Memórias de uma vida escrita por AnmyChan
— PAPAI!!! ACORDA! – Senti tapas no meu peito. – Acorda papai.
— Huh? Que? – Abri lentamente os olhos.
— Papai, se você não acordar a vovó vai jogar um balde de água em você.
— Não! – Levantei sentando no sofá. – Nossa como vocês são carinhosas, e balde de água? Aposto que foi ideia da sua avó, não é?
— Hã, não. – Disse ela olhando para minha mãe e depois para mim. Isso indicava que eu estava certo. – Papai, nós ainda vamos sair, né?
— Claro. – Bocejei. – Só preciso tomar um banho e tomar café.
— Filho, agora são 10h da manhã, vai lá. – Minha mãe disse da cozinha.
— Ok, o meu pai já acordou?
— Sim, ele foi ao mercado daqui da frente comprar algo para o almoço.
— Mas não precisava, nós vamos sair hoje.
— Fala isso para ele então, por que sabe como seu pai é. – Eu assenti.
— E você pequena, já escovou os dentes? Tomou café?
— Sim, a vovó mandou e eu obedeci. – Sorriu e saiu correndo para o quarto.
— O que deu nela? – Perguntei olhando para minha mãe.
— Ela fez uma surpresa para você, agora vai tomar banho primeiro. – Assenti e fui para o banho.
Tomei um banho me livrando do cheiro do álcool e pensando na tal surpresa da pequena, eu não sabia o que ela estava tramando e então comecei a rir dos meus pensamentos. Saindo do banho coloquei uma calça jeans preta, e uma blusa do Star Wars com o Boba Fett na frente, e claro que não poderia esquecer o meu amado all star. Abrindo a porta do quarto dei de cara com a Pietra.
— PAPAI! – Me abraçou.
— Oi? Esta tudo bem querida? - Me abaixei na sua altura.
— Sim papai, te fiz uma surpresa.
— Sério? E onde esta?
— Fecha os olhos e me da à mão. – Fiz o que ela me pediu, fui puxado por ela de olhos fechados, até que senti uma dor na cara e ouvi Pietra rir.
— Aí! – Esfreguei a mão na cara.
— Cuidado papai, você bateu no relógio. – Tínhamos aquele relógio cuco de madeira.
— Não tenho culpa, se você não cuida de mim. – Ela riu e ouvi minha mãe rir da cozinha.
— Pronto papai, pode abrir os olhos. – A senti soltar minhas mãos, e então abri os olhos. Pietra tinha arrumado o quarto, já que os móveis haviam chegado e também tinha um quadro na cabeceira dela, que continha um retrato nosso. Era eu segurando ela em um parque, com uma linha branco na borda de baixo escrito a mão: “Papai, meu herói, minha vida”. Foi instantâneo, meus olhos começaram a marejar e eu senti meu rosto molhado.
— Papai, não chora. – Ela olhava com tristeza para mim.
— Filha, eu... – Me abaixei. – Eu te amo tanto. – A abracei.
— Eu também te amo papai. Feliz dia dos pais. – Foi então que me toquei, estávamos em agosto e era um dia especial.
— Mesmo eu se esquecendo de hoje, você se lembrou. – Disse tentando secar minhas lágrimas e a soltando. – Quem te ajudou?
— Eu a ajudei querido. – Me virei olhando minha mãe na porta, ela também estava chorando.
— Dona Imogen, se quer me matar de amores pode parar. – Ela sorriu e eu voltei a minha atenção para o quadro. – Ficou lindo filha.
- Eu também achei papai. Você esta com um sorriso tão grande.
— Aham, você se lembra desse dia?
— Sim, foi o meu primeiro dia de aula, e você tinha ido ficar a aula comigo porque eu tinha medo.
— Sim, e então eu fiquei a manhã toda lá e ainda tive que cantar para suas professoras. – Ela assentiu e riu. – Filha, vai tomar um banho e vai se arrumar que daqui a pouco seu avô chega e nós vamos passear.
— Oba! – Pegou a toalha atrás da porta e foi correndo para o banheiro.
— Mãe, ajuda ela? – Perguntei ainda olhando para o quadro.
— Ajudo filho. – Ela chegou perto de mim. – Sabia que a ideia foi dela?
— Não, sério? – A olhei.
— Sim, eu disse que se ela fizesse um desenho seria o suficiente, mas ela se negou e pediu para nós a levar ontem ao shopping, apenas para isso. Essa menina é um tesouro Ed, se tem algo que deu certo no seu casamento, foi à educação e o amor que dedicaram a ela.
— Sim mãe, foi o que eu disse para a Liz. A Pietra é o meu maior presente.
— Mas Edward, ela sempre será sua filha, e sempre haverá amor entre vocês. Agora não esqueça que você merece amor, diferente do meu e do da Pietra. Você me entende? – Espera aí, minha mãe estava me dizendo que eu devia achar uma namorada? Ou achar uma mulher de uma noite só. Agora eu estava confuso.
— Hã?
— Sabia que não ia entender. – Ela sorriu. – Você precisa recomeçar e reconstruir seu coração.
— Agora entendi, vamos ver mãe quando eu achar alguém eu te conto. – Eu ri. – Agora, por favor, vai ver se aquela menina esta mesmo no banho, ou se esta lavando a Barbie embaixo do chuveiro. – Eu ri e ela riu indo para o banheiro. Fiquei admirado com a atitude da pequena eu jamais pensei que mesmo longe às vezes em turnê, e com a distância da Liz no casamento, eu pudesse ter criado a menina mais doce e apaixonante que eu nunca havia conhecido antes.
Saí do quarto e fui para a cozinha tomar café, quando chego ao balcão há um prato com panquecas sorridentes e uma xícara de chá ao lado, no mesmo instante eu comecei a sorrir, eu sabia que dona Imogen não iria nunca de me tratar como uma criança.
— Serei sempre seu Filho. – Falei baixinho. De repente a porta de casa se abre me viro rapidamente e encaro.
— Bom dia Ed, como dormiu meu filho? – Desço da cadeira e vou até ele.
— Bom dia Pai. – Eu o abraço – Feliz dia dos Pais, eu te amo muito e obrigado por ter me criado tão bem.
— Ah filho, que isso. Obrigado você, por ser um filho tão corajoso, amoroso e um ótimo Pai. Feliz dia dos Pais para você também. - Nos soltamos.
— Pai, o que comprou?
— Comprei carnês e temperos. – Ele olhava nas sacolas. – Porque?
— Por que, nós iremos almoçar fora hoje.
— Mas eu achei que queria almoçar aqui, já que chegou tarde.
— Não pai, vamos sair. Hoje é nosso dia e faz anos que não comemoro com você essa data.
— Tudo bem então, mas cadê a sua mãe?
— No banho com a Pietra.
— Ata, então filho como foi o ontem? – Ele perguntou enquanto se sentava na cadeira do balcão ao meu lado.
Eu contei tudo sobre ontem, até sobre a Rose e como o Stuart havia mudado em relação a saídas assim, ele concordou com o Stu e falou que se estivesse no lugar dele teria feito o mesmo. Meu Pai brincou comigo quando falamos da surpresa da Pietra e da minha cabeçada no relógio cuco. Foi então que eu percebi o quanto eu sentia falta deles na minha vida, e o tempo que havia passado, e de tanto me espelhar no meu pai eu tinha conseguido ser tão bom quanto ele em relação a filhos.
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