Condutores Renegados escrita por Rafisk


Capítulo 4
Lembranças de Lucky


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, meu antigo computador queimou (teve perda total) e acabei perdendo um capítulo bem longuinho, acabei ficando meio frustado, mas continuei a história em um notebook provisório, enfim, este capítulo é um pouco para explicar o personagem Lucky, introduzir ******* (SEM SPOILERS).
Obs: Esse capítulo ficou um pouco menor que o anterior, resultado de minha frustração por perder tudo que havia escrito.



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Vinte de Julho de 2014

Lucky’s POV: ON

Tudo estava tão tranquilo antes, íamos descansar depois de dias mapeando alguns pontos da cidade, bases do DUP, e como bônus ainda conseguimos levar três condutores desorientados para a nossa base aqui em Princeton.

A ideia de esquecer o rádio que nos ligava com a base de Los Angeles e, ficar unicamente sossegando sobre uma cama de hotel parecia ótima.

A missão aqui estava cumprida, não fizemos grandes atos revolucionários, porém conseguimos ajudar a base desta região.

Estávamos preparando-nos para a próxima parada em Seattle, segundo a base de lá, a Augustine havia enlouquecido após a fuga de alguns condutores, agora sendo popularmente conhecida como a vadia ruiva ou a diretora do DUP.

Eu, sinceramente, estava meio nervoso com o fato de ir pra Seattle, ser pego em flagrante lá, no lar de Augustine, é o mesmo que um passaporte grátis para Curdun Cay, provavelmente a mais protegida prisão do DUP.

Então, essa história de ir pra Seattle não era nem a pior parte, ou não seria, se não fosse por algo que iria acontecer em seguida.

Narrador-observador POV: ON

O grupo comandado pelo Ross, que também conduzia o carro, estava indo para o que seria o seu único momento de descanso.

A conduta de Ross no volante era algo questionável por qualquer outro motorista e pedestre, pois em trechos de grande movimento de veículos, a calçada virava uma alternativa, já em trechos vazios, o limite de velocidade tornava-se inexistente.

Estavam perto de chegarem ao seu destino, um hotel barato e afastado do centro, que para eles era excelente, ia de acordo com suas despesas e suas necessidades de permanecerem incógnitos.

Quando estavam estacionando o carro, houve uma explosão em uma distância de dois quarteirões, o som era muito alto, bastou apenas um minuto até uma fumaça negra cobrir uma parte do céu, Ross então rapidamente engatou a ré e deu meia volta, indo na direção daquela fumaça.

Ao chegar lá, Ross parou o carro, Lucky e Elisa desceram e, logo depois, Ross também, os três foram até uma espécie de cratera que havia se formado em um canteiro de obras e lá no centro deste enorme buraco havia alguma coisa, havia algo brilhando.

Lucky se aproximou devagar, daquele objeto, porém após estar mais próximo, percebeu que não era algo, e sim alguém, então começou a sentir uma coisa estranha em sua perna, olhou para baixo e viu uma mão brilhante agarrando-o, então Lucky se viu em um lugar completamente diferente.

Lucky’s POV: ON

– O que? Onde eu estou?

Eu estava perdido, olhava em volta e via apenas um grande “nada”, conforme eu caminhava, ouvia meus passos ecoando naquela enorme sala branca, eu não entendi nada do que estava acontecendo ali.

Então alguma voz feminina me chamou por trás:

– Ei, garoto, vem aqui.

Virei e vi uma garota de cabelos castanhos e olhos verdes, usava uma camisa comprida com um short de jeans com detalhes meio “rasgados”, fui andando até ela, por um momento tentei usar minhas habilidades, mas nada acontecia.

– Quem é você?

– Katniss, me chame de Kat...
– Ok... Pode me explicar que lugar é esse?
– Segundo minha experiência, sua mente.

– Isso é uma piada?

– Não, isso são suas lembranças...

– E por que não tem nada aqui?

– É sua primeira lembrança...

Nós dois ficamos em silêncio, eu não estava acreditando, mas então uma voz disse:

– VAMOS LÁ! ALCANCE-ME UM BISTURI AGORA!

De repente uma fenda se abriu sobre nossas cabeças, conseguimos ver alguns médicos do lado de fora dessa fenda.

– Doutor... Ela parou de respirar, mas o garoto está vivo, o que fazemos?

– Nosso objetivo era apenas o bebê, não há mais nada que possamos fazer.

Tudo ficou branco novamente após isto, aquilo tudo não me parecia familiar, porém uma coisa estava certa, se aquilo fosse meu parto...

– Sua mãe morreu no parto, né? – Me perguntou a tal da Kat.

– Sim... Eles podiam ter tentado mais...

– Eles podiam, mas lembre-se, isso são suas lembranças apenas, o que aconteceu não pode mudar.

De repente aquele “nada” virou um lugar, era uma quadra de esportes coberta, um pequeno ginásio, desta vez eu conseguia me ver, eu estava jogando basquete, eram times “mistos” de garotos e garotas, estava na aula de educação física.

Lembrei que sempre gostei de basquete, eu vivia discutindo, eu era extremamente competitivo, e lá estava eu, havia acabado de pontuar fora do “garrafão”, então eu parei e fui até o banheiro, lá eu tirei os tênis, eu comecei a levemente me lembrar daquele dia, mas ainda não estava claro.

Então aquele eu voltou ao jogo, estava trovoando lá fora, e ele havia deslizado no chão úmido por causa do tênis, então decidiu jogar de meias, então me lembrei do que havia acontecido naquele dia.

Eu sabia que iria receber a bola daqui a pouco, então tentei ficar na frente daquele meu eu, então quando ele recebeu a bola e correu, eu fiquei na frente, mas ele simplesmente passou por dentro de mim, como se eu não existisse.

Então fui obrigado a me ver correndo na direção da cesta, em baixo da cesta havia aquela garota... Ela tentou impedir que eu passasse, mas consegui driblar ela e então, eu enterrei a bola...

Naquele dia eu não sabia o que havia acontecido, mas dessa vez eu entendi pude ver e entender o que aconteceu, eu havia dado uma descarga elétrica na cesta, essa descarga desceu pela cesta e foi até o chão, afetou toda a área úmida que estava próxima, e por isso, acertou aquela garota...

– Quem era a garota? – Perguntou Kat

– Minha irmã... – Respondi enquanto me via ajoelhado ao lado de minha irmã, tentando a fazer levantar.

– Você já entendeu o que houve?

– Eu vi, mas ainda não sei o porquê daquela descarga elétrica...

– É simples, estava trovoando lá fora, o piso estava úmido, você tirou os tênis e começou a jogar de meia, e, quando pegou a bola, começou a correr, correr de meia naquele piso úmido começou a carregar sua energia.

– Então foi eletricidade estática?

– Não, tipo, você entendeu, mas foi eletricidade dinâmica gerada por fricção.

– Ok, mas e a parte da descarga elétrica?

– Você começou a absorver aquela eletricidade, naquela época tu não era acostumado a absorver eletricidade ainda, então já estava sobrecarregado com aquilo, então quando seu corpo se encontrou com aquela cesta de metal, seu corpo expulsou o excesso de eletricidade, que correu pelo poste e afetou toda a área em volta que estava úmida, mas enfim, o que houve com a sua irmã?

– Ela...

Então fui interrompido por uma mudança de cenário, o ginásio virou um quarto de hospital, e lá estava eu chorando, ao lado de minha irmã.

– Ela entrou em coma, conseguiram reanimar ela, porém tinha ficado cinco minutos sem o cérebro receber oxigênio, e então entrou em coma...

– Entendi... Meus pêsames. Quantos anos ela tinha?

– Oito... Eu tinha sete, lembro que acabamos ficando na mesma turma por ela fez com que o pai a tirasse da escola por um ano, só pra sermos colegas... – Fiz uma pausa, então continuei:

– Naquela época eu não sabia o que tinha acontecido, mas agora entendi... Eu matei minha irmã...

Ao dizer aquelas palavras, senti um grande calafrio, tão grande que parecia a respiração da Elisa subindo pelas minhas costas, todos.

– Então depois do coma ela... Entendi... Mas o que houve depois?

– Bom, não é fácil para alguém se tornar filho único de repente, e foi ainda mais difícil pro meu pai, que agora havia perdido as duas mulheres que mais amava, todos os dias tínhamos que ir ao cemitério, ver a lápide de minha irmã ao lado da de minha mãe.

O cenário começou a mudar novamente, eu dei um soco na minha própria perna de tanta raiva, Kat segurou o meu braço.

– Desculpe por te fazer reviver tudo isso...

– Eu já revivo isso todos os dias na minha memória...

O cenário se transformou em um calçadão, havia várias lojas e um shopping ali, eu estava com a minha namorada naquela época, Erica, eu tinha catorze anos, eu me lembrava daquela memória...

– Então, pode me fazer um resumo do que aconteceu e quem é a garota abraçada contigo?

– Essa era minha namorada, eu tinha catorze anos.

– Tá, mas como tu parece o mesmo, tu não devia ter mudado um pouco depois que tudo aquilo aconteceu?

– Felizmente meu pai foi forte e conseguiu continuar cuidando de mim, por mais que fosse complicado, ele ainda conseguia sorrir por mim.

Eu lembrava perfeitamente daquele momento, o DUP estava começando a agir em todo o estado de Washington, que era onde eu morava.

Eu estava com vontade de ir no shopping com a Erica, e foi isso que eu estava vendo, lá estava eu, pra entrar tinha uma blitz do DUP, tínhamos que colocar a mão num aparelho, e quando um coloquei a mão coloquei a mão no aparelho, eu absorvi alguma coisa, então naquele exato momento alguns guardas do DUP me prenderam com concreto.

– E essa foi a última memória que posso ler sua... Pode me dizer o que houve depois?

– Eu fui levado pra uma prisão do DUP, fiquei preso lá por um ano, um grupo de condutores invadiu a prisão e libertaram alguns condutores, alguns destes condutores foram levados com ele, entre estes, estava eu, assim cheguei ao grupo no qual estou.

– Então, eu sei toda sua história agora, mas ainda não sei uma coisa... Qual o seu nome?

– Lucky... Deram-me este nome, pois fui sortudo de ter sobrevivido ao parto...

Então eu estava de volta na cratera, eu vi a Kat soltar minha perna, me agachei e ajudei-a a se levantar.

Narrador observador POV: ON

Lucky ajudou Kat a se levantar, passando seu braço pelo dela, Ross foi ao lado e fez o mesmo no outro braço.

– Kat... V-Você estava dentro da minha mente...
– Me perdoe, eu queria ajuda, sou uma condutora “esponja”...

Elisa e Ross na hora entenderam o que havia acabado de acontecer, era uma condutora capaz de absorver a habilidade de outros condutores, e neste processo de copiar os poderes através do contato físico, ela acaba acessando as mentes de outros condutores.

Ross e Lucky deixaram a garota no banco de trás do carro, Lucky sentou-se ao lado dela e Elisa sentou no banco da frente, e como sempre, Ross dirigia.

Estavam indo para a base de Princeton, Kat estava deitada com sua cabeça na coxa de Lucky, ela puxou a camisa de Lucky, tentando falar alguma coisa, mas estava incapaz de falar por falta de força.

Lucky ao perceber a fraqueza de Kat, percebeu que ela estava soltando leves faíscas dos dedos, então percebeu que ela havia copiado seu poder, então ele colocou as mãos sobre o peito dela e lhe deu um choque, assim ela conseguiu absorver a eletricidade, que a ajudou a se recuperar um pouco.

Um monstro... Um monstro está no canteiro de obras... – Sussurrou a condutora, com poucas forças.

– Ross, Elisa, a Kat mencionou um monstro no canteiro de obras...

– Um monstro? – Perguntou Ross.

– Eu não sei do que ela tá falando, mas ela disse que havia algum monstro – responde Lucky.

– Pera... Deve ser... UMA BESTA! – Exclamou Elisa, que completou – Vamos voltar agora, Ross!

– Uma besta? Elas não foram extintas em New Marais? – Perguntou Lucky.

– Segundo a história de Cole Macgrath, o RFI iria matar todos os condutores, a Fera e as bestas, porém nós aqui estamos vivos. Então algumas bestas devem ter sobrevivido também.

– Ok, em uma escala de um a cem, qual a força de uma besta?

– Setenta.

Ross, enquanto dirigia de volta ao canteiro de obras, disse:

– Considerando que o Lucky se 0,1, a Elisa quarenta, e eu noventa, estamos bem.

– Vai te ferrar – diz Lucky.

– Sem brigas, vamos manter o foco, nós todos seríamos um grau vinte, então melhor trabalharmos em equipe.

– E qual o grau dessa garotinha ai atrás? – Pergunta Ross

– Ela não vai lutar nem fudendo, tá sem força alguma – Responde Lucky.

– Ok, agora temos um peso morto, ou quase morto.

– Ross, chega! – Exclama Elisa

Então Ross estaciona na frente da obra, os três condutores descem do carro e vão até a construção.

Procurando por alguma pista da besta, Lucky encontra um profundo buraco rente à construção.

– O que fazemos agora?

– E... Descemos? Parece meio fundo... – Diz Elisa.

– Bom, podemos descobrir se é tão fundo assim.

– Ok, eu posso usar minhas faíscas pra colocar fogo em algo, ai jogamos lá em baixo e vemos no que dá.

– Ou... – Ross se transforma, faz um barulho esquisito e espera alguns segundos, então empurra Lucky no buraco.

– NÃO ROSS! – Grita Elisa, tentando impedir Ross.

Lucky, caindo no buraco, tentava lá no fundo de seu inconsciente encontrar alguma solução, enquanto seu coração batia forte, estava nervoso, porém por instinto estava tentando procurar alguma maneira de se salvar, eram apenas alguns segundos, mas diante da morte Lucky não parava de tentar reagir e encontrar alguma maneira de reverter a situação.

Então de repente, algo segurou Lucky pela camisa, fazendo-o parar de cair.

Lucky olhou para cima e viu Ross, com as garras de sua mão esquerda cravadas na parede, havia uma marca de garras no buraco que ia desde o começo até a parte onde agora estava Ross.

Então Ross apenas continuou descendo com a garra cravada na parede enquanto segurava Lucky, ao chegar no fim do buraco Lucky segurou o braço de Ross e tirou-o de sua camisa e gritou:

– PORRA ROSS! TÁ QUERENDO ME MATAR?

– Calma Lucky... Eu tinha visto que o buraco não era tão profundo e eu podia te alcançar?

– COMO? – Diz Lucky, que ainda estava agitado por causa do ocorrido.

– Eu usei minha audição pra ver quanto tempo demorava a o barulho que eu fiz chegar até o fundo.

Lucky tenta respirar fundo, porém vai até Ross e lhe tenta dar um soco na cara dele, no entanto, ele segura a mão de Lucky e diz num tom baixo:

– Você não quer fazer isso... E temos uma besta pra matar.

Elisa chega até eles após descer se agarrando em alguns buracos e canos da parede, então ela se inclina para trás com as mãos na cintura e respira fundo, então dá um abraço em Lucky.

– Ainda bem que tu está bem...

– Qual é o problema dele? – Pergunta Lucky.

– Para de ficar chorando.

– PORRA, POR QUE TU FEZ AQUILO?!

– TU QUER SABER O PORQUÊ? FOI PORQUE EU QUIS.

– PAREM VOCÊS DOIS! QUE DROGA... Temos uma maldita besta pra matar...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo, deu trabalho.
Vejo vocês no próximo capítulo.