I'll Never Forget You escrita por Cristabel Fraser


Capítulo 3
I'll Never Forget You


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaaa pessoal tudo certinho com vocês? Espero que sim. Pessoal estou amando ver os comentários e não desistam de ler rss...este capitulo será o tão esperado que faz jus a sinopse então por favor, não me matem!
Amo vocês e hj não terei tempo de postar a outra fic "Teu lugar é ao meu lado", mas prometo que amanha ou segunda postarei. Então paciência e um beijão boa leitura.



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♪♫♪♫♪♫♪♫

 Mas eu, nunca te esquecerei,

Eu nunca te esquecerei,

Você fez as coisas tão fáceis,

Eu nunca te esquecerei,

Eu nunca te esquecerei,

Eu nunca te esquecerei,

Você me deixou tão zangado,

Eu nunca te esquecerei.

(I’ll Never Forget You – Birdy)

♪♫♪♫♪♫♪♫

 

 

Não pude acreditar no que estava realmente acontecendo. Ver quem mais se ama ser arrancado de você é uma tortura sem igual.

Fiquei em observação no hospital do 4 por alguns dias. Annie ficou ao meu lado todo tempo. Quando o médico chegou com os resultados dos meus exames eu não pude acreditar em sua última fala.

— Sra. Mellark você está grávida.

Grávida! Carregava um filho em meu ventre. Um filho meu e de Peeta. Ele não estava aqui para compartilhar da notícia juntamente comigo, o que só fez meu coração se partir novamente. Eu chorava desesperadamente e o que só puderam fazer comigo era administrar mais calmantes para que pudesse dormir, mas de nada isso ajudava, pois, os pesadelos vinham me assombrar e o que é pior, não conseguia me livrar deles.

Os dias se seguiam, Finnick e Annie me levaram para sua residência assim que deram alta. Me acolheram como se eu fosse parte da família e até cederam um dos quartos de hospedes. Finnick voltou a casa de praia para buscar nossas coisas e Annie o acompanhou. Todas as noites eu dormia com a camisa que Peeta usava naquela manhã antes de ir ao centro.

Era doloroso demais, nunca havia dormido longe dele desde que, nos casamos e do que me adiantou chorar todas aquelas vezes quando saía para trabalhar? Agora ele não estava aqui para me consolar. Lágrimas e mais lágrimas escorriam de meus olhos cansados. Eu vomitava praticamente o dia todo, Annie já estava para lá de preocupada, não sabia mais o que fazer comigo, pois a única coisa que conseguia fazer era ficar sentada em uma poltrona próximo a janela do quarto que me ofereceram.

— Katniss. - Annie entra no quarto e vem até onde me encontro - O chefe de segurança está aqui para conversar com você.

Recusei-me a falar com qualquer pessoa desde o dia que descobri sobre a gravidez. Já fazia uma semana que o chefe do Distrito 2 estava hospedado na base militar aqui do 4 e nem mesmo quis vê-lo.

— Não quero ver ninguém. – e mais uma vez respondi a mesma frase.

— Katniss eu sei que o momento é difícil, mas você tem que conversar e dizer tudo que se lembra, senão como poderão te ajudar? – ela me olha com piedade.

Ela tem razão meu silêncio não ajudará em nada. Não trará Peeta de volta aos meus braços.

—Tudo bem. – suspiro sentindo-me derrotada.

Quando entro no escritório da casa dos Odair encontro-me com o chefe de segurança. Para minha surpresa era meu antigo amigo Gale, que hoje devia ter 32 anos. Ele não se surpreende quando me vê. Claro que não, ele devia ter visto nossos nomes nos registros. Sabia muito bem quem eu era e, quem Peeta era. Eu é que não me lembrava da possibilidade de, que o “chefe de segurança” poderia ser ele.

— Sra. Mellark. – ele me cumprimenta com um apertar de mãos - Sinto muito por esta situação, mas farei o possível para trazê-lo de volta. – fala com seriedade e penso para que tanta formalidade se nos conhecemos há anos.

— Gale, não precisa me tratar como uma pobre vítima, mesmo eu aparentando ser uma. – falo sem animação - Não precisa me chamar pelo meu sobrenome.

Ele dá um leve sorriso, mas logo sua face adquiriu algo superior, mais sério. Gale parece mais forte. Seus cabelos castanhos aparentam estar mais sedosos do que antes. Seu rosto mais bonito pela idade – deixando de ser aquele garoto que conheci há tanto tempo – realmente, Gale Hawthorne está um belo homem e o terno alinhado apenas destacou ainda mais suas características.

— Você está mais magra. – fala sentando em uma das cadeiras e faço o mesmo.

— Estou grávida e não tenho me alimentado muito bem, talvez pela situação e pelos enjoos. – tento relaxar meus músculos, tento adquirir uma postura mais leve, mas tudo que consigo é, poças e mais poças de lágrimas.

— Por favor, não chore. – ele tira um lenço de seu bolso e me entrega - Sei o quanto você o ama e como disse, faremos o possível para descobrir seu paradeiro.

Conversamos por mais ou menos umas duas horas. Ele me fez inúmeras perguntas e eu procurei me lembrar - mesmo não querendo – cada detalhe sobre aquele dia. Gale me informa que desde o dia em que foi avisado sobre o desaparecimento, ele tem espalhado a notícia por toda Panem. Por um momento tenta amenizar meu sofrimento dizendo que uma hora os sequestradores terão que dar o ar da graça. Seja para um pedido de resgate em dinheiro ou alguma ameaça.

Ele tinha razão quanto as notícias sobre o desaparecimento do meu marido. Peeta estava estampado em todos os noticiários e cada jornalista dando uma notícia que, para mim não era nenhuma novidade. Meu coração se apertava mais ao constatar isso. Foi então que em uma tarde quando estávamos sentados no escritório esperando por alguma notícia que a TV deu uma má sintonização e um calafrio percorreu pelo meu corpo.

“Katniss... Eu sinto tanto sua falta... Eu te amo! ”

— Peeta! – um grito quase inaudível de desespero saiu de minha garganta.

Parei frente à televisão e pousei minhas mãos sobre a tela, elas escorregaram quando vi a seguinte cena. Alguém deu um chute no abdômen do meu marido que se encontrava ajoelhado e parecia estar com as mãos amordaçadas. Ele tremia e chorava. Eu não poderia me quebrar, pois já estava em pedaços. Abaixo do seu olho esquerdo tinha um hematoma horrível - um calombo na verdade -, antes que eu pudesse prever o seguinte ato a câmera é tirada da frente de Peeta e direcionada a alguém que cobria o rosto com um manto negro que me lembrava a morte.

“Sra. Mellark se quiser ver o rosto do seu marido novamente, tem que nos entregar o bem mais precioso dele para nós”.

Assim que disse isso à tela ficou preta e voltava à programação normal. A voz do agressor era computadorizada e totalmente macabra. Não fazia sentido o pedido. Não tínhamos muita coisa de valor, a não ser a padaria. O que ele queria dizer com isso? Minha voz já se encontrava rouca de tanto chorar, eu não aguentava mais, minhas forças estavam se esvaindo junto com minha capacidade de respirar.

— É você, Katniss! – Gale diz rápido, o encaro sem entender - É você, que eles querem afinal, o que seria de mais valor para Peeta do que você?

Não fazia sentido. Tudo isso não fazia o menor sentido, mas se fosse esse o “bem de mais valor” para Peeta eu estava disposta a me entregar.

Quando falei para ele que eu queria fazer uma troca, Gale surtou, disse que estava fora de questão, que não era assim que as coisas funcionavam. Gritei, discuti com ele e nada adiantou, Gale não cederia tão fácil e antes que eu pudesse cogitar a ideia de fugir ele colocou guardas para me vigiarem 24 horas. Me sentia tão prisioneira quanto Peeta.

As semanas corriam e recebíamos bilhetes e ligações de ameaças. Eu estava mais quebrada do que nunca e comecei até a ter um sangramento incomum. Rapidamente fui hospitalizada com um diagnóstico de um quase aborto. Chorei desesperadamente, pois eu mesma estava causando a morte de uma vida que crescia dentro de mim. Não podia perder este bebê, eu tinha que arrancar forças de onde não existia para sustenta-lo em meu corpo. Graças a Deus eles foram bem rápidos e aplicaram um medicamento forte em meu organismo que segundo eles seguraria minha gestação até o fim. Me passaram um monte de restrição dentre elas, repouso absoluto e me alimentar bem. Concordei e assim comecei a mudar minha rotina.

Estava com quase dois meses de gravidez e quando acordei em uma tarde Gale apareceu em meu campo de visão.

— Sua mãe está aqui. – disse me encarando.

— O que? Como assim? – ele me olha preocupado.

— Sinto muito Katniss, mas tive que chamar ela. – ele baixa o semblante.

Fiquei brava com ele, pois para mim ela não se importava comigo, porque em todo o tempo de casada poucas vezes me ligou e em nenhuma das vezes falei com ela, apenas Peeta conversava ao telefone. Ela me abraçou, pediu perdão e disse que sentia muito por toda situação. Todo tempo fiquei em silêncio, mas quando ela citou uma das últimas conversas que teve com Peeta comecei a chorar e acabei abraçando-a. Peeta demonstrava carinho por ela mesmo não vindo nos visitar nenhuma vez sequer.

Os dias passavam lentamente e Gale tentava interceptar algum sinal dos sequestradores.

Eu estava com três meses de gestação e minha mãe ia me acompanhar em meu primeiro ultrassom. Me espantei quando o médico soltou aquela frase.

— Parabéns, Sra. Mellark, são gêmeos.

Gêmeos! Eu gerava gêmeos. Meu coração se dilacerou naquele instante e minha mãe segurava firmemente em minhas mãos demonstrando apoio. Não podia acreditar logo Peeta, o meu Peeta que desejava tanto que tivéssemos um filho, não estava aqui presente para compartilhar da notícia.

Minha mãe precisava voltar para a Capital. Tinha que voltar para seu posto no hospital geral onde era enfermeira. Antes de ir ela beijou minha barriga que crescia cada vez mais e desejou saúde e força para suportar o momento. Ficamos abraçadas por um tempo, chorando no ombro uma da outra antes dela partir. Finnick e Annie que tinham dado espaço para nós duas nessas últimas semanas voltaram a cuidar de mim e me paparicar. Um dia estava deitada no sofá da sala e o pequeno Finn acariciou minha barriga e começou a conversar com os bebês enquanto eu fingia que dormia.

— Ei meus lindos, vocês têm que dar forças para a mamãe de você. Ela está triste e vocês têm que cuidar dela igual ao papai de vocês sempre cuidou.

Não consegui conter as lágrimas em meus olhos ao escutar isso, e em resposta ao carinho que Finn fazia em minha barriga enquanto conversava com os bebês um leve tremor se fez presente e quando abri meus olhos Finn estava tão embasbacado quanto eu.

— Você viu isso tia Kat? – ele disse me encarando com os olhos bem arregalados.

— Sim, eu senti. Eles mexeram Finn! Eles mexeram. – Finn beijou minha barriga e depois depositou um em minha bochecha.

No mesmo instante Gale entra alarmado na sala.

— Encontramos ele! – um sorriso bobo começa a se formar em meu rosto e as poucas lágrimas que derramava há pouco se transformaram em litros.

Gale resume a história e no fim estou de boca aberta. Os sequestradores eram seguidores de um antigo tirano que morreu há anos. Quando perguntei a Gale por que os seguidores de Snow fez isso. Ele me explica que é por eu ter sido um rosto de esperança na época da opressão e que sabiam que Peeta era algo valioso para mim assim, como eu era para ele e, se eles o pegassem poderiam me pegar também.

— Katniss, naquele dia na praia, tenho certeza de que eles iam pegar você, mas Peeta interviu antes e pagou o preço. – Gale diz sem pestanejar.

Ele me informa que já tem um esquema montado e que é para eu aguardar aqui mesmo que eles me manterão informada, mas não deixo que diga mais nada e começo a me opor. Digo que irei sim. Gale sabe que sou teimosa então pede para Finnick me acompanhar. Annie me abraça desejando sorte e diz que ficará com o pequeno Finn.

Vou com Gale em seu carro enquanto outros guardas nos seguem em carros atrás. Ele nos guia até uma parte que eu desconhecia do 4. É uma imensa floresta. Informa que é uma floresta inabitada e que tem uma cabana abandonada bem no meio e, é lá que eles mantem Peeta. Gale está bem armado e com de colete que coloca um em mim também. Claro que, não me deixa seguir com ele e a equipe. Quatro guardas ficam para me proteger.

Minutos, horas se passam, logo escuto uma troca de tiros e um desespero toma conta de mim. Uns oito atiradores de elite acompanharam Gale nessa caçada.

Então, de repente o vejo. Gale com um tiro no braço esquerdo e no outro lado de seu corpo ele meio que arrasta e carrega algo magro com os pés descalços, sem camisa e com uma bermuda surrada. Reconheço aquela bermuda, mas mal posso reconhecer aquele corpo. Peeta! É o meu Peeta! Corro em sua direção e Gale o solta com cuidado no chão.

— Peeta... Peeta! - corro em sua direção e me ajoelho ao seu lado, meu choro se transforma rapidamente em berros de alívio, tristeza e desespero - Meu amor, como senti sua falta... – seus olhos mal conseguem se concentrar em meu rosto vejo que há escoriações por todo seu corpo.

Escuto paramédicos vindo atrás de mim. Eles pedem que eu me afaste para prestarem os primeiros socorros, mas acabo por ignorar os comandos.

— E-eu também... s-senti sua falta... Katniss... – ele tenta falar, mas com dificuldade.

 Não permito que meus lábios fiquem longe dos seus por mais nenhum segundo. O beijo com vontade e ele parece não ter forças nem para um ato tão simples como esse. Seus lábios estão ressecados e desidratados. Quando me afasto ele tosse e vejo sangue escorrer de sua boca e escorrer até seu queixo. Ele leva sua mão a uma parte de seu corpo. Sua mão esquerda vai até a altura de sua cintura no lado esquerdo e quando olho, vejo um jorro de sangue, sangue quente e quando meus olhos descem um pouco mais vejo que há um corte profundo em sua perna na altura do joelho para baixo.

— Peeta! – grito, mas parece que de minha boca não sai som algum.

Ele começa a tremer e seus olhos se encontram com os meus. Há uma mistura de ternura e algo à mais como um... Adeus!

— Peeta, não dorme, fica comigo! Eles estão aqui para te ajudar... – pego sua mão esquerda que está cheia de sangue e a levo até meu ventre - Peeta, nós conseguimos, olha estou grávida! Sentiu minha barriga? Amor, são gêmeos! Vamos ter dois bebês de uma vez só. – eu ria e gritava desesperada, soluços saiam de meus lábios enquanto os paramédicos tentavam estancar seus ferimentos.

— O-obrigado amor... – ele tentava falar, mas com dificuldade em sua fala. Olhei dentro de seus olhos, seus belos olhos azuis e vi que estavam perdendo o brilho e minhas lágrimas banhavam seu rosto – C-cuide bem deles... v-você será uma ótima... m-mãe... seja forte amor... por mim... eles precisarão de você... – o que ele estava tentando dizer com estas palavras?

— Não Peeta! Você será um pai perfeito e vamos cria-los juntos... – Peeta deu um meio sorriso antes de pronunciar sua última fala.

— E-eu... te amo ...nunca se esqueça disso - seus olhos se encontraram uma última vez com os meus então se fecharam.

— Peeta não... Peeta acorda! – comecei a falar com autoridade - Peeta não ouse me deixar... fica comigo... fica... – minha histeria parece não surtir efeito algum.

— Sra. Mellark, temos que levar ele. – um enfermeiro chega por trás e me segura pelos braços.

— Não! Eu não vou deixa-lo! Acorde ele, por favor! – eu gritava cada vez mais alto - Peeta! Eu quero ir com você, por favor, me leve com você!

Não havia resposta alguma de seu corpo. Ele tinha me deixado. Peeta o único amor da minha vida havia me deixado. Enquanto eles me arrastavam dali para tentarem reanima-lo eu via claramente que a vida já tinha deixado de existir naquele corpo.

Eu ainda me debatia bastante, estava histérica e em seguida senti uma agulhada no braço. Pouco instante depois estava entregue a inconsciência novamente.

(...)

"Como posso viver sem o grande amor da minha vida? Como sobreviverei aos meus pesadelos quando eles vierem? E, agora mais do que nunca sei que só aumentarão em tamanho e proporção. Minha vontade era me juntar a ele, mas sei que não posso, pelo menos não agora, pois eles precisam de mim”.

Este era meu pensamento assim que a semana passou. O enterro para mim foi apenas um branco. Não me lembro absolutamente de nada, mas claro como poderia me lembrar com certeza estava totalmente dopada.

Finnick, Annie e até mesmo Finn me deixam sozinha por um tempo. Eles se interagem comigo apenas para ver se estou me alimentando direito - o que neste caso, estou comendo apenas pelos bebês -, para ver se estou fazendo minha higiene pessoal dentre outras coisas.

Sei que não posso viver aqui para sempre uma hora terei de deixar o Distrito 4 e encarar a minha verdadeira realidade.

Um mês se passou desde o enterro e eu precisa tomar um rumo, então decidi, finalmente retornar ao 12. Eu sabia que seria muito doloroso e difícil, tanto que nem mesmo minha mãe teve coragem de continuar morando lá.

Quando falo com Annie sobre minha decisão, diz que tenho toda a liberdade de ficar, mas não quero mais abusar de sua hospitalidade.

— Obrigada por tudo Annie. - digo abraçando-a e ela se derrama em lágrimas e eu também.

—Tem certeza que não quer ficar aqui? - pergunta mais uma vez - Podemos conversar com o prefeito e encontrar uma casa aqui na Vila pra você e os bebês.

— Mais uma vez obrigada Annie, mas tenho certeza de que preciso ir e cria-los lá. - dou um grande suspiro - Terei bastante ajuda lá, sei disso.

Greasy Sea, Effie e Haymitch - já que, os dois não podem ter filhos -, tenho certeza de que eles amarão os meus bebês.

— Você está pronta Katniss? - Gale me pergunta. Ele irá me acompanhar na viagem de volta.

— Estou. - digo meio desanimada e viro para meus queridos amigos e novamente os abraço.

— Então vamos. - ordena ele.

Quando subo o último degrau do trem olho mais uma vez para eles e vejo o pequeno Finn agarrado à mãe chorando. Aceno mais uma vez para eles e termino de entrar, pois já anunciaram a partida.

Gale pergunta se preciso de algo e a única resposta por hora que dou é que, quero ir para meu compartimento e dormir. Ele não me questiona, nem tenta nada, apenas respeita meu espaço.

Assim que acordo percebo que já está escuro e quando chego ao vagão da sala de jantar vejo Gale sentado à mesa com um de seus homens. Observo seu braço direito onde a bala o atingiu - ele ficou alguns dias com o braço enfaixado -, vejo que ele o move com um pouco de dificuldade, mas também tem um mês do ocorrido.

Eles conseguiram prender um dos sequestradores que foi condenado à prisão perpétua e o outro morreu enquanto resgatavam meu marido.

— Ah! Katniss você está aí, venha jantar. - Gale olha para mim e acena para que me junte a eles. Caminho até a mesa e prontamente se levanta e puxa uma cadeira para mim. Antes de me sentar sinto uma fisgada no final da coluna e ele parece perceber, já que emiti um pequeno gemido. - Katniss, está tudo bem? Sente alguma coisa? Quer que eu te leve até enfermaria? - ele se preocupa.

— Não precisa, vai passar. É só um pequeno desconforto. - digo sentando - Deve ser apenas sintomas de grávida. - falo sem emoção.

Ele nada responde e volta para seu lugar. Olho para meu prato e vejo uma apetitosa sopa de vegetais. Pego um pão caseiro que está em uma cesta à minha frente, mergulho pequenos pedaços e assim levando a minha boca. O gosto é maravilhoso, estava com muita fome. Ao terminar olho em volta e sinto um vazio invadir meu peito, olho em direção à cesta de pães e então lágrimas escorrem de meus olhos. Não quero ficar aqui nem mais um segundo. Levanto rapidamente e sigo em direção ao quarto. Antes de abrir a porta sinto uma mão segurar meu braço.

— Quero te dizer que, o que precisar eu estarei bem aqui. - Gale indica com a mão para o quarto em frente.

Apenas balanço a cabeça e não respondo nada. Deito na cama e choro por horas.

Por quê? Por que você não está aqui comigo, onde é seu lugar? Começo a sussurrar. Peeta eu te amo. Eu te amo muito. Eu nunca esquecerei de você. Nunca!

Não sei por quanto tempo fiquei assim chorando, só sei que dormi, mas logo acordei com a garganta ardendo e senti fortes braços ao meu redor. Minha cabeça se encontrava apoiada em seu peito.

— Peeta! - falei e minha a voz saiu rouca.

— Eu queria ser ele agora, mas sou só eu, Katniss. - a voz de Gale se faz presente.

— O que faz aqui? - digo me afastando de seus braços. Não quero contato algum com ele.

— Estava dormindo em meu compartimento e então você começou a berrar. - explica ele com toda calma do mundo - Vim ver se, estava tudo bem e quando cheguei aqui você se contorcia na cama e gritava o nome dele.

— Agradeço sua preocupação, mas vou ficar bem. Obrigada, Gale. - falo encerrando o assunto e desejando que ele saia.

— Ok, quer que eu peça para prepararem algum chá ou quem sabe um leite quente... - ele tenta ser prestativo.

— Não! - acho que minha voz se sobressai mais do que eu queria - Desculpe, mas não precisa se incomodar.

Ele só concorda com a cabeça e sai.

Meus momentos no trem foram entre pesadelos e ficar o tempo todo deitada. Acabei por fazer as refeições em minha cabine.

Finalmente chegamos ao Distrito 12 e ao descer avisto o casal Abernathy à minha espera. Effie se desgruda do marido e corre em minha direção. Ela me abraça e chora copiosamente. Sua fala sai engasgada, mas cheia de carinho, ternura e conforto.

Haymitch também me abraça com seu típico jeito de ser acuado, mas seus olhos transmitem tristeza, em seguida cumprimenta Gale e um rapaz chamado Steve que está o acompanhando. Entramos no carro e rumamos para a Vila. Tudo por aqui parece ter mudado tanto, mas na verdade sei que não mudou nada, a única mudança é que, estou retornando sem a metade do meu coração dentro do peito.

Haymitch faz um caminho diferente para a Vila, mas sei bem o que acaba de fazer. Ele teme minha reação ao passar frente a padaria - pelo que sei continua funcionando a todo vapor -, então ele percorre por um outro caminho. Todos os funcionários ficaram uma semana de luto pelo que sei e retornaram a trabalhar quando o período passou. Peeta os treinou bem e eles fazem tudo com perfeição e carinho, assim como ele ensinou que tem que ser.

Quando chegamos frente à minha casa Effie me abraçou mais uma vez antes de entrarmos. Greasy já estava lá dentro, quando me viu tomou-me em seus braços, afagou meus cabelos e me acalentou com palavras de conforto. Haymitch, Gale e Steve retiraram minha bagagem e sendo sincera duplicou de volume, pois ganhei muitas coisas que Annie comprou para os bebês. Todos conversam e falavam ao meu redor, mas eu não estava a fim de escutar ninguém e percebendo isso, Effie deu essa pequena "reunião" por encerrada.

Gale se hospedaria por mais alguns dias em sua antiga casa junto de sua mãe, já que ela não quis se mudar com ele. Greasy fez questão de ficar comigo pelo menos até que eu me sentisse um pouco melhor.

Assim que entrei em meu quarto confesso que meu coração falhou algumas batidas. Mesmo que Sea tenha cuidado da casa enquanto "estivemos fora" sinto o cheiro dele por toda parte. Ao abrir o armário, lado em que ficam suas roupas mais lágrimas insistia em cair. Agarrei a primeira roupa que meus dedos tocaram, seu casaco cor grafite, com uma a lapela militar localizada em cada ombro. Levei até meu rosto e inspirei seu cheiro, seu másculo cheiro. O coloquei em meu corpo vestindo-o. Quando me virei, olhei para onde tantas vezes nos amamos, onde dormíamos emaranhados um no outro e senti um aperto no peito. O local impecavelmente arrumado que acabei por clamar pelo seu nome em meus pensamentos. Segui até a cama e agarrei seu travesseiro retirando a capa limpa - penso eu Greasy trocou - e retiro a mesma para sentir o aroma que ali tinha. Novamente penso nas muitas noites de amor que tivemos, no quanto esse travesseiro ficava molhado de seu suor depois de nos amarmos por uma noite inteira. Não quero perder esse contato, dormirei agarrada a seu travesseiro, a seu cheiro para sempre!

(...)

Tive muitas complicações na gestação e precisei fazer uma cesariana quando completei sete meses. Mal posso lembrar do parto, novamente tudo era branco.

Effie e Haymitch se tornaram mais presente ainda em minha vida, cuidavam muito bem de mim e do meu lindo casalzinho de gêmeos Paul e Cassidy, que agora já estavam com cinco anos e eram as crianças mais lindas e fofas deste mundo.

Minha mãe nunca veio aqui nos visitar, mas fazia questão de pagar um Aerodeslizador para nos buscar e passarmos longas semanas em sua casa na Capital. E, apesar de não gostar muito de lá eu fazia um esforço pelas crianças e pela minha mãe que os amava muito. Talvez ela não conseguisse superar sua insegurança de vir até aqui pelo menos para nos visitar - não que eu seja forte, não longe disso - nunca o esqueci e nem quero, mas seu último pedido foi que eu fosse forte por ele e pelos nossos filhos e, é isso que tento fazer todos os dias.

Paul e Cassidy tem o próprio quarto, mas não os deixo dormir lá. Durmo no lado em que Peeta sempre dormia e em cada lado do meu corpo os coloco bem aconchegados mim assim consigo pelo menos tentar dormir mais tranquila. Mas tem noites que isso é impossível e eles me questionam sempre. Por que acordo chorando ou esperneando e com toda calma tento convence-los de que o pai me faz muita falta.

Desde que nasceram já falava do pai maravilhoso. Passava horas conversando com os dois aconchegados em meu corpo. Falava como o pai era belo e como ele amava a mim e ales, mesmo não estando fisicamente aqui.

— Mamãe... mamãe tem gente batendo na porta. - Paul entra ofegante no escritório enquanto estou resolvendo alguns assuntos da padaria.

— E, a tia Greasy, meu amor? - pergunto levantando e seguindo ele que não para de dar pulinhos.

— A tia está acudindo a maninha no banheiro. - ele fala todo serelepe então vou até a porta principal.

— Gale! - digo ao abrir a porta - Achei que já estava no trem uma hora dessas. - abro passagem para que entre.

Gale vem com mais frequência para o 12 e sempre nos visita trazendo presentes para as crianças que gostam muito dele. 

— Eu precisava falar com você antes de ir.

— Tio Gale! - meus filhos vêm correndo em direção a ele, que logo se ajoelha abrindo os braços e recebendo-os em seguida.

— Oi crianças. - diz apertando eles e entregando um saquinho de balas que sei que adoram - É para dividirem, tudo bem? – os dois concordam com a cabeça e correm até a Greasy para ajuda-los a repartirem.

— E o que seria de tão importante que não podia esperar até a próxima visita? - a cada quinze dias ele faz sua visita e sempre vem de Aerodeslizador e vai embora de trem.

Pergunto a Greasy se pode ficar de olho nas crianças enquanto me dirijo até o escritório para conversar com ele, pergunto se aceita um café ou chá, mas nega.

— O que eu tenho para te dizer é muito importante e não posso adiar mais. - fala sentar-se em uma das poltronas que indico.

— Então diga. - sento de frente para ele.

— Katniss, eu respeitei esse período em que você passou e ainda respeito, mas meu coração não aguenta mais ver essas crianças sem um pai. - não estou gostando nem um pouco do rumo dessa conversa - Katniss o que estou te pedindo é, quer se casar comigo? - ele se ajoelha e busca pela minha mão que se encontra encolhida.

Encaro aqueles olhos cinzentos, aquele homem que um dia foi meu melhor amigo, mas que agora é apenas um amigo comum.

— Gale, não posso! – levantei e caminhei até enorme janela.

— E, por que não? – Gale se levantou e veio até mim.

— Jamais. –o encarei - Jamais conseguiria amar outro homem.

— Faça isso pelos seus filhos, eles necessitam de um pai! – ele fala em tom de súplica.

— Verdade, eles necessitam sim, mas do pai deles que não está mais aqui. – desvio minha atenção para um canto qualquer.

— Ele não está aqui Katniss, por acaso está vendo Peeta por aqui? – arregalo meus olhos.

— Não fala assim dele... – soluços começam a crescer de dentro para fora - Eu ainda o amo e jamais conseguiria me entregar para outra pessoa como me entregava a ele.

— Eu posso dormir em outro quarto e nunca tocar você ...por favor, case-se comigo! – ele tenta segurar minha mão, mas não permito.

— Gale, eu ainda me sinto casada com ele. – tento dar o assunto por encerrado e ele parece não querer.

— Por favor, Katniss pedi aos meus superiores que me transferissem para o 12.

— Não Gale! Qualquer argumento que me diga não mudará minha decisão.

Gale me lança um olhar de fúria em seguida sai do escritório sem dizer nada e vai embora.

Quando chego à sala Greasy pergunta se está tudo bem. Nego com a cabeça e começo a chorar. As crianças que estavam brincando num canto da sala se juntam a mim me abraçando.

— Mamãe, não chore. – Cassidy acaricia meu rosto e me dá um beijo no rosto.

— Mamãe, você está chorando por que sente falta do papai? – Paul passa suas pequenas mãozinhas pelos meus cabelos.

— Sim meus queridos, sinto muita falta do papai de vocês. – tento me controlar, mas não consigo.

— Mamãe, não fique triste senão nós também ficaremos. – Cassidy deita a cabeça no meu colo.

— Querida mãezinha, o papai está aqui conosco. – Paul aponta para o medalhão que Peeta usava e agora eu o uso.

— Obrigada crianças. Sim, o papai está conosco. – aperto eles em meus braços e começo a me sentir forte novamente.

Greasy fica conosco até o jantar e depois vai embora. Quando deito com meus filhos para dormirmos, pedem para que eu conte novamente a história de como conheci Peeta. Então com cada um ao meu lado conto tudinho e assim adormecemos.


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Notas finais do capítulo

Pessoal o que acharam?
Já disse não me matem... por favor!!!!!!!!!!!!!!
Ainda tem o ultimo capitulo por favor não desistam de mim.....rss
Beijão a todos!



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