Afinal, somos todos mutantes. escrita por mooncandy


Capítulo 4
Cabelos brancos e olhos amarelos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora '-' como sabem eu estou sem pc, então não da pra postar muito frequentemente. Mas enfim, sem mais delongas, aí vai o cap. 3 Espero que gostem



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– Então... - O garoto fala e eu viro meu rosto para ele - Que tal começarmos pelo ginásio? A não ser que você prefira as salas de aula. - Ele ri.

– Prefiro o ginásio. - Sorrio torto tentando parecer o mais simpática possível.

– Então vamos. - Ele se direciona para a mesa da recepcionista e abre uma caixinha para pegar alguma coisa. Pelo barulho parece ser uma chave.

Saímos pela porta de madeira e seguimos pela esquerda. Percorremos o trajeto em cinco minutos enquanto ele me explica alguma coisa a respeito das plantas que ficam em volta da calçada. Pelo o que eu entendi um garoto chamado Jade é responsável pela manutenção dos jardins pois o seu poder envolve o controle das plantas e a natureza.

Esse lugar faz eu me lembrar de casa. As flores, o perfume, até os insetos me recordam o tempo que passei lá. Minha mãe é extremamente cuidadosa com o jardim, ela adora a natureza. Acho que ela se daria bem aqui.

Estou tão distraída que nem percebo quando o rapaz para de andar, o que me faz esbarrar nele e acidentalmente acabo caindo.

– Você está bem? - Ele se vira rapidamente - Eu te ajudo a levantar.

Ele estende uma das mãos na minha direção mas eu recuso a ajuda e me levanto sozinha.

Imediatamente me arrependo do ato pois sinto outra pontada na cabeça, um pouco mais fraca do que as outras, mas o suficiente para me deixar tonta. Eu não estou muito bem hoje.

– Eu estou bem. - Respondo secamente.

– Não se machucou? - Ele me olha de canto de olho - Sabe, você é a segunda pessoa que eu derrubo hoje.

Sorrio e olho para o lado, quando vejo uma placa escrita "Ginásio".

– Acho que chegamos. - Tento mudar de assunto.

– Ah sim.

Ele pega a chave e a usa para abrir uma porta de metal onde está escrito "Ala A".

– O que é Ala A? - Digo, não conseguindo conter minha curiosidade.

Nós entramos e ele fecha a porta antes de começar.

– O ginásio é dividido em três alas: Na Ala A ficam os mutantes com poderes mentais, como por exemplo a telepatia ou telecinese. Na Ala B ficam aqueles que manipulam a matéria ou produzem alguma coisa a partir do seu poder. Como controle da água ou fogo. E por fim a Ala C. Nela ficam mutantes que conseguem mudar a forma dos seus corpos ou possuem algum tipo de diferencial físico. - Ele dá um longo suspiro - Os alunos realizam um teste para denominar em qual ala deverão ficar. Alguma pergunta?

– Ah... Não sei - falo dando um sorriso de lado.

– Vamos, não seja tímida - Ele diz se apoiando na porta e dando um sorriso brando.

– Por que separar os estudantes em alas? Quero dizer, eles não podem ter contato uns com os outros?

– Claro que podem, tanto que não há essa divisão na hora de escolher os companheiros de quarto ou nas salas de aula. - Ele respira e continua - Mas aqui é o único lugar do colégio onde os alunos podem e devem utilizar os seus poderes. Dividi-los em grupos evita confusões.

– Entendi, mas por que é proibido o uso dos poderes fora do ginásio?

Ele se desencosta da porta e caminha em passos lentos até o meio da quadra. O barulho da sola dos seus sapatos contra o piso de concreto ecoa por todo o local, gerando um som ritmado que me hipnotiza aos poucos.

Então ele começa:

– Na verdade, os blocos onde ficam as salas de aula e os dormitórios são as únicas partes do colégio que neutralizam os poderes, pois possuem um campo de força que a diretora controla.

Mas se alguém for pego os utilizando fora dos horários permitidos, leva uma advertência e geralmente um castigo.

– Horários permitidos? Como assim? - Minha curiosidade ataca novamente.

– Sim, junto com os seus horários de aula vem um cronograma que mostra que horas e que dias é permitido os usos dos poderes.

– Ah...

– Falando nisso, acho melhor irmos para o grêmio para eu te entregar tudo.

Faço que sim com a cabeça e o sigo até a recepção novamente. Subimos a escada de mármore e paramos no topo.

– Aqui ficam os dormitórios femininos - Ele aponta para a esquerda - E na direita os masculinos.

Nem preciso te dizer que é extremamente proibido meninas nos quartos masculinos e meninos nos femininos, não é?

– Eu já imaginava.

– O grêmio é por aqui - Ele estica o braço na direção de um segundo lance de escadas na nossa direita.

– Ok.

Subimos novamente, agora para o segundo e último andar. Quando chegamos no final percebo que os corredores da parte de cima são relativamente mais largos do que os de baixo.

Seguimos para a direita e paramos em frente a uma porta de madeira. Ele abre a porta e faz um sinal para que eu entre primeiro.

– Vamos ver onde que eu deixei seus papéis... - Ele diz como que se estivesse falando para si mesmo - Ah! Aqui estão. Aurora Blanc, certo?

Confirmo e ele me entrega uma pasta com algumas folhas e me pede para assinar um papel confirmando o recebimento das mesmas.

Paro um minuto para observar a sala enquanto ele guarda a folha que eu assinei. Há uma grande mesa oval no meio com alguns papéis e canetas espalhadas. Do lado direito tem uma grande estante de metal com gavetas onde provavelmente ficam as informações de todos os estudantes. Tudo é extremamente organizado e arrumado. Me pergunto o por que de não usarem computadores.

O garoto volta até mim com algumas pastas nas mãos.

– Acho que é isso - Ele sorri - Até mais Aurora.

– Até mais... Na... - Como era o nome dele mesmo? Não acredito que eu esqueci.

– Nathaniel.

– Ah sim - Digo envergonhada - Até mais Nathaniel.

Desço as escadas e paro em frente ao corredor dos dormitórios femininos. Abro a pasta que Nathaniel havia me entregado e procuro o número do meu quarto. 127.

Enquanto caminho pelo corredor, observo a enorme janela retangular que fica no final do mesmo. Dela é possível ver a parte do campus onde ficam as salas de aula e percebo que alguns alunos já estão acordados, praticando atividades físicas ou lendo livros. Mais ao fundo consigo observar um grande bosque. Nele há um tipo de poste alto, que irradia uma luz avermelhada, semelhante à de um laser.

Vermelho... Odeio vermelho. Essa cor me faz lembrar sangue, e sangue me faz lembrar morte. E até onde eu sei, morte não é uma coisa muito boa.

Paro de andar quando chego na última porta. Quarto 127. As minhas malas já estão ali, eu havia até me esquecido delas. Pego a chave dentro da pasta e abro a porta vagarosamente. Puxo os meus pertences para dentro e acendo a luz fechando a porta.

Há duas camas na suíte. Uma de frente para a outra, como no meu antigo quarto. Percebo um sutil movimento em uma delas, e só então noto a silhueta de uma pessoa de baixo de um amontoado de cobertores.

Apago a luz e tento fazer o mínimo de barulho possível, mas quanto mais silêncio eu tento fazer, mais a pessoa parece acordar.

– Quem... Quem ta aí? - Ouço a voz sonolenta de uma garota e automaticamente paro de andar.

– Meu nome é Aurora - Sussurro - Desculpe por ter te acordado.

– Ah! - Ela levanta num pulo, completamente eufórica - Você é a novata? Meu Deus, olha o meu estado! Eu pensei que você fosse chegar só de tarde! Meu nome é Rosalya, prazer.

– Prazer. - Dou um sorriso e acendo a luz novamente.

Ela se aproxima, agora com os longos cabelos presos num coque alto, e eu consigo observar melhor o seu rosto. Ela me é familiar, parece que eu já tinha visto essa garota antes, mas onde?

Cabelos brancos, olhos amarelos... Paraliso por um segundo e logo depois esfrego as mãos nos olhos. Isso não pode ser real, não pode. Será que é ela a mesma garota com quem eu sonhei horas antes? Pisco repetidas vezes e desvio o olhar para os meus pés.

– Você... Está bem? - Ela pergunta, me tirando dos meus devaneios.

Ergo meus olhos e encaro suas íris amarelas. Definitivamente ela é a garota do sonho. O que isso significa? Por que eu sonhei com a minha nova colega de quarto? Isso tudo é muito estranho.

Finalmente decido falar:

– Eu... Eu só estou meio atordoada. É uma mudança e tanto. - Sorrio.

– Sei bem como é isso - Ela sorri brandamente - Eu vou me trocar, já volto. Vou te levar pra dar uma voltinha pelo colégio depois.

– Ah, não precisa, Nathaniel já... - Começo a dizer, mas quando percebo ela já está no banheiro - Ok então...

Rosalya passou o sábado inteiro me mostrando as partes do colégio que ela considera "mais legais", como uma piscina que fica atrás da quadra de luta, que por sua vez fica do lado da Ala C. Ela me mostrou também o bosque que eu tinha visto da janela do corredor, e me contou umas histórias de alunos que foram para lá e nunca mais foram vistos. Deve ser mais uma dessas lendas que contam para assustar os alunos. Eu espero.


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Notas finais do capítulo

Então... o que acharam? Eu sei, eu sei, o cap ficou curtinho mas o próximo vai compensar, juro. Comentem, por favor, apenas um comentário e eu continuo postando. Próximo cap em breve, eu prometo ;) Beijinhos da tia moon



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