Tenshi no Tatakai, não Há apenas Um escrita por Anita


Capítulo 12
Assassinatos / Complicações




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Tenshi no Tatakai, Não Há Apenas Um § 12 - Assassinatos / Complicações Notas Iniciais:

Hã... Essa fic é MINHA! Mas alguém que o Eyuku? Ele meio que tá me enchendo o saco aqui... 

Olho Azul Apresenta:
Tenshi no Tatakai,
Não Há Apenas Um

 

Capítulo 12 - Assassinatos / Complicações
-Domo arigatou gozaimashitaaaaa!-o rapaz de cabelos azuis cinzentos gritou ao terminar a última música. Seus cabelos se sacudiram quando cumprimentou a platéia e depois ergueu o microfone.

  A guitarrista, a única menina do grupo, foi até ele e se abraçaram. Como o microfone estava bem próximo, todos puderam ouvir o que falavam.

-Nós conseguimos, cara! Eles tão vibrando!-a jovem de cabelo curto de vermelho falou.

-É sim!-o vocalista concordou, guardando o microfone e ajeitando os cabelos suados.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Essa fora a única parte do show de uma hora a que Beatrice prestara atenção, excetuando a inicial. Eyuku estava a seu lado, abraçando-a e beijando-a; nem parecia o de sempre. Muitas vezes as lágrimas de alegria ameaçaram transbordar e encharcar sua face. Muitas vezes Beatrice conseguira impedir.

-Devo levá-la pra casa, agora que o show acabou?-o rapaz lhe perguntou, abraçado a ela por trás e apoiando a cabeça em seu ombro.

-Espere... Os fogos estão começando.

  Queria e não queria sair dali. Primeiro porque não iria mais segurar os rios que lhe enchiam os olhos. Segundo porque... E se fosse um sonho? Acordar lhe seria o pior pesadelo.

-É verdade -Eyuku falou, apontando uma flor de fogo no longínquo céu.

"Não tão longe; eu me sinto nele!" Beatrice pensava, sorrindo.

-É mesmo! E é lindo... -exclamou.

  O jovem novamente a beijou apaixonadamente.

-E se nos virem, Eyuku?

-E daí?

-Não é decente beijar em público...

-Legal... Mas, e daí?

-Bem...

  E ele a beijou uma vez mais.

-Acho que gosto tanto de você que virei um indecente baderneiro.

-Eyuku...-a jovem corou, virando-se e abraçando-o com toda sua força. A partir de ali já se havia esquecido de que não eram os únicos no mundo, já que parecia.

  Ao fundo, outro casal chegava ao recluso local onde estavam e um rapaz alto parara para observá-los.

-O que houve?-a moça, a guitarrista da banda, perguntou.

-Eles...

-Deixe-os se divertirem. Fogos de artifício são muito românticos.

-É que eu conheço aquela menina.

-Está com ciúme?

  O rapaz olhou seriamente para a colega de banda. Então lhe fez um cafuné na cabeça, bagunçando ainda mais os rubros cabelos.

-O que acha, Eri? Vamos logo até a van guardar os instrumentos.

-Certo!-Eriko respondeu, dando uma língua para o rapaz e apertando o passo.

-Nem parece que se formará no ano que vem...

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Uma Semana Depois

  Beatrice saía do banheiro e vestia seu uniforme escolar alegremente. Cantarolava alguma canção que ouvira na televisão, doida para comprar o single. Aquela havia sido a melhor semana de sua vida! Saíra com Eyuku todos os dias e, no dia anterior, ele a surpreendera indo ali conhecer seu pai. Estava arrumado, perfumado e, provavelmente, insano por ter tido tal idéia.

  O bom Saidaku se havia surpreendido com o rapaz. Mas não o achou má pessoa, só um tanto tímido. Porém, ele próprio o havia sido quando pedira a mão da finada esposa em casamento.

  Ao fim do jantar, ele anunciou que estava feliz por aceitar um novo filho na família. Eyuku sorriu e disse que estava grato por ter um novo pai e se sentia honrado por poder namorar a princesinha da casa.

  Amarrando o laço de seu uniforme, Beatrice sorriu novamente para si, suspirando. Como a vida podia ser tão bela!? E tantos lugares românticos a que Eyuku a levara naquela semana... E filme divertidíssimos a que assistiram!

"Não acredito que está tão assim... Ele não é de confiança!"Fahel insistia.

-Mesmo não sendo, eu o garoto que amo faz tanto tempo! Por que não fica feliz por mim?

"Porque mal tem cumprido suas missões!"

-Não me mandou a lugar algum... E fui todos os dias ao Padre Julius. Mesmo ele me congratulou pelo namoro! E hoje eu o direi o que Eyu-chan fez ontem... Ficará feliz por não mais ser escondido e sim um relacionamento sério. Devo contar sobre o buquê de rosas vermelhas que me deu ou seria informação inútil?

"Faça o que quiser, Bia... Só acho que isso está indo rápido demais".

-Parece um ciumento, Fahel!

"Deve ser porque é meu trabalho ter certeza de que está bem!"

-Só saberia que seu trabalho está completo se eu me trancar num convento de virar uma nova Madre Tereza de Bagudá!

"Por Deus... Calcutá. Nem existe este outro lugar, Bia..."

-Err... Não é o sobrenome dela, não?

"Vai pra escola, Bia... Já me pergunto se o Pai errou ao achar que era sua filha."

  Beatrice deu um sorriso para o reflexo na parede da figura luminosa e os dois pontos vermelhos. Ele vinha se tornando mais e mais atraente na sua falta de forma.

-Fahel... Você é assim mesmo? Anjos são assim?-perguntou, já no caminho para a escola.

"Assim como?" o anjo ainda parecia agitado como minutos antes durante a discussão.

-Como você mostra pra mim...

"Há anjos de várias formas, Bia. Não somos delimitados por carne para termos um jeito normal, humano".

-Quais formas?

"Pra que essa pergunta?"

-Talvez já tenha visto vários anjos!

"Visto...? Acho muito difícil. Somos feitos de luz, água, fogo, terra... Entende? Fazemos parte do céu e do mar e do solo. Não como nos "ver" no sentido humano da expressão. Vocês nos sentem quando têm um pressentimento ou quando falam de Deus... Estamos lá para encher seus corações de alegria. Mas "ver"-nos...? Só quando o queremos".

-E quando a mãe do Padre Julius morreu? Eu vi um anjo não foi?

"Foi..."

-A mensageira.

"Isso..."

-E não esperava que eu a visse! Explique-se.

"Certo..." Fahel fez um curto silêncio, provavelmente escolhendo as palavras mais convenientes "Os anjos mais superiores podem, quando quiserem, assumir a forma humana. Neste caso, cada um tem a sua forma humana. E, normalmente, são anjos que vivem no céu, junto a Deus, e têm, originalmente, a mesma forma que eu".

-Então... Se vivem no céu, por que são os que podem ter a forma humana?

"Para evitar que os homens os vejam. O resto tem outras formas, alguns a que quiserem. Mas todos são invisíveis a vocês. Não sei se você é uma exceção... Os Mensageiros, ou Coveiros, são uma exceção. Eles não são superiores, mas possuem a forma humana, mesmo vivendo na Terra na maior parte do tempo. Para controlá-los, Deus tirou-lhes tudo, inclusive o som. Eles não podem falar ou pensar. Também não costumam se encontrar uns com os outros. São anjos muito diferentes".

-Mas eu falei com aquela.

"Falou porque tinha que falar. O som que ouviu foi de outro anjo... Pedi para que ele conversasse contigo caso conseguisse ver as duas. Duvidei e acabei por me surpreender".

-E por que não podem pensar?

"Eles têm o dom da morte, Bia... Se resolvessem trair Nosso Pai, seria terrível! Anjos não devem ter livre-arbítrio".

-Nenhum!?

"Desde que Lúcifer nos traiu, foram raros os casos".

-Então você é um desses casos raros?

"Eu? Eu não tenho isso de livre-arbítrio, não... Só causa problemas. Confio em Deus e que ele decida o que é melhor para todos".

-Mas livre-arbítrio é fazer o que quiser com o destino! Você me parece fazer isso...

  Fahel ficara quieto. A garota só poderia estar delirando...

-Falando sozinha?

  Algo a agarrara por trás. Estava chegando na escola e muitos conversavam ao portão. Se pudesse beijaria esse algo ali mesmo.

-Ah, Yu-kuuuun!-Beatrice abraçou o namorado -Eu só estava pensando alto. Exercitar a voz faz bem.

-Uma bela voz...-o rapaz comentou bem baixo, parecia falar consigo mesmo.

-Obrigada...-a jovem disse, também bem baixo.

-Notei que não te dei seu presente de aniversário.

-Nem foi à festa!

-Mas sou seu namorado, não é?

  Beatrice sorriu. Encostou-se ao muro da entrada enquanto assentia.

-Com certeza que é!

-Aqui está...-entregou-lhe uma caixinha.

  Ao abrir, a menina percebeu ser uma jóia. Começou a recusá-la, mas Eyuku a fez ver por completo. Era um lindo anel de prata com o símbolo de um dragão ao redor dele e uma bela bola rubro negra no centro.

-Uau!

-É prata e a esfera é rubi e ônix. É lindo não é?

-Sim... Mas parece tão caro!

-Não chega perto do valor de meus sentimentos por você, minha amada Beatrice -ele a abraçou fazendo sua cabeça encostar-se ao tórax, tão confortável...

-Onde conseguiu um anel assim?

-Encomendei...-colocou-o no anel da moça -Ah! Serviu perfeitamente.

-É... Como soube meu número?

-Adivinhei. O joalheiro em disse que esse é o tamanho normal dos dedos das garotas.

-Ah, é mesmo, hehe! Eu tenho mesmo...

-Qualquer coisa era só ajustar.

-É...

  Ele levantou a cabeça da moça pelo queixo e deu-lhe um leve selinho.

-Vamos entrar?-perguntou.

-Sim!-Beatrice falou sorrindo, apesar de, lá dentro, desejar ficar assim para sempre.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  O silêncio podia não ser o que dominava normalmente aquele lugar, mas, naquele momento, enchia cada cômodo, pintura e imagem. O bom sacerdote estava ajoelhado perante uma mesa com uma Bíbla em cima e murmurava palavras de prece.

  Estava feliz pela menina que ia todo dia à sua igreja, com ou sem missa. Era boa e parecia sempre trazer a luz. Mas nas últimas semanas, sentia que a dela vinha se apagando cada vez mais ou...

"Ou as trevas chegando mais perto..." pensou rezando mais um amontoado de palavras nas quais estavam todas as obrigações e bênçãos para a humanidade.

  A estranha menina havia se apoderado de sua mente de tal forma que até as vozes só falavam nela. E também nas trevas... Mais e mais atentados vinham acontecendo e, sempre Padre Julius tomava conhecimento deles, pensava em Beatrice.

"Estou ficando psicótico?" perguntou-se levantando e olhando a cruz da sacristia.

-Oh meu Deus, Pai amado... Protegei aquela imaculada criança. Faça-me um maluco que só pensa em coisas que nunca acontecerão!-falou o que sentia -Pai nosso que estais no céu, santificado seja-

  Mas fora interrompido por um apagão. Não só as lâmpadas todas pareciam haver queimado, mas também as velas.

  Uma rajada de vento frio o derrubara no chão, batendo com as costas contra a parede e vozes começaram a sussurrar-lhe tão alto que pensava que acabaria ficando surdo. Não conseguia entender uma palavra sequer...

  Trovões rugiram e toda a água do dilúvio parecia bater no chão com o sol de uma poderosa cachoeira. Um zunido de vento misturou-se às milhares vozes como se fosse parte delas. Começou a sentir-se tonto; o que seria aquilo!?

-Lá fora...-algo disse. Seria uma das vozes? Parecia tanto com a de sua mãe...

  Voltou a rezar para si próprio enquanto se levantava e olhava ao redor. Tudo parecia normal. As luzes, as velas... Estaria louco?

-Saia...-sua mãe novamente dizia.

  O bom homem suspirou e benzeu-se. Rezava a seu anjo da guarda quando abriu a porta da igreja. Olhando para o templo estava um jovem de no máximo dezesseis anos. Tinha cabelos negros e olhos claros. Com certeza era um estrangeiro. Algum parente de Beatrice?

  Continuou rezando, enquanto seu peito se apertava. A cruz ali parecia em chamas.

-Posso ajudá-lo em algo?-Julius perguntou.

  Michael pareceu ignorar a presença do padre, ou já a tinha notado antes mesmo desta existir. O jovem abriu um sorriso bem branco para o sacerdote e assentiu.

-O senhor conhece uma Tentoai? Beatrice o nome... Acho que ela freqüenta sua igreja.

-É, conheço sim. Por quê?

-Eu só queria sabe qual igreja era... Venho perguntando a todas.

-Algum motivo em especial?-o instinto paterno que o padre sentia em relação à menina se aguçara. Aquele não era o namorado dela, com certeza.

-Curiosidade. Gosto de mantê-la sob minha vigília. Este mundo anda tão perigoso com esses assassinatos.

  Julius levantou uma sobrancelha.

-Com uma vizinhança tranqüila como esta, Bia não sendo do perfil das vítimas do assassino e já tendo um namorado pra ajudá-la... Ela não precisa dum mestiço atrás dela!-uma terceira voz impediu que o padre respondesse.

-Soube que acabou de ocorrer um assassinato. Foram dezesseis vítimas, incluindo uma jovenzinha sem antecedentes criminais, Amada-san -Michael respondeu ao rapaz de cabelos flamejantes que havia chegado -Terá sido a Bia? Não a vejo contigo, como nas últimas semanas. Parecem colados um ao outro.

-Não fale assim da gente só porque ela te rejeitou!-Eyuku havia levantado a voz e se preparado para socar Michael se o padre não tivesse descido as escadas da igreja e se posto entre ambos.

-Meus queridos jovens, este não é um bom lugar para trivialidades. Aqui há o perdão e o amor entre próximos. Não peço para que se abracem, mas não briguem.

  Eyuku se acalmou e olhou para a igreja.

-Bia está vindo ver o senhor, padre. Mas ela teve que ir a qualquer lugar antes... Então vim na frente. O que foi bom. O que esse aí estava dizendo pro senhor?

-Ah... Deve ser o namorado de Beatrice, hehe. É tão pálido... Surpreende-me que tenha tanta energia para brigas. Bia sempre o descreveu como calmo demais.

-Não com esse inglesinho...

-Certo... E você, quem é?

-Michael Itonokoi -respondeu passando a mão pelos cabelos desregrados -E já vou indo... Bia não tem estado muito a fim de me ver, não é Amada-san?

-Nenhum de nós dois -o outro respondeu.

-Ora... Não recomecem. Por que não entramos e tomamos um chá? Eu estava para fazê-lo agora.

-Acho que terá que ficar para outra hora, meu bom padre -Michael disse já se virando. Mas algo muito quente segurou sua pele fria e o assustou.

-Seus pais nunca te ensinaram a não recusar convites? Ou está com medo da polícia te achar aqui, seu assassino?-Eyuku disse bem calmamente, em contraste com antes.

  Um frio correu pela espinha do jovem inglês enquanto ora o olhava ora olhava a porta da igreja. Por um segundo hesitou e então sorriu.

-Acho que Beatrice não sabe que você está aqui, não é? Quer lhe fazer uma surpresa ou lhe atacar pelas costas?-seus olhos azuis penetraram nas trevas dos de Eyuku.

-Qualquer que seja o motivo de cada um, insisto que entrem. Vamos, vamos...-puxou os dois com cada uma das mãos pelas costas e os estava guiando pela porta da igreja. Imaginava se poderiam se matar se não tivesse vindo naquela hora.

  Na entrada, Michael dera um pulo para trás e pareceu em choque por um tempo.

-O que há? Não se sente bem?-Julius perguntou preocupado, enquanto Eyuku continuava a entrar observando cada imagem no interior.

-Estou ótimo. Só havia me esquecido de uma coisa. Bem, eu realmente tenho que ir, Padre Julius. Até mais...

  E saiu pelas ruas da tranqüila vizinhança. Assim que virara a esquina o som de sirenes tanto da polícia quanto das ambulâncias ressoaram pelo bairro. Realmente houvera um assassinato?

  Virou-se para o outro menino e ele parecia falar com a cruz. Estaria rezando? Tinha tanta fé em que alguém lhe escutava... E por que a cena não comovia o padre? Por que o incomodava? E como o outro sabia de seu nome?

  Sacudiu a cabeça e fora preparar três xícaras de chá. Beatrice já devia estar chegando.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Beatrice chegara correndo à igreja. Fahel insistira tanto que fosse à tal boate investigar seja lá o que fosse que decidira ir até o local.

  Era um lugar muito badalado por todos de sua idade, principalmente os de sua escola que tinham maior poder aquisitivo. Não parecia ser o tipo de boate cheio de drogas e essas coisas, então não entendia a idéia de Fahel. Ultimamente andava indo a muitos desses lugares, procurar pistas do tal assassino.

  E Fahel sentia que mais um crime seria cometido.

-Não entendo o que esta boate tem a ver com tudo... Acha que será aqui?-Beatrice perguntou, entrando no local deserto àquela hora da tarde.

"Provavelmente não. Mas um informante comentou o nome deste lugar... Quero saber o porquê".

-Informante? Uau... Isso tá parecendo filme de detetive, hehe.

"Pois não é. As pistas não são exatamente materiais, Bia. Olha, tem um cara no bar... Peça algo de consumo a ele".

-Mas tô sem fome...

"Bia!"

-Certo...

  Caminhou até o jovem. Era o estilo bonito despreocupado. Tinha cabelos negros amarrados num rabo para trás, mas deixando umas mechas caírem desleixadas pelo rosto. Os olhos castanhos olhavam um monte de papéis, pareciam ser as contas do local.

-Licença...-a jovem falou timidamente. Mas fora ignorada. Virou os olhos até em cima e o olhou novamente -LICENÇA!

  O rapaz, aparentando ser universitário, olhou-a assustado.

-Ah, desculpa! Hã... Só abrimos às dez, desculpa.

-Eu só queria uma água gelada. Tá tudo fechado por aqui e tô morta de sede... -em sua mente, Fahel brigava por estar mentindo. Beatrice continuou fingindo que não o ouvia -Será que não pode me vender uma?

-Acho que não faz mal... Mas tem que ser no canudo, tá? Estamos sem copos aqui.

-Certo! -ela sorriu da forma mais angelical que pôde.

"Bia! Isso não é espionagem... Pra que tanta cena!?"

  A jovem olhou para os lados como se nada falasse com ela.

-Aqui é tão grande!-comentou, ao receber a água bem gelada e pagar.

-Ah, sempre parece maior quando tá vazio... Já veio aqui antes?

-Não... Eu sou de menor.

-Ha ha! Isso nunca foi problema. Os seguranças aqui nem ligam muito acho, noutro dia um cara entrou aqui com a foto do Brad Pitt na identidade. Eu é que tenho ordens pra cuidar do que vendo. Digo, pra quem vendo, hehe. E as bandas... Todos têm que ser maiores. Aliás, todos os que trabalham aqui. Uau, tô aqui a tarde toda sozinho e a primeira pessoa que aparece tem que me ouvir! -o rapaz sorriu exibindo dentes perfeitos.

-Tudo bem... Você me ajudou, né?

-Não negaria uma vendo haha!

  Beatrice sorriu divertida. Era bem simpático ele, mas não sabia direito o que lhe perguntar...

-E todo o tipo de gente vem aqui?-tentou.

-Não toooodo. É bem seleto, sabe. É tudo caro, a entrada então! Um abuso, acho...

-Mas digo... Gente boa, perigosa...

-Muitos mimados. Tem um cara aqui que toca na banda que te descreveria como "a gema da escória da humanidade". São bons no currículo e péssimo no ao vivo. Mas há gente boa também.

-Que legal! É divertido trabalhar aqui?

-Os patrões são exigentes, mas super bacana. E os clientes pagam bem.

-Não tem nada de estranho por aqui?

-Não... Por quê?

-É que há tanto mito sobre boates pro pessoal da minha idade he he -mentiu mais uma vez, olhando para as paredes. Havia várias pinturas, mas nada surpreendente. Um anjo, um cachorro, uma guitarra, Elvis. Nada de subliminar.

-Ah, eu lembro! Se bem que nunca me liguei nisso. Só passei a gostar depois que trabalhei aqui. Minha namorada é que ainda não se acostumou hehe.

-Escuta, será que posso usar o banheiro, ou seria abusar?

-Não! É por ali, ó. Qualquer coisa, meu nome é Masaru. Você?

-Beatrice.

  E foi até o lugar, jogando a garrafinha plástica no lixo.

-Fahel, não vejo nadinha! Aliás, marquei com Eyuku na igreja... Ele pode até ter aceitado sem suspeitar muito haver ido na frente, mas... É abuso eu demorar muito!

"Mas, Bia... Há algo aqui sim!"

-O quê?

"Temos que descobrir agora!"

  A jovem olhou para os lados para ver se alguém também achava aquela situação mais que maluca. Como tudo estava vazio, suspirou impotente.

-Como...?

"Olhe melhor ao redor".

-Não. Já o fiz e nada. Forçar um pressentimento não conta Fahel.

  Naquele mesmo momento uma dor muito forte nas costas, alastrando por todo o corpo atingiu a menina. Ela caiu de joelho no chão recém-limpo da boate, fechando os olhos para tentar suportar as pontadas.

  Quando os abriu parecia estar em outro lugar, ou assistindo a algum filme. Ouvia uma voz de algum rapaz dizendo alguma coisa... Que língua era aquela!?

  Conseguia ouvir claramente, mas não entendia. Tinha que se concentrar.

  Teve medo de fechar os olhos então os manteve abertos enquanto a imagem tomava foco. Era muito escura, mas podia enxergar uma estátua de uma mulher de roupa azul e branca. Olhava piedosamente para o sujeito de costas. Ao fundo, Beatice via uma igreja.

"Padre Julius..." -pensou, ao reconhecer o templo. Aquela devia ser a imagem de Maria. Havia mais gente ali...

  Olhou para trás e viu mais duas pessoas. Bem ao fundo, alguém de espírito muito forte parecia observar atentamente a cena sem ser percebido. Ele também falava algo...

"É aramaico..." Fahel disse em algum canto distante do corpo de Beatrice "A língua de Maria".

  Beatrice olhou mais fixamente o vulto na porta da igreja e, enfim, conseguia distinguir um som.

-Nunca!-fora tudo o que ela entendera da pessoa. Quando se voltou mais uma vez deu de cara com um espelho.

  Estava de volta ao banheiro da boate.

  Saiu dali correndo para a paróquia.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

-Nossa... Você está estranha, Bia-chan. Foi o novo assassinato?-Eyuku perguntou calmamente, olhando para a xícara de chá que tomava.

-Acabamos de ouvir na rádio -Padre Julius disse, carinhosamente passando a mão sobre a cabeça de Beatrice. A jovem havia chegado pálida ao local e ainda não se explicara -Quinze pessoas morreram.

-Apesar do gringo haver dito dezesseis -Eyuku disse seriamente -Aposto que ainda vão encontrar o tal sangue inocente de quem ele falou. Como disse, o assassino, obviamente, sabe de tudo o que faz.

-Como?-a jovem tentava compreender o que Michael fazia no meio do tópico.

-Esse rapaz meio estrangeiro veio aqui um pouco antes de Amada-kun. Foi o primeiro a me dar a notícia, mas mencionou essa vítima a mais. A rádio só disse quinze e destacou que todos tinham antecedentes criminais terríveis.

-Esse maldito assassino, matando sem razão certa! É um maluco que só quer atrapalhar planos maiores que há para cada vida -Eyuku falou apaixonadamente, espantando tanto o padre quanto a namorada -É a verdade! -completou, ao notar a reação dos ouvintes.

"Bela fala..." Fahel disse na mente de Beatrice, o que a fez sorrir orgulhosa.

"Eu disse que Eyuku é um ótimo garoto!" ela respondeu-lhe.

-É um bom cristão pelo que vejo...-o Padre disse, ainda que espantado com aquilo. As vozes pareciam dizer que não ficasse -Tem a idéia certa.

-Sou budista.

  Ele o olhou, estranhando. Então o que fazia com a imagem?

-É verdade, mas não o impede de estar certo, não é, Padre?-a menina falou alegremente.

-Sim, sim... Nada impede que todos sigam o mandamento maior: "Amar o Próximo".

  Mas o Padre Julius não estava muito certo daquilo. Por mais que concordasse com a afirmação do rapaz... As vozes não o deixavam gostar dele.

"Devo estar com ciúmes desta garota. É quase a filha que nunca terei. Iluminou-me antes mesmo de aparecer, hehe" pensou, sorrindo. Beatrice era a bênção que ninguém merecia e seria capaz muita coisa para garantir seu bem-estar.

  A rádio ligada ao fundo interrompeu a hora de música clássica para um anúncio, o que paralisou todos presentes:

"A polícia acaba de encontrar o corpo de uma jovem sendo a décima sexta vítima do assassino em série. É a primeira sem antecedente qualquer. Tinha apenas seis anos. Fiquem sintonizados para mais notícias".

  O único a pronunciar um som sequer nos minutos seguintes foi Eyuku, como se dissesse que sua teoria contra Michael estava comprovada. Nem mesmo Fahel emitira um som além dele.

Continuará...

Anita, 20/09/2004

Notas da Autora:

Err e aí!? Tão gostando!? Shiiiiii, o Michael tá mesmo enrolado né? Ou ele fez isso de propósito? Ou o quê? A coisa vai se enrolando mais, não é?

Digam o que acham ao meu e-mail anita_fiction@yahoo.com e leiam mais no meu site, o http://olhoazul.here.ws

Agradecimentos: A Deus por me haver dado todos os intrumentos pra fazer essa fic, a você por agüentar lê-la até agora e ao pessoal que faz questão de dizer que está lendo: Vane, Ela___, Poseidon, a Viviani, a Chibichibi Ana e todos os de quem me esqueci o nome (desculpa...) Mande tb seu mail!!!


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