~ Spencer

Dia de domingo aqui em casa é um saco, pois meus pais gostam de fingir que se importam muito com a união da família. Ontem depois que cheguei da casa da Hanna, meus pais estavam me esperando no sofá e disseram que estavam dispostos a aceitarem meu namoro com o Toby, desde que eu o apresentasse para eles decentemente. Depois de muito pensar, acabei aceitando e eles inventaram de nos juntar num jantar hoje à noite.

Quando contei pro Toby percebi que ele não estava exatamente feliz com a notícia, mas acabei ficando bem feliz por ele ter conseguido um emprego, já que ele estava atrás de um algum tempo, mais ninguém o aceitava.

Desci as escadas ainda de pijama, e dei de cara com meu cunhado.

– Bom dia, menina rebelde. - ele diz me olhando dos pés a cabeça.

– Oi. - respondo seca. Eu sei que tenho um histórico com os namorados da minha irmã, já que fiquei com dois. Só que esse me irritava de uma maneira inacreditável.

– Você fica bem com esse pijaminha. - ele fala maliciosamente.

– Quem deve ficar melhor é minha irmã. - respondo, e pego um suco na geladeira.

– Sim, ela fica bem, mas você. - ele diz e me encurrala na mesa.

– O que está acontecendo aqui? - Melissa chega e nos encara, ou melhor, me olha feio.

– Nada minha linda. - ele diz se afastando e dando um beijo nela, e então vai para o quintal.

– Não sei o que você está aprontando. Mais não vou deixar você arruinar outro namoro meu. - ela sibila praticamente pra mim.

– Eu não fiz nada.

– Você nunca faz né, maninha. - ela diz cheia de veneno, eu apenas me viro e subo pro meu quarto.

Quando deu a hora do almoço, eu desci e minha família resolveu ficar falando sobre hoje, sobre como esse jantar pode acabar em uma desgraça já que eu resolvi deixar um marginal entrar na minha vida, não aguentando mais Melissa me provocando com isso toda hora, subi para meu quarto, e fiquei em frente o guarda roupa vendo que roupa iria usar para o jantar.

Faltando uma hora pro Toby chegar, ouço minha mão lá embaixo arrumando a mesa, pedi pra ela não exagerar, mas pelo visto fui ignorada como sempre. Escuto alguém bater na porta.

– Quem é? - grito mal humorada. Por que se for minha mãe ou minha irmã, vou arrancar meus cabelos.

– Spencer, sou eu. Vim te salvar. - Hanna entra no meu quarto.

– Que susto, garota. - digo me virando e colocando a mão no peito.

– Larga de ser boba, eu mandei mensagem avisando que estava vindo te encontrar.

– Você sabe que daqui a pouco é o jantar com o Toby. - eu digo.

– Por isso estou aqui, eu que vou te vestir. - ela diz, e joga na cama uma sacola.

– Han, pelo amor de Deus. - eu reclamo, mas então ela puxa uma blusa de moletom linda da sacola.

– Pela sua carinha, vi que já mudou de opinião né? - ela diz rindo. - E já que hoje está um tempo bom, pensei em você colocar aquele short.

– Short com moletom? - pergunto surpresa.

– Você percebeu que o moletom é tipo um cropped, né? - ela diz levantando a roupa.

– Você está adorando me vestir que nem uma menininha né? - eu pergunto.

– Não. Estou adorando te vestir como uma garota sexy sem ser vulgar. - ela diz.

– Você é uma comédia, Hanna Banana. - eu falo e ela me mostra ao língua ao ouvir meu apelido pra ela.

– Você sabe que não gosto desse apelido. - ela reclama.

– Não se preocupe, não vou te chamar assim na frente do Caleb. Falando nele, o que aconteceu ontem à noite?

– Nada demais, ficamos conversando e tal. - ela fala, mas fica vermelha.

– Espera ai. Você está corando? Ai meu Deus, o que realmente aconteceu Hanna Martin? - pergunto já a puxando pra minha cama e sentamos nela.

– O clima esquentou, Spence. E muito, só que eu não quis prosseguir, então acabamos dormindo juntos e só.

Depois disso, ela continua na minha casa até a hora para que eu tome banho e me arrume para o jantar.

Quando Toby mandou mensagem dizendo que já estava em frente a minha casa, dei uma longa respirada e desci as escadas. Meus pais, Melissa e seu noivo estavam na sala quando passei por eles.

– Você vai jantar vestida assim? – meu pai perguntou.

– Sim, se você não sabe ainda é um jantar casual de domingo. Não sei por que você está de terno. – respondo e passo por eles indo a porta.

Quando abro o portão vejo Toby ainda montado em sua moto, e o que sinto ao vê-lo ali com aquela camisa marcando seus braços e jeans justos, me faz me sentir uma tarada.

– Gostou do que está vendo? – ele pergunta desmontando da moto, e vindo em minha direção.

– Nem um pouco. – eu falo ao mesmo tempo em que ele me puxa pela cintura. Coloco minhas mãos em seu peitoral como se fosse lhe empurrar, mas seguro sua camisa e me aproximo de sua boca.

– Acho que tudo isso é saudades. – ele diz antes de abaixar e juntar nossos lábios em um beijo. Quando nos separamos posso ver em seus olhos dilatados um desejo que reflete ao o que estou sentindo.

– Melhor entrarmos e encararmos as feras. – eu digo, e o puxo pela mão.

Assim que entramos meus pais se levantaram e cumprimentaram Toby com educação, fiquei meio nervosa, por que na primeira oportunidade que Melissa teve ela soltou uma piadinha, mas sorri quando Toby respondeu com charme e sarcasmo.

– Então garoto, o que pretende fazer assim que acabar a escola? – meu pai pergunta para Toby, quando já estamos no fim do jantar.

– Ainda não tenho certeza, sempre tive um talento para marcenaria. – ele diz, e eu me surpreendo com isso. Não fazia ideia desse talento dele, apesar de ter percebido algumas coisas em seu apartamento de madeira que nunca vi em nenhuma loja por aqui.

– Você está brincando? – Ian disse rindo.

– Não. Não estou brincando. – Toby diz sério. – É algo como hobbie que eu gosto. Já pensei em entrar na academia de policiais também.

– Irônico isso. – minha mãe fala.

– Irônico, por que Sra. Hastings?

– Isso mesmo mãe. Por que irônico? O Toby tem bastante capacidade de conseguir entrar para polícia.

– Spencer, pelo amor de Deus. Você é tão ingênua assim? – Melissa fala.

– Por que ingênua? Eu na verdade, estou ignorando o que vocês estão tentando dizer ao Toby. Qual o problema dele se formar pra ser policial? – pergunto já levantando a voz.

– Spencer, calma. - Toby pede segurando minha mão.

– Isso mesmo, escute o garoto, filha. - minha mãe diz.

– Vamos parar com essa palhaçada. - Melissa fala rindo. - Spencer os pais só chamaram esse garoto aqui para você aceitar ir pra Inglaterra. Está mais que obvio que isso que vocês tem não vai durar, ele é um cara que abusou de sua irmã mais nova e ainda por cima quer ser marceneira/policial. Pelo amor de Deus irmãzinha.

– Eu tenho tanto nojo de vocês. - eu digo, me levantando. - Vamos embora Toby.

– Spencer. - ele diz olhando pra mim e pra minha família.

– Eu não suporto ficar no mesmo lugar que essas pessoas, me leva embora por favor. - eu peço, então ele se levanta também e saímos da casa.

– Tem certeza que quer brigar com sua família por minha causa? - ele pergunta enquanto abrimos o portão e paramos perto da sua moto.

– Não é só por sua causa Toby, eu estou cansada deles ditarem tudo o que eu tenho e devo fazer, já cansei disso. - falo e ele me passa o capacete. - Se o problema é passar uns dias na sua casa, eu posso ir pra casa de uma das meninas.

– Não é nada disso, Spencer. Eu só estou preocupado com essa sua rebeldia, acho que despertei esse lado em você. - ele diz, e eu rindo me aproximo.

– Você despertou muitos lados em mim, que eu nem sabia que existiam. - falo e lhe puxo para um beijo.

– Fico feliz de ser culpado então. - ele fala, e montamos na moto e vamos em direção ao seu apartamento, que pelo andar é meio meu também agora.