Together Or Not At All escrita por Luiza Holdford


Capítulo 1
"I'm afraid I might die for you now"




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Ela fechou os olhos por um breve instante. Na sua frente, estavam seu melhor amigo e sua filha, mas não mais seu marido. Do que adiantava sua vida sem Rory? Ele era tudo.

Por um longo período da vida de Amy, ela girou em torno da ideia do seu Raggery Man, do seu melhor amigo alienígena que a levaria para ver as estrelas. Se ela era uma lua que girava em torno do Doctor, Rory era o sol, o real centro de tudo. Do que servia um planeta na escuridão? Era Rory quem ela aprendeu que importava ali.

O Doctor, então, teria que ser forte. Quantos ele já havia perdido? Ela só seria mais uma. E, óbvio, sentiria sempre falta dele. Seus melhores pensamentos eram dirigidos para o timelord cujos dois corações agora ela quebrava.

River também teria que ser forte, talvez até pelos dois. Era nela em quem o Doctor iria se apoiar. Sua pequena Melody teve que crescer sem ela, e ela nunca viu sua pequena Melody crescer. Olhando por esse lado, elas na verdade sempre estiveram separadas, e agora é só mais permanente. Amy a amava, claro que amava, e sempre teria orgulho de sua bebezinha.

Os dois poderiam viver sem ela, já tinham vivido assim antes, mas não Rory. Além disso, ela mesma, acima de tudo, não poderia viver longe dele.

Se esse era o preço a pagar, perder duas pessoas que tanto amava (e não para a morte, esse sim um preço alto demais), então ele seria pago. Quando Amy fechou os olhos, ela sabia das consequências, e quando ela abriu, eles não estavam mais lá.

Era noite em um parque, e a neve cobria a cidade. Um saxofonista tocava em algum lugar perto dali e criancinhas corriam, rindo e brincando de guerra de neve. Mas nada disso era importante porque um homem estava sentado em um banco e parecia terrivelmente triste.

Amy, por outro lado, sorriu, porque ela conhecia aquele homem e o reconheceria em qualquer lugar. Ela tinha sorte, muita sorte, porque aquele era Rory, seu Rory.

Tantos lugares e tantos anos em que ela poderia ter caído, ela veio parar justamente nos braços dele. O universo, de alguma forma torta, talvez os quisesse juntos. Talvez fosse o destino que, apesar de fazer a vida deles uma grande piada, ainda os mantinham lado a lado.

Rory parecia tão triste, encarando os pés naquele banco, com neve se acumulando em seus ombros. Ele não vestia as mesmas roupas da última vez que ela o viu, apenas alguns minutos atrás, mas sim um pesado casaco. O cabelo também não estava exatamente igual, talvez um pouco mais curto. Quanto tempo será que havia passado?

Amy caminhou até ele, delicadamente, e ele nem mesmo se mexeu. Ela sentou ao seu lado, e ele não ergueu o olhar para vê-la nenhuma vez. Talvez pensasse que era só mais um desconhecido, um velho bêbado, uma velhinha alimentando pombos (mesmo que fosse noite).

– Rory? – ela chamou, surpresa de sua voz não tremer. Ela se sentia tão nervosa, mesmo que sem motivo, e também morria de frio.

Ele deu um salto e a olhou com olhos de descrença e maravilha, ali, caído no chão.

– Meu santo Deus, eu estou tendo visões! – escapou de seus lábios – Ou... Oh.

Ele levantou rapidamente e pousou uma mão cuidadosa no ombro da ruiva, como se testando se era real ou um truque de sua mente. Ela era firme sobre os seus dedos, feita de matéria, real.

– Você deve estar congelando. – ele balbuciou por não encontrar nada melhor para dizer. Parecia que seu cérebro tinha dado um enorme bug.

– De fato. – ela sorriu para ele. Sorriu. Um sorriso real que realmente pertencia a Amy, sua Amy, que ele pensou que nunca mais veria.

E se antes eles estavam iluminados pela luz dos postes e suas lâmpadas amareladas, de repente ela estava envolvida na quente e confortável escuridão de um abraço, sua cabeça repousada sob um ombro forte e sua respiração fazendo cócegas no pescoço de alguém que cheirava como lar.

– Oh, Amy... – e ele repetiu o nome dela outras vezes, em diversas entonações, até parecer uma súplica – Eu pensei... Eu pensei que nunca mais a veria.

– Quanto tempo se passou? – ela sussurrou contra a pele quente dele, que se recusava a soltá-la. Não que ela quisesse.

– Seis meses. Os piores da minha vida. – ele só a soltou para olhá-la nos olhos e tentar decorar as feições delicadas, com medo dela se dissolver ali em sua frente.

– Mas agora eu estou aqui. – ela suspirou.

– Sim, está. – ele parecia aliviado, o mundo havia acabado de sair de seus ombros. A verbalização que ele precisava: ela estava ali.

Ela se debruçou para beijá-lo, sua mão fria na bochecha quente e seus lábios gelados nos lábios cálidos. E tudo estava certo.

– Realmente, - ele repousou a testa na dela quando o ar finalmente faltou para os dois – você está congelando. Que tal sairmos daqui?

E, sem mais palavras, ele tirou o casaco e, após pousá-los nos ombros dela, a tomou pela mão e eles saíram daquele parque. Rory não conseguia tirar o enorme sorriso do rosto. Seis meses que foram piores que dois mil anos (e ele tinha autoridade para falar isso). Se antes ele sabia que um dia ela acordaria, agora ele achava que nunca mais a veria. Nunca mais alguém o chamaria de “stupid face” e depois o beijaria como só Amy fazia (talvez porque ele nunca deu oportunidade para ninguém fazê-lo, mas ele não queria mais ninguém, só ela).

Eles entraram numa pequena cafeteria que cheirava a café quente e biscoitos recém-saídos do forno, e sentaram-se numa mesinha perto da janela, onde podiam ver a neve cair e as pessoas caminharem contra o vento. O casaco dele ainda estava pendurado nos ombros dela, e sua mão agora estava quente contra a dele.

Eles tomaram chá que não tinha o gosto da Inglaterra e não os fazia sentir falta de casa.

– Então, o que faremos agora? – Amy questionou, preocupada.

– Eu estive aqui por seis meses... Como você acha que eu vou pagar pelo chá?

– Não tinha pensado sobre isso. – ela deu de ombros, bebendo um pequeno gole de sua xícara.

– Seis meses... Eu pensei que nunca mais fosse te ver, Amy. – ele sorriu aliviado, pegando na mão dela mais uma vez – Eu tenho um emprego no hospital, como médico, acredita? E um pequeno apartamento... Você está segura, Amy. Não se preocupe.

– Com você, - ela o olhou com carinho – eu sei que estou.

E apesar dos músculos das bochechas já estarem doendo, eles sorriram de novo e de novo um para o outro.

Depois, foram ao lugar que chamaria de “casa”. Era realmente um pequeno apartamento, com apenas um quarto, mas parecia bom o suficiente. Quando Amy entrou no lugar, ela de fato sentiu como se pertencesse àquele lugar. E ela pertencia mesmo: seu lugar era qualquer um que o marido estivesse.

– Desculpe se não é bom o suficiente. Eu pensei... – ele comentou enquanto pendurava o casaco atrás da porta, mas os dedos de Amy contra seus lábios o interromperam.

– Não, quieto. É perfeito.

– É, deve ser. – ele concordou – Se você diz.

– Eu estou certa, é claro. – ela piscou para ele.

– Sempre. – e então as coisas pareceram normais novamente.


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Notas finais do capítulo

OUTRA ONE DESSES LINDOS AMOREZINHOS DO MEU CORAÇÃO
E, boas notícias!, quer dizer, pelo menos eu acho boas: há uma cena tão fofinha na minha mente que muito provavelmente terá um segundo capítulo/cena extra/whatever! Eu não acabei de escrever, mas estou quaaaaase lá!
Obrigada a você que leu até aqui!



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