Afinal, somos todos mutantes. escrita por mooncandy


Capítulo 6
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Fala povoo! To me sentindo mal. Demorei pra postar. Desculpem. Maaasss, também to feliz por estar postando mais um capítulo! Enfim, ta aí pra vocês, leiam!
p.s: People, no começo a Aurora narra como criança, e como eu não sou uma mestra da escrita juvenil, não liguem se ficou meio estranho. Agora, LEIAM.



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– Anda Ken! Ele vai escapar! - O Ken demora demais. Assim nunca vamos pegar aquele sapo.


– Aurora, eu não acho uma boa ideia pegar esse sapo.


Epa. É impressão minha ou ele está amarelando? Fala sério, ele já tem 10 anos.

– Qual o problema Ken? Ta com medinho?


– M-Medinho? Não é isso. Eu vi na tv que alguns sapos são venenosos, e se esse aí também for? - Ele arruma aqueles óculos fundo de garrafa dele.

– Ken, nada a ver. Sapos não são venenosos, só aqueles bem coloridos. Olha esse aqui, ele nem é... - Cadê o sapo? Eu vou matar o Ken - Ken! Ele sumiu! Vamos levar um século até achar outro!

– Aurora.

– Que saco, ele era o mais gordo que eu já tinha visto até hoje!

– Aurora.

– Será que ele não ta debaixo dessa folha? Não, ele era maior que ela.

– AURORA!

– QUE FOI? - Nossa. Eu nunca tinha visto ele gritando.

– Eu preciso falar com você. É sério.

– Tudo é sempre sério pra você, Ken.

– Mas dessa vez é muito sério. - O Ken não parece bem, ele está estranho.

– Ai, não fala assim, parece até que alguém morreu.

– É quase isso - Ele chuta uma pedrinha que estava perto do pé dele - Vem comigo.

Ele começa a correr na direção do lago do parque. Cara, pro Ken correr, é uma coisa séria mesmo.

Quando chegamos lá, ele senta na nossa rocha. É a nossa rocha porque quando a gente tinha 8 anos, nós pintamos as letras dos nossos nomes nela. Eu de amarelo e ele de verde, nossas cores prediletas.

– O que foi? - Sento do lado dele - Ta tudo bem?

– Aurora, meus pais querem se mudar.

– Ah! Ken, não acredito que você me chamou aqui pra dizer que você vai se mudar de casa.

– Não Aurora. Não é de casa, é de país.

– Para com isso. - Eu empurro o ombro dele, ele odeia isso - Você ta falando sério?

– Claro que sim! Você sabe que eu não minto, não pra você.

Ele coloca a mão no bolso e me entrega uma fita amarela com umas missangas verdes nas pontas.

– Isso é pra você nunca se esquecer de mim. - Ele amarra a pulseira no meu braço.

– Você não tem uma?

– Não, eu só fiz uma pra você.

Eu passo a minha mão pelo meu cabelo e desamarro o rabo de cavalo que minha mãe tinha feito. Ainda bem que eu escolhi a fita verde hoje.

Pego uma das minhas pulseiras favoritas, com missanguinhas amarelas, e arrebento, amarrando duas delas em cada pontinha da fita.

– Agora você nunca vai se esquecer de mim também. - Amarro a pulseira no braço dele.

– Falta alguma coisa. - Ele balança a pulseirinha no braço.

– Já sei! Você ta com a sua caneta a prova d'água aí?

– Sim, por que?

– Me empresta.

Ele me dá a caneta e eu escrevo na pulseira dele "melhores amigos, hoje e sempre".

– Escreve na minha também.

Ele pega a caneta e faz o que eu mando. O Ken tem uma letra feia pra caramba.

– Agora sim. - Digo, lendo o que ele escreveu.

O Ken parece estar pensando em alguma coisa aleatória, pra variar.

– Quando vocês se mudam?

– Amanhã.

– AMANHÃ?! - Esse piá é louco, por que ele não me disse antes?

– Eu não queria te preocupar, desculpa.

– Não vai dar tempo nem de fazer uma festa de despedida.

– Não precisa disso Aurora. Eu só queria passar meu último dia aqui com você. - Ele me dá um abraço monstro, agora parece mesmo que alguém ta morrendo.

Eu abraço ele também, e uma lágrima minha cai na blusa dele.

– Não chora, por favor.

Esfrego meus olhos para secar as lágrimas e olho pra ele. Eu nunca vi a cor dos seus olhos, mas aposto que devem ser verdes. É a cor favorita dele, afinal.

– A gente devia terminar nossa despedida com alguma coisa. - Falo e encaro seus óculos.

– Tipo o que?

Penso um pouco e me lembro de um filme velho que eu vi. Nele o casal se beija na hora da despedida. Talvez eu... Ah, ele vai embora mesmo, não faz mal.

Faço um biquinho, vou na direção dele e encosto nossas bocas. Eca! Esfrego minha mão na minha boca e olho para ele, vixe, ele virou estátua, e um pimentão.

– Ken? Você ta bem?

Ele esfrega a manga da sua blusa na boca, que nem eu fiz.

– Por que você fez isso? - Aleluia, achei que ele tinha perdido a voz

– Ah, não sei. Eu vi num filme. Desculpa.

Ele me olha e me abraça de novo. A última coisa que ele diz é um "adeus, Aurora". Então ele sai correndo e vai para perto da onde os meus pais e o dele estavam sentados. Eles se levantam, dão tchau um para o outro e vão embora.

Essa foi a última vez que eu vi o Ken.

(...)

– Ken?

– Olha, até que você lembrou rápido. Pensei que tivesse me esquecido.

– KEN! - Corro até ele e pulo no seu pescoço, abraçando-o - O que você ta fazendo aqui? Senti tanta saudade.

– Também senti saudade. - Ele me abraça mais forte e ouço um barulho vindo da sala da diretora.

– Acho que a diretora vai sair - Digo, me soltando dele - Ela quer falar comigo.

– Nos vemos depois então? Eu te explico tudo.

– Claro, onde nos encontramos?

– No gramado, atrás do colégio, às nove horas.

– Ok, te vejo lá.

Ele me dá um beijo na bochecha e sai pelo corredor. Nesse instante a diretora abre a porta.

– Muito bem. Venha comigo Aurora. Nós temos muito o que fazer.

Eu a sigo até o final do corredor, onde há uma porta. Ela digita uma senha para abri-la e nós seguimos até outra porta onde está escrito "não entre enquanto a luz estiver acesa".

Nós entramos e ela me manda deitar em uma maca metálica que fica no centro da sala. Ao seu lado há uma máquina repleta de fios e botões. O que não me agrada muito. Não me agrada nada, pra ser sincera. Sempre tive medo de hospitais.

– Eu pretendia fazer isso somente na semana que vem, mas você me obrigou a mudar meus planos.

Ela vai até um grande painel metálico e digita algumas coisas em um teclado antiquado.

– O que vamos fazer? - Pergunto, me deitando na maca.

– Nós não. Você vai. - As luzes se apagam lentamente e a máquina ao meu lado começa a funcionar.

A diretora vem até mim e conecta os fios na minha cabeça e no meu corpo.

– Eu não precisaria trocar de roupa? - A encaro e ela revira os olhos.

– Eu sei bem o que estou fazendo Aurora. Agora, eu preciso que você feche os olhos e conte até dez.

Fecho os meus olhos e começo a contar.

– 1, 2, 3, 4... - Estou ficando sonolenta - 5, 6... 7, 8, 9... 10.

(...)

– Aurora? Você consegue me ouvir? - A diretora fala com a voz calma.

– Eu... - Abro os olhos. Minha voz está grossa e eu estou meio grogue - Onde estou?

– Eu faço as perguntas por aqui Aurora, mas terei de explicar mesmo assim. Você está na sala onde é realizado o teste do nível de poder. Seu subconsciente que determina onde iremos parar. Eu não consigo enxergar onde você está, então não precisa se preocupar caso esse lugar seja revelador ou até mesmo constrangedor para você.

Finalmente decido olhar para a frente e não acredito onde estou. No mesmo lugar dos meus sonhos com Rosalya. Sério? Meu subconsciente poderia ser mais criativo as vezes. Não tinha lugar melhor não? Tipo uma ilha paradisíaca ou um hotel de luxo?

– Aurora. - A diretora me tira de meus devaneios - Preste atenção. Esse é um teste extremamente simples. Por você estar sonhando, as suas respostas serão completamente espontâneas, e você não precisará escolhê-las de modo que tente me agradar ou para obter o melhor resultado.

Olha, não sei se o resto desse colégio pensa assim, mas eu não estou aqui para agradar você. Mas eu quero obter o melhor resultado. Sempre.

Espero que ela não tenha ouvido isso. Claro que ela ouviu isso, se ela me ouviu pensando sobre o hotel de luxo antes, ela deve ter ouvido agora.

– Aurora. Estou perdendo a minha paciência. Por mais que eu não consiga ouvir o que você pensa, os medidores da sua agitação cerebral não param de se mexer. Preciso que você se concentre.

Então ela não consegue ouvir. Ainda bem. Foco Aurora, foco.

– O teste prosseguirá da seguinte forma: Um livro aparecerá na sua frente, nele estão as perguntas que você terá de responder...

Ela fala tudo o que eu preciso fazer e me deseja boa sorte. Depois disso o silêncio toma conta da sala.

Ta. Basicamente, eu tenho que responder algumas perguntas. Mas na verdade não será realmente eu porque meu subconsciente que vai responder.

Do nada, o livro surge no chão da sala, e uma caneta aparece na minha mão. Acho que eu já posso começar.

Quando ela me falou do teste, não pensei que fosse um teste escrito. Pra mim seria tipo uma coisa mais... Moderna.

Pego o livro e o abro, a primeira página está em branco, a segunda também, e a terceira também. Folheio todas as páginas, elas estão todas vazias, sem nada escrito.

Quando ela disse que o teste seria fácil, não imaginei que seria tão fácil assim.

De repente, uma pergunta surge na minha mente, uma pergunta aleatória, mas eu sinto uma vontade incontrolável de anotar a resposta no livro.

– Um animal. - Falo em voz alta.

Minha mão escreve ornitorrinco. Que animal estranho.

– Uma fruta.

Não penso duas vezes e escrevo morango. Amo morango.

– Um hobby.

Escrever. Escrever é vida.

– Uma necessidade.

Ganhar. De tudo e de todos. Sou muito competitiva.

– Um sentimento.

Amor. É a única coisa que nos une quando tudo parece estar acabado.

As perguntas param de sair de minha boca. Na verdade nem foram perguntas, mas não faz diferença, o importante é que eu respondi.

Não sei porque, mas estou com a sensação de que não foi meu subconsciente que respondeu tudo isso. Talvez a primeira tenha sido, mas o resto parece que eu sabia o que estava fazendo, como se fosse realmente eu respondendo.

– Muito bem Aurora. - A voz diretora ressurge - Você foi rápida, isso é bom. Agora, preciso que você se prepare para acordar, pode se deitar se preferir.

Me deito na maca de metal que sempre fica ali e fecho os olhos. Sinto uma pressão na cabeça e quando abro os olhos novamente já estou na sala com a diretora.

(...)

– Bem vinda de volta. - Ela diz, desconectando os fios do meu corpo - Fácil, não achou?

Assento e ela me libera para ir para o quarto. Ela disse que amanhã já poderei ver o resultado para saber em qual ala deverei treinar.

Chego no quarto e vejo Rosa saindo do banho. Ela já está vestida, mas seus longos cabelos ainda estão molhados.

– Aurora! - Ela corre até mim e passa as mãos pelo meu rosto - Você está bem? O que a velha fez com você?

– Eu to bem, Rosa. - Rio - Eu fiz um teste louco pra ver meu nível de poder.

– Ah, por isso você demorou. Mas você foi mais rápida do que eu. Eu levei quase dois dias pra terminar.

– Que horas são?

– Oito e meia.

– OITO E MEIA? - Como assim eu fiquei quase o dia todo lá? Pareceram poucos minutos.

– Sim. São oito e meia, Aurora. Esses testes demoram mesmo, mas como eu disse, você foi rápida.

Vou até a janela do quarto e a abro. Está tudo escuro, e até consigo ouvir alguns grilos cantando. Eu nem prestei atenção na janela do corredor quando passei.

Estou esquecendo de alguma coisa... O que era mesmo? Talvez um banho quente me ajude a lembrar.

– Rosa, vou pro banho.

– Ok.

Pego minhas coisas e entro no banheiro. Encaro meu reflexo no espelho. Estou exausta. Preciso de um banho agora.

Ligo o chuveiro e deixo a água quente escorrer pelo meu corpo. Continuo com a sensação de que estou esquecendo de alguma coisa.

Desligo a água quente e troco para a fria. Muito melhor. Está calor hoje. Eu nunca gostei muito de calor, mas o Ken sim. Nossa, como ele adora calor, não sei nem porque, ele quase não sai de casa. Não saía pelo menos.

MEU DEUS.

Esqueci do Ken! Aurora, sua anta, como conseguiu esquecer dele?

Desligo o chuveiro e me seco rapidamente. Saio do quarto e não encontro Rosa. Ela bem que me podia ter me avisado quando saiu.

Coloco um vestido leve e uma sapatilha, mas não seco o cabelo, nem tenho tempo. Por isso faço um coque alto no cabelo. Eu nem tinha reparado que minha franja cresceu tanto, amanhã corto de volta.

Minhas mãos estão suando e tremendo. O que está acontecendo comigo? Eu só vou ver o Ken, não é nada demais. Ou será que é?

Anda Aurora! Para de enrolar!

Quando estou quase saindo percebo que Rosa deixou um bilhete em sua cama. Corro até ela e o leio rapidamente.

"Aurora, me desculpe por sair sem avisar, mas não posso explicar meus motivos em voz alta, muito menos por carta. Te explico tudo depois. Beijos."

Estranho ela sair desse jeito, mas não tenho tempo para me preocupar agora.

Preciso ver o Ken.


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Notas finais do capítulo

Entãooo, o.o, o que acharam? Curtiram? Amaram? Sim, ficou meio curto, mas não dava pra continuar senão ia acabar estragando o próximo capítulo ;) Flw gente! Comentem, comentem, comentem!! Bjoss!



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