O Rebelde escrita por Sereia Literária


Capítulo 16
Baile de Máscaras


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários Gabi Jackosn, Thais 2131 e Eleanor Liesel Grey!



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–Boa noite Iléia!- diz Gavril, um sorriso de orelha a orelha enquanto a câmera dá um close em seu rosto. Atrás dele, percebe-se a entrada do palácio, a rotatória coberta por grama verde e bem cuidada, com lindas flores e uma grandiosa fonte no centro. Filas e mais filas de carros ornamentais se aproximavam, despejando diplomatas, políticos e nobres dos mais diversos cantos do mundo no palácio real.

–Esta noite estamos comemorando mais um dia desde a volta de nossa querida Princesa Katherine, e, mais ainda que isso! Estamos comemorando, pois esta noite ela escolherá um destes nobres homens para ser seu futuro marido e, claro, nosso futuro rei!

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´Somos Humanos por que observamos as estrelas, ou observamos as estrelas por que somos Humanos?`

Será que ele estava lá, me olhando de volta, e sofrendo comigo? Será que isso era possível? Será que estava bem ao meu lado?

Eu não sabia. Não tinha a resposta para nenhuma destas perguntas... Mas agora, enquanto eu observava as estrelas apoiada no parapeito de meu quarto, sentindo o frio da noite enchendo meus pulmões, eu tinha uma mínima sensação de paz. Uma paz triste e solitária, nostálgica e melancólica, mas ainda assim era paz.

–Ah Conor... – murmurei, envolvendo-me com meus próprios braços, enquanto a pálida lua lançava-me seus braços prateados e parecia me acolher em um abraço quase materno.

–Alteza, o Rei aguarda sua entrada em dez minutos- disse Lily, surgindo atrás de mim.

–É o que deve ser feito.

–Sim, Alteza.

Me virei para ela e Lily conferiu minha aparência, dando uma ajeitada nos cachos, retocando um pouco do batom e reafirmando que eu estava linda. Ela me ajudou a calçar minhas luvas e me levou ao espelho.

–Majestade, está belíssima!

Suspirei.

–Por fora sim, Lily. Estou mesmo. Mas por dentro, sinto como se um furacão me houvesse abalado, e roubado de mim toda a alegria e sonhos... Sinto como se... Como se não fosse mais eu.

Ela tocou meu ombro.

–Uma nova fase de sua vida começa hoje, Alteza. Hoje você pode encontrar o seu amor, um motivo que poderá lhe fazer sorrir novamente. E depois, quando vocês constituírem uma família...- ela parou de falar e me olhou pelo espelho com um olhar triste, mas não foi em Lily que reparei.

Alguém me encarava de volta enquanto eu estava na frente do espelho.

Ela era relativamente alta, tinha a pele clara e era bem mais magra do que como eu havia me acostumado. Usava um vestido salmão ornamental, com uma saia lisa e solta e um corpete drapeado com decote estilo coração com detalhes em prateado e chumbo. Os cabelos louros relativamente soltos realçavam os olhos maquiados a perfeição e a coroa delicada - porém imponente – e tudo isso deixava bem claro qual era seu grau de nobreza, de sua estirpe.

–Apenas... Sorria Alteza. Meu maior desejo é vê-la feliz novamente.

Olhei na direção de Lily e a abracei.

–Eu também... Porém temo que isso seja impossível depois do que eu vivi.

–Lhe fizeram tão mal assim?

Sorri de maneira triste.

–Não, minha amiga. Muito pelo contrário; experimentei tamanha dose de felicidade que não sei dizer se conseguirei fazê-lo novamente... Sem...

–Conor.

Olhei-a com espanto.

–A senhorita chama o nome dele enquanto dorme, Alteza. Sinto muito, não pude deixar de ouvir.

Então, Danny bateu brevemente na porta antes de entrar.

–Com licença, senhoritas. Estão um pouco atrasadas.

–Sinto muito- disse, dando mais uma olhada para Lily e depois indo na direção de Danny, que me estendeu a mão com cortesia. Porém antes de eu sair do quarto, me virei para ela.

–Pode tirar o resto da noite de folga, minha amiga. Descanse. Ou, se preferir, pode escolher qualquer vestido meu e usar no baile. Faça desta noite, na qual eu deveria sorrir, a sua noite de sorrisos.

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–Recebam agora, sua Alteza, Katherine Calix Schreave Singer, princesa e herdeira legítima do trono de Iléia.

Ao anunciarem isso, me coloquei em frente a escadaria e sorri da melhor maneira que pude – mesmo sabendo que isso não era o suficiente.

Lá debaixo, todos aplaudiam e sorriam para mim enquanto eu ia descendo os degraus de marfim cobertos por um carpete vermelho. Ao meu lado, descia Danny, que foi anunciado como ´Lorde Danniel Leger, Chefe da Guarda Real`. Eu usava seu braço como apoio, e ele sorria com seus lindos dentes brancos assim como eu, a diferença era que seus olhos brilhavam, enquanto os meus pareciam sem vida, como os de uma boneca de porcelana.

No pé da escada, fui recebida por meu pai e acompanhei-o até os tronos – e meu coração ficou apertado ao constatar que um dos três tronos estava vazio.

Depois disso, seguiram-se vários sorrisos, apertos de mão e reverências que agora eu percebia serem nada mais do que falsos e interesseiros.

Vários foram os que me cumprimentaram. Praticamente todos os mais moços estavam lá para serem escolhidos. Afinal, que oportunidade! Pensem comigo: quem eu escolhesse iria ganhar um reino, com muitas terras e boa economia, um território estratégico... E nem era um requisito que meu noivo fosse herdeiro de seu país, ou seja, ele poderia ganhar um poder ao qual não teria acesso de mais nenhuma maneira. Era como se todos usassem máscaras de sorrisos, cordialidades e gentileza, quando na verdade queriam algo mais do que isso – seja dinheiro, cargos políticos, alianças fortes, minha mão em casamento ou até mesmo o fim de nossa Iléia.

Depois de tudo isso, chegou a hora das valsas. Meu pai me guiou e dançamos por um breve momento.

–Querida, quero que saiba que está me deixando orgulhoso- disse ele ao meu ouvido.

Logo depois, a pista estava liberada para a dança dos demais, e logo um moço de uns vinte anos pediu a dança, e meu pai aceitou e me lançou um sorriso encorajador enquanto se retirava do centro do amplo salão.

–Bom noite, Princesa. Sou duque de Aulemuhur, Calleb.

–Boa noite Calleb, é um prazer – disse, forçando um sorriso.

–Sinto muito pelo o que a senhorita passou.

–Não sinta. Foi uma oportunidade única...

–Imagino que sim, Alteza - respondeu ele, querendo ser cordial, mas sem conseguir disfarçar a confusão que minha palavras lhe causaram.

Dancei com vários outros cavalheiros naquela noite. Uns mais que outros, claro. Mas todos eram afáveis e ´interessados` em meu bem estar, e, depois de algumas horas, eu já estava farta. Estava me sentindo uma traidora, dançando com outros homens que não meu querido Conor.

Pedi licença ao Príncipe de Alhncar, e me retirei, indo em direção aos jardins. Fiquei lá apenas pensando, sabendo que teria de escolher algum deles, e que deveria começar a pensar.

Sentei-me no banco de granito gelado, pousei as mãos no colo e fitei novamente a lua.

–Conor... Meu querido Conor...- murmurei, fechando os olhos e levando as mãos ao meu coração.

–Sinto muito, meu amor...

Então, senti que uma mão grande tocou com delicadeza meus ombros, e me virei de maneira lenta na direção dos olhos azuis de Danny. Ele me fitava com dúvida, dor e pena, mas logo mudou seu olhar e disse:

–Tenho uma surpresa para você... Eu e seu pai temos.

E ele me conduziu de volta ao salão, mas para uma parte um pouco mais isolada, onde encontrei alguém que eu vira várias vezes durante um curto período – alguém de quem eu gostava tanto que havia chegado a pensar que era meu amor verdadeiro.

Ele abriu os braços e eu o abracei.

–Natan, é tão bom vê-lo!

–Eu digo o mesmo! Fiquei tão, tão preocupado com você!- disse ele, e segurou meu rosto entre as suas mãos. Mas seus olhos verdes logo deixaram de estampar alegria quando se depararam com os meus. Ele segurou meu pescoço com delicadeza, e perguntou com cuidado:

–O que houve com você?

–Perdi tudo...

–Eles a...?

–Não, de maneira alguma...- mordi o lábio para segurar as lágrimas. Ele olhou em volta e me levou discretamente de volta para o jardim. Sentamo-nos em um dos vários bancos e ele segurou minhas mãos.

–Pode me contar o que houve, Katie... Odeio vê-la infeliz.

–Você não vai acreditar em mim... Ninguém acredita.

–Tente, por favor.

Ergui os olhos para a lua e olhei de volta para Natan. Contei tudo. Contei cada detalhe, cada ação, cada reação, tudo. Contei de quando quase morri afogada e de como fui salva. Contei de Oliver, Darcy, Isaac, David... Conor. Contei a ele que Conor me havia pedido em casamento, que quase fugimos e que ele morreu por mim. Contei a Natan até mesmo como eu me sentia e como eu queria simplesmente desaparecer.

Isso foi surpreendentemente reconfortante. Me senti pela primeira vez ouvida desde que voltara. Ele segurava minhas mãos e as acariciava com os polegares enquanto fitava com seus olhos verdes, com um olhar profundo, compreensivo, amável, preocupado e... Triste. Apesar de tudo isso, no final, ele me abraçou e me acalmou.

–Sinto muito...-disse ele, acariciando meus cabelos. Logo depois deu um beijo em minha testa. Um silêncio se formou, e eu não pude deixar de reparar as ondas de tristeza que pairavam sobre nós. Eu por Conor, e Natan por mim. Ele me amava. Na verdade, eu também o amava, mas não poderia jamais ser como com Conor. Não dessa maneira.

–E agora, você terá de se casar...

–Sim, isso é verdade. E, Natan, se eu pudesse escolhê-lo eu o faria... Mas não posso...

Ele deu uma risada triste e beijou minha têmpora.

–Então você me ama?

Pensei um pouco, e decidi que depois de tudo, ele pelo o menos merecia a verdade.

–Eu gosto muito de você Natan, muito mesmo. Era com certeza meu Selecionado predileto, mas meu coração...

–Pertence à Conor.

–Sim.

–Ele é um homem de sorte, e tenho certeza de que ele, assim como eu, quer apenas a sua felicidade.

Então ele se levantou e ficou de frente para mim.

–Katherine, serei seu amigo sempre. Pode me chamar sempre que precisar... Eu – ele hesitou por um instante, e tocou com delicadeza meu maxilar.

–Eu te amo- terminou ele, e beijou rápida e delicadamente meus lábios antes de entrar novamente no salão.

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–Majestade- perguntei, me aproximando do rei.

–Sim, querida? Ah, nós já escolhemos seus pretendentes.

–Achei que isso estava sob minha incumbência- disse, levando a mão ao peito, surpresa.

–Sim, querida, e está. Pode escolher qualquer um destes- e ele me passou uma pequena lista com nomes.

Lorde Richards, de WinterWoods

Príncipe Christian Hewnslotr, da Noruécia

Conde D´arnghdo Filho, da Itália

Duque Aulemuhur, da Nova Ásia

Logo, levantei-me do trono e meu pai pediu a atenção de todos para que eu anunciasse meu noivo.


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