O Caso das Meninas Jantzen escrita por Laís


Capítulo 3
III - As Meninas Jantzen


Notas iniciais do capítulo

Olá!! To me sentindo o Sherlock voltando em the empty hearse
Depois de um ano, nem sei como tenho a coragem de aparecer aqui. Peço desculpa a quem lia e nem vou começar a contar todos os contratempos que me deixaram longe dessa história. Mas agora, fazendo um rewatch de Sherlock e lendo os livros de novo, tive que voltar a escrever.
Esse capítulo é curtinho porque fiquei com medo de ficar enfadonho porque ele apresentas as meninas e é mais explicativo. Também porque to testando a água nesse meu retorno.
Espero que tenha alguém por aqui, to muito animada a voltar com essa história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/624105/chapter/3

Holmes passara o restante da viagem em um silêncio contemplativo. Descemos do veículo e fitamos o castelo por alguns instantes.

—Parece meio triste residir aqui, longe do vilarejo... Sem contar a própria austeridade e frieza da propriedade – analisei e olhei para meu amigo, que sempre parecia enxergar algo que eu não podia ver. – Você moraria em um lugar assim? Bom, gosta de se isolar da humanidade muitas vezes...

—Ah Watson, se Londres já me parece monótona às vezes, como acha que eu sobreviveria em um local assim? Não, eu me isolo quando preciso pensar ou quando todos os casos ao meu redor não oferecem nem ao menos um minúsculo desafio. Mas tenho a necessidade de sentir a vibração da cidade, conhecer suas ruas, ouvir o retumbar de seu coração...

Minha observação tinha sido somente para gerar uma causa que ele pudesse contradizer. Eu sabia que Sherlock Holmes não conseguiria sobreviver em um local assim, provavelmente se entregaria ao exagerado consumo de drogas.

O cocheiro que nos trouxera ao castelo disse que voltaria às 20h para nos levar de volta para a pousada de madame Godiva e seguiu pelo mesmo caminho que viemos, mas não pude deixar de notar o olhar que nos lançou, como se, de alguma forma, não fôssemos bem-vindos. Ainda pensava nisso quando o senhor Harald Jantzen veio nos receber. Aparentava estar em seus 50 anos, era alto, quase do tamanho de meu amigo, dono de uma compleição forte e vestia-se ricamente.

—Sr. Holmes! Como me alivia ver o senhor aqui, finalmente – exclamou, soltando baforadas de seu cachimbo e estendeu a mão para cumprimentá-lo.

Sherlock assentiu educadamente, todavia não respondeu ao aperto de mão. Talvez nem tivesse visto a saudação estendida. Como já acontecera mais de uma vez, tomei a mão do cliente para que esse não se sentisse ultrajado.

—John Watson – apresentei-me.

—Ficaria grato com os detalhes extras que o senhor possa me oferecer e um passeio pela residência – Sherlock solicitou isso enquanto passava pela porta sem esperar um segundo convite.

—Só há um problema, senhor Holmes, não posso dizer mais nada do que já lhe disse em minha carta – ele sussurrava – e também não gostaria que minhas filhas soubessem o motivo pelo qual lhe chamei. Os senhores devem se apresentar como meus colegas de negócios, somente isso.

—E onde estão suas filhas agora?

—Anne é a única que está em casa. Minhas meninas já passam da idade de casar, mas até agora nenhuma parece gostar de pretendente algum e eu, Sr. Holmes, não obrigaria minhas filhas a seguir por um caminho que não tenha sido escolhido por elas. A mais velha Alienor leciona para as crianças do vilarejo, apesar de não precisar de dinheiro.

—Fico feliz em saber, Sr. Jantzen – aprovou Holmes. –Prossiga.

—Haleth, a do meio, é uma criaturinha excêntrica e selvagem. Não gosta de passar mais tempo do que o necessário no castelo. Ou está cavalgando pelos bosques ou está com seu material de pintura, contemplando algum campo de flores. Sempre traz as plantas que lhe chamam atenção para dentro de casa. Tem lições de piano e francês pela manhã, mas de tarde vai para suas aventuras. Anne, a mais nova, é a que mais me preocupa. Passa mais tempo sozinha na biblioteca do que com suas irmãs, a palidez extrema de sua pele mostra o quanto detesta sair de dia. Passa dias lendo e escrevendo, sua maior admiração é Mary Shelley. Isso me preocupa bastante, Sr. Holmes... Essas coisas podem mexer com a imaginação de uma moça, mas, como o senhor pode perceber, acho difícil negar algo a minhas filhas.

—Entendo. O senhor, claramente, viaja muito a negócios. Elas ficam aqui sozinhas?

—Durante o dia, temos cinco criados no total. Uma cozinheira, três moças para limpar a casa e um cocheiro para levá-las aonde quiserem. Mas durante a noite, elas ficam sozinhas, se eu não estiver presente.

—E isso não o preocupa?

—De forma alguma. Veja, nós temos três cães de guarda que ficam soltos pela propriedade pela noite. Um filhote foi dado a minhas filhas quando essas tinham uns quatro ou cinco anos. Logo, eles são criaturas fiéis. Morreriam antes de deixar que algum intruso se aproximasse delas e só atacam se forem ordenados. Fiz minha parte para que o três gostassem de mim também, por isso me sinto seguro.

—E quanto à mãe das meninas?

—Edith morreu há seis meses. Ficou febril e sofreu de alucinações durante semanas, até hoje não se sabe qual doença misteriosa a levou – seu semblante denotava uma profunda tristeza.

—E como suas filhas lidaram com a perda?

—Cada uma se aprofundando em suas atividades favoritas. Alienor passa o dia no vilarejo ajudando em qualquer coisa que apareça, enquanto a irmã ama Shelley, ela gosta mais de sua mãe, Mary Wollstonecraft. Então está sempre buscando formas de ajudar jovens moças ou donas de casa. Seja ensinando alguma matéria a elas ou cuidando de seus bebês enquanto fazem seu trabalho. Todos a amam. Haleth ajuda a irmã nessas missões, mas prefere estar na presença da natureza... Como disse antes, é uma criaturinha selvagem. E Anne... Passa seus dias no castelo. Costumava sair mais com suas irmãs, antes da morte da mãe, possuía mais energia e a mesma vontade de ajudar os outros que se instala no coração das outras, mas agora não tira os pés da biblioteca. Por esse motivo é a que mais me preocupa.

—O senhor disse que sua mulher sofreu de alucinações... Poderia ser mais específico? – enquanto fazia sua habitual inquirição, Sherlock andava pela sala de recepção e ocasionalmente passava o dedo pelos móveis, aspirando algo que eu não saberia dizer o que era.

—Ela sonhava com morcegos, Sr. Holmes. Sonhava que eles vinham buscá-la.

Holmes fitou o sobrolho melancólico do homem, sua expressão vazia não me deixava entrever o que passava em sua mente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então??
Qualquer crítica/pergunta, qualquer coisa ta valendo. Obrigada a quem leu.
Milhões de beijos, até semana que vem (ou antes).



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Caso das Meninas Jantzen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.