Saint Seiya: A Guerra Primordial escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 2
ATHENA - O Mundo Humano Pt. 1




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UM GRITO
ecoou pelos Campos Elíseos. Diante de seus olhos estava Seiya, com a espada de Hades cravado em seu peito servindo de escudo contra o Imperador do Mundo dos Mortos. O seu cosmo que queimava com grande intensidade pareceu se dissipar naquele momento, parecendo ser sugado pela ardente lâmina da espada de Hades que fora puxada pelo próprio deus.

—A-Athena...— chamou Seiya, cambaleando e olhando-a por cima dos ombros. Da fenda em sua armadura esguichou sangue, manchando sua Armadura Divina. — Perdoe-me... A-Athena...!

Com dificuldade, virava-se para a deusa caída ao chão. Esta olhava-o assustado, vendo o sangue ganhar sua boca enquanto ele parecia já sufocando-se com a mesma e deixando escorreu para queixo e pescoço. O seus cabelos esvoaçavam com a brisa nublando sua face, mas não sendo capaz de inibir o brilho de seus olhos.

A brisa tocava as copas das árvores, parecendo soprar ainda mais forte, suficiente para que uma de suas asas Divinas fosse o chão e restasse apenas uma, cheia de fissuras, marcada pela batalha até ali. A deusa assistia aquilo ofegante, com um nó na garganta enquanto o observava-o caminhar em sua direção e cair ajoelhado, logo acolhido nos braços de Athena.

Às costas do Cavaleiro, apenas uma tenebrosa sombra onde uma silhueta se recolhia com seus olhos avermelhados e um sorriso orgulhoso que desaparecia como uma névoa e perdida na brisa que tomava aquele jardim bucólico, maculado pelo sangue do Cavaleiro, manchando também as vestes da deusa que o acolhia. Este, por sua vez, levou suas mãos, sujas de sangue, ao rosto da jovem, tocando em seus acobreados fios de cabelo quando sentiu delicadas mãos segurarem a sua com ternura.

— A-Athena... Juro que... que estarei sempre junto de ti... Sempre estarei sob sua presença deixando meu legado... para futuras gerações... até que... que eu... — e tossiu, cuspindo sangue da qual Athena, em lágrimas, não se importava de sujar seu colo. — Eu possa....um dia...

E suas palavras silenciaram, assim como o brilho de seus olhos desapareceram enquanto a fitava de maneira singular. Ela o chamou por inúmeras vezes até que seu gritou ecoou por todo aquele jardim, sentindo por cada um próximo aquele imenso vale que se calou mediante a grande dor que se abatia sobre a deusa.



Grandes olhos azulados arregalaram-se e suas íris contraíram-se mediante a luz. Levantou-se num impulso e com seus cabelos cobrindo sua face suada por novamente ser tomada por aquele pesadelo. O coração batia acelerado e a garganta estava seca, principalmente por buscar o ar que lhe faltava naquele instante. Nem mesmo percebeu que estava realmente a chorar naquele momento.

Após alguns instantes, ainda com as mãos trêmulas, tateou a mesa de cabeceira em busca de um copo e encher este de água com a jarra deixada ali na noite anterior, mas esse foi ao chão. Apenas não quebrou devido o carpete. Tudo ainda era confuso em sua mente, e por um instante nem mesmo lembrava onde estava. Encolheu-se na cama, abraçando-se como se sentisse frio, mas era um medo, embora não soubesse o quê e pelo quê.

Levantou-se da cama e seguiu até a janela. Embora coberta pela cortina, por ser fina e clara, era capaz de ver silhuetas no jardim. Via Seika junto ao irmão no jardim. Ela colhia flores como fazia quase todas as manhãs quando não estava somente a empurrar aquela cadeira de rodas que levava um Seiya inconsciente.

Saori mordiscou os lábios, deixando a lágrima queimar sua face enquanto uma mão era colocada sobre seus lábios trêmulos. Aquela imagem era realmente perturbadora, pois nada remetia o Seiya animado e otimista que aprendeu a conhecer no último ano. Brigavam no início, pareciam se odiar.

Ao longo das batalhas e das revelações, foi dado uma trégua e um respeito nasceu entre os dois, surgindo então uma admiração pelo outro. Ainda podia ouvi-lo gritar, buscar fazer aqueles dias tortuosos parecer um dia comum, e agora ele estava condenado e ela era a culpada disso. Culpa pela sua ingenuidade em baixar sua guarda num mero segundo, e Seiya agora quem carregava as consequências de seus atos impensados.

— Perdoe-me, Seiya. — murmurava tocando no vidro com a ponta dos dedos e recostando-se na batente da janela. — P-Perdoe-me...

 


—---------◆◆✧◆◆----------


A tarde avançou e o sol já se despedia no horizonte e criando um reflexo alaranjado no céu. Era quase impossível não imaginar que aquele calor e o céu azul por pouco não tinham desaparecido para sempre com o Grande Eclipse de Hades. A humanidade assistia àquilo como um grande espetáculo, mas uma violenta luta era travada para evitar que se transformasse numa calamidade e mergulhasse o mundo em trevas. Porém, o preço foi alto demais, exigindo sacrifícios e saudades.

Saori buscava evitar pensar naquilo, mas cada vez que enterrava aquilo em seu subconsciente, aquele sonho vinha à tona. Desde que voltara do Mundo dos Mortos governado por Hades, era atormentada por aquele sonho - ou melhor dizendo, pesadelo. Embora semelhante, a imagem que assistia nada lembrava do campo verdejante dos Campos Elíseos, mas semelhante ao mundo terreno. Mas aquele que assistia cair em seus braços, aqueles olhos... não eram de Seiya, mas fisicamente semelhante a ele, mas morrendo em seus braços.

Ao retornarem do Submundo, muito deveria ser feito. A sua primeira ação foi entregar a Mansão Kido à Fundação Graad. Mudou-se para uma propriedade no litoral, longe do grande centro urbano e da mídia. Todo o seu passado haveria de ser esquecido e a 'herdeira dos Kido' optando pelo anonimato e assumindo o Santuário na Grécia. Saori buscava, nos documentos em Aquário e em Star Hill, algo que pudesse ajudar Seiya, para que seu tão esperado desejo de encontrar sua irmã pudesse acontecer.

Seika, após anos, havia sido encontrada, mas o tão esperado encontro dos dois irmãos fora impedido pelo ferimento de Hades. Aquilo era o que mais consumia Saori e obstinar-se somente pela cura de Seiya. No fundo, queria redimir-se com os dois - pela separação e de submeter Seiya a uma obrigação que custara sua vida, ou quase isso. Porém, não conseguia avançar em nada nas pesquisas ou mesmo em sua busca, e aquilo a frustrava quando retornava sem nada que pudesse ajudar o Cavaleiro de Pegasus.

— Trouxe um mingau para ele. — comentou Seika com um sorriso discreto, trazendo uma bandeja com um prato quente, colher, guardanapo e um copo que seria água.

Saori acordo de seu devaneio e olhando para Seika, forçando-se a sorrir e prendendo o cabelo atrás da orelha assentindo. Estava sentada sobre uma toalha na área gramada do jardim. Em sua mão, uma pequena pulseira de flores que trançava. Observou a garota sentar-se numa cadeira e chamar pelo irmão, arrumando seus cabelos bagunçados e levantar sua cabeça.

Não havia qualquer reação. Os olhos estavam parados, isentos de brilho e caídos, tristes. Mesmo quando Seika forçava um pouco somente para abrir-lhe a boca, não se notava qualquer reação, mesmo involuntária dos músculos. Sabia-se que estava vivo por palavras do médico. Tudo parecia ordem, mas Seiya parecia ter sido 'desligado'.

— Seiya vai se recuperar, Srta. Kido. — disse Seika olhando momentaneamente para Saori. — Não desanime! — e sorriu para ela. — Ele é forte, e vai vencer mais essa batalha.

Aquelas palavras doeram em Saori, fazendo-a engolir a seco. Baixara a cabeça olhando para a pulseira que havia feito, pousando em seu colo, nem mesmo percebeu quando seu pensamento ganhou voz, somente quando ouviu Seika responder-lhe.

— Não, eu não a odeio. — disse Seika dando as últimas colheradas a Seiya. — No início sim, talvez, quando levaram o Seiya, mas não por isso que aconteceu a ele. — e se voltou para Saori após deixar o prato na bandeja. — Percebi que não tem dormido bem. Eu a vejo andando pela casa de madrugada. Não tem porquê sentir-se culpada pelo o que aconteceu.

— Desde que soube sobre quem eu era, percebi que só trouxe desgraça aqueles próximos de mim. — confidenciou Saori olhando para o horizonte com um olhar triste. — Tantos morreram por minha causa. Causei tanto sofrimento... — ela fechou os olhos, controlando as lágrimas. Mordiscava os lábios. — Talvez estejam certo de que meu nascimento seja uma desgraça a todos vocês.

— Não deveria dizer isso. — disse Seika a fitando com certa surpresa. — Você trouxe o equilíbrio, Saori. Poderíamos estar mergulhado em trevas com aquele... Eclipse... — dizia Seika apontando em direção ao sol. — E todos lutaram com você nessa Guerra Santa.

— E quanto aqueles que morreram para me defender? — respondeu Saori se voltando para ela, depois olhando para o Bronze. — E o Seiya...? Eu obriguei a ele e todos os outros a lutarem por mim, comigo...

— Não posso dizer pelos outros, mas tenho certeza que não lutaram por qualquer obrigação, mas porque acreditavam em você. — respondeu Seika com toda serenidade e sorrindo para Saori. — E Seiya não seria diferente. Por mais anos que estivemos separados, sei que Seiya não a seguiu por qualquer obrigação, mas porque acreditou ser o certo.

— Ele fez tudo isso porque eu o fiz jurar que se ele lutasse, eu a encontraria. — confessou numa vergonha aparente, com a face levemente ruborizada e a lágrima descendo por sua face. — Não fosse isso...

Saori sentiu mãos quentes segurarem a sua. Seika estava diante dela, fitando-a. Tinha os olhos marejados, movida pela mesma emoção que Saori.

— Quando digo que Seiya faria o que fez, é porque sei, Srta. Kido. Seiya nunca faz nada por obrigação. Ele pode ter aceitado no começo, mas não lutou até o fim porque estava sendo obrigado, mas porque realmente acreditava em você. — e segurou forte a mão da jovem deusa. — Agora é você quem precisa acreditar nele. Acreditar que ele vai voltar a ser aquele Seiya que conheceu, que eu sei que está apenas adormecido e precisamos, juntas, despertá-la... Mas se você desistir, quem mais poderá ajudá-lo?

Saori olhava Seika e assentia, ensaiando um sorriso e tentando rir daquilo não em deboche, mas pela solidariedade da irmã de Seiya em confortá-la em seu momento de dúvida.

— Você me perdoa, Seika? — questionou uma Saori suplicante.

— Não há o que ser perdoado, Srta. Kido. — sorriu Seika. — Não há do que se culpar, tudo bem?

— Obrigada, Seika. — agradeceu Saori.

— Vamos levar Seiya para dentro., Logo vai anoitecer e vai esfriar. Não queremos que ele pegue uma gripe, não é mesmo? — brincou, fazendo as duas rirem daquilo.

Ambas as mulheres se levantaram. Seika juntava a louça na bandeja e via Saori prender o laço de flores no pulso direito de Seiya.


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