Condutores Renegados escrita por Rafisk


Capítulo 3
Passado pertubador


Notas iniciais do capítulo

Este deu trabalho, mas aqui está pra vocês, espero que gostem mesmo, pois agora conhecerão mais sobre um dos personagens desta história, boa leitura pra vocês, seus lindos!



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– Então Lucky, tu vai ter que treinar e me obedecer – diz Ross, sentado ao pé da cama.

– Retirando a parte do “me obedecer”, eu topo.

– Pelo menos não faça algo estupido.

– Fechado – sorri e olha para Ross, senta na cama de pernas cruzadas, coça a parte de trás da cabeça dizendo – Então, quando começamos?

Alguns meses depois
Sete de Julho de 2014

– E vocês acreditam que são capazes de completar essa missão em três? Lembrem-se, a missão foi feita para quartetos – Michael disse para os três condutores que estavam na sua frente, no corredor da frente de sua sala.

– Nós estamos decididos, não costumamos vir aqui sem certeza, aliás, é um bom desafio para a primeira missão do Lucky, mas se algo acontecer, a gente cuida do bebezinho – respondeu Ross com os braços cruzados na direita do trio.

– Vai pra merda – disse Lucky, na esquerda do trio, e a Elisa, que estava no meio do trio servindo de proteção para que Ross e Lucky não se matem.

– Vocês não podem agir desse jeito se querem completar uma missão, precisam trabalhar em equipe – diz o senhor de aparentemente cinquenta anos, era conhecido como o dono do lugar, embora não fosse o único responsável, Michael era um dos que mais tinha influencia na parte de coordenar os condutores.

– Eles não são sempre assim, eu juro – diz a muralha-humana, ou melhor, a muralha-condutora entre os dois.

– Bom... Eu conheço as suas habilidade Elisa, e as do Ross também, e concordo em o Lucky participar desta missão, apenas tomem cuidado lá em Nova Jersey, o DUP está muito bem estabelecido por lá, já temos equipes que estão tentando força-los a recuar, por isso alguns condutores escaparam e estão escondidos pela cidade.

– Certo, então vamos precisar salva-los? – pergunta Lucky

– Exato, mas tentem mapear a cidade se forem capazes, mas haverá muitas “blitz” do DUP pela cidade, eles caçam os condutores que estão escondidos lá.

– Ok, deixe essa missão comigo, e eu cuido desses dois retardados – diz Elisa em um tom bem autoritário.

Michael então passa instruções e equipamentos para eles e dá um tapinha no ombro de Lucky, então os três saem em direção aos seus quartos, pegam algumas coisas e guardam em suas mochilas, conversam durante um tempo e saem do quarto e vão para a saída. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

– Véi, tu ficou com medinho do avião? – pergunta Ross, rindo da cara do Lucky.

– Que porra tu tá falando cara? É que tava foda tu BEBENDO ÁGUA do meu lado no avião quando estávamos passando por uma turbulência da porra.

– E? Tem medinho de água?

– Me lembro de algo que tu falou no dia que nos conhecemos, era “tu dormiu na aulas de física?”, porque parece que tu dormia, eu conduzo eletricidade, se tu derramasse água em mim, eu ia me queimar, ou dependendo da quantidade, entrar em curto.

– Ah, que legal... – Ross então pega o resto da garrafa e joga na perna do Lucky, então Lucky dá um grito e cai no chão, saindo um pouco de vapor e faíscas de sua perna.

– POR QUE TU FEZ ISSO?!

– Eu só queria ver o que acontecia.

– QUE TAL EU ENFIAR MEU PAU NO TEU CU E VER O QUE ACONTECE?

– Ai eu pego a tua aids que tu deve ter contraído de algum dos teus dois pais que te estupraram – nessa hora Elisa chega no estacionamento onde está o carro deles e corre até o Lucky e se ajoelha ao lado dele, colocando a mão na sua perna

– MEU DEUS DO CÉU LUCKY! TU TÁ BEM?!

– Ele tá bem, é só fiasco dele.

– Minha perna tá queimando...

– Tua rosca também, levanta logo – vai até o Lucky e estica a mão pra ele, levanta e passa seu braço em volta dele, deixando-o se apoiar nele – Dá pra andar até o carro?

– Dá pra ti se fuder?

– PAREM VOCÊS DOIS! Eu vou abrir a porra do carro e tu deixa o Lucky dentro dele, Ross – Elisa se levanta e vai até o carro correndo e abre a porta do passageiro de trás, entra e fica esperando Ross, quando Ross consegue finalmente levar Lucky e deixa-lo no banco ao lado de Elisa, pega a chave e toma a posse da direção do carro e começa a dirigir.

– Um mustang 1966, interessante, bem old school – Ross acaba sendo ignorado pelos outros dois que estão no banco traseiro, Elisa começa a usar um sopro gelado na perna de Lucky, pra tentar realizar a mesma função que o gelo, porém sem ferir o Lucky com o gelo (pois é água congelada, dã).

Ross dirigia rápido até de mais, sem qualquer tipo de prudência, o que cada vez mais reforçava a ideia do Ross ter um problema mental, ideia que já era aceitar por Lucky, mas que ficava confuso pela Elisa achar aquilo normal e nem reagir, a perna de Lucky já estava melhor, só meio dolorida e, obviamente, queimada. De repente uma grande freada juntamente com um cavalinho de pau, fez os dois do banco de trás terem que se segurar para não saírem pelo vidro dianteiro.

– Eu acho que vi algum condutor entrar no porão desse prédio – aquela maneira imprevisível de agir assustou Lucky.

– Como tu sabe? – questiona Elisa.

– Bem, talvez pela porta de metal que está com um buraco?

– Bom, quer entrar pra verificar?

– Não, vocês dois entrem, eu fico aqui fora cuidando do carro e da porta.

– Ok – disse Elisa, ela abriu a porta do carro e saiu juntamente com o Lucky, os dois passaram pelo buraco da porta de metal e desceram as escadas, chegando até a sala que só era iluminada por uma daquelas pequenas janelas com grades que ficam no topo das paredes, que acabam roubando um pouco da luz da rua.

Os dois então viram que o lugar era vazio, apenas algumas prateleiras com caixas de papelão lá, nenhum sinal de vida sem ser a dos dois, então de repente a porta começou a se refazer atrás dos dois, era Ross fechando a porta de metal, em dois segundos a porta já estava lacrada por metal.

– QUE PORRA É ESSA ROSS?! – gritou Lucky, que em resposta só recebeu um grande silêncio.

– Mas que porra ele tá fazendo agora? – Elisa vai até a porta e começa a bater nela, gritando pelo Ross ou por alguém de fora, mas ninguém responde, Lucky tenta dar descargas elétricas na porta, mas falha em tentar destruí-la, Elisa tenta congela-la, porém também falha, então depois de vinte minutos gritando pro ajuda e tentando quebrar a porta, os dois desistem e se sentam na parede um ao lado do outro.

– O Ross é sempre doente desse jeito?

– Ele nem sempre é assim, mas parece que contigo aqui isso fica mais frequente, mas não podemos culpa-lo, ele perdeu os pais para os humanos quando era menor, eu já fui obrigada a trabalhar para o DUP, fui comandada por humanos que me fizeram matar outros condutores, até aqui mesmo, em Nova Jersey.

– Então tu é outra que odeia os humanos?

– Eu odeio eles, sei que chamam esse tipo de gente por ai de “infames”, eu até tenho o medalhão de anarquia dos condutores – diz ela enquanto puxa um medalhão que estava de baixo de sua blusa, um medalhão com a caveira de uma águia e com asas atrás, idêntico ao medalhão de Ross.

– O Ross tem esse mesmo medalhão... Vocês são infames então?

– Somos, e tu também é um, acha que tu venho pra cá comigo e com o Ross só porque luta bem?

– Eu já expliquei pra ele que essa guerra não é minha.

– Lucky, acorde, quando um país está numa crise, todos os habitantes sentem essa crise, desde os mais ricos até os mais miseráveis.

– A questão é: Eu não faço parte desse país.

– Todos condutores fazem... Cara, eu tô preocupada com o Ross...

– Ele é seu namorado né?

– Ah.. mais ou menos, há um tempo atrás ele era, mas ele mudou muito, acho que já não estamos mais...

– Tu precisa de alguém menos “insano”

– Essa insanidade dele até era divertida, mas quer saber a verdade?

– O que?

– Eu sempre preferi loiros.

– Isto foi uma cantada?

– Talvez – diz ela com uma sorriso levemente malicioso em seu rosto, enquanto olha pra ele, então os olhares dos dois acabam se encontrando.

– Tu é muito bonita também.

– Obrigada... – então fica um silêncio, e o que eram apenas olhares antes, vira um beijo entre os dois, ela bagunçando o cabelo dele, enquanto ele põe suas nas costas dela, então os dois acabam se deitando naquele chão frio e gelado, que pra eles estava quente como se estivessem em uma sauna, então Lucky, deitado sobre ela, passava suas mãos pelo corpo dela enquanto ela beijava-o.

Então depois de um tempo os dois acabam ouvindo um barulho vindo da janela que iluminava o lugar, os dois se assustam e olham pra lá, então conseguem ver o metal derretido das grades escorrendo pela parede, e então enxergam Ross preso na parede por algumas garras de metal em seu braço, os dois ficam trêmulos e em um salto se soltam e sentam encostados na parede.

– Que caras são essas? Os dois estão pálidos, quer dizer, a Elisa tá mais pálida do que o normal, até parece que viram um fantasma ou um demônio.

– Ah.. o c-condutor fugiu – mentiu Lucky, que gaguejava com o susto e a pergunta intimidante de Ross.

– Sério? Eu tinha inventado essa história de ter visto um condutor por aqui... Eu só inventei isso pra poder passear de carro e comprar uns lanches...

– E precisava disto? – questionou Elisa, tentando mudar o assunto e distrair Ross, porém ele estava ciente do que havia acontecido ali.

– Eu ia adorar ser um condutor de mentiras e desculpas esfarrapadas, ai eu ia poder absorver tudo que vocês estão falando, eu estou aqui faz uns cinco minutos.

– Eu... Me desculpe Ross – disse Lucky.

– Por que essas desculpas? Não entendi... Aliás, quase esqueci – Ross vai até as prateleiras, começa a pegar algumas caixa e sacode elas, quando finalmente encontra a caixa que queria, abre ela e encontra uma lista – Ainda bem, o Michael me avisou que ia falar para os condutores daqui deixarem o endereço de onde há os nossos equipamentos e outros condutores... Então, vamos logo pra porra do carro?

– Tá, nós já vamos... – diz Elisa, Ross então derrete a porta e vai até o carro, entra e fica esperando eles lá – Ouça Lucky, finja que nada aconteceu aqui, beleza?

– Tu tem medo daquele merda?

– Não, mas nós deveríamos ter, já viu como ele parece que não bate bem da cabeça? Ele é imprevisível...

– Ok... – os dois saíram andando em direção ao carro e entraram no banco de trás, Ross começou a dirigir de sua forma sem prudência e limite de velocidade, passando por semáforos fechados e por encruzilhadas movimentadas sem sequer parar ou olhar para os lados.

– Sabe, esse carro tem bastante lataria e é montado por peças de metais, ou seja, posso fazê-lo voar, mas requer uma força absurda...

– E se não pode fazer, por que tá contando isso? Em resumo, isso é meio foda-se, né? – pergunta Lucky, de braços cruzando enquanto olha pela janela.

– Eu falei que não podia? Isso requer uma força absurda, eu não tenho essa força, mas graças aos dons herdados pelo meu pai, posso conseguir uma força do caralho e fazer esse carro voar, só tenho que entrar na minha outra forma... Quer dizer, nunca testei, gostariam de testar hoje, comigo?

– Hmm, me deixa verificar aqui no meu guia de respostas para trouxas... A resposta é não, mas “nem fudendo” também serve.

– Sem fazer loucuras, Ross... – diz Elisa.

– Ok, se não fossem dois retardados mentais, saberiam que a última pergunta era retórica – Então Ross faz as janelas criarem grades com a lataria, faz os cintos de Elisa e Lucky se prenderem sozinhos graças a fivela, e quando estão presos, Ross ainda derrete a fivela para não poderem tirar os cintos.

Ross coloca o capuz e começa a se transformar em sua forma vampírica, que na visão dos outros estava mais para “demoníaca”, então Ross, sentado no banco, levanta as duas mãos, fazendo muito força, então carro começa a flutuar lentamente, então ele ganha vai ganhando a altitude suficiente para passar por cima de outros carros, então Ross começa a levitar o carro para frente, passando por cima do trânsito.

– Bem vindos ao Ross Airlines, se olharmos para o banco de passageiros de trás, podemos ver uma garota morrendo de medinho.

– Vai tomar no cu Ross – diz Lucky, tentando tirar o cinto, mas não consegue, olha para o lado e vê Elisa com os pés em cima do banco, encolhida, como se estivesse esperando algum impacto – Elisa, tu tem medo de altura?

– Não... EU TENHO MEDO DE ESTAR NA PORRA DE UM CARRO QUE VOA!

– Calma Elisa... Ross chega de brincadeira, dá pra parar isso?

– Não, a menos que tu queiras pousar em cima de outro carro ou caminhão... Por falar nisso, se olharmos pra baixo, podemos ver um camburão do DUP... – diz Ross enquanto olha pra baixo pela janela, então o carro começa a levitar muito mais rápido para frente.

– É SÉRIO?! – pergunta Lucky, já criando esferas de eletricidade em suas mãos

– Não – responde Ross, de uma forma bem fria e sem humor.

– Nem brinca com isso... – desfaz as esferas.

– E ai? A Elisa tá tão quieta, tá viva ou já teve um ataque desse coraçãozinho mole?

– Vai tomar no cu Ross – xingou Elisa.

– Ui, a boneca de neve tá brava?

– Cala a boca, pau no cu, depois não sabe o porquê de eu não te amar mais...

– Ah, essa questão é fácil, se cair numa prova, eu tiro dez... É porque tu não tem o mínimo de humor, além de sempre ser contra tudo o que eu faço?

– Tu só faz merda.

– É, nisso eu concordo com ela, Ross.

– Vocês acham que sou retardado? Acham que não vi o que estavam fazendo no porão?

– Idaí? Já tínhamos acabado mesmo.

– Eu sei, só não sabia que tu era lésbica a ponto de se pegar com a “cachinhos dourados”.

– CALA ESSA BOCA, ARROMBADO – grita Lucky, com raiva de Ross, então Ross provocou:

– Opa, o bebezinho nem sabe engatinhar e já tá querendo correr? Esqueceu quem é mais forte que tu? Calem vocês dois a boca, ou eu deixo esse carro cair DENTRO do DUP...

Então um silêncio ficou no carro por alguns longos minutos, Ross então num beco pousou o carro no chão e voltou a dirigir, Lucky e Elisa ficaram conversando baixo entre si, fazendo Ross ficar de fora e não entender nada, ele queria fazer algo, mas ia perder total razão, então acabou tendo que dirigir calado, então, após uma hora Ross anunciou:

– Chegamos, é aqui que vamos passar a noite.

– Esse é o lugar do papel?

– É – Ross entregou o papel para Lucky e acrescentou – caso tu queira checar se é esse mesmo o lugar o se não tô levando vocês para uma armadilha...

Lucky então pegou o papel e começou a ler o que estava escrito nele:

Quando entrarem este bilhete, façam questão de ir para o hotel Hampton Inn Princeton, vão para o quarto 703, lá estarão algumas coisas úteis para o grupo encarregado de fazer essa missão. Ass: Michael.

O nome do hotel realmente batia com o do bilhete, e a assinatura era de fato, a do Michael. Ross fez o carro voltar ao normal, fazendo o metal soltar as janelas e fazendo a fivela dos cintos ser solta, Elisa então sai do carro e Ross sai logo após, então Ross espera Elisa entrar no prédio e volta pro carro para pedir:

– Lucky, procura a merda da minha carteira ai, deve tar no porta-luvas.

– Ok – então Ross entrou no prédio e Lucky revirou o carro, encontrou uma carteira no porta-luvas e mais um papel amassada, então abriu ele e leu o que estava escrito:

Serodíart:

Patrick Henrick
Stan Hall
Williams Thompson
“Augustine”
Elisa Carter

Lucky lia os nomes e conseguia reconhecer todos exceto o “Serodíart”, os dois riscados eram condutores que haviam sido encontrados mortos em Princeton, a cidade onde eles estavam no momento, então Lucky foi lendo e reconheceu o nome da diretora do DUP, e pro fim, reconheceu o nome de sua amiga dos cabelos brancos como a neve, a Elisa. Lucky ainda não havia entendido o porquê daqueles nomes, então percebeu que Serodíart era na real a palavra “Traídores” ao contrário, Lucky sentiu seus pelos das costas arrepiarem até chegar até a nuca, onde sentiu um calafrio em sua espinha, ele ficou pensando “ROSS QUER MATAR A ELISA?”, porém percebeu que vindo do Ross, aquilo podia ter sido uma pegadinha, era suspeito de mais, Ross havia lhe pedido para pegar sua carteira, e curiosamente teria esquecido uma lista tão importante, era até ridículo pensando desse jeito, então Lucky amassou o papel e jogou pela janela e entrou no prédio, entregou a carteira e foram para o quarto 703, lá encontraram um mapa da cidade com marcações estratégicas, como localizações do DUP, bases de condutores e possíveis locais onde encontrariam condutores fugitivos, os três então foram dormir para descansar daquela viagem, pois também já era tarde de mais...

Oito de Julho de 2014

– LUCKY, ELISA! – gritou Ross, fazendo os outros dois acordarem.

– QUE FOI?! – diz Lucky, dando um salto de sua cama, Elisa havia dormido na mesma cama de casal que ele, então acabou acordando e ficou assustada com a gritaria dos dois.

– Fiz um café da manhã para os dois – isso foi um alívio para Lucky, mas também foi como uma bomba em sua paciência, e com certeza não foi diferente para Elisa que projetou seus olhos para cima e voltou a se deitar, então Ross deixou os dois pratos em cima da cômoda ao lado da cama deles e perguntou – Sério? Vão ignorar o que eu fiz pra vocês? Quando faço alguma porra ruim pelo menos não fingem que eu não existo...

– Caralho mano... Tu tá querendo nos fazer perder a paciência, para tu dizer que não temos razão, então escolhe logo o que tu quer.

– É, tá escrito exatamente isso nas torradas que fiz... É UMA TORRADA CARA, APENAS A PORRA DE UMA TORRADA! SEM VENENO, SÓ PEITO DE FRANGO E QUEIJO...

– Tá, foi mal... – diz Lucky após ter soltado um suspiro.

– Não se desculpe, ele tá me provocando...

– Como assim amorzinho? – pergunta Ross.

– Tu sabe que sou vegetariana, tu não fez dois pra mim e pro Lucky, tu fez pra ti e pra ele, quer me expulsar de qualquer jeito para longe dele?

– Ah é, namorei contigo durante um ano e quase me esqueci de que eu sempre te preparava sanduíches vegetarianos, né? Bom, pra mim parece justo, tu tá esquecendo de mim, e eu de ti, mas digamos que eu esqueço menos, porque talvez eu seja menos frio que você, literalmente – vai até um dos pratos e pega uma torrada e começa a comer – Me pergunto o porquê de tu ser vegetariana, acha que se deixar de comer carne, menos animais vão morrer?

– Não, só procuro não apoiar isso...

– Ah é, mas tu acha que tu apoiar ou não vai mudar alguma coisa? Isso tem uma leve semelhança com o trabalho que fazemos para Michael, salvamos condutores, mas isso não faz com que menos deles morram todos os dias, isso só vai diminuir quando realmente resolvermos os problemas, no seu caso, seria fechando todos os açougues e abatedouros de animais, já no caso do nosso trabalho, seria eliminando os humanos.

– Porra... Dá um tempo, beleza? – diz Elisa

– Olha, Lucky, come logo isso antes que esfrie, quero levar vocês pra um lugar bem bacana aqui em Princeton – Lucky então termina de comer e se levanta, olha pra Elisa com uma cara de “qual o protocolo?” ou “que porra eu faço agora?”.

Elisa apenas ficou calada e foi com o Ross, Lucky, sem ter outra opção, foi também, Ross dirigiu até uma loja de esportes, onde entrou e voltou com uma grande bolsa, então Ross começou a dirigir para o seu destino.

– O que tem na mala? – indagou Lucky.

– Vocês vão ver quando chegarmos, ou melhor... – Ross vira o carro com tudo, parando numa vaga para deficientes – Chegamos, e Lucky, se alguém for vir nos dar uma multa, apenas fique com essa sua cara de retardado mental, beleza?

– Vai se fuder – saiu do carro e esperou Elisa sair para fechar a porta, estavam em frente de um simples prédio, então entraram enquanto seguiam Ross.

– Alerta de spoiler, estamos indo visitar a minha casa, você se lembra dela, né Elisa?

– Não faço ideia de onde ficava sua casa...

Então simplesmente foram subindo algumas escadas, até chegar a um apartamento com uma parede demolida, estava óbvio que aquilo já havia sido uma porta, porém pelo visto haviam explodido ou derrubado ela.

– Entrem, sintam-se em casa, só não vão para a cozinha sem mim.

Os três entraram no apartamento, era bem pequeno, havia quadros de Ross quando menor, que mostravam o quão diferente ele era, conforme andavam pela sala de estar, que era a entrada do apartamento, conseguiam notar quadros com fotos rasgadas e pichadas, tudo era impossível de ver nos quadros com exceção do rosto de Ross, o sofá estava rasgado, então os três foram andando por um corredor, lá havia uma imagem de Ross com aparentemente seis anos, segurando um cão de pelúcia, revelando um pouco de como Ross já havia sido normal, ou pelo menos parecido normal.

– Por favor, sigam reto, ignorem a porta da direita e vão para a última porta do corredor, é o meu quarto – pediu Ross, então ele vai andando com os outros pelo corredor a abre a porta de seu quarto.

Lucky e Elisa entraram no quartinho pequeno, encontraram a pelúcia do quadro em cima da cama, só que ele estava com a cabeça ao lado do corpo dele, em seu quarto havia desenhos de pessoas decapitadas ou enforcadas, seus travesseiros estavam completamente rasgados e jogados no chão do quarto, Lucky e Elisa tentavam não mostrar suas expressões de assustados e evitavam fazer qualquer tipo de comentário.

– E agora vamos para o ponto alto de nossa visita, a cozinha – Ross saiu andando até a cozinha com eles, que o seguiam calados, ao chegar lá, Elisa na mesma hora virou o rosto apenas ao ver o sangue no chão, Lucky viu os dois corpos no chão, de um homem e de uma mulher, então ele não parava de pensar “ROSS É UM ASSASSINO?!” então acabou tendo que falar.

– Ross, v-você matou eles?! – gaguejou Lucky.

– Óbvio que não... Afinal, por que eu mataria os meus pais?

– Pera, estes são teus pais?

– É... – respondeu Ross enquanto se aproxima dos corpos e se agacha próximo deles, olhando para os dois com uma expressão de tristeza, que ao mesmo tempo passava um ar de frieza.

– Eu não sabia Ross, lamento... – diz Elisa, que agora observava aquela cena ao lado de Lucky.

– Ross, conta logo, o que aconteceu aqui?

– O DUP, foi isso que aconteceu aqui... Mandaram alguns soldados do DUP com uma condutora, ou melhor, uma agente deles, que venho aqui e ordenou que matassem os dois... Eu consegui me esconder, devem saber como é ter que viver escondido no túmulo dos seus pais durante um mês, né? – diz Ross, que depois volta a contar – Depois de algum tempo, descobriram que os dois cadáveres tinham um filho, então vieram e me capturaram, eu devia ter 13 anos quando fui parar no DUP, fiquei lá por dois anos até que consegui escapar, no dia que escapei eu matei seis guardas com um medalhão que um infame havia me dado, eu fiz a mesma adaga que furou sua perna naquele treino, Lucky, depois que matei os seis guardas, eu fiquei andando perdido por Los Angeles, nunca havia vomitado tanto na minha vida graças aos pensamentos dos seis caras que matei, e o único pensamento que me acalmava era “Eles eram só humanos, Ross...”.

– E é por isso que tu é assim? – perguntou Lucky

– Assim como?

– Tipo... – Lucky tentava procurar algum substituto para “perturbado”, mas acabou falhando, então disse – Esquece...

– Ok... E agora vem a parte foda – Ross coloca a bolsa o chão, então de dentro dela retira três tacos de baseball, entrega um para Elisa e outro para Lucky, e fica com o terceiro em sua mão – Já ouviram falar em apagar as mágoas né?

– Já... – falou Lucky cautelosamente.

– Bom, pra que apagar as mágoas se podemos destruí-las com bastões de baseball? Só repitam o que eu faço – então o garoto que agora tinha um passado perturbador revelado foi até uma porta “de correr” feita de vidro e cercada de madeira, ele pegou o taco de baseball e acertou a porta com uma grande pancada com o bastão, quebrando-a – Viu, sem segredos, só quebrem tudo neste apartamento, vai ser bom pra aliviarmos essa merda de tensão. Quero ver a Elisa quebrar algumas coisas primeiro.

– Por que eu?

– É óbvio, é porque tu é a mais estressada dessa porra.

Ela suspira e vai até a sala de estar, pega o bastão com força e dá uma pancada na mesa de centro, que era feita de vidro em sua área central, então foi até a parede e começou a atingir os quadros, um por um, com uma grande força e com uma expressão de raiva, então quando todos os quadros daquela sala acabaram, ela abaixou o bastão e soltou um sorriso seguido de uma risada.

– Viu? É ótimo fazer isso. Lucky, agora é teu “round”.

Lucky então foi para o corredor, onde quebrou vários vasos que estavam lá, quebrou dois quadros e foi para a cozinha, onde começou a dar pancadas na geladeira, então os três começaram a sair pelo apartamento, dando pancadas em tudo e arrebentando o que encontravam, estavam conseguindo se divertir daquela maneira, rindo enquanto sentiam toda aquela tensão, medo e ódio fluírem para fora deles como se fosse suor em um dia de extremo calor, então os três se jogaram no sofá da sala, sentados lado a lado.

– Ross, valeu por isso.

– Valeu por quebrar minha casa? Eu que agradeço – Ross solta um risada após falar isso.

Elisa nessa hora levanta calada, vai até o corredor que vai da sala até o quarto do Ross e começa a assoprar, e conforme vai assoprando, todo o corredor começa a congelar aos poucos, até que todo o corredor está congelado, então ela pega impulso e vai correndo para aquela “pista de gelo”, onde ela começa a patinar de uma ponta até a outra, Ross e Lucky ficam assistindo ela, pelo visto tinham esquecido todos os seus problemas e obrigações, e agora estavam só se divertindo, o que era muito bom, para a garota de lindos cabelos brancos, que usava uma regata branca que deixava-a linda com a saia azul, Lucky não conseguia parar de olhar para ela e pensar “Uau.. como ela está linda” e “Como aqueles seios dela ficam bonitos naquela camiseta...”.

Ross vestia uma camisa manga-longa com capuz, tinha a estampa da banda “Theory of a Deadman”, vestia uma calça jeans preta. Também estava se sentindo muito bem, estava se divertindo no túmulo de seus pais, o que acabou retirando as memórias de tristeza e dor que aquele lugar costumava lhe trazer, ele dessa vez estava com a mesma expressão séria de sempre, porém se sentia como o garoto que era antes de tudo aquilo acontecer, ele percebeu o jeito que Lucky olhava para a Elisa, não se admirava por aquilo, já que era complicado não cair nos encantos daquela garota, por um momento percebeu que tudo sempre acontecia como ele sempre previa que iria acontecer, parecia que sempre tinha a habilidade de manipular aquele “jogo” para que tomasse o ritmo que quisesse, e naquele momento, ele soube que aquilo iria trazer coisas boas, então resolver aproveitar com eles, antes que pudesse acabar perdendo o controle e a razão, como sempre acabava acontecendo com ele.

Lucky estava usando uma camisa manga-longa que havia uma imagem de um violão formado por palavras como “music” e “life”, e usava uma calça jeans azul, Lucky finalmente havia deixado de se manter na retaguarda perante Ross e Elisa, principalmente em relação ao Ross, ele havia deixado de se preocupar com ele, estava apenas pensando na Elisa, com uma grande quantidade de pensamentos positivos, esqueceu completamente sobre os pais de Ross, todo aquele lugar que estava destruído havia ganhado uma beleza, tal como um furacão, é algo lindo e espetacular de se ver, porém não deixa de ser perigoso, mas valia apena se aproximar daquele furacão para poder admira-lo, e era isso que Lucky estava fazendo, esquecendo quaisquer tipos de risco e apenas curtindo o momento de tranquilidade e diversão, que ainda não havia testemunhado desde que conheceu os seus parceiros de equipe.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o capítulo de hoje, ficou bem longo e deu trabalho, mas espero que tenham gostado.