Saint Seiya: A Guerra Primordial escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 3
ATHENA - O Mundo Humano Pt. 2




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Após feito a refeição da noite, Seika foi a primeira a se retirar com Seiya para seus aposentos, auxiliada por Ichi para migrar o antigo Cavaleiro de Pegasus da cadeira para a cama. Na sala ficaram apenas Saori, Jabu e Shun, únicos Cavaleiros, além de Hydra, a acompanhá-la naquela propriedade.

O próprio Andromeda ofereceu-se a ajudar a zelar pela segurança de Seiya, enquanto Jabu praticamente assumia o papel de guardião de Athena na ausência de Pegasus. Era o Unicórnio a acompanhá-la nas viagens para o Santuário que estava sendo reconstruído. As Pratas Shaina de Ophiucus e Marin de Águia gerenciavam as obras, auxiliadas por June que era encarregada pelos novos aprendizes com as lições básicas no primeiro estágio de treinamento.

Eram inúmeros detalhes a tratar e a que se preocupar, e aquilo estava deixando Saori esgotada por mais que ela se mostrasse forte. Tão logo retornaram, tratou de usar a Fundação Graad para emitir um boletim explicando a causa do Eclipse que assustou o mundo por ser um fenômeno simultâneo em grande parte do planeta.

"Uma tempestade solar teria danificado os principais satélites de registrarem a densa e camada de poeira decorrente da passagem de um grande asteroide a alguns quilômetro da Terra (...) um evento extremamente raro que acontecia a cada milhares de ano"

Foi o que vinculou na mídia num trabalho em conjunto com a NASA e conseguindo conter o pânico que havia se instaurado naquela ocasião. Embora o trabalho exigiu algumas semanas, mostrara ótimos resultados.

Em sua volta ao Santuário, uma homenagem a cada um dos Cavaleiros que padeceram ao longo daquelas batalhas. Dentre os mais emotivos era Kiki pela perda de Mu, o Cavaleiro de Áries, seu mestre. Em sua memória, prometeu assumir seu dever de restaurar cada uma das Armaduras e que as mesmas estariam preparadas para receber seus escolhidos. Todos o olharam admirados por sua força de vontade e orgulho.

Ainda assim, devido ao estado delicado de Seiya, Saori se via obrigada a viajar toda semana naqueles últimos dois meses, na esperança que, em seu retorno, Seiya tivesse apresentado algum avanço.

— Fico admirado com a dedicação de Seika. — comentou Jabu sentando-se e cruzando a perna em quatro. — Uma pena que o reencontro deles tenha se dado nesse momento tão...

— Sim, mas é uma questão de tempo até que encontremos algo que nos ajude entender o que aconteceu com Seiya.
— respondeu Shun com um semblante preocupado. — Espero que eles voltem com respostas.

— E tem tido notícias deles?
— questionou Jabu interessado, mas vendo Shun já menear negativamente.

— Não. Nenhum deles encontrou qualquer coisa. — respondia Shun com olhar para a lareira acesa e ouvindo o crepitar da lenha. - Mas ainda tenho esperança de que, quando retornarem, tenham encontrado ao menos um caminho para ajudar Seiya.

Jabu assentiu, concordando com Shun quanto aquilo. Shiryu havia retornado aos Cinco Picos Sagrados de Rozan esperando que os diversos pergaminhos escritos pelo Mestre Ancião naqueles últimos 240 anos pudessem dizer algo sobre o que aconteceu a Seiya. Já Hyoga havia voltado à Sibéria e arriscaria a cidade de Blue Graad onde afirmava-se possuir um grande acervo que incluía uma medicina avançada dos Atlantis e que também encontrasse algo que explicasse a ferida no peito do amigo.

Quanto a Ikki, um eterno lobo-solitário, mas que não escondia também a sua preocupação com relação ao Seiya. Manteve-se vigilante nas primeiras semanas junto a todos na propriedade, mas partiu na semana seguinte dizendo buscar alguma ajuda, e desde então havia desaparecido. Shun entendia bem o irmão. Ele sofria com o estado do Cavaleiro de Pegasus e sempre dizia pensar melhor sozinho que quando em grupo.

O Cavaleiro de Andromeda explicava isso ao Jabu, ambos trocando palavras amigáveis que incluiu na recuperação do Santuário e sobre alguns aprendizes que o cavaleiro de Unicórnio estava reunindo junto à June - ela treinando as meninas e ele os rapazes, fazendo rodízio de treino nos intervalos de reconstrução dos templos e anfiteatro.

Saori parecia alheia a conversa dos dois, parada junto à janela e olhando para fora, em direção do mar. Os seus olhos azuis fitavam o horizonte, o manto escuro e estrelado, mas tudo pareceu silenciar-se momentaneamente. Não mais ouvia a voz de Shun e Jabu às suas costas conversarem, somente das águas do mar que estava a uma distância mínima de até 500m daquela propriedade. No entanto, o som era claro o quebrar das ondas na orla.

"Athena...", ouviu ecoar em sua mente, fazendo Saori arregalar os olhos. Conhecia aquela voz, embora parecesse impossível. Continuava a chamá-la, junto ao som do vento que batia nas copas das árvores próxima dali. De repente, a paisagem era tomada por uma neblina, algo da qual nem Shun ou Jabu pareciam perceber e da qual Saori não conseguia desprender o olhar pela janela.

Logo, um caminho parecia ser aberto com a neblina ser sugada em direção à praia e dela revelar uma silhueta esguia, com cabelos longos esvoaçando, a cabeça baixa que se levantava vagarosamente. Saori respirava pesado, acelerado. Sentia seu coração palpitar com aquela imagem. Quem quer que fosse, a fitou diretamente com intenso olhos brilhantes azul esbranquiçados, assustando a jovem deusa.

— O que acha, Srta. Saori? — perguntou Jabu se voltando para a própria.

Saori piscou, voltando-se para os dois e deixando perceptível seu assombro, fazendo os dois Cavaleiros se entreolharem intrigados. Quando voltou olhar pela janela, tudo parecia normal. Não havia sinal de neblina e tudo parecia calmo. Ouvia-se apenas o crepitar da lareira.

— Ahn, desculpe. O que disse, Jabu? — disse Saori se recuperando, tentando esboçar um sorriso, mas estava visivelmente confusa.

— Está tudo bem, Srta. Saori? — dizia ele já se levantando, indo ao seu encontro quando viu Saori sinalizar que estava bem.

— Sim, eu estou. Não se preocupe. Apenas tenho estado preocupada, pensando no Santuário e do que diziam. — e se voltou para Shun. - Espero que Shiryu e Hyoga tenham encontrado algo e Ikki possa voltar logo. Eu também voltarei estudar os documentos de Star Hill e ver se encontro algo meio aqueles pergaminhos.

— E quando pretende voltar?
— perguntou Shun com um olhar preocupado para Saori, percebendo que ela olhava algumas vezes para a janela. Levantou-se com discrição.

— Amanhã. — respondeu Saori prendendo o cabelo atrás da orelha. — Quero assistir a todos que estão ajudando na reconstrução do Santuário. Todos ainda estão muito abalados com tudo que aconteceu, e... — ela respirava fundo, fechando e abrindo os olhos. — Quero estar lá, incentivá-los e que vejam que não os abandonei. — e sorriu para os dois, coçando as mãos ansiosa. Jabu apenas a observava com os braços cruzados.. — Além do mais, Shaina, Marin, June, todos esperam ter notícias de Seiya.

Shun ouvia tudo e se aproximava da janela onde ela estava, afastando a cortina e olhando do lado de fora. Tudo parecia normal. Não sentia qualquer ameaça, nenhuma presença. Certamente era somente preocupação com Seiya, algo da qual ele tinha notado o quanto Saori estava tensa e reprimia isso ao máximo.

— Vou preparar tudo para nossa partida amanhã, Srta. Saori, e... — dizia Jabu quando foi interrompido por Saori pedindo que ele ficasse, tomando Jabu e Shun de surpresa. — Como?

— Quero que fique aqui e ajude o Shun, ao menos até que Geki, Nachi e Ban retornem.
— disse ela percebendo a reação do Cavaleiro de Unicórnio.

— E-Está querendo que eu fique... aqui? Mas, Srta. Saori, não posso deixá-la que vá sozinha para o Santuário...

— Não tem o que se preocupar, Jabu.
— disse Saori serenamente e olhando para ele. — Por favor.

Houve breve minutos de silêncio. Era verdade que Hades não era mais uma ameaça e Poseidon havia sido selado em seu Santuário Submarino, mas Jabu passara a acompanhá-la desde a condição de Seiya e prometendo cuidar de Athena. Porém, como ir contra a ordem da deusa? Nem mesmo se tratava de uma ordem, mas um pedido da qual não pôde negar, aceitando com relutância.

— Obrigado. E-Eu... Eu vou me retirar. Boa noite. — disse, deixando os dois Cavaleiros aturdidos na sala sem entender o porquê daquela sua decisão.

Uma vez em seu quarto, Saori fechou a porta e ficou apoiada nela por mais alguns instantes, pensativa. Trancara seu quarto e olhou para a janela fechada. Por mais uma vez arriscou ver do lado de fora, mas tudo parecia normal, com uma noite calma e de lua nova. Porém, algo ainda a assustava o suficiente para fazer seu coração bater forte em seu peito.



Quando partiu no final daquela manhã, Saori reforçara as instruções para todos com relação a Seiya, mostrando-se realmente perturbada com algo. Esperava contato de Shun caso alguns dos outros Bronze voltassem com novidades de suas buscas de cura e, somente então partiu, desta vez sem a companhai do Cavaleiro de Unicórnio.

Jabu sentiu-se contrariado em ficar, mas não desobedeceria a ordem de Athena por mais que discordasse dela. Ficara realmente intrigado com aquela decisão de última hora de Saori. Cruzara os braços e respirou fundo.

— Algo a perturba... — comentou Jabu preocupado. — Não é somente por dizer para ficar, mas tenho percebido isso já algum tempo.

— O que aconteceu ao Seiya mexeu com ela, com todos nós.
— disse Shun batendo em seu ombro. — Ontem, no entanto, ela pareceu perturbada com alguma coisa.

— Farei mais uma busca de novo na área, mesmo que não tenhamos encontrado nada ontem. Nem mesmo suas correntes perceberam qualquer coisa.
— respondeu Jabu olhando à sua volta e para o céu. — Caso contrário, ela não ordenaria que eu ficasse.


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Santuário de Athena
Grécia


Com os eventos durante a Guerra Santa contra Hades, aquela única noite, a mais longa delas desde a Batalha das Doze Casas com os Bronze, provocou perturbações nos poucos aprendizes, soldados e alguns poucos Cavaleiros sagrados remanescentes.

Shaina de Ophiucus, responsável pela patrulha naquela noite, precisou seguir critérios de segurança quando algumas daquelas tumbas mostraram-se maculadas, sendo preciso selar cada uma delas para que outros não fossem revividos para os propósitos malignos de Hades

Com a paz restabelecida e a Guerra Santa ter chegado ao fim, um cerimonial foi realizado em memória dos Cavaleiros de Ouro, que padeceram diante do Muro das Lamentações, aos Cavaleiros de Prata, mortos na grande conspiração, e na reintegração de Aiolos de Sagitário, até então com seu nome apagado dos cânones do Santuário, e agora reconhecido como herói e não um traidor. Mesmo Saga de Gêmeos foi perdoado por Athena uma vez que estava a ser manipulado por uma deidade ainda desconhecida pela deusa.

A Prata relembrava aquele momento quando percebeu a aproximação de Marin de Águia. Ambas assumiam as lideranças no Santuário auxiliando na reconstrução dos templos de Virgem e Câncer, ambas danificadas desde a batalha dos Bronze contra os Dourados. Ainda precisavam dividir-se para auxiliar nos treinamentos e manter a ordem no Santuário até a nomeação de um novo Grande Mestre.

Entretanto, a chegada de Marin ali, junto à companheira que tantas vezes duelaram naquele Santuário por suas diferenças ideológicas, tratava-se de outro assunto.

— Sinto que Athena retornou ao Santuário. — comentou Shaina ainda com os olhos no Jardim de Descanso. — Alguma novidade sobre…?

Não completou, pois sua voz morreu antes mesmo disso. Shaina ainda se sentia confusa com relação aos seus sentimento para com Seiya - entre a admiração como um bravo guerreiro que crescera ao longo das batalhas e uma paixão inexplicável pelo Cavaleiro, e Marin percebia isso. Desde que regressaram, Shaina se recusava a vê-lo e declinava os convites de ir ao Oriente com diversas desculpas. Todas as informações eram através da Amazona de Águia ou da própria June.

— Acredito que não. O semblante de Athena era triste. — comentou Marin observando a noite se aproximar e a primeiras estrelas surgirem no céu. — Mas não devemos perder as esperanças, Shaina. Seiya sempre se levantou e há de se levantar novamente.

— Acredito em você, Marin. Foi a mestre dele e o conhece melhor que qualquer um.
— respondeu Shaina olhando-a de lado e depois se voltando para o céu. — Enquanto Pegasus continuar a brilhar, sei que Seiya não desistiu de lutar. Não importa quanto tentem, pois jamais conseguirão derrubá-lo. Disso tenho certeza!


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