Death Memories: Operação Marshall escrita por Nael


Capítulo 13
O Submundo dos Jogos I


Notas iniciais do capítulo

Chega de enrolar, conte-nos tudo sobre você Mihael.



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"A partida mais longa, terminada em vitória, é a que Wolf ganhou de Duras (Calsbad, 1907). 168 lances. Durou, 22 horas e meia."

P.O.V Mello

Há duas coisas muito importantes que devo ressaltar sobre o Matt, primeira ele é uma calculadora humana e segunda ele é o único que consegue ser tão insistente comigo e nunca apanhar por isso. De uma forma ou de outra eu resolvi que devia contar a ele pelo menos uma parte da história. Não que eu quisesse mentir ou achasse que ele não era nada confiável, pelo contrario. É só que... Ele é tão parecido com a Mel, eu não queria que assim como ela Matt se manchasse com as coisas que eu fiz.

Mas a verdade é que quando eu tinha de oito para nove anos e minha irmã cinco nós fomos vendidos. Não sei exatamente como, por quanto ou porque, mas o louco do nosso pai que nos vendeu. Eu e Mellody fomos separados e eu acabei indo parar nessa máfia. Foi assim que conheci Aaron Hayden, ele era o médico responsável por mim e foi ele também que começou a me explicar aquela situação. Ele parecia ser bem serio e rígido, mas também dava pra sentir que ele sofria.

– Ele acordou? – um homem de terno preto e mascara veneziana branca que tampava todo seu rosto passou pela porta. – Excelente. – ele riu. – Pode ir Hayden eu vou cuidar dele.

– Sim, senhor. – o médico saiu. O homem fechou a porta se manteve de pé como que para impedir que outra pessoa entrasse. Mesmo com a mascara podia ver que seu cabelo era escuro e um pouco comprido com uma franja lateral.

– O que foi que ele te disse? – o cara falou em inglês, realmente ele não tinha aparência ou porte de alemão. – Você não entende o que eu falo?

– Ele... – comecei. – Ele disse que eu tenho anemia. Quem é você?

– Pode me chamar de Seidler, eu serei seu Agente.

– O que isso quer dizer? – o homem cruzou os braços.

– Mike, nós somos uma grande organização, nos chamamos Unterwelt Spiele. E ficamos sabendo como você é promissor então estamos te dando um emprego.

– Promissor?

– Sim, todos os seus professore estão de acordo nisso. Fala vários idiomas, a maioria aprendeu sozinho, tem médias altas, memória fotográfica e ainda enganava todos os malandros da sua escola além de ludibriar até mesmo os bandidos do seu bairro com quem conseguiu proteção. – ele parou um momento me fixando, seus olhos eram negros e amedrontadores. – Mas claro que meros ladrões não são o bastante. Você merece muito mais, não acha? Você pode fazer muito mais.

– Eu... Eu não estou entendendo. – mentira eu estava sim, bastava ligar os pontos, a van, o fato dos criminosos do bairro não terem agido e minhas notas altas. Eu estava numa máfia que talvez achasse que eu podia assaltar um banco de olhos vendados.

– Serei mais claro. Se você fizer sua parte do trabalho e consegui lucros para nós então nós te daremos tudo o que desejar. Ah! Claro, tudo o que você e sua irmã desejarem. – ele riu de canto sabendo que eu tinha entendido sua ameaça. Trinquei os dentes.

– Onde ela está?

– Numa cela com outras pessoas. – meu sangue ferveu perante a indiferença dele. – Por enquanto só mulheres, mas não é garantia de que ficará bem por muito tempo lá.

– Seu filho da mãe. – me agitei na maca e graças as correntes compridas consegui me colocar de pé sobre ela. – O que diabos vocês querem afinal? – gritei.

– Queremos seu cérebro. – ele falou simplesmente. – Queremos sua mente. Queremos que eles trabalhem a nosso favor e nos dê muito dinheiro. – minha respiração falhava. – Você é um moleque esperto, já entendeu não é? Não tem como recusar se quiser sua irmã viva e intocada. – cai sentado tentando processar tudo, tinha que ser um pesadelo.

– Eu não sou inteligente. – falei já sentido às lágrimas descerem pelo rosto. – È serio, eu só aprendo rápido os idiomas, mas o resto eu sempre colei e manipulei tudo. Eu não sei matemática, não sou bom em literatura nem nada. Por favor, você tem que...

– Não foi o que eu soube.

– Eu menti! Menti a vida inteira, é sério. Pode fazer um teste comigo, meu QI não é alto, eu não sou um gênio, vocês pegaram a pessoa errada.

– Mike... – ele andou até mim que já estava desesperado e aos prantos. – Em todos esses anos trabalhando aqui, lidando com crianças, tendo essa conversa de apresentação... – ele riu largamente. – É a primeira vez que vejo uma tentativa de saída tão brilhante. Estou completamente encantado, tenho altas expectativas em você.

– É a verdade!

– Bom, bom, muito bom mesmo. – ele parecia em uma festa de tão animado. – Ora, Mike. Eu espero que pelo bem da sua irmã isso seja mentira. Pois quem não ganha aqui perde bem mais que a partida.

– Como assim? Ganhar?

– Você irá jogar contra outras pessoas. Diversos jogos e é bom sempre estar pronto. – ele voltou para porta. – E principalmente ganhe todos, pois você terá que apostar sempre tudo o que tem e no momento você só tem duas coisas: sua vida e a da sua irmã. – ele abriu a porta e saiu.

Logo em seguida o doutor entrou.

– Eu te trouxe um calmante. – ele se pôs ao meu lado.

– Me conte. – falei. – Você trabalha pra eles, me conte tudo o que sabe. Agora!

– Você acha que está em posição de exigir alguma coisa? – ele foi firme. – Escute garoto, eles podem fazer coisas piores que a morte com a sua irmã então coopere se você se importa com ela.

– Por que... Por que você está aqui? – Fixei seus olhos castanhos levemente cobertos pela franja reta. – Por que os serve sabendo de tudo isso?

Ele se inclinou e sussurrou no meu ouvido.

– Você não é o único chantageado aqui, Mike.

3 dias depois

– Muito bem, nunca se sabe qual jogo ele escolhe, mas são sempre perigosos e grandiosos eventos. Esse organizador é muito egocêntrico. – Seidler falava dentro do carro onde eu tinha os punhos algemados. Aaron ia ao meu lado. – Siga as normas e nunca tente roubar. Isso é suicídio.

– E a minha irmã?

– Você ouviu no telefone ela está bem, está viva. Sobreviva ao jogo e então você poderá vê-la. – ele esbravejou, usava agora uma mascarava escura que cobria os olhos e parte do nariz.

– E o que acontece se eu perder. – o sorriso dele sumiu e sua expressão ficou maligna.

– Aí então ela será minha e vamos torcer pra que quando ela crescer um pouquinho mais ela herde alguma inteligência sua.

Ele se divertia e por mais que eu quisesse mata-lo estava com as mãos presas, então fiz a primeira grande merda dentro da Unterwelt, cuspi na cara do meu Agente.

– Mike! – Aaron meu medico gritou espantado. Seidler segurou meu queixo e passou a outra mão na bochecha limpando-a.

– Você dá muita sorte de ter um jogo agora, mas depois disso eu garanto que você pagará caro pelo desrespeito. – ele me soltou com violência. – Leve ele Hayden, antes que eu o mate. – Aaron abriu a porta do carro e saiu me puxando.

– Você é idiota? – ele falou e tinha razão. – É melhor surpreender ele lá caso contrário as coisas vão ficar feias.

– Surpreender? Como?

– Use tudo o que tiver, mostre suas habilidades. – passamos da garagem pra um corredor através de uma porta de metal.

– E se eu não tiver habilidades? – falei parando de repente. – E se... Se eu menti o tempo inteiro?

– O que? – ele me encarou. – Do que está falando?

– Eu sou um idiota realmente. Não faço metade das coisas que digo aos outros que sei. – estava desesperado, eu estupidamente cuspi no cara que tinha minha irmã na palma da mão e precisava ganhar um jogo que eu nem se quer sabia qual é, muito menor se poderia jogar e vencer. Comecei a chorar como nunca enquanto a morte parecia inevitável.

– Mihael! – Aaron segurou meus ombros. – Você é um idiota, mas não pelo que disse. Você é um idiota porque não consegue ver o que tem. – me acalmei um pouco e falei entre soluços.

– O que eu tenho?

– Isso. Você acabou de dizer. Você é um mentiroso e manipulador. Faça o que sempre fez então, engane todos eles e sobreviva. – ele abriu minhas algemas.

Nessa época eu adorava jogos, principalmente esportivos, mas logo no primeiro que tive que jogar tudo isso se desmanchou, tudo perdeu o brilho, só havia sangue. Pois assim que passei por outra porta estava numa espécie de arena, acima de mim eu sentia os olhares e ouvia os murmúrios, a minha frente uma pequena escadaria que levava a um grande salão que fora ocupado com várias divisórias de metais.

– Senhoras e senhores. – a voz falou em francês. – Bem vindos, está aberto mais um campeonato de iniciação. No portão 1 temos: Fancy. No portão 2: Titor. Portão 3: Jade. Portão 4: Nevil. Portão 5: Mike, Portão 6: Penélope. Portão 7: Rubem. Portão 8: Sora. Portão 9: Melisa. Portão 10: Carmen. A descrição e habilidades de cada um estão em seus catálogos, por favor, se apressem, pois estamos fechando as apostas.

Certo, eu estava tremendo, mas tinha que pensar... Minha mente não conseguia se concentrar em anda. Tá, nove oponentes, mas não vejo nenhum daqui. Um salão com essas paredes, é um labirinto. Então provavelmente devo sair dele.

– Certo, apostas encerradas. Agora ao jogo. – um telão apareceu bem no centro com telas para todos os lados. A voz falou em inglês. – Atenção jogadores, como de costume, nos jogos de iniciação entre os desafiantes temos três veteranos infiltrados. A arena foi transformada num labirinto, porém ele muda sua configuração a cada cinco minutos em uma das áreas. Por todo o labirinto existem pistas de como sair dele apesar disso. Além das pistas há também armadilhas. Após subirem as escadas encontrarão no chão a direita uma mochila com suprimentos básicos. O jogo só terminará quando houver um vencedor e a regra para o vencedor é bem simples, apenas um dos novatos podem sair. A partir do momento que isso acontecer todo o labirinto sofrera uma descarga elétrica. Entretanto se um veterano sair o labirinto terá uma de suas paredes retiradas. O jogador que tentar passar por cima de uma das paredes também estará sujeito aos choques, o jogador que não entrar no labirinto ou cometer quaisquer outras infrações será punido. Quando a contagem chegar a zero e o alarme soar a partida estará valendo. – Um contador apareceu nas telas, meus sentidos se entorpeceram.

– Mike! – a voz de Aaron gritou atrás de mim, o alarme tocou e eu só sabia correr para frente.

Logo dei de cara com uma espécie daqueles labirintos de jardim, porém as paredes de aço eram amedrontadoras. Ao meu lado vi a mochila cor de terra e abri. Quase tive um ataque, havia duas garrafas de agua de 600ml, três tipos de facas, uma caneta, uma bola de metal e uma bússola. Peguei essa ultima e tentei raciocinar.

Mellody! Mellody! Pense apenas na Mellody! Fique confiante, minta para eles também.

Tomei o caminho da esquerda e comecei a correr, meus tênis faziam barulho. Parei imediatamente e os tirei, amarrei os cadarços e os prendi no pescoço. Aproveitei pra colocar uma das facas escondida na cintura. Voltei a correr levando a mochila. Acima de mim o cronometro dos cinco minutos contava, logo o labirinto mudaria. Eu tinha boa memória, talvez não fotográfica, mas muito boa e pelas instruções apenas uma parte iria mudar.

Eu repassava o labirinto, as paredes e o chão de madeira sempre iguais eram propositais. Estava perdido nesses pensamentos quando escutei um estrondo e parei. Tiros! Do outro lado da parede. Me aproximei e toquei o aço, não havia corrente elétrica, colei o ouvido e pude ouvir gemidos do outro lado. Uma das armadilhas com certeza. Eu quase havia me esquecido.

Me sentei no chão suspirando. Olhei para os dois lados, não havia nada para usar. A bússola estava sofrendo interferência magnética, mas na época sem entender nada de física ou coordenadas eu não conseguia entendê-la.

Pense Mihael, você já saiu de situações difíceis. Visualize a Mel no final desse labirinto, ela precisa de você, vá até ela. – abri a mochila novamente.

– Bola – um som me fez virar a cabeça, uma pequena câmera se voltando na minha direção. Certo, usar o que eu tenho. Ri de canto e ergui a bola para a câmera como se dissesse entendi o enigma de vocês.

Me levantei e lancei a bola pelo chão como se fosse uma de boliche e a seguia um pouco mais atrás. Quando ela parava eu rapidamente a pegava e repetia o processo. Assim, algumas curvas depois o chão afundou e eu saltei pra trás. Das laterais surgiram orifícios por onde flechas foram disparadas. Os cinco minutos se esgotaram. O chão começou a tremer e girar. Rapidamente peguei a bola e uma, duas flechas. Uma parede se fechou atrás de mim, na minha frente o beco virou e dei de cara com alguém... Alguém coberto de sangue.

Meu corpo travou, minha respiração pareceu diminuir, eu queria ser invisível.

– E com esse, são quatro. – o garoto se moveu na minha direção, peguei um caminho à direita e desatei a correr. Ele urrava, gritava, eu não conseguia pensar. Senti algo no meu tornozelo e cai. Logo constatei que fora acertado por uma faca de mesa, mas que era bem afiada.

– Merda! – puxei de uma vez sem nem me importar com a dor. O garoto que tinha cabelos cacheados e era pouco mais alto que eu, se lançou sobre mim. Usando os braços e segurando a faca o bloqueei. A lâmina em sua mão estava a centímetros do meu olho.

A força dele era maior, logo me venceu, mas eu virei a cabeça pro lado e ele acertou o chão de madeira. Dei um chute nele que não surtiu tanto efeito, a mão com a faca estava por baixo dele. Então acertei seu ouvido com um tapa que o deixou zonzo.

Vamos, é como uma briga de escola, uma briga de gangues, apenas... visualize como eles agem.

As imagens vieram facilmente. Puxei o braço abandonando a faca, subi nas costas deles e segurei seus cabelos. Faça, pela Mellody! Comecei a bater seu rosto contra o piso, uma, duas, três... Nem sei quantas vezes até que comecei a ver o sangue. Me levantei ofegante. O garoto se mexeu e eu tirei a faca da cintura.

Eu tinha que mata-lo. Eu tinha... Pela Mellody eu... Não conseguiria. Mas... Ele também tinha seus motivos para lutar. Ele não hesitou então eu não devia...

– Eu... – ele começou se erguendo um pouco. – Eu sou um veteran... – sua voz cessou perante a faca que acertou sua jugular. Me virei para o lado do corredor de onde ela veio e vi uma figura de cabelos negros e compridos.

– Se você é um jogador... – ela foi até o rapaz que vomitava sangue. – Minta melhor. – ela puxou a lamina e chutou o corpo pro lado. Me movi pronto pra correr. A garota bem mais alta que eu segurou minha mochila e me jogou contra a parede.

– Quem disse que você podia correr? – sua voz era calma, indiferente, mas também com atitude como se tudo não passasse de mais um dia da sua rotina.

Peguei a faca e fui tentar fugir de novo. Ela segurou meu braço de um jeito que me rodou e me desarmou. Ergui a perna tentando chutá-la, mas ela a bloqueou. Me passou uma rasteira que me jogou no chão e num passo de mágica eu estava preso sobre sua bota preta, sem arma e vendo a morte no sorriso daquela garota sádica de olhos violeta. Acabou, me perdoe Mel.

– Está óbvio que é um novato. – ela falou, da sua faca pingava sangue. – Vejamos... – ela segurou meus cabelos que mal chegavam até a orelha e puxou minha cabeça. – Hum... Interessante. – ela disse me soltando.

– O-O que.. – levei a mão até de trás da orelha onde senti algo viscoso, como tinta. Uma marca?

– Seidler, hã? – ela mordeu a ponta da faca pensativa. – Tá, bom. – ela guardou a faca e se virou pra uma das minúsculas câmeras. – Vai ficar me devendo essa, chapa. – ela piscou um olho e então se virou pra mim.

– Eu sou Jade, veterana. – me puxou me colocando de pé. – Já fiz uns trabalhos pro Seidler, ele é seu agente certo? – catatônico deixei sair uma exclamação qualquer. – Sei.. E seu nome?

– Miha.. Mike. – falei num sussurro respirando pesadamente.

– Certo Mike, não tenho tempo pra saber suas habilidades. – ela apontou pro cronometro onde faltavam dois minutos. – Basta você saber que eu posso acertar as assas de uma mosca a quilômetros de distancia e sou perita em jogos de campo. Sendo assim... – ela puxou minha mochila. – Leve-a na frente do corpo e em hipótese alguma beba a agua.

– Por quê?

– Você as colocou na garrafa? – fiz sinal de negativo com a cabeça. – É por isso. Segundo, a regra diz que apenas um novato pode sair, mas não disse se era sozinho.

– Entendi. Quer sair junto comigo.

– Exato. Ao final tudo será eletrocutado, então nós veteranos temos que sair antes de um novato. Se você é um dos Seidler deve ser bem esperto, vamos usar suas habilidades. Você se saiu um cordeirinho em brigas e está assustado, aposto que é mais de analisar e memorizar.

– É, por aí. – comecei a ficar mais animado apesar dela ser assustadora.

– Certo. Então, regra um: eu vou na frente por conta das armadilhas. Regra dois: eu mato o que achar no caminho e você não se intromete nas minhas lutas. E regra três: você já está em debito comigo não espere que eu salve sua vida uma segunda vez.

– Entendi. – falei arrumando a mochila e só então notando que ela não usava. – E a sua mochila?

– Deixei pra trás. – ela falou pegando meus tênis que haviam caído no chão. – Isso... – ela riu. – Isso foi a razão de eu não ter lhe matado primeiro.

– Ah! Sim. É pra evitar o barulho ou poder jogar parecendo que estou em outro corredor.

– O que? – ela puxou a mão quando fiz menção de pegar os tênis e os colocou no pescoço. - Isso também, mas a verdade... Eu adorei esse all star. – fiquei olhando pra ela com cara de confuso. O sino soou. – Vamos, moleque.

♘♞♘♞♘♞

– Não seria melhor tirar as botas? – falei enquanto tentava acompanhar Jade.

– Não, quero ser encontrada. – ela parou subitamente.

– O que foi? – me aproximei.

– A madeira mais a frente é diferente. – ela pegou a bola na minha mão e jogou, ela girou alguns metros a frente, mas nada aconteceu. – Estranho... a coloração.

Ouvi passos vindos por trás e me virei. Estava pronto pra sair do caminho e deixar Jade atacar a pessoa como vinha fazendo. Se o garoto que me atacou tinha realmente matado três pessoas, contando com ele Jade acabou com mais três restavam apenas mais quatro pessoas. E levando em conta que três eram veteranas eu podia ser o único novato o que era um tanto animado.

– Jade. – um rapaz de roupa azul e preta apareceu diante de nós. Tinha os pés descalços, cabelos loiros quase raspados e para nosso espanto um revolver numa das mãos, até então todos só possuíam facas. Jade me pegou pela gola e me puxou pra trás.

– Eu já devia esperar isso. – ela apontou pra arma. – Você realmente é um mestre das armadilhas Sora, principalmente quando se trata de desarmá-las.

– Esse moleque... – ele suspirou abaixando a arma. – Está protegendo um novato, logo você Jade?

– Gosto dos loiros, você sabe. – ela falou rindo se colocando na minha frente.

– Receito te dar uma má noticia, parceira. – ele colocou a arma na cintura, mas pareceu pegar outra coisa dentro da jaqueta. – Eu segui o moleque do portão 4 que você matou.

– Ah! Meus pêsames. – seu tom foi serio.

– É, ele tinha talento e muito sangue frio. Mas claro que para você pouquíssimas pessoas são páreas. – ele puxou um dispositivo com alguns botões coloridos ligado a fios que pareciam que iam entrar em curto. – Mas, sabe das três pessoas que ele matou, uma era o Titor.

– Titor? – Jade parecia encurralada e eu olhei por cima do ombro para o chão atrás de nós até finalmente entender. – Ele sempre foi um marica.

– Concordo, mas vamos admitir. – um barulho veio do objeto em suas mãos que pareceu ser ligado. – Ele era um hacker muito bom.

– Mike! – ela se virou pra mim me jogando no chão ao passo que as paredes pareciam explodir, disparos me ensurdeceram, Jade me empurrou até eu bater de costas nas paredes, bem abaixo das armadilhas que disparavam. Se as balas ricocheteassem estávamos fritos. – Sora! Desgraçado.

Da lateral apareceu uma garota, provavelmente a novata que faltava. O rapaz começou a correr noutra direção e ela o acompanhou.

– Merda! – Jade gritava encurralada num canto pra se proteger das balas. – Do que adianta termos as pistas pra sair se essas porras não pararem. – ela gritou mais alto que os projeteis.

– Jade, o chão. – eu gritei. – O chão.

– O que? – me ergui um pouco ainda colado na parede. – Mike, idiota. – andei pro lado até ficar no local perfeito. Peguei uma das facas e ataquei a pistola fazendo seus disparos ir para cima, prendi o cabo da faca na saliência que se abria para as armas dispararem.

– Se não podemos passar por cima do labirinto. – coloquei a mochila na cabeça e corri até o meio do corredor. – Vamos por baixo! – bati a mão na madeira e senti a tábua oca, puxei a tampa pro lado e me joguei com tudo lá dentro antes da próxima saraivada de tiros.

Cai num chão de terra, era mais alto do que eu previa. Logo Jade apareceu, se manteve pendurada pelas mãos até fechar boa parte da entrada e então caiu como naquelas cenas de filme. A garota era surreal.

– Não tô vendo nada. – ela reclamou pegando uma lanterna que devia estar dentro da sua jaqueta. – Mike?

– Aqui. – estava todo esfolado e sujo, mas logo falei. – Agora faz sentido. A bússola, as pistas que encontramos não batiam com o labirinto não só porque ele muda, mas porque se refere a essa parte.

– As armadilhas. As engrenagens. – ela iluminou ao redor. – Aqui. – ela iluminou uma câmera e ao lado um dispositivo vermelho. – Mesmo aqui ainda podemos ser eletrocutados. Temos que sair logo.

– Certo. – falei pegando alguns papeis e ela também. – A primeira pista indica que temos que ir pro centro.

– Aqui deveria ser o centro do labirinto.

– E se for o centro dessa parte, digo das engrenagens e tudo mais? – estava completamente imerso na charada, uma vez com a adrenalina passando pelo meu corpo eu quase conseguia fingir que as chances de sair vivos era mínimas.

– Certo, se isso aqui controla os movimentos do labirinto... – ela coçou o queixo.

– O que é?

– Essa arena é usada de muitas maneiras para vários jogos então toda essa montagem tem que ser de certa forma pratica para liberar o espaço depois...

– É isso. – falei tomando a lanterna dela e comecei a andar.

– O que? Moleque. Para aí mesmo. – eu me contive e me virei apontado pra ela. – Qual é a sua? – Ela tentou puxar a lanterna de volta, mas eu puxei o braço.

– Pra ser sincero pensei que poderia ser uma novata, mas graças ao tal Sora eu agora pude comprovar. – era hora um show, certo? Eu iria impressionar, fazer como o doutor havia falado, usar meu maior dom, mentir. –Eu planejava te matar pelas costas ou algo do tipo já que se mostrou muito perigosa.

– Nada mal, mas eu realmente sou uma veterana.

– Sim, mas isso não significa que deva confiar em você. Talvez justamente por isso pode ter recebi outras regras, instruções sei lá. Não posso me dar ao luxo de acreditar nem mesmo nas regras desse maldito jogo, pois como pode ver elas são bem ambíguas.

– Certo, então eu devo confiar que você decifrou as charadas e sabe sair daqui, mas você não vai me contar porque essa é sua garantia de fugir vivo, estou certa?

– Perfeitamente. – sorri de canto, por um breve momento naquele jogo eu me senti... me senti... bem. Não sei explicar apenas gostava de ter o controle, gostava de desvendar aquelas coisas, era muito bom, muito criativo, eu jogaria por puro prazer se não envolvessem mortes, ameaça e chantagens.

Afastei esses pensamentos e me foquei na Mellody que era o que importa e qualquer animação foi por agua abaixo.

– Muito bem Mike, jogarei do seu jeito então. Indique o caminho.


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Notas finais do capítulo

Os nomes de alguns dos jogadores:
*Nevil é devido a um personagem da saga Harry Potter;
*Sora é o protagonista de No Game No Life;
*Titor é referência ao suposto viajante do tempo que apareceu na internet alguns anos atrás.

START! Finalmente o passado do loiro. Ok, ok... isso meio Hunger Games e Maze Runner, mas eu tenho um bom motivo, juro que tenho para toda essa loucura. Além disso eu tava morreeendo de vontade de fazer algo desse tipo desde o fim dos cercos e armadilhas dos Sucessores. ^^
~é, acho que acabei doida que nem a Annie heheh~

É isso galerinha, parte 2 chega em breve com explicações dessa geringonça. Mas se quiserem entrem no grupo do facebook onde vou colocar umas pistas pra decifrar o labirinto. Infelizmente não posso dar prêmio, matar um personagem nem nada do tipo pra quem conseguir, mas adoraria que participassem mesmo assim. Dedico capítulo e tudo. ;)
https://www.facebook.com/groups/311621575645572/

Bjs, até lá.

P.S.: Eu coloquei no meu perfil a cronologia das fics de Death Note para esclarecer tudo, ok!



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