Eu julguei não ter ouvido bem e olhei pra ele com uma cara de interrogação. Ao mesmo tempo sentia todos olhando pra mim. Cibele estava com olhos cheios de horror. Cornélia os arregalara. Pedro e Thiago estavam de óculos escuros mas estavam boquiabertos, e achei ainda que o último queria voar no meu pescoço.

- O-o que disse L? - perguntei como se não acreditasse no que ouvira.

“Isso mesmo meus caros, Carla-chan foi fria e calculista neste caso”

Será que ele fez isso só pra irritar? Se foi, estava conseguindo.

“Ela, por motivo de ciúmes de uma outra namorada dele, resolveu envenená-lo. Colocou veneno numa barra de chocolates e deu pra ele. Fatal. Então, pra despistar colocou a corda em seu pescoço mas gritou pedindo ajuda pra que não desconfiassem dela...Depois, ao ouvir Paula dizer que queria investigar, o que ela fez? Jogou um peso de papel em sua cabeça. Alguém por acaso viu Carla-chan nesse últimos momentos? Ela não andava meio esquiva?”, L falava ainda calmamente...

Mas eu estava boquiaberta.

“E eu sei tudo sobre Carla-chan. Sei que ela não resistirá à pressão e tentará fugir, mas não a segurem, pode ser perigoso...” continuou Ryuuzaki.

Mas que diabos significa isso? Por que ele estava falando tanta besteira? Não...L podia ser brincalhão às vezes [muitas vezes], mas não brincaria numa hora dessa, eu precisava ser inteligente. Ele certamente estava querendo me dizer alguma coisa! Então, eu haveria de encenar também...mas como justificar minha atitude de confissão para o assassino?

- N-não sei do que está falando! – e simulei nervosismo. Até que as aulas de teatro vieram a calhar!

“Há uma droga que eu tenho aqui que quando ministrada a alguém faz com que essa pessoa acredite no que eu desejar...poderia ter dado a Carla-chan só pra arranjar alguém pra culpar e assim manter minha fama...mas, claro, eu jamais faria isso... Não... não...”, comentou L.

Que incrível! Parece até que leu meu pensamento! Ryuuzaki deve estar querendo insinuar ao Sr. Tornelli que eu confessei algo que não fiz só porque estou sob efeito de alguma droga...agora L terá de fingir que é um detetive bem medíocre e capaz disso pra que o assassino acredite...

- Como? Eu ach...espera, não...- fingi estar confusa. E comecei a roer as unhas.

 “Me lembro até do Toguro, quando segurou a velha Genkai pra que Yusuke não atirasse nele seu Leigan...”, disse L e todos ouviam confusos.

Apesar de não ter nada a ver com a verdadeira história do Yu Yu Hakusho...Yusuke era um DETETIVE espiritual, então...o assassino estava mantendo um refém! Por isso que L não falava logo!! O que eu deveria fazer? Primeiramente achar o refém. Olhando pra o Sr. Tornelli vi que ele estava seriíssimo apesar de suando, mas ao seu lado, Thiago estava até tremendo um pouco! Miserável! Pegou um dos meus melhores amigos como refém! Era necessária muita cautela pra que ele não se machucasse...droga!

- Pára por favor! Não agüento essas acusações... – mais encenação minha.

“Mas Ranma vence todos seus adversários, por quê? Ele seria muito útil agora...”, todos começaram a se entreolhar mediante essas palavras doidas..

- E-eu não queria...eu...eu... – continuei disfarçando.

A habilidade do Ranma...artes marciais! Sim! L sabe que eu sei uma arte marcial, o kung fu! Ele quer que eu finja que vou fugir, e como ele disse pra ninguém me segurar, eu posso imobilizar o Sr. Tornelli! Agora que eu reparava, ele fez todos girarem para que o Sr. Tornelli ficasse onde estava agora, em frente a porta da saída...Porque logicamente eu haveria de fugir por ali! O Ryuuzaki é muito gênio mesmo!

- Não quero mais saber disso! Cale a boca! – e coloquei as mãos sobre o rosto e fiz um movimento pra correr em direção a saída.

“Espere!!”, ele gritou tão forte que eu parei no susto. “Antes da sua insensatez, pare e pense que essa sua atitude de fuga pode não ser correta! Não temos muito tempo...tenho outros afazeres”, provavelmente o Thiago poderia ser morto a qualquer momento se nossa encenação não fosse convincente. “Preste atenção, eu sei que Carla-chan é uma tola impulsiva, nada inteligente também, mas sei que saberá o que fazer após ouvir meus conselhos...” Era agora, eu tinha de ouvir e agir! “Além de me pagar uma boa... digamos... bonificação pelos meus serviços...Carla-chan, saiba que por mais estranho que pareça, confie em mim, seu delator. Ninguém desconfiava de Aizen-san, porque além dele poder mandar em Ichimaru Gin ...Aizen-san PARECIA VÍTIMA!”, disse a parte final de forma bem clara anunciando que era o momento de eu agir.