Sob um olhar mais Severo escrita por Céu Costa


Capítulo 19
Até onde os Carrow conseguem ir?


Notas iniciais do capítulo

Só avisando gente, é mais um capítulo de tortura, então respirem fundo. Mas vocês me pediram para que eu desse uma noção do que estava acontecendo em Hogwarts, e é isso que eu estou fazendo. Boa sorte, e Accio Capítulum.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/624030/chapter/19

Pov Belle

Sophie tinha razão. Em poucos dias, ela já estava corada e bem mais saudável. Quase nem tinha mais aquela cara sinistra de assombração.

Ela acabou virando uma espécie de mártir. Em todas as reuniões da Armada de Dumbledore, Neville fazia questão que ela contasse como foi a experiência dela durante seu confinamento com Snape, e em tudo o que ele a fez passar. Olha, eu costumava achar a Sophie exagerada, mas agora entendo porque ela se gaba tanto de ser repórter da Revista Sonorus em Beauxbatons: a menina tem uma imaginação e tanto! Já ouviu falar do feitiço Desipiens? Faz o alvo sentir dores excruciantes pelo corpo e alucinar com seus piores medos. Se não for revertido em 24 horas o alvo ficará louco definitivamente. Eu nunca tinha ouvido falar desse. Ou... ou então Menti Mortis? Causa dores de cabeça gigantescas no alvo, levando a loucura. Aos poucos vai matando e consumindo a mente do alvo até que este vire um vegetal. Muitos acabam se suicidando antes do fim do feitiço para aliviar a dor. Pode ser removido apenas com poção. Ou ainda Musculus Expandere? Faz com que todos os músculos (exceto os músculos vitais) sejam distendidos de maneira dolorosa. Causa uma dor lacerante e dependendo da força, leva a desmaios e inutiliza os membros do corpo por um tempo. Dependendo do bruxo, o feitiço pode ser tão forte que muitos músculos se dilaceram. Mas, segundo a Sophie, o pior de todos era Terrorem Necromagica. Faz a pessoa ver animais peçonhentos como aranhas, escorpiões e escaravelhos sobre seu corpo e sentir a dor de um ataque coletivo. É extremamente angustiante.

Neville era quem ficava mais assustado com as coisas que a Sophie contava. Eu mesma ficava assustada com algumas delas. Neville usava esse medo dos relatos e das coisas sinistras da Sophie para avivar o sentimento de revolta nos membros da A.D. Ele os incentivava a levantar e lutar contra os Carrow, e contra a opressão e as torturas. E a cada noite, eles aprontavam uma coisa diferente e ainda mais brilhante. Picharam algumas paredes do castelo com frases da Armada, como Armada de Dumbledore: Abaixo a Opressão dos Comensais. E coisas parecidas. E também, todas as madrugadas, eles organizavam grupos e expedições para libertar alunos das punições nas celas das masmorras. E os Carrow estavam a cada dia mais cruéis e furiosos.

***

— Belle? Está acordada? - Sophie sussurrou.

— Não. - eu resmunguei, cobrindo a cabeça com minhas cobertas.

— Belle, por favor! - Sophie insistiu - Queria falar com você!

Virei-me para o outro lado, e olhei para as camas das outras garotas. Primm e Emilia pareciam estar profundamente adormecidas. O dormitório estava mergulhado em um leve clima de penumbra, quebrado apenas pela luz das chamas na lareira.

— Certo. - virei-me para o lado da cama de Sophie, de modo a enxergá-la melhor. - O que foi?

— Não consigo dormir. - ela suspirou.

— Eu te disse para não comer três caixas de feijões de todos os sabores ao mesmo tempo. - eu resmunguei - Sabe que isso faz mal!

— Non! Não é isso! - ela riu, mas depois ficou bem séria - Eu conversei com o Neville ontem, depois da reunião. Ele estava muito preocupado. O trem de volta do feriado de Páscoa voltou... quase vazio. Muitos alunos não voltaram... e um deles era a Ginevra Weasley.

— Você acha que ela pode ter sido... - eu sussurrei, com medo das minhas próprias palavras.

— O quê? Non! - ela me cortou - Claro que não! Quer dizer... não sei... A Sra. Molly é meio louca, pode ter segurado a filha em casa, com medo das coisas que estão acontecendo aqui. Eu talvez teria feito a mesma coisa.

— Então, o que a preocupa? - eu a apressei.

— Neville me preocupa. Muito. - ela confessou - Ele me disse que a Luna mandou um galeão, contando tudo o que aconteceu. Ela disse que após ser sequestrada, ela acordou no calabouço da Mansão dos Malfoy, onde a mãe e a tia do Draco a torturaram brutalmente por semanas. Depois de alguns meses, Harry, Rony e Mione apareceram por lá, e a resgataram. E então ela e o pai dela decidiram se esconder.

— Ah, aquela loirinha está bem! - eu suspirei, alliviada - Espero que fiquem bem escondidos, as coisas podem piorar. Nem eu ia querer que ela voltasse pra cá, Hogwarts está mergulhada em um inferno.

— Eu também espero, Belle. - Sophie enrolou a ponta de seu cobertor entre os dedos, nervosa. - Mas... Sem a Luna... E sem a Ginevra... Neville está sozinho. Ele virou um alvo mais fácil. Os Carrow vão cair matando.

— Eu sei que se preocupa com ele, Sophie, - eu sentei na minha cama - mas ouça, não podemos assumir o lugar delas! Já estamos nos arriscando demais ajudando nas sombras, participando das reuniões! Eu sei que você quer ajudar, mas...

— Non, Belle, eu... - ela suspirou - Eu sei que não podemos. Sei também que já fazemos muito ajudando nas sombras. Mas não posso evitar de me preocupar. Eu sei que tudo que eu disse era mentira, mas apenas porque os feitiços não foram usados em mim. Belle, no tempo que fiquei aprendendo com o Snape, eu ouvia os Carrow treinando todos os feitiços que citei, e muitos outros, em pobres elfos inocentes da cozinha. Eu via o que os feitiços faziam com eles. E ouvia os Carrow rirem com a dor. Belle, eu...

Ela abaixou a cabeça, tentando não chorar. Estava muito assustada.

— Eu sei o que eles podem fazer. Sei o que eles estão preparados para fazer. - ela sussurrou, alarmante - Neville está descuidado, e está incentivando os outros a serem também. É apenas questão de tempo até que os Carrow...

— Meninas! - ouvimos batidas fortes na porta. - Meninas, acordem! Os Carrow pegaram um grifinório!

Sophie olhou para mim, apavorada. Êta boquinha, heim fia! Eu e ela nos levantamos das camas em um salto, Sophie vestiu seu robe azul de seda por cima do pijama, e eu corri acordar as outras meninas. Que não gostaram muito da ideia, claro. Mas depois de derrubar uma a uma de suas camas, Primm e Emilia já vestiam seus robes também.

— Damian! - Sophie abriu a porta, e depois prendeu seus cabelos loiros em um rabo de cavalo - Por que essa gritaria toda? Já passa da meia noite!

— Sophie, meninas! - ele resfolegou, recuperando o fôlego - Os Carrow estão chamando todo mundo para o andar das Masmorras. Pegaram um grifinório, e querem que sirva de lição.

— Será que foi o menino que ajudou a Sophie daquela vez? - Emilia correu na frente, se aproximando da porta.

— Não sei, vamos logo! - Damian apressou.

Seguimos apressados pelos corredores e escadarias, com Damian e as meninas na frente, e eu e Sophie mais atrás.

— Não foi o Neville. - eu sussurrei, tranquilizando-a.

— Eu sei que não. - ela respondeu - Mas e preocupo com o que eles vão fazer. Neville estava planejando um resgate para hoje, por causa de um aluno do primeiro ano que foi pego falando o nome do... - ela apontou para o seu colar de coração no pescoço. Eu sabia que ela estava falando do Harry - E eles acharam muito cruel. Pretendiam libertar ele.

— Mas os Carrow estavam perseguindo o grupo faz um tempo. - eu comentei - Acha que foi uma emboscada?

— Tenho certeza que foi. - ela concluiu.

Apesar do caminho ser longo, logo encontramos uma enorme quantidade de alunos indo na mesma direção, e também muito ansiosos, e os passos acelerados da multidão quase camuflaram o tamanho da trajetória que percorremos desesperadamente. Logo, estávamos no andar das Masmorras.

Eram tantos alunos que quase não se conseguia enxergar nada, e tivemos que empurram alguns garotos para conseguir ir um pouco mais para frente. E lá na frente, estavam eles, os irmãos Carrow, com suas fuças nojentas. Aleto segurava um pequeno garotinho fortemente pelo braço, que devia ser o que a Sophie citou como do primeiro ano. Ele estava meio molenga, muito machucado, e quase sem reação. O Amico, porém, segurava um garoto bem mais velho, mais forte, e com cabelos negros e lisos. Este estava bem furioso, e se debatia sempre que podia.

— Conhece ele? - eu sussurrei.

— Eu me lembro um pouco dele... estava na última reunião da A.D. - Sophie respondeu no mesmo tom - Acho que nome era.... Miguel... ou Gabriel... Samuel... não consigo lembrar...

Eu ia dizer pra ela que achar que o sobrenome era alguma coisa com C, mas os Carrow começaram a chamar a atenção para si, queriam começar a falar. Então todos ficaram em silêncio.

— Viemos para Hogwarts a pedido do Ministério para cumprir uma tarefa bem simples: colocar ordem nesta escola. - Aleto começou. Conforme ela falava, apertava ainda mais o braço do pequeno garoto, que apenas gemia de dor - O Ministério acha que todos vocês andam muito indisciplinados, e que precisam ser corrigidos.

— Quem é ela para falar em nome do Ministério? - ouvimos alguns alunos sussurrarem ao nosso redor.

— Então, nós viemos, e tudo o que temos pedido para vocês é uma... coisinha... bem simples: obedecer tudo o que mandarmos, e tudo ficará bem. - ela disse entre dentes, e aquele pobre menininho já estava me dando pena - Porém.... parece... que alguns de vocês... simplesmente não conseguem compreender! Estamos aqui para ajudar vocês! Mas, se você não querem nos deixar trabalhar, medidas terão que ser tomadas!

— Miguel Tadeos Corner. - Amico disse, e sua voz grave ecoou pelo andar, fazendo o ar vibrar. - O que eu disse que aconteceria se você ou qualquer um me desobedecesse outra vez? Cada um dos alunos que estão aqui, nestas cenas, estão aqui porque me desobedeceram mais de uma vez. Todos eles merecem estar aqui, e você não tem o direito de tentar tirar  nenhum deles de seus castigos...

— Não! Você que não tem o direito de trancá-los aqui! Os trata como se fossem animais! - Miguel retrucou, zangado. - São monstros! Torturadores! Os dois! E não merecem estar no cargo que estão!

Aleto jogou o garotinho que ela estava segurando no chão, sacou sua varinha do bolso de sua enorme saia preta, e então conjurou a maldição da tortura, fazendo o Miguel cair no chão, em desespero.

— Oh, me desculpe! - Aleto, abaixou sua varinha, e falou com sua voz esganiçada - Eu... eu não entendo! Já disse isso muitas vezes! Não me chame de torturadora!

Amico sacou sua varinha, e em conjunto com sua irmã, eles torturaram o rapaz, com todas as maldições que a Sophie contou e muitas outras. Eu ouvia os gemidos dos alunos, em desespero por ver aquela cena tenebrosa, e eu ouvia os gritos de dor do Miguel Corner, se contorcendo bem ali, perto da gente, na nossa frente. Não sei dizer ao certo quanto tempo se passou, mas sei que pareceu uma eternidade de maldições e dores conjuntas. E quando o garoto parecia que não ia mais respirar, eles então finalmente pararam.

— Que isto sirva de lição para todos. É isto que fazemos com quem nos desobedece. E podemos fazer coisas ainda piores. - Amico vociferou.

— Agora voltem para os seus dormitórios, e tenham lindos sonhos! - Aleto desejou alegremente. - Amico, leve este garoto para uma das celas.

Ouvi muitos alunos se revoltarem com o fato de ela desejar bons sonhos para nós com aquele sorriso na cara, depois de tudo que eles nos forçaram a ver. Mas ninguém podia falar nada contra. Amico arrastou aquele pobre garoto pelos braços, deixando o rastro do sangue dele manchar as pedras frias do chão das masmorras. Aquele foi um dos piores momentos da minha vida. Acho que eu nunca vou conseguir me esquecer disso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Rewiews, se ainda tiverem forças para isso.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sob um olhar mais Severo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.