Broken Strings escrita por liligi


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo 4 – Reencontro

 

Riza ouviu o despertador tocar escandalosamente no criado-mudo ao lado da cama. Abriu os olhos preguiçosamente e desligou o objeto barulhento e logo depois se sentou. Ficou alguns segundos sentada tentando fazer o sono passa. Jogou as pernas para fora da cama e tirou o cobertor de cima de si, sentiu um arrepio quando seu pé tocou o chão frio, mas resolveu ignorar.

 

Levantou-se e se esticou, olhando para o relógio que ainda marcava seis e vinte. Calçou seu chinelo e deixou seu quarto, depois entrou no quarto vizinho ao seu que estava completamente escuro. Foi até a janela e puxou as cortinas, deixando o sol inundar o cômodo escuro. Virou-se para a pequena cama e sorriu.

 

- Hum...

 

- Bom dia, meu amor. – Ela disse, sentando-se na ponta da cama.

 

- Fecha a cortina. – Resmungou.

 

Riza riu.

 

- De jeito nenhum, está na hora de levantar. Vamos. – Ela disse.

 

- Não quero.

 

- Ah, meu menino, eu tenho que trabalhar e você tem que ir estudar, lembra? – Ela perguntou ternamente.

 

- Não quero ir hoje, mamãe. – O menino resmungou. – Tô com preguiça.

 

Riza sorriu.

 

“Exatamente igual ao pai.” – Ela pensou.

 

- Vamos, Jamie, não dê trabalho, por favor. – Ela pediu. – A mamãe não pode se atrasar.

 

O menino se virou e abriu os olhos, para encarar a mãe. Riza sorriu ao encarar o filho. Quanto mais o tempo se passava, mais James se parecia com o pai. Tinha os mesmos cabelos e olhos negros e até mesmo os mesmos hábitos. Passou a mão pelos cabelos desalinhados do filho pensando em quão grande ele estava.

 

- Eu não quero ir mamãe. – Ele disse manhoso.

 

- É mesmo? Três anos e já é tão preguiçoso! Tem certeza que não vai sair da cama.

 

- Hum-hum... – Ele negou.

 

- Tudo bem, então. – Ela disse antes de começar a fazer cócegas no menino que imediatamente começou a rir e se debater. – Você não vai para o colégio não, hein, James?

 

- Pára... – Ele disse entre os risos. – Eu... Eu vou... Mas pára...

 

- Ok, meu lindo. Agora vá tomar banho. – Ela disse depositando um beijo na bochecha do filho.

 

- Daqui a cinco minutos? – Ele fez beicinho.

 

- Não. Agora.

 

- Mas, mãe...

 

- Vai logo, James... Eu tenho que preparar logo seu café da manhã e depois tenho que tomar meu banho. – Ela disse se levantando.

 

- Tá bom. – Ele disse um pouco emburrado enquanto saltava da cama e ia até se guarda-roupa pegar uma toalha e uma roupa limpa.

 

Aquilo era das poucas coisas que Jamie tinha em comum com a mãe. Organização. Riza agradecia por ele não ser o tipo de criança que sai jogando tudo no meio da casa, pelo contrário, ele insistia em guardar todos os seus pertences em perfeita ordem, inclusive suas roupas.

 

Foi até a cozinha e pegou tudo o que precisava para fazer o café da manhã. Ela sabia que em menos de dez minutos James sairia do banheiro reclamando de fome, então tinha que fazer algo rápido. Até porque também tinha que tomar banho, deixar seu filho na creche e correr para não se atrasar.

 

- Mããããe... – Riza escutou a voz infantil berrar, vinda do corredor da cozinha. – Eu tô com fome.

 

Riza sorriu.

 

- Sente-se à mesa, a mamãe já tá terminando. – Ela disse enquanto virara mais uma panqueca.

 

- Tá. – Ele disse sapeca enquanto puxava uma cadeira e sentava.

 

Riza colocou a última panqueca no topo das outras que tinha feito, pegou a jarra de suco e levou os dois à mesa, depois pegou dois pratos, dois copos e dois talheres, os dispôs sobre a mesa, serviu James e depois se sentou. Observou o pequeno cortar de um jeito desajeitado uma panqueca em um pequeno quadrado e enfiá-la na boca e sorriu. Estendeu o braço e afagou o cabelo do menino.

 

- Quem é que estará fazendo quatro aninhos esse fim de semana? – Ela perguntou, viu ele abrir um sorriso e largar os talheres sobre a mesa.

 

- Euu! – Ele disse alegre.

 

- Isso mesmo. Já tá grandinho, meu bebê. – Ela disse nostálgica.

 

- Eu não sou bebê. – James disse emburrado. – Eu já sou grande!

 

Riza riu.

 

- É verdade. Desculpe-me, meu rapazinho. – Ela deu um beijo na bochecha dele. – Agora termine seu café da manhã. Eu vou tomar um banho e volto já.

 

- Tá bom! – ele disse voltando a comer.

 

Riza deixou seu menino só e se dirigiu até seu banheiro, sua farda já se encontrava sobre a bancada da pia do banheiro, então ela apenas entrou e fechou a porta atrás de si. Despiu-se rapidamente e jogou o pijama dentro do cesto e entrou dentro do Box. Abriu o chuveiro e deixou a água escorrer por seu corpo.

 

A água morna de certa forma aliviava sua exaustão devido ao excesso de trabalho que tivera no dia anterior, e claro, pelo fato de ter ido dormir tarde. Depois que chegara do quartel ficara planejando a festa de aniversário de James, ficou tanto tempo calculando as despesas que nem percebeu que passava de uma da manhã.

 

“Meu Deus, ele já está fazendo quatro anos...” – Ela pensou enquanto um sorriso melancólico surgia em seus lábios. – “Parece que foi ontem que ele nasceu.”

 

Pensou no dia em que James nasceu. Era uma noite quente, ela acordara no meio da madrugada sentindo pontadas fortes na barriga que só aumentavam com o tempo. Sabia que não conseguiria chegar ao hospital sozinha já que mal conseguia andar sem sentir dor, então ligou para Patrick que a levou. O rapaz chegou transtornado parecendo completamente confuso quanto ao que fazer. Riza quase não o deixou dirigir vendo que ele tremia bem mais que ela, e o nervosismo dele só piorou quando ela entrou na sala de cirurgia e Riza não permitiu que ele entrasse vendo que não faria bem aos nervos dele e nem aos dela.

 

Foram quase quatro horas de dores terríveis, mas quando ouviu o choro de seu bebê sentiu que todas aquelas dores valeram a pena, e que ela faria de novo, se precisasse. Quando finalmente o segurou, sentiu que seu coração inchara por conta do amor praticamente instantâneo que surgira pelo ser que tinha em seus braços.

 

Quando Patrick segurou o bebê pela primeira vez também Riza sentiu que os três — Ela, seu filho e Patrick. — haviam criado um vínculo e naquele momento ela soube que sua vida mudaria drasticamente. Mas, definitivamente, para melhor. Ela tinha seu filho e tinha Patrick para ajudá-la com o que pudesse.

 

Mas ela não tinha o pai de seu filho.

 

Riza suspirou. Ela não podia dizer que não fora difícil criar James sozinha nos primeiros meses. Ela tinha a ajuda quase constante de Patrick, mas ele também tinha uma vida e ela não podia privá-lo de viver. Mas, com o tempo, ela se conformou.

 

Roy não sabia da existência de James — e nem saberia, se dependesse de Riza. —, mas James também nunca se queixou da falta do pai. Ele havia sim perguntado sobre o pai uma vez, Riza apenas sorriu e o menino não pareceu se importar com a resposta.

 

Mesmo assim, ela queria que Roy estivesse ali, com eles. James iria completar quatro anos, e Riza queria que Roy compartilhasse da alegria que ela sentia. Ela tinha certeza de que Jamie também queria que seu pai estivesse presente, mas ele não fazia idéia que seu pai nem sequer sabia da sua existência.

 

Fechou o chuveiro e enrolou-se numa toalha, mas parou quando ouviu a campainha ser tocada.

 

- Quem será? – Murmurou.

 

––

 

Jamie saltou da mesa e correu até a porta. Abriu um sorriso enorme ao ver quem estava do lado de fora.

 

- Tiiiiiiio! – Ele disse abraçando as pernas do homem.

 

- Oi, campeão. – Patrick disse enquanto pegava o menino nos braços. – Cadê a sua mãe?

 

- Ela tá tomando banho. – James disse apontando para o quarto de Riza.

 

- Hum... Faz muito tempo?

 

James negou.

 

- Ok, eu vou esperar por ela. – Patrick suspirou. – E você estava fazendo o que enquanto ela tá no banho.

 

- Comendo. – James disse sorrindo de modo infantil.

 

- Nossa, é só isso  que você sabe fazer, Jamie?

 

- Não. Eu sei fazer meu dever de casa e sei brincar de carrinhos. – O moreno disse inocentemente, Patrick riu.

 

- Jamie, quem está aí? – Riza saiu do quarto pouco depois, já vestida com sua farda, exceto pela jaqueta, e com os cabelos caindo sobre os ombros, molhados. – Ah, bom dia, Patrick. – Ela sorriu.

 

- Bom dia, Riza. – Ele disse colocando Jamie no chão que logo voltou para a cozinha, para terminar seu café da manhã. Quando viu que Jamie não estava mais por perto suspirou e falou num tom baixo, para que somente Riza escutasse. – Eu tenho notícias...

 

- Mas... – Riza perguntou. Sabia que havia um motivo para Patrick estar ali tão cedo, quando eles se encontrariam no quartel em menos de uma hora.

 

- Mas não são agradáveis. – Patrick disse.

 

- E quais seriam as notícias? – Riza perguntou apreensiva.

 

- Kent foi informado ontem à noite que hoje viriam alguns “visitantes” da Central. – Patrick disse sério.

 

- Visitantes? – Riza ecoou sentindo seu coração acelerar descontroladamente. Patrick assentiu.

 

- Roy Mustang é quem lidera o grupo. – Patrick finalizou.

 

Riza sentiu todo o sangue de seu rosto sumir e sua respiração ficar irregular. Depois de quatro anos, Roy finalmente apareceria em sua vida para virá-la de cabeça para baixo. Seus olhos se fixaram no chão enquanto as palavras de Patrick rodeavam sua cabeça. Ele sabia que Roy Mustang era o pai de Jamie, Riza o havia contado quando ele perguntou quem era o pai do seu filho. Ele também sabia que Roy era agora casado, e sabia todos os fatos que os levaram a caminhos separados.

 

- Eu achei que você deveria saber de antemão. – Patrick disse. Ele fez uma breve pausa. – Você está bem?

 

Ela apenas assentiu, não se sentia capaz de responder, não sabia se encontraria sua voz tão cedo.

 

- Tem certeza? – Patrick perguntou. Riza sorriu tentando acalmá-lo. – Riza...

 

- Eu... Estou bem, Patrick. – Ela finalmente disse. – Eu estou surpresa, só isso.

 

- Tem certeza que é só isso?

 

- Tenho. – Ela assentiu, mas no fundo ela sabia que não era só isso. Mesmo assim, não queria preocupar Patrick. – Por que ele está aqui, Patrick?

 

- Eu não sei direito. Parece que mandaram ele para fazer uma avaliação geral do Quartel do Leste.

 

- E quanto tempo ele fica? – Ela perguntou mordendo os lábios.

 

- Eu não sei. – Patrick respondeu. – Acho que o tempo que ele precise para fazer a avaliação.

 

- E isso pode levar semanas. – Riza suspirou.

 

- Sim. – Patrick confirmou. – Riza...?

 

- Sim?

 

- E o que você vai fazer? Você sabe... O Jamie...

 

Riza balançou a cabeça.

 

- Ele não saberá do Jamie, Patrick. – Riza disse firmemente. Ela havia decidido, Desde o dia que James nasceu, que Roy Mustang não saberia da existência daquela criança.

 

- Mas...

 

- Não tem ‘mas’. Ele está casado há quatro anos, a esta altura já deve ter sua prole com a esposa dele. Não precisa saber de Jamie. – Ela disse.

 

- Tudo bem, se é o que você acha. – Ele disse num tom reprovador.

 

- Sim, eu tenho certeza. Nós vivemos esses anos sem ele, não é agora que ele será incluído na nossa vida. Estamos muito bem sem ele. – Ela disse irredutível.

 

- Ok. – Patrick deu de ombros.

 

- Mãe, terminei. – Jamie voltou a sala. Riza sorriu.

 

- Então vá pegar suas coisas. Eu vou terminar de me arrumar e vou lhe deixar na creche. – Ela disse.

 

- O tio Patrick vem também? – Jamie a olhou esperançoso.

 

- Pode apostar. – Patrick disse.

 

- Eba! – O menino comemorou e depois correu para o seu quarto.

 

- Só um minuto, Patrick. Sinta-se em casa. –Ela disse e foi para seu quarto, terminar de se arrumar.

 

––

 

- Vamos, meu amor. – Riza disse enquanto segurava a mão de Jamie.

 

James sorriu e segurou a mão de Patrick também. Os três andaram até a porta da creche, onde havia uma moça que aparentava ser pouco mais Nov que Riza sorrindo enquanto esperava pelas crianças.

 

- Bom dia, Srta. Hawkeye. – Ela disse.

 

- Bom dia, Hilary. – Riza respondeu sorrindo. Abaixou-se para ficar na altura do filho o abraçou. – Comporte-se, filho.

 

- Eu vou ser bonzinho, mamãe. – Ele disse passando os bracinhos ao redor do pescoço de Riza.

 

- Eu venho te pegar na hora do almoço, tá bem?

 

- Tá. – Ele sorriu. – Você vem também, tio?

 

- Não, campeão. Eu vou ter que trabalhar. – Patrick respondeu.

 

- Vamos entrar, Jamie? – Hilary perguntou. Jamie assentiu e segurou na mão da moça e depois entraram.

 

Riza ficou encarando o filho até ele sumir de sua vista, tudo o que sentia naquele momento era medo. Roy Mustang estava chegando na cidade, e ele, em hipótese alguma, poderia saber sobre Jamie.

 

- Riza?

 

- Vamos. Não quero me atrasar. – Ela disse dando a volta.

 

––

 

Roy sorriu quando avistou o prédio conhecido do Quartel do Leste. Fazia tantos anos que não ia até ali que o fazia até se sentir nostálgico. Mas se sentia mais feliz pelo fato de que ela estaria lá. Depois de quase quatro anos, ele finalmente iria reencontrá-la.

 

A velocidade do carro diminuía cada vez mais enquanto se aproximavam, não demorou para que o veículo estivesse estacionando em frente ao prédio. Roy desceu e logo seu “comitê de recepção” apareceu.

 

Um homem alto, aparentando ser alguns anos mais velho que Roy, vinha à frente seguidos por alguns subordinados. Logo que estavam diante um do outro pararam e prestaram as devidas continências.

 

- Bom dia, General Roy Mustang. Eu sou o General Joel Kent. – O homem disse.

 

- Bom dia, general. – Roy respondeu.

 

- Nós ficaremos responsáveis por lhe mostrar o prédio durante sua inspeção. – Kent disse. – Caso eu não posso acompanhá-lo, um de meus subordinados irá.

 

Joel deu um passo ao lado dando espaço para que Roy visse quem eram os subordinados. Sorriu discretamente ao distinguir a cabeleira loira e os olhos castanho-avermelhados do grupo, teve que usar todo seu autocontrole para não avançar e abraçá-la. Sentira tanta falta dela nos quatro anos em que não haviam se visto.

 

Riza engoliu em seco quando Kent abriu caminho para Roy pudesse vê-los. Ela havia propositalmente ficado atrás da enorme figura no chefe apenas para que Roy não a visse. Sentiu as pernas fraquejarem quando o finalmente o viu. Ele parecia mais velho desde a última vez que o vira — o que era lógico, já que faziam quatro anos, mas ela ainda não pôde deixar de se surpreender. —, e, ainda assim, ainda era capaz de fazê-la perder o fôlego.

 

- Estes são o Sargento Adam Mackenzie, Tenente Patrick Hill, e creio que já conheça a Primeiro-Tenente Riza Hawkeye. – Kent sorriu.

 

Roy também sorriu.

 

- Sim. Ainda não superei tê-la perdido. – Roy disse encarando Riza. A loira sentiu um nó se formar em sua garganta, ela havia entendido a ambiguidade da frase e aquilo a fazia se sentir melhor.

 

- Eu entendo. A Srta. Hawkeye é extremamente eficiente. – Kent falou. – Seria mesmo uma pena para alguém perdê-la.

 

- Sim, é verdade. – O moreno continuou a encarar a loira. – A tenente Hawkeye é alguém insubstituível. Nem sei como consegui ficar sem tê-la durante estes quatro anos.

 

Riza abaixou a cabeça. Sentia seu rosto arder, tanto pela vergonha quanto pela pressão que sentia devido os sentidos duplos das frases de Roy. Rezava para que suas pernas não cedessem e para que nenhum dos presentes notassem seu estranho comportamento.

 

- Bem, se o senhor quiser descansar um pouco antes de começar nós poderemos acompanhá-lo até seu hotel ou até algum dos alojamentos militares. – Kent falou.

 

- Não, não é necessário. – Roy falou, seus olhos ainda estavam presos na imagem da Tenente. – Eu gostaria de começar a inspeção o mais rápido possível.

 

––

 

Riza respirou profundamente quando Joel havia mandado seus subordinados almoçarem, enquanto ele mostrava a Roy o local. Apoiou-se na parede, ainda sentia suas pernas bambas. Sabia que o reencontro com o moreno iria lhe abalar, mas não imaginou que seria com tamanha intensidade.

 

- Riza? – Patrick aproximou-se da loira preocupado.

 

- Eu estou bem. – Ela falou tentando fazer com que sua voz saísse o mais normal possível.

 

- Claro, não dá pra perceber que a vinda dele não te afetou em nada. – Patrick resmungou.

 

- Por favor, não comece... – Ela pediu.

 

Patrick encostou-se na parede ao lado dela.

 

- E então?

 

- E então o que?

 

- Você vai contar a ele sobre o Jamie?

 

Riza o olhou como se ele tivesse acabado de dizer que a grama era vermelha.

 

- É claro que não! – Ela exclamou. – Eu... Ele não saberá sobre o James, Patrick, nunca!

 

- Tem certeza? Quer dizer, ele é o pai do Jamie...

 

- Não! Ele está casado há quatro anos, a esta altura ele já deve ter tido filhos com a esposa dele. – Ela disse irritada. – Ele não precisa saber do Jamie.

 

- Ok, não precisa arrancar minha cabeça fora. – Patrick disse. – Eu só estou dizendo que ele tem direito de saber. E o Jamie também tem.

 

- Patrick... Eu criei o Jamie sozinha durante estes quatro anos. – Patrick a olhou com incredulidade.

 

- E eu sou ninguém agora?

 

- Você entendeu... O ponto é que eu nunca precisei da ajuda dele, quando eu precisei de alguém você sempre esteve lá. Eu não consigo imaginar como teriam sido esses anos sem você ali. Roy nunca soube da existência de James e nem o meu filho sabe da existência do pai, e vivemos felizes sem ele durante este tempo, ele não precisa saber disto agora. Nenhum dos dois precisa, tá?

 

- Tá, Riza. – Patrick disse a contragosto. – Seu plano parece perfeito agora, mas e quando o Jamie começar a perguntar pelo pai, o que você irá fazer?

 

- Não importa. O Jamie nunca saberá de Roy. Para todos os efeitos, ele está morto. – Riza disse. – E, por favor, não toque mais nesse assunto. O Roy está morto para nós.

 

- É, eu percebi isso hoje. – Patrick falou amargurado.

 

- Patrick... – Riza disse entre os dentes, aquilo já estava começando a irritá-la. – Acabou, entendeu? Roy Mustang está fora das nossas vidas.

 

- Entendi. – Ele disse.

 

Riza suspirou. Aquele era um assunto morto para ela. Já havia decido muitos anos antes que Roy nunca saberia da existência de James, e nada do que Patrick dissesse iria mudar sua opinião. Ela não queria que seu filho sofresse por causa do pai assim como ela havia sofrido.

 

 

- Que horas são? – Ela perguntou.

 

- Hum... Onze e vinte, por que?

 

- Droga... Eu tenho que ir pegar o Jamie. – Ela disse indo em direção à sala. – Ele deve estar com fome.

 

- Ok. – Patrick disse. – Você acha que volta a tempo?

 

- Não. Ainda tenho que resolver os assuntos da festa de aniversário do Jamie. – Ela respondeu.

 

- Se o Kent perguntar eu digo que você teve alguns assuntos para resolver.

 

- Obrigado.

 

––

 

Roy suspirou aliviado quando finalmente conseguiu se livrar de Kent. Ele o havia seguido por todo o quartel falando de quão pacifica as coisas tinham estado, ou algo do tipo. Roy não tinha prestado muita atenção no que ele falara. Em sua mente ele só conseguia ver o momento em que encontraria Riza sozinha e que eles poderiam finalmente conversar.

 

Como era horário de almoço andou até o refeitório, ao entrar vasculhou o lugar atrás da conhecida figura, mas não a encontrou em meio à multidão.

 

 Imediatamente deixou o refeitório e pediu informação de onde ficava a sala do General Kent, tinha esperança de encontrá-la lá. Claro, teria dizer que precisava falar com ela algo de extrema importância e arrastá-la para um local deserto, mas isso não tinha importância, ele só queria poder estar com ela.

 

Bateu na porta e esperou que esta fosse aberta. Alguns segundos depois Patrick a havia aberto, ele imediatamente bateu continência.

 

- Olá, Tenente. A Tenente Hawkeye está aí? – Ele perguntou.

 

- Não, Senhor. – Patrick respondeu. – Ela não está aqui.

 

- Você sabe onde ela está?

 

- Não, Senhor.

 

- Obrigado. – Ele disse e deixou a sala.

 

Patrick observou o moreno se afastar. Sabia que Riza não iria querer encará-lo, mas ele insistiria. Só podia torcer para que tudo não acabasse mal, com Riza extremamente magoada. Ele odiaria que isso acontecesse.

 

Roy continuou a andar pelo quartel à procura da mulher, mas completamente sem sucesso. Estava se sentindo extremamente frustrado. Era impossível que Riza tivesse sido engolida pela Terra e ele teria um ataque caso tivessem apenas se desencontrado.

 

Resolveu perguntar ao guarda.

 

- Com licença. – Ele disse chegando perto de um rapaz que imediatamente bateu continência, mais por puro hábito do que por conhecimento da patente de Roy. – Você poderia me dar uma informação?

 

- Claro, Senhor. O que deseja saber?

 

- Você sabe onde posso encontrar a Tenente Hawkeye?

 

- A tenente? – Ele ecoou pensativo – Oh, é verdade! Ela não se encontra, Senhor. Saiu há algum tempo.

 

- Saiu? – Roy ergueu uma sobrancelha. Não era típico de Riza deixar o Quartel em horário de trabalho, mesmo que fosse durante o almoço. – Você sabe para onde ela foi?

 

- Hum... – O rapaz olhou no relógio de pulso. – Nesse horário ela geralmente vai à creche pegar o filho dela.

 

Roy congelou. Riza havia ido pegar o filho na creche? Filho? Desde quando Riza tinha um filho? Roy sentiu seu coração desacelerar ameaçadoramente. Se ela tinha um filho significava que ela tinha refeito a vida dela, tinha se esquecido dele... Mas ele se recusava a acreditar nisso. Ela não poderia estar com outro homem, ela não podia ter um filho... Não mesmo. Riza não fazia o tipo maternal, Roy sabia que ela não tinha planos para ter filhos...

 

- F-Filho? – Ele gaguejou, o rapaz balançou a cabeça assentindo, sequer havia notado a surpresa de Mustang.

 

- É, o Jamie. – Ele respondeu alegremente. – Ele é um menino ótimo, muito bem comportado e não faz muito barulho. – Ele continuou com um olhar sonhador. – Ele estará completando quatro anos nesse fim de semana.

 

Roy arregalou os olhos. Quatro anos... O filho de Riza tinha quase quatro anos. Não era possível... Aquela criança havia nascido pouco depois de Riza ter deixado a Central... Aquele menino podia ser seu filho. Seu coração que antes parecia querer parar de bater, agora acelerava ao máximo, a hipótese de que aquela criança era sua lhe deixara completamente sem chão.

 

- V-Você sabe onde fica a creche que o filho da Tenente estuda? – Ele perguntou tentando disfarçar seu nervosismo. – Eu preciso falar com ela, é realmente urgente.

 

- Claro, Senhor.  – Ele disse indo até o balcão, pegou um papel e uma caneta e anotou o endereço. Voltou e entregou o papel a Roy. – É neste endereço.

 

Roy pegou o papel.

 

- Obrigado.

 

- Er... Senhor... Você poderia não dizer à ela que eu quem lhe passou o endereço? Ela não gosta muito que saibam o local onde o Jamie estuda, ela tem medo de colocá-lo em perigo, sabe?

 

Roy assentiu abobalhado. A imagem de uma Riza preocupada com sua cria não se conciliava com a imagem da Tenente fria e racional que ele sempre conheceu.

 

Foi até o estacionamento pegar o carro, iria investigar essa história, não importa se ela ficaria brava ou não por ele estar xeretando sua vida, ele não sairia dali sem descobrir alguma coisa sobre aquele menino.


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Notas finais do capítulo

Malz a demora õ
espero que gostem
E não esqueçam o review



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