Saint Seiya: A Guerra Primordial escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 4
ATHENA - O Mundo Humano Pt. 3




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Ao longo daquela tarde Saori recebeu as duas Amazonas de Prata para uma audiência, sendo relatada cada passo da reconstrução do Santuário, e isso graças à Fundação Graad agilizando no processo. Mais que isso, estava promovendo melhorias nos vilarejos próximos com instalação de escolas e centros sociais, desde Rodório à Vila dos Pescadores, estendendo-se à Ilha dos Curandeiros.

Evidentemente as duas indagariam sobre Seiya, e Saori não mentiria a respeito. Explicou sobre a viagem dos outros Bronze em busca de algo que pudesse ajudar na recuperação do Cavaleiro. Embora ambas estivessem cobertas com suas máscara, era perceptível a frustração delas, e a jovem Athena sentia-se igualmente pior por seus poderes de deusa mostrarem-se tão ineficientes naquele momento.

Quando as portas do Grande Salão se fecharam, foi como um golpe em seu peito. Ficou a imaginar, por alguns instantes, quantos estiveram naquela mesma sala sob às ordens de suas antecessoras. Mais que isso, perguntava-se se alguma delas passara pelo assombro da dúvida e do medo. Estava sozinha com seus fantasmas.

Não conseguia compreender o que a deixou tão temerosa. Os pesadelos muito contribuíam para isso, e acabava por pensar no quanto estava sendo fraca quando todos estavam a apoiar-se nela naquele momento de tragédia, o que soava irônico para a jovem que, ao longo de 16 anos, era somente a 'mimada' e 'confiante' Saori Kido. Porém, a verdade era diferente. Desde que soubera ser Athena em seu 16º aniversário, via-se como alguém que somente parecia trazer desgraça a todos aqueles ligados à ela, transformando o destino de muitos.

De seu templo, contemplava todo o Santuário. No chão, bem próximo aos pés da Parthenos, a estátua de Athena erguida ali na Era Mitológica, ainda havia a sombra dos Cavaleiros Renegados, o que a fez segurar firme o báculo em suas mãos. Somente ver aquilo fez sua mente remeter a dor e as difíceis escolhas das quais seus Cavaleiros foram submetidos...

O primeiro foi Aiolos, o Cavaleiro de Sagitário, a quem precisou abdicar de tudo para salvá-la, sendo chamado de traidor e recaindo sobre Aiolia que teve uma vida de perseguição, julgamento e desconfianças. Havia também os Cavaleiros de Prata, todos manipulados pela mentira de que ela era uma rebelde e farsante e que padeceram diante dos Bronze. E na Batalha das Doze Casas, Cavaleiros de Ouro seduzidos e corrompidos pela ganância e pela soberba... E quem era ela para julgá-los?

"Não há do que culpar", disse Seika, mas não era assim que se sentia. O sentimento de culpa era esmagador. Foi egoísta por muitos anos, chegando a menosprezar a dor de Seiya para com sua irmã tão logo ele chegou do Ocidente e obrigando-o a participar do Torneio Galáctico. "Eles me odiavam, e ainda devem me odiar por tudo que os fiz passar...", pensava sobre isso, e aquilo a fez rir tristemente. "E de pensar que disse que talvez fosse mais feliz que aqueles meninos, não é mesmo... vovô Kido?", e mordiscou os lábios.

Estava perdida em suas divagações, em amargas lembranças apesar de haver algumas poucas memoráveis quando reunidos longe do calor das batalhas. Recaiu seus olhos sobre Niké, a deusa da vitória que sempre a acompanhou. Guiou seus Cavaleiros à vitória derrotando Poseidon, selando-o em seu Santuário Submarino, e até mesmo na queda de Hades, no Elísios.

"Vitória...?", pensou Saori por um momento."Será que devo chamar realmente isso de... vitória?!", e lembrando do estado vegetativo de Seiya, que tanto a atormentava seu sono com aqueles horríveis pesadelos, sempre aflorando aqueles seu últimos momentos em sua mente, vestindo sua Armadura Divina de Pegasus e se colocando como seu escudo contra a espada maligna de Hades. Ousara ferir um deus e havia sido punido por isso e caindo com os olhos arregalados, incrédulos.

"Por que...? Por que isso? Por que estou assistindo... Não!", pensava Saori levando a mão à cabeça, sentindo as lágrimas descerem sua face. Assistia-o cair, mas não sobre ela como exatamente aconteceu, mas nos braços de Athena. A verdadeira deusa estava bem diante de seus olhos gritando, mas não a ouvia. E aquele Cavaleiro, era... Pegasus?

Saori sentiu o ar faltar-lhe naquele momento, como se golpeada no peito por uma violenta dor. Em suas mãos, sangue, como da deusa diante dela tentando conter a hemorragia do Cavaleiro caído em seus braços, sozinhos naquele jardim. A jovem Kido observava aquilo com piedade o olhar perdido da deusa que limpava a face do Cavaleiro, e este pedindo-lhe perdão até que seus olhos deixassem de brilhar.

O grito da deusa foi igualmente de Saori, ambas mergulhadas no desespero da dor. Por um instante, foi como o mundo parasse por alguns segundos e todo o jardim murchasse, engolido e desmanchado como um grande borrão pela escuridão.

O báculo fora ao chão, seguida do corpo de Saori que caía inconsciente aos pés da Parthenos, próxima à Varvakeion que parecia expelir uma lágrima.



"Athena...? Athena...!"

Saori apertava os olhos, e suas mãos trêmulas fechavam-se e abriam-se até tocar no báculo caído não muito de longe onde estava deitada. Abriu os olhos, piscando algumas veze como se despertasse de um longo sono. "A-Alguém... está falando... comigo...?", pensava, fazendo um esforço para se levantar, sentindo-se cansada, ainda confusa com a imagem mental que fora submetida há poucos instantes.

"Athena...! Athena?!"

O seu cosmo se manifestava, calmamente conforme aquela voz a chamava. Era um poder incomum. Era uma voz feminina, parecendo ecoar como se estivesse dentro de um túnel e muito distante. "Q-Quem é você?", questionou uma Saori aturdida.

"Athena... Minha senhora..."

Percebia certa aflição naquela voz, o que a incomodou de início e fazendo a jovem deusa fechar seus olhos na tentativa de 'ver' quem seria aquela a comunicar-se tão diretamente com seu Cosmo. A imagem era turva e escura, vendo apenas uma silhueta exatamente como num grande túnel escuro com rajados vermelhos por onde ela caminhava. Respirava pesado, cansada a cada passo dado.

"Athena... Perdoe-me. E-Eu... falhei...!"

Havia pesar e vergonha em sua voz, além de uma crescente angústia e medo que Saori sentia, não tão intenso como de sua vertigem, mas realmente incômoda e sufocante. Compartilhava de uma agonia misturada ao medo vindo de quem quer fosse aquela mulher.

"Perdoá-la? Por que? Quem é você?". Quando questionou mais uma vez, percebeu a hesitação, as batidas do coração da mulher ganhava força e ouvi-la engolir seco por aquilo. Pelo silêncio, Saori estremeceu, voltando olhar à sua volta, vendo-se em seu templo e se levantando.

O seu cosmo começava a se manifestar com mais força agora e um forte pressentimento a preocupava. "Diga-me, como posso ajudá-la?", tentou mais uma vez falar com àquela a comunicar-se, e demorou mais alguns segundos até que finalmente respondeu.

"A-Athena... minha senhora... não se lembras... de mim?"

Agora foi a vez de Saori engolir a seco. Não fazia menor ideia de quem fosse, mas percebeu o tom de decepção e mágoa em suas palavras, acompanhada de um silencioso soluço. A jovem deusa umedeceu os lábios e diria algo mais, mas foi a mulher que a contatara quem falou, sobrepujando aquele momento nada propício à ocasião.

"Athena... Perdoe-me! E-Eu não pude contê-lo mais...!
P-Precisa... selar... selar a passagem..."

Dizia até que um forte uivo cortou suas palavras, fazendo Saori assustar-se, principalmente com o som gutural que se seguiu. Fechou os olhos na tentativa de vislumbrar novamente sue contato, mas nada conseguiu senão chamas negras e névoas fantasmagóricas, o que fez o Cosmo da deusa ascender violentamente, e não seria a única.

"O que... que foi isso?", perguntava Saori olhando para todo o Santuário buscando por qualquer algo que pudesse entender o que era aquela energia crescente que sentia se aproximar a cada momento. "Selar? O que preciso selar?", perguntava, mas aquela com quem falava parecia sufocada, respirar com grande dificuldade, até que o elo fosse desfeito.

— O que... é isso? O que é... esse poder?— indagava-se Saori quando seus olhos azuis arregalam-se ao sentir um agressivo poder dentro dos limites do Santuário.


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O som da chuva certamente foi o responsável de fazê-lo adormecer sobre aqueles inúmeros pergaminhos após horas de pesquisas. Eram manuscritos dos últimos 240 anos escritas pelo seu velho mestre e da qual Shiryu buscava algo que pudesse ajudar na recuperação de Seiya, mas sem sucesso. Por quanto tempo havia cedido ao cansaço, não tinha menor ideia, mas despertara sentindo um violento pulsar em seu corpo e manifestar seu Cosmo.

Quando abriu os olhos, estes brilharam intensamente como se fossem chamas verdes. O seu corpo queimava e parecia falar-lhe algo a ponto de fazê-lo se levantar e caminhar para fora da pequena propriedade onde estava com Shunrei nos Cinco Picos Antigos, e viu um grande clarão engolir a grande cascata de Rozan.



No pequeno Vilarejo de Kohoutek, ao leste da Sibéria, Hyoga voltou-se para em direção da Muralha do Gelo Eterno, os 'portões' da cidade de gelo de Blue Graad, onde sentiu emanar uma poderosa energia. Sentia-se guiado a adentrar naquele domínio, mesmo percebendo que a forte nevasca que já cortava a região intensificar-se.

Em seu corpo, um pulsar violento que fez cristais de gelo neutralizarem a nevasca à sua volta e cobri-lo como um véu de geada. Os seus olhos eram como dois diamantes brilhando intensamente, fazendo-o se voltar para suas costas e surpreender-se com uma grande luz abraçando-o como se fossem asas de um grande cisne.



O tremor assustou os aldeões viventes próximo ao grande vulcão da Ilha de Canon, principalmente quando expeliu enorme labareda que espalhou uma enorme onda de calor. A lava encontrava-se agitada em seu interior como ondas do oceano em ressaca. O único presente era Ikki, com seu corpo tomado pelas chamas, personificação do seu Cosmo que pulsara e despertando do seu sono de descanso. Destas criaram-se asas que se abriram às suas costas e fechavam-se sobre seu corpo momentos antes em que abriu os olhos e exibindo duas orbes douradas do fogo.



Shun despertou assustado do sofá onde tinha adormecido com o pulsar em seu corpo e sentindo o seu cosmo manifestar-se de maneira intensa. Era a mesma sensação quando sua Armadura de Andrômeda despertou como Divina. O poder emanado naquele momento era imenso, como naquele instante com seu cosmo ascendendo e respondendo a algo da qual não sabia explicar. Surpreendeu-se ainda mais ao perceber seus olhos como orbes esverdeadas.

Ichi e Jabu sentiam igualmente aquilo, mostrando-se assustados, mas não tanto quanto Andrômeda ainda de costas para ambos que o indagavam sobre o que poderia estar acontecendo. Na mente do Bronze só veio uma pessoa, e não hesitou em procurá-lo. "Só espero que você também...", pensava ele cruzando os corredores até o quarto de Seiya.

Naquele instante, um grande clarão 'explodiu' na janela, cegando Shun momentaneamente e impedindo-o de qualquer intenção sua. Somente buscou alcançar Seika antes de tudo se perder naquela intensa luz.


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O pulsar no corpo de Athena foi como uma onda refletindo em todos os seus Cavaleiros, alertando alguns poucos ainda presentes naquele anfiteatro como Marin, Shaina e o pequeno lemuriano Kiki. Tão logo seus Cosmos se manifestaram para a surpresa deles, assim como de alguns aspirantes e dos mais recém sagrados Cavaleiros.

— Mas... o que é isso? Por que nossos cosmos...? — indagava-se Shaina quando algo a calou, deixando-a congelada por alguns instantes.

Por todo o Santuário começava um ressoar muito familiar às duas Amazonas, até mesmo em Kiki que se mostrava admirado e assustado com aquilo. De sua boca somente ouviu-se "Armaduras Sagradas", e as duas Pratas lembravam-se bem de quando ouviram aquilo.

— Esse som... — dizia Shaina incrédula. — A Batalha das Doze Casas...!

Todos os olhos se voltaram para o Templo de Athena que irradiava um grande Cosmo Dourado. As duas Amazonas intencionaram subir pelo Monte Zodiacal quando foram surpreendidas pelo estremecer violento que tomou o Santuário, ruindo templos e pilares do anfiteatro e áreas próximas. Sob seus pés abriram grandes fendas que engoliram os mais desavisados quando uma onda subterrânea avançou em direção ao Monte Zodiacal, sendo apenas um templo a manifestar grande poder.

De seu templo, Saori assistiu um grande feixe atravessar a Terra em direção ao céu num grande pilar de luz que engoliu a tudo e a todos, dentro e fora do Santuário.


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