– E então? Por que me chamaram aqui? - perguntei jogando a minha bolsa na mesa, assustando-os

– Katniss, você não acha que... Nos deve explicações? - Annie estava com o cabelo em Channel, com uma franja longa, e que ódio! Ela estava perfeita!

A água oxigenada deu certo, e seus fios ruivos ficaram em partes mais claras, dando-a um ar mais jovial e espontâneo. Vaca. As mechas azuis nem se fala. Ela está incrível.

– Que explicações? - perguntei eu sempre fui uma boa mentirosa - Ficou legal seu corte de cabelo, Annie. - disse cínica e ela ficou muito vermelha. Meus pais nem pareciam que tinham sofrido alguma coisa. Ser rico é fogo... MAS!

Meu pai estava com a sobrancelha perfeita demais, o que era claro que era de mentira, e Annie estava "careca" na testa. Talvez não tenha dado tempo da moça do cabeleireiro resolver o caso dela... Minha mãe... Ta uma mesma aberração, com cílios artificiais.

– Coisas aconteceram. - Gale disse e tinha uma toca na cabeça - Meu cabelo ficou azul! Azul!

– Não está faltando nenhum fio não? - perguntei irônica, olhando-o com intensidade e pura raiva

– Não, queridinha. Eu sei diferenciar condicionador de veet. - disse ele ironicamente

– Aliás, o que está fazendo aqui? Você não é da família. - eu disse torcendo o nariz

– KATNISS EVERDEEN CRESTA! - Effie, minha mãe, disse batendo as mãos na mesa - SENTE-SE AGORA E NOS EXPLIQUE POR QUE FEZ ISSO TUDO!

A obedeci, depois olhei para o meu pai, que mexia no copo de whisky, depois para Gale, que desviou o olhar, olhei para Annie, que mordeu o lábio inferior - Você quer mesmo saber o motivo de mim ter feito isso, mamãe? - perguntei cruzando os braços na frente do corpo, me encostando na cadeira, mordendo meu lábio inferior e também cruzei as pernas de tipo "eu quem mando nessa droga" - Eu não vou dizer. Vocês sabem muitíssimo bem a razão. Admito: sou culpada. - ergui minhas mãos em rendição - Podem me denunciar. Que eu acabo com a vida pública de vocês. - abri um sorrisinho cínico e eles estavam se encarando - E você vai ter que usar uma outra estratégia, pai. - contei me aproximando da mesa, como uma rainha - Eu e Gale terminamos oficialmente nosso noivado. E nenhum de nós dois vamos levar isso a diante.

Meu pai olhou para mim, analisando cada uma das minhas palavras, depois olhou para Gale - O que aconteceu? - ele perguntou, sabendo que eu amava Gale, ou gostava muito... Não sei. As palavras de Peeta me deixaram profundamente confusa.

– Nós resolvemos que não ia dar certo. Simplesmente isso. - Gale disse suspirando pesadamente

– Pai, quero uma semana de folga. - ele parou para pensar, e viu que o melhor era me manter afastada

– Ok... Duas, se quiser. - disse derrotado, sabendo que eu sou insistente quando quero. Ele sabe que eu sei ter o que quero quando quero, mesmo que Annie tenha o charme todo. Eu puxei esse lado dele, e muitas vezes é assustador o quanto nossas personalidades se convergem.

– Só quero uma mesmo, obrigada. - falei com meu melhor tom cínico, acompanhado com um sorriso venenoso de minha parte.

– Mas e como fica a Glimmer? - Annie perguntou, sabendo tanto quanto eu que se Glimmer não aceitar, as duas empresas vão falir. - Ela quer um casamento. - eu olhei para ela, verde no cinza, onde encontrei em seus olhos que parecem uma floresta amazônica perfeita, constrangimento.

– Eu vou falar com ela... - falei suspirando profundamente, então ouvimos passos de salto alto craquelando o piso de madeira

– Posso saber se essa pessoa sou eu? - perguntou sorrindo abertamente para nós. Hoje vai ser uma longa segunda-feira...

...

– E é isso, Glim. - eu disse sentada na ponta da mesa do escritório do meu pai, e só estávamos nós duas - Ele está apaixonado, mas não por mim, e... Não ia dar certo.

– Oh, cherie! - ela disse em francês sendo italiana - Eu sinto muito! - e me abraçou apertado e eu chorei em seu ombro sinceramente

– Desculpe estar molhando seu ombro... - falei e ela deu de ombros

– Querida, está tudo bem... Mas... Não parece sinceramente magoada por isso, e seus olhos estão com um brilho diferente. - disse me olhando maliciosamente. Eu não contei que vi minha irmã gêmea e noivo na cama, apenas que ele me disse que gostava de uma outra pessoa, e avaliando, não estávamos preparados para nos casar.

– Ah... Eu não sei, sabe? Está tudo muito confuso para mim... - pensei em Peeta e em suas palavras. Ser sincera sempre ajuda - Acho que nunca foi amor entre eu e Gale, e sim uma amizade, entende? - ela me ouviu com atenção, bebendo um pouco de chá - Foi tudo de repente... E agora preciso pensar na empresa, e tudo mais...

– Eu vou dar um tempo a mais para vocês. - contou colocando sua xícara no pratinho certo - Katniss, eu gosto muito de você, e é a única de todos que estão naquela sala que eu realmente acredito... - suspirou pesadamente - E acho que você merece uma vida linda, um amor verdadeiro, um amor sincero, quase como daquele seu amigo bonitão, o Finnick. - rimos juntas. Ela o adora - Eu conheci o amor verdadeiro, e chegou a conhecer o George, não? - sorri torto, assentindo. Ele era adorável, gentil, e os dois possuíam um olhar de dar inveja, cheio de carinho e amor... Quando aconteceu um acidente de carro, e ele morreu na hora - Você está bem? - eu estava com meus olhos fechados, mas nunca enxerguei tão claramente. Nunca amei Gale. Nunca amei. E ele nunca me amou.

– Estou bem... Só... Pensativa. É muita coisa sobre meus ombros.

– Entendo... Mas não pode carregar o peso do mundo com suas mãos, pois você tem apenas duas. Elas servem para você suportar apenas o seu peso e de mais uma pessoa, a pessoa que escolheu amar. - suas palavras entraram em meu coração profundamente. Como uma espada afiada. - Você está amando alguém, querida. Está claro nos seus olhos.

– Não estou apaixonada pelo Finnick! Ele é meu melhor amigo! - ela riu

– É, dele eu sei que não, mas o ama, não? - assenti absolutamente certa disso - E aquele loirinho?

– Loirinho? Que loirinho? - que?

– Aquele que te deixou aqui na porta. Eu vi, Katniss.

– AH! O PEETA! - falei sorrindo abertamente, e quando olhei para ela, me olhava como "ah... Então o crush se chama Peeta" e minhas bochechas pegaram fogo - Oh... O Peeta... - falei mais baixo, com menos animação, como se apagasse a minha empolgação de segundos atrás - Conheci ele anteontem, Glimm... Não é nada demais.

– Gale nunca te deixou na porta da empresa, e nos jantares de família, ele dificilmente sentava ao seu lado, e sim ao lado da Annie. - ela disse e eu parei para me lembrar de quantas vezes dormi chorando pensando que havia feito algo de errado com Gale por ele me tratar dessa forma, ou se eu estava feia, não sei. - Vocês nunca se amaram... E é por isso que eu queria que se casasse. Para provar se era amor ou não.

– Ah... - eu disse vagamente

– Preciso de um tempo e algumas provas para fechar ou não o contrato. - disse simplesmente, deixando as suas palavras no ar - Preciso ir, sweatheart. - beijou minha bochecha, me deu um abraço, que correspondi - E realmente desejo que seja feliz. Boa tarde. - e saiu.

...

– Katniss... - Gale me chamou quando estava quase saindo da casa dos meus pais, tentando soar o mais despercebida possível

– Não temos mais nada para conversar. - respondi não querendo olhar em seus olhos cinzas como uma nuvem

– Mas eu quero te agradecer por não ter falado a verdade. - ai eu me virei para ele

– Eu não falei a verdade, Gale? Não falei? - ele me olhava atentamente - A quanto tempo você não segurava a minha mão na rua? A quanto tempo você não me deixava em casa? A quanto tempo você deixou de se lembrar de coisas pequenas, mas que sabia que eram significativas para mim? Quando? A muito tempo. - meus olhos estavam cheios de lágrimas - Acha mesmo que ia dar certo?

– Mas você parecia não se importar! - ele disse chateado - Katniss! Estamos em 2012! Você deveria saber que os tempos são outros! Eu precisava de uma noiva, uma mulher!

– Não importa quanto tempo passe, Gale... - eu disse limpando meus olhos - Valores são valores, e eu tenho os meus.

– Anyway, você nem pareceu se importar quando eu comecei a me atrasar, ou estava me distanciando! - ele estava com os olhos cheios d'água

– Gale... O coração é a única coisa que quebra sem fazer som. E o meu se quebrou em milhões de pedaços, mas quem não notou foi você, que pisou em cima como se não significasse nada, assim como a Annie. - eu chorava, e não me importava mais sobre o que ele achava de mim - Boa sorte com ela, aliás.

– É, isso, vai me deixar mesmo? Duvido que você, que só pensa que existe o seu trabalho, encontre um cara que aguente calado o seu monólogo! - jogou na minha cara, quando eu estava quase saindo de casa, ai eu ri, cruzando os braços e colocando o peso do meu corpo sobre um pé - Katniss, eu te conheço muito bem, ok? - disse sem se intimidar com minha atitude

– Gale, você não é insubstituível. Eu posso arranjar um melhor do que você em um instante. - falei me lembrando da Beyoncé e sua música que por coincidência tocou no dia que eu descobri tudo - Acho que não me conhece, na verdade... E esse cara pode estar na minha porta na hora que eu quiser. - ele riu

– Aé? Prova. - avisei para Peeta, que estava a poucos metros dali, comprando uma camisa nova para seu primeiro dia no trabalho segunda-feira que vem.

"Ex-noivo se achando que é insubstituível. Por favor... Nada de fingir, apenas me busca pra ele deixar de encher o saco"

"KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, ai, ai... KKKKKKKKKKKKKK to chegando"

– Peraí, ok? - disse eu cínica, e olhei para o lado de fora, vendo Peeta se aproximar, e eu já havia liberado a entrada dele.

Peeta quis me acompanhar, porque meus pais moram perto de ótimas lojas de roupas, e tudo mais. - Kats! - ele disse acenando três metros de distância, com seu sorriso encantador

– Tchau, Gale... - eu disse fazendo uma simples reverência, e ele ficou aparentemente revoltado, e com certeza estava - PEETA! - eu disse realmente feliz de vê-lo, e o abracei apertado

– O que quer que eu faça? - sussurrou devolvendo o abraço

– Finja que está me beijando. - ele riu, e beijou o canto da minha boca demoradamente, mais para a bochecha, e eu senti todos os fios do meu corpo se arrepiarem 100%.

Nós nos encaramos, mas então ele sorriu torto, e eu abaixei a cabeça. Para quem estava nos observando, dava a impressão que ele disse algo como "você é linda", e o que justifica minhas bochechas vermelhas de vergonha, e o fato de mim colocar uma mecha atrás da orelha - Não é para deixar ele sem graça, mas essa sua mania de colocar uma mecha de cabelos atrás da orelha é extremamente sexy... - disse baixinho e eu ri

– Não faço isso quando estou sem graça! E nem é uma mania! - e coloquei mais uma vez, fazendo-o rir, segurando minha mão e eu olhei para trás, aonde Gale estava me olhando sem acreditar.

– Ele está no observando? - Peeta perguntou e eu assenti, então ele se virou com um sorriso torto, aqueles sorrisos que faz qualquer garota babar e escorregar na própria baba de tão perfeito que é, aí acenou, e eu me virei, vendo que Gale acenou de volta com um sorriso cínico no rosto e eu me segurei para não rir

– Não precisa forçar, Peeta... - eu disse achando isso tudo muito controverso

– Não estou forçando nada! - disse como se eu tivesse o ofendido - Se fosse Finnick aqui, você já estaria nua, sabia? - ri, assentindo

– Mas não seria tão convincente. - e fomos andando lado a lado, sem nos incomodar com nossas mãos juntas - Estou com fome. - ele riu

– Sempre está, né? - assenti, batendo palmas, e entramos em um restaurante - Como foi a conversa? - perguntou olhando o cardápio

– Foi... Cansativa. - eu disse suspirando - Não contei toda a verdade, mas... Eu disse a ela que terminei meu noivado com Gale. - ele fez o pedido e me olhou - Que foi?

– Nada... Só quero saber a parte se ela aceitou numa boa ou não. - assenti, fazendo meu pedido

– Aparentemente sim... - eu disse - Ela contou que quer minha felicidade. - Peeta sorriu torto - Ai contou que queria que eu e Gale nos casássemos para saber se era amor ou não... Peeta... Ela disse coisas que eu ignorei no relacionamento, e eu cheguei a uma conclusão.

– E qual seria, Alguma Coisa Everdeen Cresta? - perguntou risonho, com os cotovelos na mesa e a mão sobre as costas das mãos, fazendo-me rir

– Eu nunca amei Gale... Eu era e sou muito carente. Uma pessoa me olhava gentilmente, eu aceitava aquilo como amor... - ele assentiu - Estou me sentindo triste. - bufei perante minhas próprias palavras

– Hm... Eu era de Nova York, antes de vir pra cá... - disse olhando em volta - Já visitou a cidade?

– Algumas vez com Madge, minha irmã casada, grávida e que serviu o exército por dois anos... Mas só fomos a Times Square. Nós somos muito amigas, só que não conversamos pelo telefone ou e-mail, apenas quando é para sairmos e nos vermos. Agora ela está na França com Fred. Tem irmãos? - perguntei querendo saber mais sobre ele, só que o sorriso em seu rosto sumiu, então ele abaixou a cabeça - Oh, desculpe...

– Não, está tudo bem. - disse dando de ombros, ai nossos pedidos chegaram - Obrigado. - dissemos juntos ao garçom, que sorriu gentilmente e se retirou - Só... - suspirou pesadamente - Preciso de um tempo.

– Claro... mais uma vez, me desculpe. - ele riu

– Para com isso... As palavras que você mais fala são "desculpe" e "obrigada". Para. Você não está errada em fazer perguntas. Sou seu amigo. - ele colocou sua mão por cima da minha e eu perdi o fôlego, olhando dentro de seus olhos azuis tão profundos, gentis e misteriosos, como um oceano. Que eu adoraria mergulhar e me afogar... Seu sorriso é verdadeiro, e o deixa ainda mais lindo, como se fosse de mentira, e apenas uma escultura de gesso grega, mas não. Ele é real. É meu amigo. Meu segundo amigo na vida. E está com sua mão sobre a minha, gerando uma cócega confortável. Sorri de volta.

– Okay... - respondi e ele tirou sua mão de cima da minha, só que não queria que ele tivesse feito isso.

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– Hey! Katniss! Tive uma ideia! - Peeta segurou meu pulso antes que eu entrasse na casa de Finnick

– E qual seria? - perguntei destrancando e ele entrou atrás de mim. Finnick e ele construíram uma amizade, e é difícil acreditar que possuem apenas dois dias que se conhecem.

– Sei que tirou a semana de folga... Essa é a minha última de férias...

– Quer ir na Route 66? - perguntei sorrindo torto, procurando logo a vassoura

– Não! Talvez um dia, mas dessa vez não. LA fica a poucas horas daqui, o que acha? Nos hospedamos em Hollywood, e vamos em pontos turísticos, como...

– Hm... Disneyland? - ele abriu um sorrisão, batendo palmas

– Issooooo! Nunca fui pra Orlando... - disse revirando os olhos - Minha infância foi uma farsa. - ri

– Ok, vamos para Hollywood... Mas tem que me prometeeer! Que vamos ir ver o letreiro. - ele assentiu, com um sorriso torto e eu senti algo se aquecer no meu coração

– Então vamos? Iremos ficar em quartos diferentes, e no mesmo hotel a viagem toda. - assenti

– Pode ser... - eu disse passando a vassoura pelo tapete de Finnick, depois de fazer um coque no cabelo - Iremos. Mas quando?

– Quarta-feira, e voltamos no sábado, pode ser?

– Uhum... Eu gosto de Los Angeles.

– Ok, até quarta-feira, Kat! - puxou minha mão e me deu um abraço, depois um beijo na minha bochecha.

Depois que saiu, toquei o canto da minha boca - Até quarta-feira, Peeta. - sussurrei e voltei a varrer a casa do Finnick.