O Rebelde escrita por Sereia Literária


Capítulo 17
Conor


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora de postar! Quando tentei a primeira vez, o site estava fechado para ´reforma`, e depois não tive mais tempo!

Obrigada pelos comentários Eleanor Liesel Grey e Thais 2131!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631765/chapter/17

Um tiro. Um grito.

Dor, sofrimento, angústia... Mas acima de tudo,

MEDO.

Cortes, sangue. Mais e mais medo.

FUGA.

Esgoto, vômito. Mas sempre com medo.

Escadas. Neblina. Frio. Esperança rápida que logo se dissipou. A única saída seria uma

FLORESTA.

Árvores. Galhos. Mais cortes. Lama, terra, e um perturbador e mortífero

SILÊNCIO.

Som de águas distantes. Nojo de meu estado. Mais medo, angústia. A cada som, um suspiro que poderia ser o último.

PASSOS, VOZES.

O rio turbulento, feroz e voraz passa a ser a melhor escolha.

Pedras cortam, rasgam e ferem. Águas nos olhos, ouvidos, boca...

PULMÕES.

Gritos distantes. Passos se afastando. Não me seguiram.

Mãos geladas e volúveis afundam.

UMA PEDRA. VIDA SE ESVAÍNDO.

Um corpo contra o meu. Forte, determinado.

Arrastada para as margens, mas mesmo assim

NÃO HÁ AR.

Um movimento rápido. Tecido rasgando.

Olhos se abrindo. Engasgando e chorando. Vomitando.

Um par de pedras douradas pairando sobre mim, que logo foram embora e se recostaram em uma árvore.

CONOR.

De repente, a visão é outra.

Um susto, um aviso. Olhares. Dores. Uma ideia;

SUICÍDIO.

Um penhasco. Um porém.

Olhos acolhedores e preocupados. Olhos dourados com o sol.

CONOR.

Algo crescendo. Uma sensação, uma emoção.

PAIXÃO.

Um sorriso, um toque de mãos. Um beijo.

CONOR.

Encontros secretos, momentos mágicos...

Descobertos, postos em risco...

TENSÃO.

O medo me encontrara novamente.

Minha família. Um sonho, uma pergunta, e enquanto um lado de mim murmurava pelos meus entes queridos, o outro apenas berrava o nome dele:

CONOR.

Brigas cortantes, sentimentos a flor da pele.

CORRENDO.

David. Um soco, um grito rouco pelo nome dele:

CONOR!

Fúria, ira. Tudo isso desabou com o amor. David morre,

AFOGADO.

Juras de amor, felicidade e fidelidade. Uma ideia, uma nova vida. Uma resposta. Uma alegria.

CONOR.

Um último dia, uma nova vida. Surpresas e respostas. Um pedido a mais, um

ANEL.

Alegria. Beijos, abraços. Lágrimas cintilantes de sonhos para o futuro.

A floresta que agora adentravam não era mais sinônima de medo ou desespero, e sim de

RECOMEÇO.

Então, som de passos, gritos. Uivos.

Mais rápido. Um tiro, um grito, uma lágrima... Um último pensamento:

CONOR...

Abri os olhos e sentei de supetão na macia cama. O coração batia a mil por hora, lágrimas embaçavam minha visão. Meus cabelos estavam molhados por elas também. Eu soluçava e chorava descontroladamente.

–Conor... Meu amor...- sussurrei em meio a escuridão de meu quarto, levando as mãos ao coração e me balançando para frente e para trás como uma criança.

Ergui os olhos lacrimosos para o dossel de minha cama, e depois para a sacada.

Fazia três dias que eu tinha esse mesmo sonho. Eram imagens claras e iluminadas, porém pouco nítidas. Tudo passava rápido, porém de maneira nostálgica. Era como se eu revivesse cada um daqueles momentos. Os bons e os ruins.

Levantei-me e fui para a sacada. Esse sonho me veio pela primeira vez na noite do baile...

Olhei mais uma vez a lista de opções que me deram e sustentei meu olhar. Estava na frente e no meio de uma meia lua organizada de parlamentares, diplomatas e o rei, mas nem olhei para eles.

Sabia que o que eu dissesse em público eles não poderiam mudar. Não sem expor a rede de mentiras e corrupções que eles encobriam com cetins, veludos, peles e joias.

Sorri e olhei para a plateia, que se mantinha ansiosa para descobrir quem seria seu futuro rei. Lá no fundo do salão, encontrei Natan.

Ninguém tinha como me impedir. Se me matassem por isso, há! Não teriam noção do favor que me estariam prestando.

Suspirei, e apesar do sorriso, eu estava prestes a chorar.

–Boa noite, Ileia. É uma grande honra receber tão nobres homens e mulheres neste salão esta noite, e tenho o prazer de lhes informar que meu noivo...

Virei o rosto discretamente na direção de um grupo de parlamentares, dentre os quais pelo o menos cinco estavam na rede de sujeira posta debaixo do tapete.

–Não é nenhum deles.

Houve um ´Oh...` generalizado pelo saguão, mas logo retomei, antes que me tirassem a palavra.

–Peço apenas, meus nobres, que não se ofendam, pois não acho justo que apesar de a Seleção ter... Fracassado, o povo não tenha como rei um Homem do povo, que sabe como é estar em seu lugar e que por via disso saberá me ajudar a governar como um reflexo de suas origens. Então, senhoras e senhores, anuncio esta noite que meu noivo é o senhor...

Ergui minha taça intocada de champagne.

–Natan Bonenberger, de Angeles!

Eu poderia reaprender a amar Natan. Não como a Conor, mas poderia. E mais importante, sabia que ele me amaria e que não estava envolvido nessa teia de mentiras na qual queriam me envolver.

Me lembro que o povo adorou. Mas quanto aos nobres... A repercussão não foi nada agradável. Naquela mesma noite um dos ministros me puxou para um canto e me ameaçou, dizendo que se eu continuasse com essas gracinhas e besteiras de crianças quando subisse ao poder eu poderia perder tudo.

Mal sabia ele que eu já havia perdido tudo.

Agora o coração me culpava. Queria poder voltar no tempo. Não por me arrepender de ter escolhido Natan, mas de me arrepender de não ter fugido com Conor antes. Queria voltar ao nosso primeiro beijo, segurá-lo e olhar em seus olhos. Ajoelhar-me e suplicar que fugíssemos naquele instante.

Ele não estaria morto, mas eu sim. Estaria morta aos olhos do mundo, mas viva como nunca ao lado dele.

Um sorriso pesaroso invadiu meus lábios ao pensar na família que poderíamos ter tido... Como eles seriam?

Um menininho sapeca de cabelos negros e olhos azulados, como os da avó. A pele morena como a do pai. Uma garotinha de cabelos louros e cacheados, com olhos cintilantes como o sol e um coração enorme...

De repente, uma leve garoa começou a cair, molhando-me lentamente enquanto eu voltava para o quarto. Fechei a sacada e a tranquei logo depois cerrando as cortinas em movimentos secos e precisos, mordendo os lábios para não chorar enquanto secava os olhos com o dorso da mão.

O casamento seria em quatro dias.

Eu estava de costas para a sacada quando ouvi o som da maçaneta ornamentada girando, e senti meu coração gelar. Com menos medo de descobrir do que se tratava do que de morrer sem saber, fui caminhando silenciosamente pelo chão gelado de marfim, pisando com a ponta dos pés e somente depois com o calcanhar.

Em um súbito de coragem, escancarei as duas cortinas ao mesmo tempo. Meu coração deu um salto. Levei uma mão à boca para abafar a surpresa e segurar o grito e o choro que se aproximavam enquanto com a outra eu destrancava e abria a porta freneticamente. Uma lufada de vento, um suspiro.

–CONOR!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, sei que muitos estavam a espera da volta no nosso Conor - até eu! Meus dedos coçavam para digitar!!!
Tem mais gente, tem mais! E lembrem-se:
REVIRAVOLTAS! ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Rebelde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.