Confiei cegamente nele nesse momento. Entendi o que ele queria dizer. Então corri em direção a porta e o Sr. Tornelli e o Thiago foram pra um lado, e a Cornélia pra outro, pra me abrirem passagem. E quando me aproximei deles, rapidamente me joguei pra imobilizar  ....o Thiago.

- Ah! Mas o que...!? – e Thiago caiu de encontro ao chão, imobilizado. E de sua mão tirei uma seringa com veneno.

- Incrível, Carla-chan! Conseguiu acompanhar meu raciocínio! – e Ryuuzaki se aproximou de nós.

Todos os outros estavam chocados e pasmos.

- Ah...obrigado. – agradeceu-me o Sr Tornelli sentando-se após o susto.

- Não se preocupem se estão confusos. Eis aqui o assassino da Paula e do Rafael. – confirmou L. - E ainda por cima fez Tornelli-san de refém.

Todos arregalaram mais os olhos. Difícil de acreditar. Eu mesma estava agindo por instinto apenas, pois senão não teria feito o que fiz. Mas agora, o que eu queria mesmo, era ouvir as explicações do L.

- Agora lhes explicarei todos os reais acontecimentos. – começou ele.

“ Na manhã de hoje, chegaram alguns alunos para ensaiar uma peça de teatro, entre eles Rafael. Assim que ensaiaram um pouco, todos almoçaram e ele ingeriu veneno presente em sua bebida. Depois que voltam pro ensaio, ele é designado a ir pra sala de fantasias . Lá, ele já fraco, não resiste ao veneno e morre. Talvez Thiago tenha até acelerado seu falecimento visto que para despistar a investigação colocou uma corda no pescoço de dele. Porém não teve tempo de preparar melhor a armação pois procurando pela vítima chegou Carla-chan.”, todos me olharam.

“Thiago saiu correndo ao ouvir barulho. Carla vê o corpo, mas diferentemente do que se pode pressupor, ela não ficou lamentando sua morte, apenas gritou por socorro e saiu na caça ao assassino.

Nessa busca, Thiago foge para a tubulação de ar. E Carla, ao segui-lo, tem a infelicidade de cair onde eu me encontrava.”

Fiquei pensando se disse infelicidade pra me provocar...sim, eu achava que um monte de coisas que ele fazia era pra me provocar.

“Ao tomar conhecimento dos fatos, nós dois começamos as investigações”.

Todos me olharam espantados. E eu, claro, não me senti nada convencida...

“Com o decorrer dos fatos, apuramos que o Rafael bebeu o suco da Paula, tendo de ter seu suco substituído por um outro, que veio da despensa. E hoje de manhã,  esse suco tinha estado esperando muito tempo fora da escola, suficiente pra alguém colocar veneno. Apuramos também que Tornelli-san permaneceu nos arredores da escola mesmo após já ter deixado seu filho. Notamos também que quando Paula foi morta, as câmeras estavam exibindo reprises, e Tornelli-san havia entrado na sala do diretor de modo espalhafatoso, podia ter colocado as câmeras pra reprisar no meio de toda a confusão.”

“Isso, levou minha assistente”, assistente...gostei! “a julgar que Tornelli-san fosse o criminoso.”

- É, me desculpe, senhor, mas é que é inegável que as evidências iam contra o senhor... – pedi desculpas ao que o Sr. Tornelli fez um gesto de aquiescência.

“Mais precisamente, Carla-chan, quis que Tornelli-san fosse o assassino. Por quê? Simples, ela sabia que se não tivesse sido ele haveria de ter sido um de seus colegas.”

Muito obrigado, L, por fazer parecer que eu queria  culpar o Sr. Tornelli mesmo sem provas!, foi o que eu pensei, mas não disse nada e apenas continuei olhando L pra não ver a reação do Sr. Tornelli.

“Antes de continuar...”, então ele apertou um botão. E pouco depois entrou pela porta um batalhão policial. Eles algemaram o Thiago e eu pude me levantar e ficar livre.

“Acho que assim está melhor pra Carla-chan...mas não levem-no, deixem-no ouvir onde errou, ou melhor, onde eu fui superior...”, é, fazia tempo que ele não tinha uma crise de modéstia...

“Pois bem, a teoria da Carla tinha algumas inconsistências. Por que Tornelli-san haveria de desligar as câmeras pra matar a Paula, sendo que esta só falou que ia investigar o caso assim que ele estava saindo? Ou, quando Thiago e Tornelli-san relataram o que se passou na sala de cima pouco antes da morte da Paula, como a Carla já tinha em mente que sabia quem era o assassino, estava apenas buscando evidências pra culpá-lo, não pra achar o verdadeiro assassino. Aproveitando-se disso, em seu depoimento, Thiago diz que foi Tornelli-san quem havia derrubado água nele. Pode parecer um detalhe sem importância, mas junto a outros é muito revelador.

O fato de Thiago ter saído da sala, além de mostrar que Tornelli-san  ficou sozinho e pôde cometer o crime, também mostrou que Thiago mesmo poderia tê-lo feito. Mas ele não se preocupou com isso, pois percebeu que Carla-chan já tinha um suspeito em mente.”

Me senti acabada. Falando assim parecia tão óbvio! Me fazia parecer idiota...esse baka!

“E um detalhe importante, o que o carro de Tornelli-san estava fazendo no estacionamento? Por que não perguntar a ele? Foi o que fiz, e ele me disse que estava negociando uma compra de matéria-prima nessa empresa vizinha à escola. Verifiquei a informação, e ela conferia.”

Isso mesmo! Me humilhe! Seu baka! Grrr, estava me irritando com o L. Me fazia parecer uma baka...

“Outro detalhe, será que o suco envenenado foi mesmo o segundo? Por que não poderia ter sido o da Paula que estava envenenado? Se fosse assim então ela era a vítima visada? Foi o que pensamos, e isso complicava as coisas...e foi essa idéia que o Thiago nos deu em seu primeiro depoimento. Apesar de que eu já tinha pensado nesta hipótese antes..”

Claro, claro, sempre sabe tudo...

“A conclusão que eu tive, depois de analisar outros fatos, claro, foi de que o primeiro suco é que estava envenenado. Até mesmo porque, o gosto das ervas disfarçaria o do veneno. Além de que, sabendo que a Paula era muito exigente e ‘fresca’, como descreveu Carla-chan, [ nossa, ele não tem bom senso mesmo...] Thiago sabia que ela não iria querer beber os suco após o Rafael  já haver experimentado, dessa forma somente a vítima visada seria envenenada.

E outro ponto importante: quem colocou o veneno no suco? Eu respondo: Marta-chan.”

COMO!?? Todos a olharam, isso realmente era uma surpresa.