Chegando na sala de ensaio...

- Aqui estão os papéis com as falas, apesar de terem faltado alguns personagens dá pra gente dar uma improvisada, só temos um mês pra isso ficar pronto! Aliás, Carla, você é amiga da Andressa, não é? – perguntou-me o professor e eu confirmei com a cabeça. – Por que ela faltou?

- É que ela ia dar um passeio com a família...- respondi.

- Tudo bem, tudo bem...então, vamos começar.

Fomos ensaiando algumas cenas. Mais brincávamos que encenávamos, o que deixou o professor deveras bravo. Horas depois, como muitos não estavam fazendo nada, o professor se encarregou de dar tarefas a eles.

- Jéferson, anote ai o que o pessoal quer comer...

-Ah não, professor, eu não tenho lápis nenhum! - reclamou Jéferson.

-Ta bom, deixa que eu peço pra Paula o lápis e eu mesmo anoto...- sugeriu Thiago.

-Hmmm, por que você ta se candidatando tão de boa vontade assim, hein??- brincou Pedro.

- Sabe, eu gosto de ajudar o professor... – respondeu Thiago e depois riu.

- Sei, pegar lápis com a Paula é ajudar ele...sei... – continuou Pedro.

- Pois bem, que seja. Então Jéferson vai guardando as roupas das pessoas que não vieram, ou vai me dizer que não tem força no braço? - prosseguiu o professor.

O pessoal riu da brincadeira do professor, mas Jéferson não gostou nada nada.

- Diogo, vai pegar os livros que estão em cima da mesa da biblioteca....e nem vem com desculpa! - continuou o Professor – Cornélia, você ta quase dormindo ai mas, - o pessoal riu de novo - vai entregar esses papéis ao diretor.

Então o Diogo e a Cornélia acataram as ordens.

- Ah gente, isso aqui ta uma zona, a minha bolsa sumiu! Alguém viu? - disse a Cibele de repente.

Alguns procuraram e disseram que não encontraram, então ela prosseguiu:

- Ah, não acredito! Foi toda feita à mão!Traçando uns fiozinhos de palha eu acho, parece uma bolsinha de praia, tem umas alças meio grandinhas...- e foi descrevendo.

- Citi (esse era meu indesejável apelido), que tal a gente pedir pro Batatão (esse era o apelido do professor) deixar a gente fazer um par romântico? – Rafael perguntou pra mim.

Dei uma risada pra não perder a amizade e fiquei na minha. Mas a Paula resolveu tirar um sarro.

- Citi?? Nossa, e eu que achava que o meu apelido que era estranho...- e riu.- Por que Citi?

Rindo também, me expliquei.

- Por causa do meu nome, Carla Teod...peraí! Seu segundo nome não é Satine?

- Sim, por quê?

- Ahá! Você é uma Citi melhor que eu! – eu disse e o Rafael também riu.

- Ah, nem vem! – negou-se Paula.

- Agora só porque você tirou sarro de mim vou te chamar de Citi! - brinquei.

- Não, não, então eu me vou...fui. – e foi pra outro lado da sala.

Pouco depois chegou o Thiago e me perguntou:

- Então, Carla, que você vai querer comer?

- Pra mim pode ser cachorro-quente mesmo, com suco de laranja...hmm...e pavê duas cores – respondi.

- E pra você, Fastboll? – esse era o apelido do Rafael, é o nome da empresa do pai dele.

Não ouvi muito bem a resposta à pergunta, estava reparando o Rogério rindo meio escondido. O Diogo tinha saído como o professor tinha pedido, e o Felipe estava meio nervoso conversando com o professor e com a Cibele. Quando eu ia me aproximar pra ver o que acontecia, fui interrompida pelo Marcelo.

- Oi, Carla, aqui ta aquela minha revista repetida que eu te falei...- disse de olhos baixos e me entregando uma revista com notícias sobre mangás e animes.

Desde que ele descobriu que eu sou fanática por anime e que eu tentava fazer uns desenhos estilo mangá, ele ficava me chamando o tempo todo pra me mostrar coisas.

“Você também gosta de mangás e animes??”, me interrompeu L.

- Ah, eu gosto sim! Você também?? – me interessei.

- Muito.

- Que legal! Você já viu o Elfen Lied?? E Os Cavaleiros do Zodíaco? Ah sim, e o Naruto? – me empolguei.

- Já li todos. Você sabe o que acontece depois que o Gaara é capturado pela Akatsuki?? - perguntou com olhos de interesse.

- Claro que sei! Já vi esses episódios, mas...não vou te contar. – disse sorrindo.

- Nem deve mesmo, estamos perdendo tempo, você não devia ter interrompido a narração. – ele disse todo sério.

- Ei! Mas quem interrom... – nessa hora ele começou a sugar o café e fez um barulhão pra não ouvir o que eu dizia! Parecia criança...Mas resolvi não insistir com esse mimado.

- Onde eu tinha parado...Ah, sim. O Marcelo...

Eu até acharia interessante ele compartilhar o gosto de animes comigo, mas ele não sabe quase nada, ademais naquele momento eu não estava muito afim de conversar com ele.

- Ah! Mas essa eu já tenho! – respondi. - Ganhei num concurso da Internet! Brigada. – e já ia seguindo meu caminho.

Sei que fui indelicada, mas na hora nem percebi isso, estava querendo saber o que o professor falava, depois é que me toquei que devia ter aceitado nem que fosse só pela boa vontade dele. Percebi o quão sem jeito ele ficou. Então agradeci de novo e sai.

- Gente, saco vazio não pára em pé! Vamos todo mundo comer! Já pus a mesa... – chegou Dona Marta anunciando.

Então desisti de ir ver o que eles conversavam e me direcionei para o refeitório. O Pedro foi na frente de todo mundo, então o pessoal já tirou sarro dele dizendo pra ele deixar pelo menos um pouco da comida. Depois chegamos ao refeitório, sentamo-nos e começamos a comer.