Memórias de uma vida escrita por AnmyChan


Capítulo 10
Amor de Pietra




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— PAPAI!!! ACORDA! – Senti tapas no meu peito. – Acorda papai.

— Huh? Que? – Abri lentamente os olhos.

— Papai, se você não acordar a vovó vai jogar um balde de água em você.

— Não! – Levantei sentando no sofá. – Nossa como vocês são carinhosas, e balde de água? Aposto que foi ideia da sua avó, não é?

— Hã, não. – Disse ela olhando para minha mãe e depois para mim. Isso indicava que eu estava certo. – Papai, nós ainda vamos sair, né?

— Claro. – Bocejei. – Só preciso tomar um banho e tomar café.

— Filho, agora são 10h da manhã, vai lá. – Minha mãe disse da cozinha.

— Ok, o meu pai já acordou?

— Sim, ele foi ao mercado daqui da frente comprar algo para o almoço.

— Mas não precisava, nós vamos sair hoje.

— Fala isso para ele então, por que sabe como seu pai é.  – Eu assenti.

— E você pequena, já escovou os dentes? Tomou café?

— Sim, a vovó mandou e eu obedeci. – Sorriu e saiu correndo para o quarto.

— O que deu nela? – Perguntei olhando para minha mãe.

— Ela fez uma surpresa para você, agora vai tomar banho primeiro. – Assenti e fui para o banho.

Tomei um banho me livrando do cheiro do álcool e pensando na tal surpresa da pequena, eu não sabia o que ela estava tramando e então comecei a rir dos meus pensamentos. Saindo do banho coloquei uma calça jeans preta, e uma blusa do Star Wars com o Boba Fett na frente, e claro que não poderia esquecer o meu amado all star. Abrindo a porta do quarto dei de cara com a Pietra.

— PAPAI! – Me abraçou.

— Oi? Esta tudo bem querida? - Me abaixei na sua altura.

— Sim papai, te fiz uma surpresa.

— Sério? E onde esta?

— Fecha os olhos e me da à mão. – Fiz o que ela me pediu, fui puxado por ela de olhos fechados, até que senti uma dor na cara e ouvi Pietra rir.

— Aí! – Esfreguei a mão na cara.

— Cuidado papai, você bateu no relógio. – Tínhamos aquele relógio cuco de madeira.

— Não tenho culpa, se você não cuida de mim. – Ela riu e ouvi minha mãe rir da cozinha.

— Pronto papai, pode abrir os olhos. – A senti soltar minhas mãos, e então abri os olhos. Pietra tinha arrumado o quarto, já que os móveis haviam chegado e também tinha um quadro na cabeceira dela, que continha um retrato nosso. Era eu segurando ela em um parque, com uma linha branco na borda de baixo escrito a mão: “Papai, meu herói, minha vida”. Foi instantâneo, meus olhos começaram a marejar e eu senti meu rosto molhado.

— Papai, não chora. – Ela olhava com tristeza para mim.

— Filha, eu... – Me abaixei. – Eu te amo tanto. – A abracei.

— Eu também te amo papai. Feliz dia dos pais. – Foi então que me toquei, estávamos em agosto e era um dia especial.

— Mesmo eu se esquecendo de hoje, você se lembrou. – Disse tentando secar minhas lágrimas e a soltando. – Quem te ajudou?

— Eu a ajudei querido. – Me virei olhando minha mãe na porta, ela também estava chorando.

— Dona Imogen, se quer me matar de amores pode parar. – Ela sorriu e eu voltei a minha atenção para o quadro. – Ficou lindo filha.

 - Eu também achei papai. Você esta com um sorriso tão grande.

— Aham, você se lembra desse dia?

— Sim, foi o meu primeiro dia de aula, e você tinha ido ficar a aula comigo porque eu tinha medo.

— Sim, e então eu fiquei a manhã toda lá e ainda tive que cantar para suas professoras. – Ela assentiu e riu. – Filha, vai tomar um banho e vai se arrumar que daqui a pouco seu avô chega e nós vamos passear.

— Oba! – Pegou a toalha atrás da porta e foi correndo para o banheiro.

— Mãe, ajuda ela? – Perguntei ainda olhando para o quadro.

— Ajudo filho. – Ela chegou perto de mim. – Sabia que a ideia foi dela?

— Não, sério? – A olhei.

— Sim, eu disse que se ela fizesse um desenho seria o suficiente, mas ela se negou e pediu para nós a levar ontem ao shopping, apenas para isso. Essa menina é um tesouro Ed, se tem algo que deu certo no seu casamento, foi à educação e o amor que dedicaram a ela.

— Sim mãe, foi o que eu disse para a Liz. A Pietra é o meu maior presente.

— Mas Edward, ela sempre será sua filha, e sempre haverá amor entre vocês. Agora não esqueça que você merece amor, diferente do meu e do da Pietra. Você me entende? – Espera aí, minha mãe estava me dizendo que eu devia achar uma namorada? Ou achar uma mulher de uma noite só. Agora eu estava confuso.

— Hã?

— Sabia que não ia entender. – Ela sorriu. – Você precisa recomeçar e reconstruir seu coração.

— Agora entendi, vamos ver mãe quando eu achar alguém eu te conto. – Eu ri. – Agora, por favor, vai ver se aquela menina esta mesmo no banho, ou se esta lavando a Barbie embaixo do chuveiro. – Eu ri e ela riu indo para o banheiro. Fiquei admirado com a atitude da pequena eu jamais pensei que mesmo longe às vezes em turnê, e com a distância da Liz no casamento, eu pudesse ter criado a menina mais doce e apaixonante que eu nunca havia conhecido antes.

Saí do quarto e fui para a cozinha tomar café, quando chego ao balcão há um prato com panquecas sorridentes e uma xícara de chá ao lado, no mesmo instante eu comecei a sorrir, eu sabia que dona Imogen não iria nunca de me tratar como uma criança.

— Serei sempre seu Filho. – Falei baixinho. De repente a porta de casa se abre me viro rapidamente e encaro.

— Bom dia Ed, como dormiu meu filho? – Desço da cadeira e vou até ele.

— Bom dia Pai. – Eu o abraço – Feliz dia dos Pais, eu te amo muito e obrigado por ter me criado tão bem.

— Ah filho, que isso. Obrigado você, por ser um filho tão corajoso, amoroso e um ótimo Pai. Feliz dia dos Pais para você também. - Nos soltamos.

— Pai, o que comprou?

— Comprei carnês e temperos. – Ele olhava nas sacolas. – Porque?

— Por que, nós iremos almoçar fora hoje.

— Mas eu achei que queria almoçar aqui, já que chegou tarde.

— Não pai, vamos sair. Hoje é nosso dia e faz anos que não comemoro com você essa data.

— Tudo bem então, mas cadê a sua mãe?

— No banho com a Pietra.

— Ata, então filho como foi o ontem? – Ele perguntou enquanto se sentava na cadeira do balcão ao meu lado.

Eu contei tudo sobre ontem, até sobre a Rose e como o Stuart havia mudado em relação a saídas assim, ele concordou com o Stu e falou que se estivesse no lugar dele teria feito o mesmo. Meu Pai brincou comigo quando falamos da surpresa da Pietra e da minha cabeçada no relógio cuco. Foi então que eu percebi o quanto eu sentia falta deles na minha vida, e o tempo que havia passado, e de tanto me espelhar no meu pai eu tinha conseguido ser tão bom quanto ele em relação a filhos.


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