cidade.

Estava removendo o cadeado da minha bike quando escutei a voz de David próximo ao portão de saída, ele estava combinando de se encontrar com Helen na festa de Kelly, geralmente não sou do tipo Stalker, não tinha nada contra o rapaz, mas de alguma forma senti que era importante.

Estava apenas há algumas quadras de casa quando vi o ajuntamento de carros mais próximo, morava no setor norte da cidade, logo ao lado onde a cidade se encontrava com seu perímetro industrial. Minha casa ficava no final de uma rua sem saída e meus pais achavam o local um ponto estratégico para futuras ameaças. No momento parecia o ponto de encontro de carros grandes e escuros, me sentia recepcionando o serviço secreto.

Minha casa era uma construção ampla, feita na maior parte de concreto espesso e revestida de madeira no interior. Se erguia do lado de fora com a fachada branca e janelas grandes, conseguia ver o movimento das pessoas que tratavam o lugar como se fosse delas. O grande murro tinha quase dez centímetros de espessura e vigas de aço, feito para aguentar grandes impactos e manter ameaças do lado de fora.

Lucca estava na porta no momento que girei a chave, praticamente todos os olhos na casa viraram em minha direção quando abri a porta, com meu irmão segurando-a aberta antes que eu pudesse conseguir abri-la. Ele parecia o mesmo, alto e forte, cabelos negros e levemente encaracolados, rosto de queixo quadrado sem barba, o nariz era um pouco grande, mas se enquadrava bem no rosto, tinha costeletas bem-feitas, orelhas pequenas, os olhos claros como um dia de chuva em geral fechavam sua expressão séria, mas ele parecia mais relaxado no momento. Os lábios quase nunca mostravam sinais de humor, mas podia ver o sorriso de dentes brancos se formando, senti certo desconforto, meu irmão não mostrava tão bom humor com facilidade.

— Como vai Eddy? Estava começando a pensar que teria que lhe buscar na escola. – Ali estava, o humor. Conhecia bem meu irmão, vê-lo de bom humor nunca era um bom sinal. Suas roupas também pareciam não ter mudado: calça jeans azul, coturnos, camisa branca e uma jaqueta preta, como se ele nunca tivesse saído de casa.

— Bem eu acho, porque todas essas pessoas estão aqui? – Estava me sentindo um estranho na minha própria casa, com tantas pessoas que pareciam achar que couro e preto eram a única vestimenta que existia, me sentia um personagem saído de um cartoon usando outras cores.

— Recebi uma ligação de um amigo, ele me disse que havia rumores de um alpha poderoso por aqui. Não dava para arriscar, por isso convoquei uma guarda para lidar com a situação. – Ele fez um gesto indicando as pessoas que sinceramente não precisavam serem apresentadas, pareciam até em suas próprias casas, tinha um cara com os pés sujos na minha poltrona.

— Nunca vi você juntar tantas pessoas por causa de um alpha antes. Nossos pais não deveriam lidar com esse tipo de situação? – Estava parado na porta pelo que me pareceu mais tempo do que seria normal, Lucca também pareceu notar, seu sorriso desapareceu dando lugar a uma expressão de indagação.

— Você não vai entrar?

— Não estou certo se quero entrar numa casa cheia de doidos que caçam feras magicas. – Todos me olharam novamente, não iria retirar o que tinha dito, se eles podiam tratar minha casa como quisessem era meu direito falar o que pensava sobre suas jornadas pela caça do lobo mau. – O que foi? Eu disse alguma mentira?

— Por favor Eduard, não vamos começar de novo. – Lucca mal havia terminado de falar quando um grandalhão se aproximou, parecia uma versão MMA de um motoqueiro, ele era tão alto quanto eu, porém podia ver os músculos rígidos sob a jaqueta de aviador.

— Seu irmão frouxo tem algum problema com caçar monstros? Achei que as pessoas da sua família eram treinadas para isso, mas é claro que sempre tem alguém diferente não é mesmo? – Ele sublinhou as palavras para me provocar. Todos agora prestavam atenção em nossa pequena comoção, meu irmão colocou uma das mãos nos olhos num gesto exasperado.

— Gustavi não o provoque, Eduard já conversamos várias vezes, você sabe que não é assim que recebemos aqueles que nos ajudam.

— Tudo bem Luke, toda família tem suas falhas. – Nunca fui grande fã de indiretas e aquela já era a segunda que ele havia feito, não haveria espaço para uma terceira. Ele parecia ver isso no meu rosto porque sorriu fazendo um gesto para me aproximar.

O primeiro golpe foi meu, o soco passou centímetros do rosto do motoqueiro, ele desviou pegando meu braço estendido virando o corpo e me lançou por cima dele. Nenhuma novidade, antes que ele pudesse completar o golpe já havia passado minhas pernas em volta do braço dele e invertido o lançamento o jogando com força no meio da sala de visitas.

— Ah cara! Isso não vai acabar bem! – Mal consegui ouvir a voz de Lucca, havia assobios de incentivo das pessoas a volta e até pude ouvir apostadores entre eles.

Gustavi ficou de pé rapidamente massageando o braço dolorido, me mantive a distância porque não iria atacá-lo no chão, isso seria covardia. Nos medimos por um instante antes de partirmos para um segundo round, evitei a maior parte dos golpes, ele tinha a vantagem da força, por isso seria idiotice competir contra ele nesse aspecto. Dois socos seguidos e um gancho, ele usava sequências parecidas com as que havia visto no boxe, contanto que não o deixasse tirar vantagem do tamanho ficaria bem. Ele segurou minha camisa, bloqueie o soco, mas ele me empurrou ganhando vantagem, o punho fez contato com o lado direito do meu rosto, seguido de um gancho forte.

— Vamos lá loirinho, está ficando interessante! – No chão impulsionei meu corpo em um movimento rápido ficando de pé novamente, mas não tirava os olhos do adversário, seu soco inicial era forte, mas ele não tinha ritmo, o gancho não teve nem metade da força do primeiro golpe. Ele veio novamente, dois passos contados, punhos erguidos na altura do rosto, postura curvada, um clássico do estilo de luta de rua. Muito aprimorado, mas ele não parecia ter feito aulas para ganhar os detalhes que apenas um mestre pode ensinar.

Desta vez mantive uma postura relaxada, como alguém que não sabe o que está fazendo, aberturas fáceis e visíveis até para um amador como ele. Ele sorriu convencido de que a luta já estava ganha, seus socos agora estavam mais amplos e menos focados, ele possuía uma leve hesitação no braço direito, provavelmente o havia quebrado em uma ocasião passada. Isso explicava a perca de potência, desviei dos dois primeiros e o deixei acertar os próximos. No quarto soco seguido e a dor extrema no peito, pescoço e rosto já via claramente o resultado, ele era do tipo exibicionista, tinha certeza de que ele iria querer fazer "voos mais altos" agora que a luta parecia certa.

— Hora de dormir e deixar os adultos trabalharem! – Ele fez um giro, usando a perna direita para me acertar no peito. Era o que esperava, quando me abaixei e girei meu corpo em um golpe baixo circular vi seu rosto surpreso. Quando ele caiu de costas em cima da minha mesa baixa vários estilhaços voaram pelo lugar.

— Ele é muito bom. – Alguém estava falando as minhas costas, mas não me virei para olhar, meu oponente ainda estava consciente. Gustavi estava de pé novamente, sua raiva bem visível, era hora da fase dois.

— Nada mal para um loirinho frouxo não é mesmo? – Ele era do tipo que perdia a calma facilmente, veio para cima com a guarda aberta. Seu soco foi fácil de desviar, assim como acertar um golpe lateral em sua garganta. Sua expressão surpresa e de quem acabou de descobrir que não conseguia respirar não pode ser muito apreciada por que assim que seus joelhos bateram no chão o golpe que realizei com o punho aberto direto em seu nariz o fez cair de costas inconsciente e sangrando.

— Alguém mais tem algum problema com o loirinho aqui? – Apesar da evidente destruição ninguém parecia querer continuar a luta do motoqueiro caído.

— Tudo bem pessoal, alguém pegue o Gustavi e veja se ele não vai precisar ir ao hospital. – Algumas pessoas rapidamente agarraram o grandalhão e o levaram, estava feliz por que tive alguém para aliviar minha tensão do dia. – Isso era mesmo necessário?

— Você quem trouxe "os garotos perdidos" não tenho culpa que eles são estúpidos. – Lucca me seguiu até o banheiro, estava lavando meu rosto que agora ostentava um inchaço no lado inferior esquerdo do meu lábio e outro logo abaixo do olho direito. – Quando te falei sobre a possível ameaça não pedi para que convidasse todos os caçadores da região. Você nem confirmou do que se trata, desde quando sai juntando tantas pessoas por um boato?

— Primeiro porque você não iria me acompanhar se te chamasse, depois isso não foi minha ideia. Nosso pai acha que sendo aqui talvez segurança extra não fosse ser um problema. – Claro que isso era a cara do nosso pai, achar que éramos totalmente indefesos.

— Essa quantidade de caçadores na reserva não vai chamar muita atenção? Muitos desses caras atiram antes de perguntar. Muitos são assassinos piores que as feras que vocês costumam caçar, acha mesmo que é uma boa ideia trazê-los? – Sabia que não tinha argumento válido contra minhas palavras, meu irmão também sabia, isso com certeza iria acabar mal.

— Quanto a isso não posso fazer nada, só espero que não tenha betas recém-criados, não gosto de atirar em quem não sabe o que está acontecendo. – Lucca saiu em seguida indo organizar como agiriam a noite, eu tinha uma festa para ir, mas com esses hematomas talvez fosse melhor tirar a noite de folga.

— Você fica sexy com essas cicatrizes. – Olhei em direção ao reflexo da pessoa no espelho, era um adolescente bonito e de alguma forma familiar. – Não me diga que nunca me notou na escola?

Virei para encarar o estranho, ele era certamente mais bonito do que minha primeira impressão. Devia ter a minha altura, a pele de um tom caramelo, rosto de queixo pequeno, lábios cheios e levemente vermelhos, um sorriso maldoso de tirar o fôlego, dentes brancos e convidativos, nariz proporcional ao rosto, olhos repuxados nas pontas e atentos a cada reação que eu tinha, sua íris castanha era perfeita para ele combinando com o resto, sobrancelhas bem marcadas. Era o único além de mim a não usar roupas de motoqueiro, estava apenas com uma camisa azul sem estampa, calça jeans preta e tênis.

— Estou aprovado? – Ele sentiu minha avaliação e parecia se divertir com isso, não tinha certeza se estava envergonhado ou lisonjeado.

— Tenho certeza de que nunca o vi na escola, teria me lembrado com certeza. – Levei um instante antes de prosseguir: – E sim está aprovado.

— Bem observado. Estava apenas testando suas outras habilidades, belos golpes que você demonstrou. Quando seu irmão disse que você não era caçador achei que você fosse, hum, mais despreparado. – O rapaz sorriu esperando que eu dissesse alguma coisa, não tinha certeza se deveria ou não falar. – Aliás, meu nome é Max. Max Taurus.

— Como a arma?

— É mais uma marca, meus pais acham o sobrenome criativo.

— Então você é o "Melhor Touro"? – Não pude deixar de sorrir, ele seguiu minha deixa para continuar.

— Ou "Maior", eu meio que gosto. Passa a mensagem certa entende, sobre "o melhor e o maior". – Fiquei um pouco constrangido com o comentário, é claro que havia um duplo sentido naquela frase, mas para não parecer afobado e necessitado preferi ignorar a ambiguidade.

— Me chamo Eduard, mas pode me chamar de Eddy.

Passei uma boa parte da tarde conversando com Max, ele era diferente da maioria dos caçadores que já tinha conhecido, principalmente por ser muito jovem, tinha apenas dezessete anos e por ser o único ali que não parecia um caso perdido. Quando a noite caiu e todos se preparavam para sair, ele se afastou e começou a cuidar de suas armas. Normalmente eu não ligava para as caçadas, mas não queria que algo de mal acontecesse agora a duas pessoas. Não era insensível, tinha certa preocupação com os outros caçadores, mas era difícil me importar com os outros como me importava com Max.

Subi para meu quarto e peguei minhas tonfas de madeira, eram muito resistentes e pessoalmente favoreciam meu estilo de combate. Tinha uma arma para ocasiões de emergência, é claro se a polícia descobrisse eu e meus pais estaríamos com sérios problemas. Era uma coincidência feliz que a arma que agora estava bem guardada na minha cintura fosse uma PT 938 Taurus, sabia que Max iria notá-la no momento que a visse.

Quando desci com as tonfas presas ao cinto que tinha especialmente para isso tive o prazer de ver a surpresa no rosto do meu irmão. Max sorriu à alguns passos atrás fazendo em seguida um gesto de apreciação com os polegares.

— Você vai com a gente? Nunca te vi indo em uma caçada porque quis. – Ele acompanhou meu olhar até Max e fez um som exasperado. – Era isso?! Se eu soubesse que trazer um cara bonito te faria ser mais prestativo, já teria feito isso antes!

— Provavelmente teria dado certo! – Passei por meu irmão indo até Max, ele me passou um colete a prova de balas e me ofereceu uma arma.

— Já tenho a minha. – Ele deu um grande sorriso ao ver minha taurus. Já estávamos próximos a entrada leste da reserva quando me dei conta que estava mesmo em uma caçada.

A maior parte dos caçadores ficou com a ala sul e norte, infelizmente Max foi com eles me deixando com meu irmão rabugento. Não demorou mais do que uma hora para que os primeiros tiros pudessem ser ouvidos, disparei entre as árvores com meu grupo. Sabia as rotas e havia estudado os locais onde as equipes tinham implantado armadilhas. Lucca estava quase ombro a ombro comigo, apesar de estar segurando minha taurus ficaria mais confortável usando apenas as tonfas.

Tínhamos combinado usar comunicadores, assim que chamei no rádio a voz de Max respondeu: – Não é uma boa hora Eddy!

— O que está acontecendo?!

— O alpha apareceu, ele é bem forte e rápido, parece que tem outros com ele tenham cuidado! Perdemos um dos nossos!

Mantenham posição estaremos ai em cinco minutos! – Lucca usou seu transmissor para responder, Max respondeu apenas um breve "Tudo bem" era óbvio que ele não achava que iriam durar tanto tempo. Correr pela floresta evitando armadilhas era um processo chato, se pudéssemos usar uma rota limpa levaríamos menos tempo.

Havia muitos gritos e tiros, o alpha parecia ser forte e mesmo um grupo grande não conseguia contê-lo. Quando finalmente estávamos perto o bastante para seguir apenas os sons o rastro da morte era evidente, muitos dos caçadores haviam sido mortos. Lucca passou por mim indo verificar os corpos, mais três do nosso grupo partiram para uma clareira logo a frente.

Uma comoção seguida de rosnados a frete indicou a posição do alpha, atacando nosso grupo. Lucca posicionou a arma indo para o local com cuidado, ele fez sinal para que eu desse a volta pelo lado leste. Mesmo de longe consegui ver a besta no cetro da clareira desafiando alguém a se aproximar, não havia mais sinal do restante do nosso grupo. A folhagem seca estalou sob meus pés, o monstro virou-se na minha direção e começou a correr, ouvi o grito do meu irmão seguido de disparos.

— Droga! – O alpha mudou de direção, meu irmão disparou: uma, duas, três, quatro vezes e a fera nem sequer vacilou. O monstro o acertou com força, ele bateu em uma árvore e ficou caído aparentemente desacordado, o alpha não parou iria rasgá-lo ao meio. O tiro seguinte foi preciso, Max estava ali, sujo e sangrando, mas pelo menos vivo. Ele havia atirado ao mesmo tempo que eu, havia agora dois buracos na pata erguida do lobisomem e isso o fez recuar.

— Belo tiro! E agora? – O monstro já estava se curando e parecia mais furioso do que nunca.

— Agora nós corremos! – Correr de um lobo mostro gigante no meio da floresta a noite não era minha ideia de primeiro encontro ideal, mas era o que tinha para hoje, então não havia muito o que fazer a não ser repensar em como tomo as decisões da minha vida. – Sabe! Da próxima vez pode apenas me levar para jantar, um encontro normal. O que acha?

Apesar de estarmos correndo de um lobisomem homicida ainda havia humor em mim o bastante para rir nervosamente daquela piada. Estava admirado que ele conseguisse conversar correndo daquela maneira.

— Concordo totalmente! – Estávamos quase no limite da floresta quando paramos, o alpha poderia ter nos alcançado a qualquer momento, mas isso não aconteceu. – Onde ele foi? Achei que estava nos seguindo, não?

— Ele deve ter percebido os reforços... – Paramos para recuperar o fôlego, tinha esquecido do meu irmão até me lembrar que ele tinha ficado no meio da clareira a mercê de um alpha bem raivoso.

— Temos que procurar meu irmão... – Meu transmissor tocou antes que pudesse concluir minha frase. Quando atendi a voz de Lucca veio como uma onda de alívio no meu corpo.

Eddy?! Você está legal? Ai! Droga, acho que fraturei minha costela.

Estou bem, Max está comigo. Pensamos que o alpha nos seguiria, mas ele se mandou.

— Tudo bem, vamos nos reunir. Temos que limpar esse lugar antes que a polícia chegue.

Os reforços acabaram limpando tudo, quando cheguei em casa no meio da madrugada amparando um Lucca ferido e ajudando tantos outros, pensei em como era ruim ser um caçador. Já estava amanhecendo quando o restante dos caçadores chegaram, tínhamos perdidos oito homens. Nunca haviam enfrentado um alpha tão forte antes e todos estavam pasmos em como foram facilmente dominados.

— Era como se ele conhecesse nossos movimentos e estratégias, parecia mais que ele era o caçador e não nós. – Tinha que concordar com os outros caçadores, nunca havia ouvido falar de um alpha igual aquele.

— Temos que falar com outros caçadores conseguir reforços antes que esse alpha faça novos betas, nem quero pensar no tipo de beta que essa coisa pode gerar. Talvez devêssemos pedir ajuda aos Calaveras, estão mais próximos. – Lucca apenas acenava aceitando cada novo comentário dos outros caçadores, não conhecia muito bem os caçadores do México, mas conhecia a reputação que eles tinham.

— Vamos descansar e nos reorganizar. Depois pensaremos no que fazer, tenho que fazer algumas ligações. – O tom do meu irmão apesar de calmo deixou claro que estava encerando a discussão, incrivelmente todos aceitaram e foram procurar com o que se entreter.

Já passava das nove da manhã quando liguei a TV, não iria mesmo à escola e talvez assistir desviasse a minha atenção. O jornal estava anunciando um furto de corpos do cemitério, levei um instante para perceber que era do cemitério local de que estavam falando. Aumentei o volume e rapidamente a TV se tornou o centro das atenções...

— ...ainda não se sabe como, mas cerca de quatro corpos do Cemitério dos Anjos, localizado em Nova Horizonte foram roubados na noite de ontem. Todos os corpos eram de pessoas recém falecidas, também foi declarado pelo Hospital Regional de Nova Horizonte que o corpo de Marcus Oliveira falecido a menos de um dia que se encontrava na autopsia e o de mais quatro indigentes desapareceram. A polícia ainda não tem pistas de quem estaria por trás desses estranhos desaparecimentos de corpos, mas pede para que qualquer pessoa que possa os levar até o culpado se apresente a regional mais próxima ou ligue no plantão vinte e quatro horas.

O silêncio durou alguns instantes, não sabia o que dizer. Meu irmão parecia alguém que tinha esquecido como usar a voz, a apresentadora continuou falando sobre casos hediondos no país, mas ninguém mais escutava a TV, todos tentavam absorver o que estava acontecendo. Conhecia um pouco da mitologia dos monstros, sabia que existia uma criatura que comia carne humana, só não queria acreditar que uma estivesse na cidade.


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Notas finais do capítulo

Eai Wolfers! o/
Desculpe pelo capítulo picado essa semana, tive que me organizar com novos horários de trabalho!
Então finalmente fechamos essa etapa dos eventos da reserva (eu não apostaria nisso), conhecemos um pouco do Eddy e de como ele se envolveu nisso tudo.
Na próxima semana teremos vamos voltar para o casal Davelen (David e Helene) que estavam meio sumidos esses dias!

Pessoal que estiver gostando comente por favor (Estou falando com vcs 15 seguidores fantasmas), a opinião de vcs é muito importante para saber onde estou acertando e errando!

Um salve especial para Kohau (Robson) e Starkiller (Bernard) que sempre comentam!

Até a próxima semana!



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