Tenshi no Tatakai, não Há apenas Um escrita por Anita


Capítulo 18
Impaciência




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Tenshi no Tatakai § 18 - Impaciência

Olho Azul Apresenta:

Tenshi no Tatakai,

Não Há Apenas Um

Capítulo 18 - Impaciência

  A cerimônia havia se encerrado com um belo depoimento de uma senhora, que havia acabado de se casar e se mostrava muito feliz com sua nova vida, mesmo depois de tudo o que tivera que desistir por aquele amor. Michael aplaudiu de pé e a abraçou com muita força.

-É um grande prazer tê-la conosco!-falou emocionado.

-Como acabei de dizer: se eu soubesse que encontraria amigos tão queridos, não duvidaria tanto antes de abrir mão de minha vida anterior.

-É hora de esquecê-la e seguir em frente. Nosso Pai permitiu que tivesse esta nova chance de viver; nunca a desperdice.

-Sim, Michael, uma chance iluminada pela graça de Deus.

  Um homem de aparetemente quase quarenta anos se aproximou e pôs as mãos nos ombros dos dois, com um largo sorriso:

-Temos grandes dias pela frente, bastantes ocupados. Tivemos a honra de receber esta missão e façamos questão de cumpri-la.

-É uma pena não podermos partilhar as informações com os outros, -a senhora disse, olhando para o seu redor.

-A dádiva da ignorância não é para ser subestimada, -Michael aconselhou, - Ele sabe o que faz com cada um de nós e tudo dará certo enquanto confiarmos.

-Muito bem falado, Michael!- O homem levou as mãos aos céus.

-Gostaria de entender Suas mensagens mais claramente. Mas Michael tem razão, não podemos perder a confiança.

  Duas pessoas mais se juntaram ao grupo. Um casal com roupas sociais e óculos fizeram sinal que o homem e Michael os acompanhassem até um cômodo reservado. Os quatro passaram pelas pessoas que ainda comentavam sobre o desabafo de antes e agradeciam pela chance de ouvir as últimas notícias. Ao chegarem ao novo local, os quatro se sentaram em uma mesa branca e eram apenas observados por dois quadros de cenas bíblicas do Antigo Testamento.

-Aqui está o endereço do próximo alvo. Devemos agir antes que seja tarde, - a mulher disse, entregando um pedaço de papel escrito a lápis.

-Essas informações estão a cada dia mais difícil. Mas a própria polícia está por conta com os casos e fica com as mesas cheias de possíveis locais atacados. - O homem ajeitou o óculos e ajeitou o cabelo, jogado para trás com gel.

-Farei bom uso dela e de qualquer novidade que nos tragam, - o homem mais velho disse, com um sorriso para Michael, que apenas assentia apreensivo.

-Kyouji, tome cuidado com esse papel, -Michael lhe avisou, levantando-se de sua cadeira.

-Com toda a minha alma! Vidas dependem disto e agiremos o mais rápido possível.

-Bem, se assim acha... De qualquer forma, agradeço pelo trabalho de ambos, -falou para o casal e se retirou.

  Precisava de mais um desabafo para tirar as dúvidas de seu coração. Teria aberto mão de coisas sagradas demais? Pelo menos, no momento, sabia que fazia o certo e devia ter fé de que Deus o perdoaria por todo o caminho que tinha de trilhar para cumprir com sua missão.

  Olhou para seu relógio e viu refletido nele seu próximo passo: precisava trazer Beatrice em outro ritual. Fazia dois meses desde o último e muito da situação havia mudado. Da última vez, quando achara ter fracassado, ela aparecera bem na sua frente, mas assustara-se tanto que nem Michael sabia mais como agir. Nunca nem quisera comentar o ocorrido e sentia que fizera bem. Necessitava de outro milagre e nem poderia rezar a Deus por ele. Realmente, perdera demais com aquele seu desejo egoísta. Não, não poderia se arrepender de sua própria escolha. Da forma que estava, não tinha como continuar. Fizera o certo. Aquilo que seu coração mandara. Ganhara muito.

"Estou virando um reclamão que não sabe que carrega a cruz que lhe cabe!" pensou, sorrindo amargo. Aquela vida dupla estava afastando Beatrice de si. O que fazer? Como levá-la a mais um ritual?

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  A jovem tirou os sapatos e colocou chinelos. Logo, correu pelas escadas de casa, soltando os longos cabelos loiros. Havia sido um dia bastante longo na escola: mais um ataque ocorrera nas imediações e os alunos foram obrigados a ficar em sala até que a polícia dissesse que a quadra estava segura.

  Procurara por Shin em sua sala, para onde correra assim que pôde. Os primeiros alunos liberados para sair da escola foram os do terceiro ano e seus acompanhantes e Bia não estava se sentindo nada bem já que não só tivera de novo o sonho em que Eyuku era dominado por um bando de criaturas diabólicas, mas teve mais visões dele durante as aulas. Fahel limitara-se a dizer, provavelmente sem percebê-lo, que era algum pedido de ajuda que ele enviava à moça. Beatrice não sucedeu descobrir mais detalhes, já que o anjo logo se arrependeu por saber que a preocupara mais ainda com a afirmação impensada.

  Ao chegar à sala de aula do meio-irmão, fora recebida pela amiga dele, Eri. Esta afirmara categoricamente que Shin faltara naquele dia e que Bia já devia sabê-lo já que o rapaz declarara suas intenções à banda na noite anterior durante um show. Frustrada, ou até enraivecida, voltou à própria sala e aguardou até que primeiranistas acompanhados fossem autorizados a sair. Saiu em grupo com Kari, Michael e Hanato. Deixaram a primeira em casa; um apartamento em um prédio altamente tecnológico, que quase fizera com que o grupo ficasse por mais tempo, o que provavelmente fariam se Kari tivesse feito o convite.

  Michael e Hanato prosseguiram com Bia e se despediram rapidamente. A própria também não os chamou para entrar por não querer mais discussões com Shin, apesar deste pouco haver comentado sobre o incidente com Hanato uma semana e meia antes. O moreno ainda quisera provocá-lo, contudo, Beatrice lograra impedir que a levasse para casa. Naquele dia, apenas curvou-se para os amigos e entrou.

  Pisou fundo pelas escadas e pretendia jogar-se na cama quando abriu a porta de seu quarto. Todavia, alguém se encontrava lá, sentado, olhando um objeto curioso. Shin levantou a cabeça com o som do abrir da porta e a encarou seriamente.

-O que faz aqui?-Beatrice fora curta e clara. Por algum motivo, não a assustara tanto encontrá-lo dentro de seu quarto, mesmo sendo aquela a primeira vez que o vira ali. Durante os mais de dez dias morando juntos, Shin mantivera distância de sua vida, com exceção do ataque a Hanato.

-O que é isto?-Levantou o objeto que estivera a observar. Era uma esfera vermelha, provavelmente de vidro.

-Não faço idéia.

-Estava em cima da sua escrivaninha.

-Nana pode tê-la achado pela casa e botou aí. É sua?

-Não estaria te perguntando o que é se o fosse.

-Sei lá. Mas qual o problema?

  Shin baixou novamente o olhar e franziu o sobrecenho. Parecia procurar palavras quando se dera conta de algo:

-Ah, a porta estava aberta... Passei, vi esta bola e fiquei curioso. -Levantou-se da cama e curvou-se apologeticamente.

-Está tudo bem, só não me assuste assim. Do jeito que tá a tua cara, eu achei que tinha encontrado a trinta e oito que escondo entre o estrado da cama e o colchão.

-E você não fale besteiras, Beatrice. -Passou a mão em sua cabeça bem de leve e saiu levando a esfera vermelha consigo. -Vou pegar isto emprestado e perguntar se foi Nana quem a deixou aqui.

-Tá...-Bia murmurou, ainda desnorteada pelo comportamento de Shin. Olhou enquanto fechava a porta atrás de si e ficou a ouvir o som de seus passos pela escada. -Droga! Esqueci de brigar com ele por ter faltado aula... Depois fica dando uma de estudante compromissado com a mãe.

"Aquela bola é bastante suspeita, você não sentiu?" Fahel aparecera refletido na parede.

-Minha cabeça está cheia demais pra isso.

"Estranho não ter sentido... Estou preocupado."

-Eu já disse que nem prestei atenção. Encontrar um cara sentado na minha cama é mais estranho que um objeto fofo no meu quarto. Já devia saber como a Nana é.

"Não com sua distração; digo, também... É só que aquela bola me pareceu familiar."

-Vou perguntar depois à Nana, caso Shin não o faça primeiro. Qualquer coisa, é só jogar fora, né?

"Faça-o de todas as formas. O próprio Shin parece ter sentido as energias que ela emanava".

-Dá um tempo, Fahel. Aquele lá só é o rei não-coroado do pedaço e não um médium. Agora, vamos ao mais importante: e o meu sonho? O que posso fazer por Eyuku?

"Já te disse antes; estou intercedendo por vocês dois aqui em cima, mas não sei o que de concreto há para se fazer. Cada um escolhe seu destino e, em um ponto da vida, a seita foi por escolha dele. Assim como escolhemos o caminho, agüentamos suas conseqüências."

-E a história de se arrepender? Deus não deveria perdoar?

"Se Ele não o fez; teve Suas razões."

-Mas não é justo! Eyuku não merece aquilo... Fahel, não faz idéia de como são aquelas imagens!

"Não pense se Seu Pai não é justo, Bia; isso é errado. Ele sabe muito bem o que faz; nós é que devemos entendê-Lo."

-Eu só quero ajudar Eyuku... Você estava lá, você viu que ele nos ajudou.

"Também gostaria de ouvir toda a história, mas não posso te abandonar para procurá-lo."

-Por que não!?

"Você sabe que fiz o mesmo quando sua mãe faleceu e desde então tudo desandou. Além do mais, meus superiores estão por um fio de me cortarem as asas."

-É só você pôr o Chatoaquiah

"Vamos só voltar ao assunto da bola vermelha."

-NÃO! Eu quero saber sobre Eyuku.

"Bia, você tem que superá-lo. Tudo dará certo se você tiver fé de que ele é inocente."

-Não é o que meus sonhos mostram! E aquela mulher...

"Que mulher?"

-Não prestou atenção ao que te contei? Uma luz dourada aparecia enquanto Eyuku tentava me sorrir, acorrentado pelos demônios. Uma mulher estava dentro dela; linda! A cada dia, a vejo mais nitidamente... Ela sempre tenta me falar alguma coisa, mas não consigo entender. Na verdade, também gostaria de saber sobre o que a mãe de Eyuku fala com a urna. -Beatrice se deixou jogar na cama e sentia nos joelhos o peso que fora aquele dia. Contudo, por seu corpo não percorria a onda do alívio que teria ao deitar-se em uma cama tão confortável como aquela.

"Talvez seja um anjo que esteja lá para levar a alma de Eyuku embora..."

-Mas os diabinhos já o estão fazendo, né?

"Às vezes há disputas entre anjos e demônios. O que é bem provável no caso do rapaz que ajudou a filha de Deus, mas que também tentou fazer-lhe mal. Nada é tão simples quanto sua cabeça está achando. Eyuku estar sendo levado por demônios não quer dizer que ele merece o inferno. Ter um anjo lá quer dizer menos ainda que ele vá para o Céu. Algumas almas têm valor e por isso são disputadas. Creio que, pelo alcance que ele tem contigo, ainda valha bastante para o mal."

-Ele não o faria de novo!

"O caso não é mais esse. Eyuku não tem mais vida, portanto, não tem mais o mesmo livre-arbítrio que lhe era garantido na sua condição de humano. Agora, tudo vai depender de sua própria força. E é nessa força que eu gostaria de trabalhar se conseguisse contactar algum Coveiro. Mas esses anjos são tão difíceis... Tivemos a sorte de ver um naquele dia!"

-Se fosse um Coveiro, eu não poderia falar com ela; e ela abria a boca.

"Talvez explique o por quê de não emitir som algum... Não sei de qual outro anjo poderia aparecer em uma situação assim."

-Ela era muito bonita! E tinha uma luz tão forte e quente...

"Não sei como não tinha me atentado a essa aparição incomum."

-Procure-a! Talvez queira ajudar Eyuku. Ela tinha cabelos dourados e cheios de cachinhos. Acho que os olhos também eram dourados.

"Você não poderia estar se vendo no espelho?"

-Não! Ela era bem mais velha e tinha a pele bem clarinha com sardas nas bochechas. O vestido dela era branco, bem simples, mas caía tão bem naquele corpo... O que mais? Talvez algum sinal... Não lembro.

"Não parece uma Mensageira. Elas não podem ser tão chamativas e eu também estou ignorando a áurea dourada... Já parou pra pensar que isso pode ser coisa da sua cabeça? Parece um anjo fantasiado demais para ser real."

-Fahel, é um insensível! Pelo menos, o Chavaquiah me ignorava sem me deixar ainda mais curiosa. Você é cruel!

"Bia, não podemos perder o foco do que realmente nos importa."

-Acontece que eu me importo com Eyuku.

"Pare de ser tão egoísta! Pessoas estão morrendo... Tem outra seita à solta por aí e você fica se importanto com assuntos nos quais não podemos intervir."

-Vou procurar Nana sobre aquela esfera e você vá dormir; não quero conversar com pedras de gelo. -Jogou uma almofada na parede onde o anjo se refletia, levantou-se da cama e saiu pelas escadas gritando pela moça que há tanto cuidava dela.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Michael caminhou pelos corredores e passou em frente à escultura feita por Davi, aprecianto o cheiro incômodo que emanava dela. Parou para pensar na beleza que fora aquela oferta, mas sentiu alguma pena pelo sofrimento do pobre animal, ali paralisado. Porém, estava eternizado em algo a ser contemplado para sempre; logo, aquela falta de ação seria um preço bem baixo se comparado à vida eterna que tantos humanos gostariam de ter.

  Contudo, o animal nunca pediu por aquilo. Fora pego no meio caminho para servir a um homem qualquer. Era capaz que seu único desejo no momento fosse o de romper a escultura e sair livre pelo mundo, mesmo que fosse para que um caçador o abatesse a qualquer momento. Devia estar cansado de só observar os tempos passarem e o céu ficar mais escuro... Precisava sair e gritar.

  O mestiço pôs a pálida mão no material gelado que o envolvia e sabia muito bem o que era aquela emoção que enchia dentro de si: simpatia. Ele entendia muito bem os sentimentos daquela escultura, mas cabia a ela criar força para romper a moldura pétrea, ou então não teria a mesma para sobreviver na realidade. Sair daquela prisão era ter de encarar com os problemas de não mais poder voltar ao começo; de ter que dar um jeito de prosseguir em um meio que está longe de ser o seu e o pior: achar formas de se ajustar entre as pessoas que se acham iguais àquele cordeiro e, por terem outra visão de mundo com relação aos demais, pensam que a deles é a correta. Todavia, como Michael poderia saber? Como poderia agir? No fim, continuava enjaulado naquela mansão porque ainda não acreditava que seu passado era apenas uma maluquice de sua cabeça para qualquer outro.

  Mesmo para Beatrice, provavelmente. Não, seria ainda pior para ela. Porque a linda menina de cachinhos dourados não mais o olhava como se já não soubesse... Seus olhos diziam tudo: Beatrice tinha certeza de que Michael era alguém de quem deveria se afastar. Talvez pelos motivos, mas no todo, ela não estava errada. O próprio rapaz se afastaria de si, caso possível fosse. Não era confiável, fazia coisas feias e dera as costas a seu Pai quando ele menos poderia tê-lo feito. Antes, já havia feito uma montanha de erros propositais; definitivamente, Beatrice nunca poderia confiar em um sujeito dessa qualidade.

  Cheirou com mais atenção o podre daquele pobre bicho e perguntou-se quanto tempo teria até que todos os outros notassem que ele exalava um pior ainda. Não deveria restar muito... Tirou do bolso um papel que Kyouji acabara de receber: o local da próxima chacina. Consultou em seu relógio e soube que já era hora de partir. Não poderia chegar atrasado para o evento. No entanto, antes de deixar a casa, a mulher que noutro dia estava acompanhada do rapaz de roupa social entrou esbaforida pela mansão e foi até ele:

-Ela recebeu... É um veneno! Tenho certeza!-disse, enquanto a presilha de seu cabelo se encontrava tão frouxa que mal parecia que ela estava lá.

-A menina de Deus?

-Sim! Tentoai-sama recebeu um veneno.

-Quando!?

-Já faz algum tempo; acho que, mesmo que corra, chegará tarde demais.

-Eu tenho que tentar! Vamos comigo e me explique no caminho. -Puxou-a pelo pulso e logo estavam em um taxi. -Que veneno é? Quem o enviou?

-Não sabemos. Mas nossos espiões detectaram uma áurea incomum ali dentro; achamos que pudesse ser aquele menino novo, mas quando percebemos era de um objeto pequeno.

-Mas Beatrice ainda não havia sido atingida?

-Não... Chegou bem perto, mas por algum motivo nem o tocou, o que poderia ser fatal.

-Vire à esquerda!-Michael gritou ao taxista. Já estavam em frente à mansão. -Bem, eu tenho que ir sozinho. Até mais, Satsuki.

-Vá logo!

  O jovem começou a bater na porta e quase a danificou quando a voz de uma senhora perguntou apavorada do que se tratava. Ele explicou que era amigo de escola de Beatrice e que era urgente o que tinha a lhe falar. Identificou-se mostrando a carteirinha de aluno pelo olho mágico, só então a senhora abriu.

  Michael disparou pela casa, tentando sentir onde a menina poderia estar. Ouviu, então, a moça informar que Bia devia estar num dos quartos do andar de cima, que iria chamá-la, mas o mestiço não lhe deu tempo e começou a abrir todas as portas até que encontrou Beatrice e o que deveria ser o veneno: uma esfera vermelha que soltava uma áurea podre que absorvia toda luz a seu redor.

-Bia!-gritou com seu último fôlego.

-O que faz aqui, Michael?-ela perguntou bastante confusa enquanto olhava para a terceira pessoa no cômodo, seu meio-irmão.

-Mais um garoto estranho?-Shin olhou a aparência de Michael, que estava bem vermelho do esforço físico, mas começando a ficar branco.

-Isso aí!-apontou para a esfera, que felizmente estava com o outro rapaz.

-É uma bolinha fofa que a empregada encontrou pela casa. Shin não quer me dar, dizendo que viu primeiro! Só que ele disse que vai dar pra um amigo! Não é justo...-a loira explicou.

-Eu já disse o porquê, mas isso não interessa a esse garoto. -Shin segurava firme a bola. Olhou para Michael e tinha a expressão de que o mestiço não era bem-vindo no que parecia ser seu quarto.

  Beatrice aproveitou a troca de olhares e avançou para cima da esfera, quase tocando-a. Aquilo lançou um enorme desespero no rapaz, que gritou:

-Não deixe!- Pulou na direção da bola e agarrou bem forte, mas fora tarde demais, Beatrice estava caída no chão quando ele tirou os olhos do objeto rubro. Correu até a jovem e olhou desnorteado para Shin.

-O que aconteceu!?- o meio-irmão perguntou, pegando a moça no colo e a estendendo.

-Temos que chamar um médico, ou algo assim... Vou correr até a empregada e pedir que chame a ambulância. -Michael saiu pela escada, enquanto guardava o veneno em seu bolso. Por sorte, não lhe fazia mal, como achara que faria a princípio.

  Shin, que ficara no quarto segurando Beatrice, olhou a seu redor e respirou fundo. Então, saiu correndo escada abaixo atrás do outro e de Nana. Quando se reuniram, a ambulância já havia sido chamada. A empregada estava se lamentando, bastante aflita com o estado de saúde daquela que tratava como filha.

  Michael observou a cena apalpando a esfera vermelha. Estava queimando sua pele de dentro do bolso, aquele que a enviara teria conseguido seu objetivo? Junto com a bola sentiu o pedaço de papel que olhava havia menos de meia hora; não tinha escolha se não abandonar Beatrice com seus responsáveis e ir cumprir sua parte na missão.

-Por favor, mande-me notícias, Kandatsu-san, -disse ao rapaz de cabelos azuis.

-Certo.

  Os dois ainda se olharam por um tempo, compreendendo que muito daquele dia ficaria sem ser explicado por ora. Todavia, também concordavam que seria muito interessante conversarem dali a um tempo; quando tudo estivesse em um passado distante.

-Cuide da Bia, -ainda falou, antes de se despedir de Nana e seguir rumo ao endereço da folha de caderno.

Continuará...

Anita, 20/04/2007


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