O meio entre o começo e o fim escrita por Miss Addams


Capítulo 7
Sete




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/629236/chapter/7

Poncho

:- Meu amor, como você está? – Assim que eu desci do carro ela me recepcionou da sua forma sempre calorosa. E comecei a fazer carinho nela que abanava o rabo feliz, Afrodite não mudava, sempre minha companheira. – Depois brincamos de pegar, agora tenho que entrar e descansar. – Ela ficou ainda me encarando e com as patas na minha barriga com a língua de fora.

:- Esta bem. – Eu peguei uma bola, pequena que era o brinquedo dela e joguei. Antes que ela pudesse se mexer, do nada surgiu Pegazus e foi direto na bola, deixei os dois lá.

Assim que cheguei na porta, busquei minhas chaves e ela estava me olhando parecia que tinha presenciado toda a cena.

:- Você não sente ciúmes, não? – perguntei e ela me encarava sem reação, se o rabo não se mexesse diria que era uma estátua. – Você podia me recepcionar melhor, não como Afrodite, mas não assim indiferente. – Abri a porta e ela continuava na mesma.

:- Certo se você se importa Miau, durante anos você foi minha fiel companheira. Um verdadeiro casamento. Obrigada. – Eu entrei em casa, e depois olhei para trás, ela me olhava com cara torta e se gatos sorriam, aquilo era um sorriso para mim.

E ri das minhas alucinações.

:- Marco minha boca está aqui, não na televisão. – Roza estava com a boca aberta esperando Marco lhe dar a colher com comida, mas ele estava mais assistindo a tv do que outra coisa.

Me aproximei lhe dando um tapa para chamar a atenção dele. Que me olhou assustado.

:- Por que ela está comendo na sala?

:- Comendo? – Roza resmungou cruzando os braços.

:- Mamá deixou, tome aqui Roza. – Ele deu a comida a ela, que mastigou de bom agrado.

:- Você está dando comida para ela? – perguntei curioso, geralmente é Dulce que faz isso.

:- Sim, mamá está no quarto com Dominique estão falando conversa de mulheres, sei lá. – ele deu os ombros, voltando a dar comida para Roza.

:- Deixa eu ver isso. E você dê comida a ela em vez de ver televisão. – lhe disse.

:- É cabeção. – Roza deu um leve tapa na cabeça dele para que Marco olhasse para a colher novamente.

E eu ri desses dois.

Subi as escadas passando pelos quartos dos meninos e diretamente caminhando para o quarto de Dominique, que na porta tinha uma enorme boneca de pano, pintada por ela.

Abri a porta devagar, colocando primeiro minha cabeça para olhar lá dentro. Onde Dulce estava sentada na cama de Dominique com ela no seu colo abaixada e pelo que pude escutar chorando?

Bati na porta, para anunciar minha presença, e Dulce enquanto passava a mão nas costas de Dominique para confortá-la, me olhou e seu sorriso foi muito mais pela minha presença do que pela situação.

:- Que passa? – Me aproximei lhe dando um selinho.

:- Está sofrendo por amor. – Dulce contou e olhou para a pequena e eu juntei a sobrancelha, me sentando com cuidado na cama, tentando entender ou imaginar a situação. E Dominique se levantou do colo da mãe e ainda sem me ver, olhou para ela com uma raiva no olhar.

“Os homens não prestam!”

Dulce riu a vendo contudo e ela indicou com a cabeça para onde eu estava.

“Por que os homens não prestam?”

“Por que eles não ligam para os que nós mulheres sentimos, para o que eu sento.” Ela tentou se justificar, ao menos.

“Dominique que passou para estar com raiva de todos os homens da face da terra?”

“Eu gosto de um garoto ele nem sabia que eu existia apesar de temos aula de Filosofia juntos, hoje ele veio tentar falar comigo.” Ela contou enxugando algumas lágrimas. “Mas, se deu conta que sou surda, ou seja, não falo e nem escuto então ele buscou outra pessoa para interpretá-lo, ele não queria nada comigo e sim com Nicole, minha amiga. Eu pedi para que dissessem a ele que não o ajudaria a falar com ela.” Ela revirou os olhos.

“Entendo, mas ainda não entendi a razão por sua raiva.” Por mais que minha atenção tivesse em Dominique e seus movimentos, eu também olhava de vez em quanto para Dulce que se mantinha calada diante de tudo, deve saber de toda a história.

“Certo, isso foi no intervalo, eu estava andando com Sophie na hora da saída para buscarmos Nicole na sala dela para virmos embora juntas. E então nós vimos os dois juntos.” Ela contou com um pesar e eu fiz uma careta ao imaginar a cena.

“Eles estavam conversando, e Sophie me traduzia à conversa, Nicole disse a Bernardo que não ficaria com ele por que, eu gostava dele e não faria isso comigo. Então, ele a beijou a força e disse depois que não me queria que não namoraria uma surda.” Tranquei meu maxilar e fechei minha mão em punho, pensando em fazer uma bobagem.

“Eu sei que Nicole não tem culpa de nada, eu vi a cena e confio totalmente em Sophie me traduziu. Mas Bernardo? Eu não quero ver nem pintado de chocolate.” Ela fez uma careta se abraçando a mãe.

Suspirei olhando Dulce, que abraçava a filha, sabia que Dulce já devia ter dado todos os conselhos possíveis e tê-la confortado, mas eu precisava ajudar Dominique também.

“Bom, Posso falar o que eu penso de tudo isso?” Perguntei a ela, que me assentiu me olhando. “Primeiro, não deve achar que todos os homens não prestam, por que isso não é verdade é claro que somos menos privilegiados que vocês mulheres, nós somos práticos e muitas vezes deixamos passar algo despercebido, porém não quero estereótipos, quando achar que os homens não prestam pense em seu avô!” Eu sugeri para ela.

“Ou em Você!” Ela comentou, me fazendo rir.

“Não sei se eu me encaixaria num exemplo desses, totalmente.” E Dulce prestou mais atenção na nossa conversa.

“Eu já fui um imbecil que fez sua mãe sofrer, mas consegui reconhecer meus erros e graças a Deus, ela me ama, ou senão eu estaria na rua da amargura e da solidão hoje.” Dulce riu negando com a cabeça e consegui arrancar um sorriso de Dominique.

“O que eu quero dizer é que existem, caras, homens e meninos de todo o tipo, e o seu coração simplesmente vai se apaixona. E às vezes poderá sofrer, poderá errar, gostar da pessoa equivocada, mas o sofrimento faz parte do nosso crescimento, do nosso amadurecimento, e você é muito nova para pensar que os homens não prestam, tem apenas treze anos Dominique.”

“Ainda vai se apaixonar muito, sofrer e até encontrar um cara legal que também goste de você. Hoje não é o fim do mundo, não chore mais por um imbecil que não quer conhecer você por ser surda, é uma garota linda por dentro e por fora, tenho certeza que se reparar deve ter pelo menos vários garotos aos seus pés.” Sorri para ela.

“Nada melhor do que ter uma visão diferente de uma situação, não acha?” Dulce perguntou para a filha que se refletia sobre o que eu lhe passei.

“Pois é. Devia ter chegado mais cedo, Poncho, assim eu não tinha chorado tanto deixando Man, preocupada.” Ela sorriu, fazendo Dulce sorrir.

“Devia ter me mandado uma mensagem, eu estaria aqui num instante.” Eu também sorri para ela que deixou o acolhimento da mãe, para vir onde eu estava me abraçar, essa era a forma dela de me agradecer.

“Obrigada por se importar comigo, Poncho. Estou bem melhor agora, você é como um segundo pai para mim.” Ela me surpreendeu a dizer aquilo. “Eu não gostava tanto de Bernardo como eu pensava.”

“Isso mesmo só pense no amor daqui a uns vinte anos!” Comentei balançando minha cabeça e tanto Dulce quanto Dominique riram de mim.

“Não exagere! Man, estou indo comer, ainda não comi e estou morrendo de fome.” Dulce assentiu para filha. E quando ela começou a andar para sair do seu quarto. Eu comecei a bater meu pé no chão fazendo vibrações e ela ao senti voltou a nos olhar.

“Daqui a dezoito anos?” Eu perguntei fazendo uma carinha de pidão que de nada adiantou, ela saiu do quarto negando.

:- Você é um bobo. – Dulce falou com uma voz rouca e eu olhei para ela sorrindo. – Ainda estou tentando me conter.

:- Se conter de que?

:- Da cena que presenciei, do como seu rosto se iluminou quando ela te mencionou pai. – Dulce mordeu os lábios e se aproximou passando a mão no meu rosto. – Cada vez que o tempo passa eu sinto que tudo valeu a pena, tudo que eu passei, que nós passamos e ainda vamos passar.

Eu me aproximei dela a deitando na cama, para me deitar em cima. E sentindo-a fazer carinho em mim.

:- Estamos fazendo valer a pena e ainda vamos passar por muito. O tempo está passando depressa, Dulce. – eu comentei assustado e ela deixou de mexer no meu cabelo para me olhar. – Ela está sofrendo por amor! Meu deus, foi ontem que eu a vi pela primeira vez pessoalmente num estacionamento e ela me dizia que eu era bonitão. – Sorrimos juntos.

:- Pois é. Daqui a pouco, Marco Antônio vai para faculdade, depois se casa, Dominique vai trazer algum namorado, que valha a pena, para nós conhecemos. Roza vai crescer aprender a andar de bicicleta, ou cair de amores por algum menino no colégio.

:- Minha Virgem Santíssima. – Se ela queria me assustar, ela conseguiu.

:- Deve encarar a realidade, amor. Ela tarda mais não falha. O importante é que vamos estar juntos para passar por tudo isso, unidos e lutando.

:- Sempre! – eu continuei. – Bom podemos pensar que ainda vamos ter os animais dessa casa, as pessoas do Amanecer e temos nossos fãs, que cresceram com a gente, mas que às vezes agem como nossos filhos.

E rimos da última vez que fomos num programa de televisão, onde estivemos numa roda em que apenas os nossos fãs nos faziam perguntas e foi divertido e constrangedor, afinal eles parecem saber e se lembrar mais de detalhes da sua vida que você mesmo. Como a roupa que você estava em tal dia, ou o que você falou, estava irritado ou não entre outras coisas.

:- Ainda bem que tem alguém para me conter quando eu conhecer os namorados de Dominique ou de Roza. – Eu voltei a falar enquanto estávamos mergulhados nas lembranças.

:- Ou você para me controlar quando estiver com ciúme de alguma namorada de Marco. – E eu a imaginei ciumenta mesmo.

Ela levantou a cabeça e me deu um singelo selinho. E depois que nossos lábios se descolaram, perguntei o porquê com os olhos.

:- Por tudo que passamos, pela família que temos e pelo amor que eu tenho por você.

E eu me abaixei para beijá-la de verdade, firme e apaixonado, e ainda com os lábios grudados eu justifiquei.

:- Pelo mesmo, mas o meu amor é maior que o seu. – Eu ri da diferença dos beijos. – Vem vamos descer e aproveitar que ainda os temos e ninguém por enquanto os roube de nós.

Puxei ela da cama e a abracei, para descermos e ficar com a nossa família.

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O meio entre o começo e o fim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.