Afinal, somos todos mutantes. escrita por mooncandy


Capítulo 5
Descobrindo novos poderes


Notas iniciais do capítulo

Dae galeraaaa. Demorei, mas terminei o cap. Gente, ele não tava ficando do jeito que eu queria, mas eu curti o resultado final. Agora, eu deixo vcs lerem. ;)



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– Socorro! Alguém me ajude! - A voz de uma garota ecoa pelo corredor.

– Calada! Ninguém poderá te ajudar aqui. - Ouço a voz de um homem.

Estou na mesma sala do sonho que tive com Rosalya e tudo está exatamente igual, como se esse sonho fosse uma continuação do anterior. Então, a garota gritando deveria ser Rosalya, eu preciso encontrá-la.

De repente, a porta começa a se fechar, e em um gesto de desespero eu estico meu braço na direção dela, na esperança de que ela fosse parar.

E ela para. Fico um pouco surpresa e encaro a minha mão. Uma espécie de névoa azul sai dela e vai na direção da porta, que parece emperrada agora.

Pelo visto eu também consigo me mover, diferentemente do outro sonho. Dou alguns passos para a frente, sem mover o braço, pois a porta está meio instável ainda. O abaixo lentamente, e a porta continua imóvel.

Ando até o corredor mas não encontro nenhum sinal de Rosalya. Só há um caminho a seguir, que é para a direita. Começo a andar, quando do nada, ouço um grito ensurdecedor vindo de algum lugar. Começo a correr e viro à esquerda no final do corredor. Quando chego lá, me deparo com uma cena assustadora:

Há uma poça de sangue aparentemente fresco no chão, e logo atrás dele, um rastro de pegadas escarlates indica que a pessoa que estava sangrando foi carregada até uma sala.

A porta dessa sala está entreaberta, e é possível ouvir um choro fino vindo de lá. Quando estou quase chegando, sinto uma daquelas pontadas na cabeça, e caio de joelhos no chão.

A porta na minha frente se fecha, e quando olho para cima, só consigo observar a silhueta de um homem alto, usando um sobretudo preto e um chapéu da mesma cor. Depois disso, eu apago.

(...)

Acordo completamente suada, com a minha respiração ofegante e meus cabelos colados nas bochechas. Pisco repetidas vezes e esfrego as palmas das mãos nos olhos.

Estico um dos braços para acender o pequeno abajur que fica ao lado da minha cama. Procuro pelo botão para ligá-lo mas só consigo sentir a superfície lisa da madeira do criado mudo.

Decido então me levantar para acender a luz, só que quando tiro os pés para fora da cama, eu não sinto o chão, na verdade, eu não sinto nada.

O que está acontecendo? Será que eu ainda estou sonhando? Bom, até onde eu sei, só há um jeito de descobrir. Eu não posso me machucar em sonhos, então, se eu cair da cama e me machucar, saberei que não estou sonhando.

Me apoio no colchão e dou um impulso, me jogando para fora da cama.

– Ai!

Dou de cara no chão, como eu esperava.

– O que foi isso? - Escuto a voz de Rosalya.

– Rosa! Não saia da cama! - Alarmo.

Levanto do chão e corro até a porta, para acender a luz. Passo minhas mãos pela parede em procura do interruptor. Quando finalmente o encontro e acendo a luz, me deparo com o inimaginável.

Todos os objetos do quarto, sem exceção, estão flutuando sobre a minha cabeça. A mesma névoa azul do sonho está as envolvendo, mas dessa vez ela não está saindo das minhas mãos.

– O QUE TA ACONTECENDO?! - Rosalya grita - AURORA, O QUE VOCÊ FEZ?

– Eu... Eu não sei! - Digo, tentando parecer calma - Não se mexa.

– VOCÊ ACHA MESMO QUE EU VOU ME MEXER?

– Shhhhh, para de gritar Rosalya. Você vai acabar acordando as outras garotas.

Ela faz cara feia, mas logo muda de expressão ao olhar para o meu rosto.

– É... Aurora - Ela soa apreensiva.

– Que foi?

– Você pintou o cabelo durante a noite?

– Eu? Não. Quero dizer, acho que não. Por que?

– Acho melhor você se olhar no espelho.

Vou na direção do banheiro e quando abro a porta, não acredito no que eu vejo.

Algumas mechas do meu cabelo, mais precisamente do lado direito estão brancas, tão brancas quanto o cabelo da Rosalya.

Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, ouço um barulho vindo do quarto e logo em seguida as mechas voltam para a cor original do meu cabelo.

– Aurora? - Rosalya aparece atrás de mim - Você está bem?

– Estou. - Digo enquanto olho para as palmas das minhas mãos, na esperança de encontrar algum resquício da névoa que eu vi no sonho - Você caiu?

– Não, na verdade, a cama caiu, e eu fui junto.

– A cama?...

Saio do banheiro e vou para o quarto, os objetos estão espalhados por ele, como se ele tivesse sido atingido por um furacão. Isso é muito sinistro.

– Eu pensei que não fosse possível usar os poderes nos dormitórios. - Digo, passando a mão pelos cabelos.

– E não é. - Rosalya sorri - Isso é tão legal!

– Não é não. - Falo séria - Você tem noção do que isso significa? - Digo, me virando para ela.

– Que você é extremamente poderosa e é tipo uma bomba nuclear ambulante?

– NÃO ROSALYA! - Me exalto - Quer dizer que eu estou muito, muito, muito encrencada.

– Ah, para. Nem é pra tanto, relaxa. - Ela se apoia na parede.

No mesmo momento em que ela diz isso a porta do quarto se abre e uma mulher de meia idade, com um sorriso um tanto quanto perturbador, e dois homens de preto entram nele. Ela possui alguns papéis nas mãos e um coque alto no cabelo, que está levemente despenteado.

– Bom dia senhoritas. - Seu sorriso se amplia, o que evidencia ainda mais as leves rugas em suas bochechas.

– Bom dia - Eu e Rosalya falamos juntas.

– Poxa vida, este quarto está levemente bagunçado, não acham? Alguém poderia me explicar o que aconteceu aqui?

Eu e Rosa nos encaramos, e ela decide tomar a iniciativa. Péssima ideia.

– Sabe o que é diretorinha, a minha amiga aqui, teve uma pequena crise de sonambulismo, mas certamente isso não é nada para se preocupar, ela já está bem. - Ela dá um sorriso brando.

A Rosalya mente muito mal. Muito mal mesmo.

A diretora fecha a cara. No lugar do sorriso agora há uma carranca.

– As duas, se arrumem agora e me encontrem na sala da diretoria em dez minutos. - Ela dá meia volta e se dirige até a porta.

Nós nos entreolhamos novamente e antes que pudéssemos ao menos nos mexer a diretora grita: "ANDEM LOGO SUAS PREGUIÇOSAS". E fecha a porta, seguida pelos homens.

– O que você disse sobre se preocupar mesmo? - Pergunto a encarando.

– Então... A velha mandou a gente se apressar, não é mesmo? Anda logo, sua preguiçosa! - Ela diz imitando a voz dela.

Começo a rir, só a Rosalya mesmo, pra me fazer rir em uma hora dessas. Nem acredito como nos demos tão bem em tão pouco tempo.

Ando até o armário, que foi parar do outro lado do quarto, e pego uma roupa aleatória. Uma calça jeans e uma regata leve. Minhas roupas estão todas espalhadas pelo quarto, então eu não tenho muito o que escolher para vestir.

– Vou tomar um banho. - Digo, e ela assente com a cabeça.

Tomo um banho rápido, apenas para tirar o suor, e prendo o cabelo em um rabo de cavalo. Nem passo maquiagem, não estou com tanta cara de zumbi assim. Calço meus tênis e dou uma última conferida no meu cabelo, mas não encontro nenhum sinal do cabelo branco.

Saio do banheiro e encontro Rosa já vestida, e claro, maquiada, me esperando na porta.

– Vamos? - Ela pergunta.

Faço que sim com a cabeça e nos dirigimos até o terceiro andar, onde fica a sala da diretora.

Enquanto passamos pelo corredor, eu consigo ouvir alguns barulhos vindo dos quartos. Parecem risadas, pelo o que parece, as meninas acordaram cedo hoje.

– Você ta ouvindo isso? - Rosa quebra o silêncio.

– As risadas? Sim, estou.

– Estranho, essas garotas nunca acordam cedo, ainda mais num domingo. - Ela passa as mãos pelos longos cabelos.

Paramos em frente à porta e quando eu estico o braço para bater, ela se abre e um homem de cabelos castanhos e olhos levemente rosas nos atende.

– Por favor, entrem. - Ele sorri.

– Estão atrasadas. - A diretora fala - Sentem-se.

A sala da diretoria não é muito grande, mas é aconchegante. Há uma mesa rústica de madeira perto da parede, onde a diretora fica sentada. Logo atrás dela, um grande quadro com o símbolo do colégio fica pendurado, e bem em cima há um relógio.

São 8:30 da manhã, isso deve explicar o mau humor da diretora. Ou não.

O símbolo é um coração em tons metálicos com as letras S.A cravadas no meio. É bonito, a não ser pelas espadas que o atravessam de um lado para o outro, como em uma bandeira pirata.

– Vocês já devem imaginar o motivo de eu as ter chamado aqui, não devem?

Assentimos e ela continua:

– Ótimo. Primeiramente, eu gostaria que vocês prestassem atenção no que o professor de história de vocês, Professor Faraize, tem a dizer.

– Bom dia meninas. - Ele dá um sorriso - É lógico que vocês sabem que os dormitórios possuem um bloqueio de poder, e que é praticamente impossível de quebrá-lo.

– Exatamente. - A diretora me encara de um modo relativamente assustador.

– O bloqueio é controlado por mim, graças a minha mutação, que me permite bloquear os poderes de outro mutante. - Faraize continua - Mas pelo visto não os seus, Aurora. E o mais engraçado foi que eu não senti nada, nem uma mínima perturbação no bloqueio.

Então o bloqueio foi quebrado? Isso explica o fato de as garotas terem acordado mais cedo.

– Posso saber o que vocês estavam fazendo garotas? Como conseguiram quebrar o bloqueio? - A diretora parece realmente interessada no assunto.

– A gente não fez nada! - Rosalya grita.

– Olhe como fala comigo mocinha. Eu sei bem do seu histórico escolar, viu? - A diretora fala como se estivesse a ameaçando - Professor, você pode por favor retirar a senhorita Rosalya da sala?

– Claro. Venha comigo Rosalya, por favor.

Ela se levanta contra a vontade e faz cara feia antes de sair.

Eu encaro a diretora com o canto do olho, ela está anotando alguma coisa em um pedaço de papel.

– Então - Ela larga a caneta - O que você tem a dizer sobre isso? - Ela dirige seu olhar para mim.

Não falo nada, não sei porquê, mas eu tenho a sensação de que não posso confiar nela.

– Vamos, Aurora. Eu não tenho o dia todo.

– Eu não sei. - Digo, rispidamente - Não sei o que aconteceu, eu acordei e todos os objetos do quarto estavam flutuando. Só sei disso.

Ela solta uma risada debochada.

– Você espera mesmo que eu acredite nisso? Que você simplesmente acordou e tudo estava flutuando sobre a sua cabeça?

– Pois foi exatamente isso que aconteceu. Agora, se você não quer acreditar, eu não posso fazer nada. - Digo, ameaçando me levantar da cadeira.

Ela faz um sinal com a mão para eu esperar e pega o telefone que fica na sua mesa, ligando para alguém.

– Nathaniel, você pode subir aqui por favor? Traga os relatórios, é urgente.

O que Nathaniel tem a ver com isso? E que relatórios são esses?

A diretora se levanta da cadeira e vai até a janela.

– Depois daquele dia, eu não esperava que isso fosse acontecer novamente. - Parece que ela está falando sozinha.

De repente, a porta da sala se abre e Nathaniel entra nela.

– Bom dia diretora, eu trouxe o que você... Aurora? O que faz aqui?

– Primeiro os relatórios Nathaniel. - Ela estica o braço na direção dele.

– Claro, aqui estão.

– Vamos ver se você está falando a verdade, Aurora. - Ela diz abrindo a pasta.

Nathaniel para ao meu lado.

– Já arrumando confusão? - Ele sorri.

– Pois é. - Digo. É difícil ficar brava com ele sorrindo desse jeito.

– Para a minha surpresa, você parece estar certa Aurora. O sensor de nível de poder começou a detectar o uso de poderes apenas às 7:30. - Ela fala com certa indignação na voz - Para conseguir quebrar o bloqueio, você teria que passar horas acordada. Mas você precisou de apenas 15 minutos. Isso é impressionante, eu tenho que admitir.

Ela volta para a mesa e continua observando os relatórios. Sua face muda de boa para ruim repentinamente.

– Meu Deus! Como eu pude esquecer disso? - Ela passa a mão pela testa.

– Algum problema diretora? - Nathaniel se aproxima da mesa.

– O bloqueio foi quebrado, isso quer dizer que os alunos estão livres para usar os poderes nos dormitórios! Rápido Nathaniel! Chame o professor Faraize!

Sério? Até eu já tinha percebido isso.

– Receio que o professor já tenha resolvido o problema, diretora.

– Como assim? - Ela passa as mãos pelos cabelos despenteados.

– Bom, contando que eu não estou conseguindo usar os meus agora, creio que o problema já está resolvido.

– Ah sim. Menos uma coisa para se preocupar. - Ela guarda os papéis na gaveta de sua mesa e se levanta - Nathaniel, vá conferir se está tudo em ordem lá em baixo. Eu tenho uma coisa para resolver com a Aurora.

– Pois não diretora. - Ele sai da sala e fecha a porta.

– Me espere do lado de fora, por favor.

Me levanto da cadeira e saio da sala. Só o Nathaniel para aguentar o mau humor da diretora, não sei como ele consegue.

Chego no corredor e me encosto em uma das longas paredes, esperando a diretora sair.

– Você não mudou nada, Aurora. - Ouço uma voz masculina vindo do final do corredor - Principalmente no quesito confusão.

Me desencosto da parede e vou na direção da voz.

– Quem está aí?

– Você não se lembra de mim? - Finalmente consigo ver o rosto do garoto - E que tal disto? Você se lembra?

Ele joga uma pequena pulseira na minha direção. Nela há a inscrição: "melhores amigos, hoje e sempre". Olho para o meu braço e comparo com a pulseira que eu tenho. Como ele conseguiu isso? Eu tinha 10 anos quando eu e Ken a fizemos. Será que...

Ken?


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Notas finais do capítulo

:o :o :o o que será que vai acontecer com a Aurora? Ainda mais que o Ken apareceu? Contem nos comentários! Beijinhos da tia Moon



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