Never Alone escrita por Arizona


Capítulo 6
Castelo de vidro


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.

Primeiramente eu quero agradecer a leitora Jusequeta por ter feito a primeira recomendação de Never Alone. Ju, muito obrigada mesmo.

Quero agradecer também a quem favoritou a fic nas últimas semanas, fazendo a fic ganhar mais quatro favoritações, somando o total de oito favoritos, e agradecer também aos novos leitores e leitoras que estão acompanho a fic agora.

Obrigada gente.

Bom, mas agora chega de blá blá blá. Espero que gostem do capitulo de hoje, comentem, favoritem e recomendem.

Divirtam-se! Boa leitura.

Beijos



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Se isto é para terminar em fogo

Então devemos todos queimar juntos

Veja as chamas subirem alto na noite

Chamando ao pai, oh, se prepare e iremos

Assistir as chamas queimarem

A encosta da montanha

— Ed Sheeran, I see fire.


Finalmente consigo tirar os olhos da menininha, e fito no número da porta. Certamente é o apartamento 221, mas por que será que minha mente está duvidando?

Talvez seja pelo simples motivo de não querer acreditar nos meus próprios olhos.

Ruiva.

A criança na minha frente é ruiva.

Sei que devem haver muitas pessoas alvas na Inglaterra, no entanto, é coincidência demais que essa menina tenha a cor os cabelos de América, e esteja no apartamento que supostamente é dela.

E o que mais me assusta nessa menina são seus olhos.

Castanhos.

Castanhos como mel, como folhas no outono, singelos, calmos, carregados de esperança que só as crianças podem ter. Olhos castanhos como os... como os meus.

Não!

Mas será realmente possível o que estou pensando? Se sim, como América pôde me esconder isso?

Deus, que loucura!

Olho novamente para menininha, ela não é maior do que um gafanhoto, o que me faz pensar que ela não deve ter mais do que quatro anos. Olhos redondos como os de um anjo, bochechas rosadas, e os cabelos vermelhos caindo rebeldes em ondas.

Ela é a coisa mais pura que já vi em toda a minha vida.

Apesar de ser pequena, tem altura suficiente para que suas mãozinhas alçassem a maçaneta da porta.

Com seu coelhinho de pelúcia sufocado embaixo do braço, ela sorrir para mim, causando algo que eu não esperava dentro de mim, fazendo meu coração bater como se quisesse sair do meu peito.

Eu me derreto por ela.

— Oi? – ela diz ainda sorrindo.

— O-oi. – respondo gaguejando.

— Hum... em que posso te azuda? – é engraçado e ao mesmo tempo lindo a maneira como ela troca uma letra da palavra, causando uma pronuncia tão bela e infantil, mesmo se esforçando para falar corretamente como os adultos.

Isso me fez rir feito bobo.

— É que estou procurando uma amiga. – me agacho ficando a sua altura – Fiquei sabendo que ela mora aqui. Seu nome é América, você sabe quem é ela?

A garotinha abri ainda mais o sorriso, pulando e sacudindo as mãos como se tivesse acabado de ganhar o seu doce favorito. Então diz com todas as letras:

Amelica é a minha mamãe.

Não resta mais duvidadas, não é uma coincidência ou algo parecido, essa menina é filha dela. Um desespero quase imperceptível toma conta de mim, me deixando tonto um estante.

América tem um filha, um criança nascida dela. O pior de tudo é pensar que essa criança pode ser fruto de relacionamento com outro homem.

Oh, não! Isso não!

Fecho meu olhos com força, tentando expulsar da minha cabeça essa ideia. Não poder ser, não. América não pode ter outro na sua vida, ter tido uma filha com ele. Ela não podia, não podia.

Sinto minha respiração descontrolar-se, meus punho serrados de tanta raiva, mas a garotinha continua na minha frente, me olhando estranho com uma ruguinha entre os olhos. Deve ter percebido que estou com uma expressão raivosa.

Que droga!

Por que me descontrolo dessa forma quando se trata de América e tudo que a rodeia?

Sei que meus pensamentos são... machistas quando não consigo aceitar a realidade que acabei de descobrir. Eu deixei América ir, me casei com Kriss, continuei minha vida - ou fingir fazer isso - ao lado de outra, América tinha o direito de fazer o mesmo.

Por mais que eu não consiga suportar isso, foi culpa minha o futuro que tivemos, e o presente que temos. Eu que não quis escutar, não confiei na mulher que eu amava, hoje tudo poderia ser diferente, deveria ser diferente.

— Você tá bem, moço? – ela pergunta meio preocupada me olhando.

— Estou. Eu estou. – respiro fundo para me acalmar, não posso assustar uma criança com as minhas crises de fúria, muito menos essa criança – Escuta, qual é seu nome docinho?

Quando pergunto seu nome ela esquece que estava preocupada, e sorrir novamente. Reparo o quando o desenho de sua boca se parece com a de América, o sorriso é certamente igualzinho.

— Meu nome é...

— Alice!

Ouço a voz de América vindo de detrás da porta do apartamento que estava entre aberta. Ela chama o nome da menina que dá um pulinho de surpresa ao ouvir a voz da mãe. Alice esbugalha os olhos sabendo que deveria estar fazendo algo errado.

E eu sei o que é.

Ela abriu a porta para um estranho.

América termina de abrir a porta tendo um susto ao me ver ali. A cor foge do seu rosto o deixando ainda mais pálido do que já é. América abria e fecha a boca várias vezes, mas nada sai de lá.

Me levado dessa vez ficando a altura dos olhos azuis dela, que fitam meu rosto desesperadamente. Vejo que por instinto ela esconde Alice atrás de se, pondo a outra mão no batente da porta na defensiva.

— Ma-Ma-Maxon... – ela dar um sorrisinho torto – O que você está fazendo aqui?

— Não é óbvio? Eu vim te procurar. – olho em direção a Alice atrás dela – Eu só não esperava encontrar tantas surpresas.

Ela engole em seco sabendo do que eu estou falando. Está visivelmente constrangida, porém, forço-me a não critica-la, nem lance-la um olhar condenador, afinal, eu não sei o que aconteceu no seu passado.

Vim até a casa dela porque quero entender a razão dela ter ido embora depois de ontem. Se ela quiser me contar sobre a filha dela, vai ser uma consequência.

— Está frio aqui, não?

Insinuo para que ela me convide a entrar. América parece um pouco hesitante, mas mesmo assim, ela me dar passagem. Alice passa na minha frente saltitando em direção a sala.

O apartamento dela não tem nada de mais, é bem pequeno pelo que posso ver, bem diferente do luxo a que estou acostumado. É um pouco difícil para mim ver que América vive em um lugar tão... simples, sabendo que eu podia dar a ela todas as riquezas desse mundo.

Um sofá forrado de vermelho está no meio do cômodo, com almofadas espalhadas até o chão, onde há um tapete escuro, provavelmente para a menina brincar. Uma TV pequena em uma estante com alguns livros. Um balcão separa a sala da cozinha, e no fim do corredor vejo que tem um outro cômodo, onde deve ser o quarto.

Fico parado ainda perto da sala, esperando que ela faça algo, mas ela só me olha apreensiva.

— Eh... você quer um chá? – ela pergunta quebrando o silencio.

Chá, a típica cultura britânica. Acho que ela acabou pegando.

— Por que não? – eu aceito.

Tento parecer descontraído para não fica com o clima tão pesado entre nós. Ela começa a preparar o chá, fica o tempo todo de costas para mim sem dizer uma só palavra.

Não me importo muito com a cerimônia, e sento-me em uma das cadeiras de uma pequena mesinha perto da janela. América dispõe as xícaras para nós dois, servindo o chá em seguida, ela também põe biscoitos para acompanhar a bebida.

Senta na minha frente ainda sem me olhar. Fica girando a xícara na mão com um ar pensativo, talvez buscando alguma forma de como vai me explicar sobre Alice, mas eu não me importa tanto agora.

Eu não me atrevo a dizer nada, continuo a esperando, dando espaço para que possa começar a falar. Por fim, limpa a garganta e me olha nos olhos.

— Então, como me achou?

— Wayne. Ele disse que sabia onde você morava.

— Ah, Wayne. – ela parece se lembrar dele – O seu guarda-costas.

— Bom... ele é mais meu secretario do que meu guarda-costas.

Depois dessas poucas palavras, outra leva de silencio. Mas dessa vez eu não suporto esperar por ela e acabo exigindo uma explicação plausível.

— Por que foi embora?

— Maxon... – América respira fundo antes de continuar – Eu sei que você precisa saber o que houve, mas é que... é difícil para mim. Poxa, eu preciso pensar! Tudo o que aconteceu com a gente ontem foi muito intenso para mim, mas eu preciso pensar.

Ela se levanta da cadeira, indo para a janela do outro lado. Põe a mão na testa e a outra na cintura.

Não posso ser tão duro assim com ela. Depois de tudo o que passamos, a cabeça dela deve está um turbilhão assim como a minha.

Eu a sigo e a abraço por traz quando chego perto. América não me afasta, pelo contrário, aceita que a abrace, se conforta no meu peito, entrelaçando nossos dedos. Sei que tive sobre ela o mesmo efeito que teve sobre mim.

Seu doce perfume me invade, como é bom sentir o cheiro da sua pele. Pele quente e macia. Não resisto, deixo um beijo no seu pescoço, atitude essa que a faz arrepiar.

— Eu só queria pensar um pouco. – se vira de frente para mim ainda em meus braços – Não estou pronta para recomeçar, Maxon. Não agora. Existem muitas coisas que eu tenho que entender, também têm coisas minhas que você precisará saber... mas não sei por onde começar.

Eu sei que a magoei demais, eu parti seu coração, não posso esperar outra coisa dela. Mesmo com a noite que tivemos ontem, ela deve estar com medo do que vai acontecer daqui por diante, medo de querer dar um passo adiante e ir além do que seus pés conseguem alcançar.

Tenho que mostrar que sou capaz de faze-la confiar em mim novamente, que não importam as circunstâncias, eu a amo. Sou capaz de faze-la feliz e nunca mais decepcioná-la, por esse amor.

— América. – seguro seu rosto em minhas mãos firmemente – Pelo Santo Deus, eu te amo. Me perdoa, por favor, me perdoa, mas me deixa te amar, deixa eu te amar. Você é minha vida. Eu veio mendigando durante todos esses malditos quatro anos, me tornando um homem cheio de arrependimentos a cada ano que eu passava longe de você. Me perdoa pelo que eu te fiz, mas me dar outra chance. Dar uma chance para nós dois, meu amor...

Não reparei que estava chorando, só senti as lágrimas escorrendo no meu rosto quando me calei. América tem as mesmas lágrimas rasas nos seus olhos de gelo.

Seus lábios tão próximos, não me contento em ficar apenas olhando, eu os junto aos meus. Beijo-a como se esse fosse o último das nossas vidas. Puxo sua língua contra a minha, buscando o céu da sua boca. Doce e suave como mel, como é bom beijar esses lábios.

Seguro sua cintura para prende-la mais a mim. América agarra minhas costas limitando ainda mais o nosso espaço. Meu sangue ferve por sentir seu corpo outra vez.

Oh, Deus, como ela é perfeita! Como eu a amo.

— Mamã... – somos interrompidos por um vozinha infantil que chama nossa atenção. Alice nos encarando meio confusa, então faz a pergunta que faz com que América e eu rirmos – Ele é seu namolado?

América se afasta de mim só para saber o que Alice quer, que no caso seria o fato dela não conseguir mudar de canal, pois já estava na hora do programa do Bob começar.

— Vem meu amor, a mamãe muda para você.

Eu as acompanho até a sala, onde América faz o que Alice deseja, mudando de canal. Fico observando as semelhanças entre elas, são tão parecidas.

Me permito imaginar que talvez essa poderia ser minha família, minha América, minha menininha de cabelos ruivos como os da mãe. Com tudo, se América voltar para mim, essa será minha família, não me importo nem um pouco em ter Alice como minha filha, mesmo... mesmo ela não sendo.

— Ela é linda, não é? – América se encosta do meu lado na parede.

— Ela é a coisa mais linda que já vi. – digo realmente encantado por ela – Quantos anos ela tem?

— Tem três – diz orgulhasse da pequena.

Eu a acompanho no sorriso tolo dos lábios. Mas aí, uma pergunta ronda a minha cabeça. Temo pronuncia-la em voz alta por não querer ouvir a resposta, só que ela é necessária

— E... e o pai dela, América?

— Bom, - dar um longo suspiro antes de continuar - ele nem sabe que ela existe.

— Não? – falo um pouco surpreso por isso – E como aconteceu?

— Como sempre acontece. – ela rir sem graça – De uma forma inesperada.

— Ele é italiano, né? Cara de sorte. – concluo por se só, porque deve ser isso o que aconteceu. Ela conheceu um italiano bonitão, ficou com ele e engravidou. (Boa Maxon!)— Por que não disse a ele?

— Ah, ele era muito ocupado... – ela caminha de volta para a cozinha, se distraindo com a lousa suja – E depois, se eu dissesse que estava gravida, ele iria duvidar de mim, iria me mandar embora, acharia que a Alice era de outro cara. Estamos bem assim.

Suas últimas palavras saem ríspidas, ela dever ter se decepcionado com ele. Fico olhando para ela de costas enquanto lava a lousa, durante todo tempo que conversamos ela buscou não olhar para mim.

Fugiu o tempo todo.

Ela fugiu de mim, e... Oh, céus!

Alice tem três anos, e América saiu de Illéa a quase quatro, e nós dois... nos amamos antes do fim da Seleção, foi a nossa primeira vez. E aí aconteceu tudo aquilo envolvendo o Leger, e então... Deus! Não posso acreditar.

As datas batem!

O medo, misturado com raiva me sobe outra vez, um desespero continuo enevoando minha vista. Uma esperança que tem a cor dos olhos de Alice.

Faço com que América largue os pratos na pia, capturo-a para mim. Ela ainda tem água nos olhos, seu rosto está triste, mas assim como eu, ela sabe que não vai mais poder escapar daquilo que é evidente de mais para não ser visto.

— Quem é o pai dela?

— Você.


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