Broken Strings escrita por liligi


Capítulo 3
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/62142/chapter/3

Capítulo 3 – Unwanted Surprise.

Não fazia nem uma hora que estava dentro daquele trem — uns quarenta e cinco minutos, talvez? —, mas ela já sentia que a viagem a estava cansando, faltavam cerca de duas horas e meia para que ela chegasse à cidade do Leste — Escolhera ir para lá porque pelo menos ela conhecia as pessoas e o lugar, seria mais fácil se adaptar. —, então resolveu relaxar um pouquinho. Fechou os olhos com a intenção de descansar os olhos e acabou adormecendo rapidamente.

Em seus sonhos, ela só podia vê-lo. Sempre fora assim desde que o conhecera, mas depois da noite que passaram juntos, toda vez que dormia ele estava lá, a protegendo, e, ao mesmo tempo, a atormentando, tirando-lhe a paz de espírito e o fôlego.

Roy beijou-lhe avidamente, como se sua vida dependesse daquele beijo. Riza apertou suas mãos contra as costas dele enquanto retribuía o beijo dele na mesma intensidade. Quando estavam ambos sufocados pela falta de ar partiram o beijo e Roy descansou o rosto sobre o ombro da loira, enquanto esta deslizava as mãos em suas costas.

- Você é sempre tão carente? – Ela riu.

- Só quando estou com você. – Ele admitiu, sem tirar sua cabeça do lugar de antes. – É como se quanto mais eu a tenho, mais eu preciso de você.

Ela sorriu satisfeita. Parecia um sonho. Um daqueles que ela tinha desde sua adolescência, mas aquele momento era muito real. E ela sentia como se fosse explodir de tanta felicidade.

- Eu te amo. – Ele disse ainda ofegante por conta do beijo.

Seu sorriso apenas se alargou. Sim, era exatamente igual a um de seus sonhos.

"Mas é real." – Era o que ela repetia para si o tempo todo, como um mantra.

Roy começou a distribuir selinhos nos ombros e pescoço da loira até alcançar a bochecha levemente avermelhada dela e depois sua boca, voltando a beijá-la intensamente, aproveitando que aquela não sua primeiro tenente, mas sim, sua Riza.

Abriu os olhos preguiçosamente. Vez ou outra sonhava com a noite que passaram juntos e sempre acordava em algum momento que estavam se beijando, como se sua mente a impedisse de lembrar da consciência adquirida na manhã seguinte.

Olhou para fora da janela e assustou-se com a visão que teve. E uma pergunta começou a pairar em sua cabeça, a deixando ainda mais confusa.

"Quanto tempo eu dormi?" – Ela se perguntou enquanto encarava a estação da Cidade do Leste há poucos metros de distância.

Poucos minutos depois a velocidade do trem foi diminuindo até que a locomotiva parasse completamente. Riza ainda estava atônita, não parecia ter cochilado mais que dez minutos, mas pelo que parecia, ela dormira por horas. Aquilo definitivamente não era normal para ela.

Suspirou enquanto se punha de pé e pegava sua bagagem que restava.

"Eu tenho estado exausta nas últimas semanas. Não é tão estranho assim. A mudança e... O casamento... Tudo isso foi realmente desgastante." – Ela pensou enquanto deixava o trem para entrar na estação lotada de pessoas desconhecidas por ela, mas que fariam parte de seu dia a dia, de agora em diante.

––

Roy fingia ler o quer que fosse o papel que tinha em sua frente. Quem quer que passasse ali e o visse tão compenetrado diria que ele realmente estava lendo, que estava fazendo seu trabalho, mas a verdade é que sua mente não se prendia àquele papel, ou àquele lugar. Seus pensamentos insistiam em voar até ela.

Quando ela fez o pedido de transferência lhe pareceu apenas um devaneio, ou um pesadelo, mas agora que ela já não estava ali, fazia tudo mais real.

Repousou o papel sobre a mesa e encarou sua sala. Parecia extremamente vazia, como se tivessem removido todos os móveis dali, assim como todas as cores, deixando aquele lugar sem vida. Ela era a alma daquele lugar, sem ela, nem mesmo os homens que agora ocupavam a sala pareciam ter vida, pareciam mais seres irracionais, perdidos num ambiente desconhecido.

- Coronel, você vai mesmo ficar trabalhando hoje? – Havoc falou – Quer dizer, seu casamento é em dois dias, eu pensei que...

- Temos trabalho a fazer, Havoc. Com ou sem casamento eu preciso trabalhar. Ainda mais agora que... – Ele parou a frase. Ele não queria pensar nela, mas era impossível. Era como se diante da janela de seu coração tivessem colado uma foto dela, e tudo o que ele podia ver em seu horizonte era ela, mesmo que distante. – Bom, eu terei Lua-de-mel, devo ficar longe por um tempo, então eu queria agilizar tudo de uma vez.

- Tudo bem, se o Senhor quer assim... – Havoc disse, em sua voz havia uma pontada de pesar. Era mais do que perceptível o que a ausência de Hawkeye fazia naquele lugar, e principalmente o que fazia naquele homem. E o fato dela ter ido pouco antes do casamento dele, o momento em que ele mais precisaria de apoio, só tornava as coisas mais difíceis.

––

Na tarde seguinte, Hawkeye começou seu trabalho no Quartel do Leste. Para seu alívio, não haviam mudado muitas coisas durante os anos que trabalhara na Central, ainda reconhecia muitos dos funcionários dali — embora a maioria deles não se lembrasse dela, já que ela nunca realmente fez amizade com nenhum deles. —, a única coisa que iria mudar era o fato de ela ter voltado para lá, e sob o comando de alguém de lá. Um desconhecido.

Parou no balcão da recepcionista e entregou os papéis de transferência recebendo logo em seguida as informações tal qual a direção de sua nova sala.

Seguiu o caminho que fora lhe indicado e parou diante da sala na qual ela trabalharia até sua aposentadoria... Respirou profundamente. Era ali que ela recomeçaria. Sem Roy. Bateu levemente duas vezes, e uma voz grave e profunda a mandou entrar. Ela não pensou duas vezes antes de abrir a porta.

Lá havia três pessoas. Ou melhor, três homens. O que estava na ponta da esquerda era de estatura média, tinha cabelos loiros e olhos verdes, e também um sorriso amigável. O que estava na ponta da direita era alto e tinha cabelos castanhos, assim como seus olhos. Ambos batiam continência, e só então ela lembrou que tinha que fazer o mesmo.

Já o homem do meio estava com as mãos atrás das costas e um sorriso acolhedor. Ele era alto e seu cabelo começava a rarear. Aquele era seu novo chefe. O General Joel Kent.

- Seja bem-vinda, primeiro-tenente Hawkeye. – Ele disse.

Riza sorriu timidamente.

- Obrigado, General.

- Eu espero que você se sinta em casa aqui no Quartel do Leste. Este é sargento Adam Mackenzie – Ele disse apontando para o rapaz loiro. – E este é o Tenente Patrick Hill. – Ele disse enquanto apontava para o rapaz moreno.

- Muito prazer. Primeiro-Tenente Riza Hawkeye. – Ela disse. De certa forma, já se sentia em casa. Claro que seria difícil se adaptar com novas pessoas, novos lugares e novas tarefas, mas ela não iria desistir. Sua vida estava mudando.

––

Roy encarou-se no enorme espelho diante de si. Aquela definitivamente não devia ser a aparência de alguém que ia casar. Olheiras e abatimento definitivamente não condiziam com alguém que estava prestes a casar. Mas Roy não se importava. Sua aparência era apenas um reflexo de como estava se sentindo. Era, supostamente, o dia mais feliz da vida dele, mas a mulher que ele amava não estava ali.

- Coronel? – Havoc entrou no cômodo. – Está na hora.

Roy suspirou. Estava na hora. E ele nem podia vê-la. Mas talvez fosse melhor. Ele não iria querer ver o olhar ferido dela, não queria ver seu coração partir em mil pedacinhos, e somente ele enxergaria aquilo, porque para todos, ela era a mesma tenente racional que estava sentada calma e assistindo normalmente o casamento de seu chefe.

- Já estou indo. – O moreno respondeu.

Havoc acenou positivamente e depois saiu, fechando a porta. Roy deu uma última olhada no espelho. Passou as mãos pelos fios de cabelo para arrumá-los. Fez uma careta ao sentir uma grande de quantidade de gel 'grudar' em sua mão. Depois passou a mão pela roupa que usava, tentando deixá-la o mais alinhada possível. Qualquer coisa para adiar mais o momento que teria que sair dali.

Finalmente, desistiu de ajeitar o cabelo ou a roupa militar que vestia — nada daquilo o incomodava realmente. — e desceu. Encontrou Havoc sentado de qualquer jeito sobre uma cadeira com um cigarro na boca. O canto da boca de Roy se repuxou levemente.

- Você vai mesmo para um casamento cheirando á tabaco? – Ele perguntou.

- Desculpe-me, Coronel. – Havoc disse apagando o cigarro no cinzeiro.

- Tudo bem. – Ele expirou. – Vamos.

- Ok. – Havoc acenou.

Desde que Hawkeye havia sido transferida, ele que levava o Coronel para todos os lugares, inclusive no dia do casamento dele. Ambos entraram no carro negro e Havoc rapidamente deu a partida. Durante todo o caminho até a igreja foi silencioso, Roy não conseguia parar de pensar nela.

Minutos depois Roy estava parado no altar, observando os poucos convidados e não se sentindo nervoso, como sempre diziam que os noivos ficavam à espera da noiva que sempre demorava, mas estava sim ansioso. Ansioso para que tudo acabasse.

Roy não soube quanto tempo ficou parado sobre o altar, mas logo a marcha nupcial começou a tocar e ele esperou que Rachel aparecesse. Ela estava inegavelmente bonita: um vestido branco com várias pedras que cintilavam a luz do sol matutino, sem alças. O cabelo dela estava feitos em cachos que caiam sobre suas costas, com o véu os cobrindo parcialmente. Ela sorria radiante enquanto um rosto conhecido a acompanhava: um dos senhores do parlamento. O pai dela.

Nem sequer tentou forçar um sorriso, não queria fingir que estava feliz com algo que lhe causava um sentimento oposto, mas também tentou não lançar um olhar assassino para qualquer dos presentes — a maioria militares de patentes altas, conferindo o casamento do mais novo General.

Poucos metros os separavam e Roy não conseguia parar de desejar que aquela distância aumentasse, que aquele momento se prolongasse. Intimamente, ele esperava ver Riza aparecer na porta da catedral a qualquer momento e pedi-lo para não casar.

Infelizmente, nada daquilo se tornou real.

- Cuide bem da minha filha. – O pai de Rachel disse quando chegaram ao altar.

Roy sorriu fracamente enquanto tomava a mão de Rachel.

––

Riza encarou melancolicamente a janela a sua frente. Era o grande dia. Só de pensar que àquela hora Roy devia estar se casando sentia cada mínimo centímetro de seu corpo doer. Suspirou tristemente se voltando para o papel que estava sobre sua mesa, fechou os olhos para tentar se concentrar. Pensar em algo doloroso não a faria se concentrar, só pioraria, se contasse com as duas noites insones que tivera.

Abriu os olhos quando ouviu uma risada.

- Nossa, eu nunca imaginei que veria você dormindo no serviço.

Riza sorriu levemente.

- Oi, Patrick. – Ela disse amigavelmente. Era incrível como em poucos dias eles já tinham criado um forte vinculo de amizade. Não tinha como, Patrick era um rapaz muito amigável e gentil. Tinham a mesma idade e ele a compreendia como era trabalhar no exercito desde cedo, vendo pessoas morrerem por suas mãos, etc. – Eu estava tentando me concentrar.

- Tem certeza? – Ele disse puxando uma cadeira e sentando de frente para a loira. – Você não me parece bem nos últimos dias. Parece tão cansada e até mesmo um pouco adoentada.

- Adoentada? – Ela perguntou erguendo uma sobrancelha.

- Sim. Eu tenho certeza que você não é tão pálida assim. Pelo menos você não estava assim quando chegou aqui. – Ele disse, seu tom beirava a preocupação.

- Eu não estou doente. – Ela afirmou.

- Tem certeza? Aquele você quase vomitou em cima de mim. – Ele disse.

- Aquilo foi só por causa de alguma coisa estragada que eu devo ter comido. – Riza disse.

- Tem certeza que foi só comida estragada? – Ele perguntou.

- Claro. – Riza respondeu calmamente, embora aquilo também a preocupasse. Não fora a única vez que sentira enjoos desde que chegara à Cidade do Leste, naquela mesma manhã ela correra para o banheiro assim que acordou e vomitou tudo o que havia comido na noite anterior.

Mas ela realmente não pensou muito nisso. Ela só começou a sentir aqueles enjoos e insônia quando se mudou para lá, devia ser algo relacionado ao pânico por estar em um lugar novo, com pessoas novas, e, claro, com a ideia de seu coronel estar se casando.

Abaixou o olhar novamente para a folha, mas sua mente não se prendia ali. Ela queria saber por quanto mais tempo aquilo iria atormentá-la. Ela não podia passar o resto da vida em depressão por causa do casamento dele. Lembrou-se que Patrick ainda estava na sala quando sentiu os olhos dele lhe queimando silenciosamente.

"Droga." – Se xingou mentalmente. Estava aérea demais desde que chegara naquela cidade, mas aquele dia só estava mais intenso.

- Riza? – Patrick a chamou. Ela não o repreendeu por chamá-la pelo primeiro nome. Ela não se importava. Sentia como se fossem melhores amigos pela vida toda, então aquilo lhe soava estranho.

- Hum? – Ela ergueu o rosto e o encarou.

- Você está bem?

- Patrick, eu já disse que estou. – Ela garantiu. – Não se preocupe comigo. Aliás, você não devia estar supervisionando o treino dos novatos? – Ela perguntou tentando mudar de assunto.

Ele riu.

- Eu devia. – Ele respondeu notando que ela estava mudando de assunto. – Mas deixei o Mackenzie lá.

- Você não devia ter feito isso. – Ela lhe lançou um olhar reprovativo.

- Relaxa, Hawkeye. Não é como se o Adam fosse deixar nenhum daqueles novatos atirarem em si mesmo ou nos outros. Pode não parecer, mas o Adam é bem habilidoso. – Patrick disse sorrindo confiante.

- Eu sei disso, mas se o General Kent aparecer você vai levar uma bronca daquelas. – Ela disse. Já havia presenciado Adam levar uma bronca por ter deixado seu posto por meros cinco minutos, Kent era bastante severo.

Patrick revirou os olhos.

- Eu já levei vários sermões do Kent e sobrevivi para contar a história, ok? Deixa de ser tão preocupada, eu já sou grandinho e sei me cuidar.

Riza suspirou tristemente. Tinha horas que ela percebia algumas semelhanças entre Roy e Patrick, semelhanças realmente mínimas, mas aquilo era o suficiente para deixá-la triste. A maior semelhança entre os dois era o fato de que ambos agiam como adolescentes inconsequentes. Xingou-se mentalmente de novo, àquela hora ele já devia estar na igreja...

––

Rachel não conseguia não exibir um sorriso enorme enquanto estava de pé diante do padre. Já Roy tentava ao máximo esconder seu descontentamento com a situação. Podia não ser o melhor dia da vida, mas para Rachel era, e ele não podia magoá-la porque, afinal, não fora ela que o forçou a estar ali. Não era culpa dela.

- Eu te amo. – Ele a ouviu murmurar pouco antes do padre começar a falar.

Roy desligou-se de tudo. As palavras de Rachel tocavam em sua cabeça e se confundia com as mesmas palavras de Riza, mas Roy não podia corresponder aquele sentimento de Rachel. Ele não podia se forçar a dizer "Eu te amo" para ela, porque ele não a amava.

- Estamos aqui reunidos para unir em Sagrado Matrimônio este casal. – O padre disse, Roy não pôde deixar de sentir-se culpado ao ver o sorriso radiante no rosto da mulher a seu lado. Como ele poderia estar ali prestes a jurar amor eterno para uma pessoa que ele não amava?

Tentou desligar-se de tudo novamente, mas lembrou-se que logo o padre iria lhe dirigir a palavra e ele teria que estar atento para repetir o que quer que o padre dissesse.

- Eu, Rachel Binoche aceito Roy Mustang como meu legítimo esposo para amar e respeitar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte nos separe. – Rachel disse sorrindo.

Até que a morte os separe. Aquela parecia ser a frase mais detestável para Roy naquele momento, e ainda assim, ele teria que dizê-lo.

- Agora você. – O Padre disse.

- Eu, Roy Mustang, aceito Rachel Binoche como minha legítima esposa para amar e respeitar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte nos separe. – Roy repetia exatamente o que o padre dizia, mas suas palavras não tinham significado nenhum para ele, era como estar lendo um livro em voz alta.

- Agora, pode beijar a noiva. – O padre disse sorrindo simpaticamente.

Rachel virou o tronco em direção a Roy, o sorriso dela apenas parecia estar mais radiante. Roy forçou um sorriso que parecia estar convincente já que Rachel sorriu ainda mais abertamente — Se é que isso era possível. — e aproximou-se dela. Um beijo que selaria um amor falso. Quanto mais rápido você tomar o veneno mais rápido seu sofrimento acaba, certo?

Inclinou-se até seu rosto estar a poucos centímetros da morena, pensou, por um momento, que quem estava diante de si, não era Rachel, não era a mulher com quem ele estava sendo obrigado a casar, e sim, a mulher com quem ele queria casar. Ele viu Riza. Viu seus olhos castanho-rubí brilhar de felicidade e viu seu sorriso singelo embelezar seu rosto de porcelana, mas então a realidade voltou. Não era Riza que estava ali. Não a mulher que ele amava que estava diante de si, esperando por um beijo.

Suspirou tristemente e finalmente acabou com a distância entre seus lábios. Estava acabado. O veneno estava descendo sua garganta, logo seus órgãos parariam de funcionar. Era apenas uma questão de tempo.

––

Sentiu seu estômago dar uma volta de cento e oitenta graus e respirou fundo. Não queria ter que sair correndo dali até o banheiro mais próximo para vomitar, não enquanto Patrick estivesse ali. Sabia que ele iria fazer uma tempestade num copo d'água.

Infelizmente não funcionou. Riza começou a respirar pesadamente e a suar, o enjoo ficava cada vez mais forte e ela não sabia quanto tempo aguentaria estar ali.

- Hawkeye? – Patrick perguntou se pondo de pé. – O que foi?

Riza chacoalhou a cabeça negativamente, mas lentamente. Não queria abrir a boca, tinha esperanças que logo passaria.

- Droga, não diga que está se sentindo mal novamente.

- Não estou. – Ela tentou fazer sua voz sair normal, mas ela saiu um pouco baixa.

- Merda. Às vezes eu detesto esse seu jeito reservado. – Ele disse. – Por que simplesmente não confia em mim e fala o que está sentindo?

Riza encarou o rosto sério de Patrick. Os olhos castanhos dele demonstravam preocupação e, ao mesmo tempo, determinação. Ele não a deixaria em paz. Riza sabia que ele queria cuidar dela, mas ela nunca precisou que ninguém cuidasse dela, ela é que sempre cuidou de todos.

- Eu estou bem. – Ela repetiu, sentindo, logo depois, seu estômago revirar, como se a acusasse da mentira.

- Você finge que fala a verdade e eu finjo que acredito. – Ele bufou. – É sério, Riza, se você não está se sentindo bem devia ir ao posto médico. Pode ser mais grave que uma simples intoxicação alimentar. Você devia se preocupar com a sua saúde.

- Eu me preocupo com meu futuro, Patrick. – Ela disse um pouco severa. – Se eu for demitida ele não será fácil.

- Se você tiver alguma doença grave também não vai ajudar. – Ele disse.

- Patrick, - Ela se levantou repentinamente, sua voz já continha um leve tom de irritação – Eu já disse que estou b...

Riza não conseguiu terminar a frase, sentiu que seu estômago dar várias e várias voltas assim que se levantou, sentiu o vômito subir sua garganta e ela imediatamente correu até a lixeira mais próxima, já sabendo que não daria tempo chegar ao banheiro. Mal se inclinou e tudo que subia sua garganta foi parar no fundo da lixeira. Patrick se levantou alarmado e se ajoelhou ao lado da loira, puxando a franja dela para o lado.

- Hawkeye... – Ele murmurou preocupado enquanto ela vomitava. – Droga, depois diz que está bem.

Levantou-se e foi até a sua mesa pegar um pouco de água que tinha em um copo, depois voltou ao lado dela. Ajoelhou-se e derramou um pouco da água em sua mão e a passou pela testa e pescoço dela enquanto ela cuspia um pouco na lixeira.

- Toma. – ele estendeu o copo a ela. Riza fez uma careta ao olhar a água, seu estômago ainda não estava estável, não queria vomitar uma terceira vez naquele dia. Sentiu sua garganta arder ao inspirar um pouco de ar e resolveu tomar só um gole para molhar a garganta. – Vai com calma. – Patrick instruiu.

- Obrigado. – Ela murmurou com a voz fraca entregando o copo a Patrick.

Patrick ajudou Riza a se levantar e a sentar novamente. Riza fechou os olhos por um momento sentindo o amargo em sua boca, desejando imensamente sua escova de dentes. Ao abri-los encontrou um par de olhos castanhos lhe encarando de modo reprovativo.

- Agora não tem mais discussão. – Patrick disse. – Você vai ao posto médico.

- Patrick... – Ela tentou argumentar, mas Patrick a impediu.

- Riza, ou você vai por vontade própria ou eu conto ao Kent. – Patrick disse. – E eu realmente preferiria que você fosse por conta própria. Como você mesma disse, Kent é severo.

Riza suspirou derrotada. Ela não queria levar uma bronca do chefe.

- Tudo bem – Ela disse. – Mas eu tô dizendo: É só uma intoxicação alimentar.

––

Riza bufou pela milionésima vez. Ela adoraria estar desperdiçando seu tempo lendo algum relatório o até mesmo terminando de arrumar seu novo apartamento que continuava com a maior parte das coisas dentro das caixas que vieram da mudança, mas não. Ela estava sentada em um consultório médico esperando pelos resultados dos malditos exames.

Batia impacientemente o pé contra o chão.

"Há quanto tempo estou aqui, afinal de contas?" – Ela se perguntou mentalmente.

- Assim você vai fazer um buraco no chão. – Patrick disse se aproximando de Riza, com um sorriso amigável no rosto.

- Eu nem imagino o porquê de tanta demora. – Ela disse mal humorada.

- Há quanto tempo está aqui? Três dias? A fila de espera tá longa mesmo. – Ele disse comicamente colocando uma mão sobre a testa e apertando os olhos como se tentasse ver ao longe.

- Não tem graça. – Ela disse séria.

- Só você acha isso. – Ele disse sentando-se ao lado dela. – Mas, sério, há quanto tempo está esperando?

Ela suspirou.

- Uma hora e meia.

- Não é tanto tempo assim. – Patrick ponderou.

- Eu poderia estar fazendo um uso melhor do meu tempo. – Ela disse.

- Nah, não se preocupe com isso. – Patrick disse despreocupado.

- Afinal, o que você faz aqui? Não devia estar trabalhando? – Ela perguntou.

- O general pediu para ver se estava tudo correndo bem com seus exames, sabe? – Ele disse.

- Eu estou bem. – Ela disse. Detestava ser tratada como uma criança, ou uma doente.

- Srta. Hawkeye? – Uma enfermeira apareceu segurando uma prancheta.

- Aqui. – Riza disse se pondo de pé.

- O doutor a aguarda na sala seis. – A enfermeira informou.

- Ok.

- Quer que eu te acompanhe? – Patrick perguntou se levantando também.

- Não, tudo bem. – ela disse já seguindo pelo corredor apontado pela enfermeira.

- Tem certeza?

- Sim, Patrick.

- Tudo bem. Eu te espero aqui mesmo. – Ele disse passando os braços por trás da cabeça.

Ela acenou e continuou seu caminho até a sala que fora lhe indicada. Parou diante da porta branca que tinha um '6' pintado de preto e bateu levemente.

- Pode entrar. – Uma voz masculina disse de dentro.

Ela abriu a maçaneta e sentiu o ar frio que provinha do ar condicionado bater em sua pele, lhe causando um pouco de frio. Um homem com pouco mais de quarenta anos que sentava atrás de uma mesa lhe sorriu. Riza retribuiu o sorriso, mesmo que o seu tivesse sido fraco. Fechou a porta atrás de si e sentou-se na cadeira que ficava diante da mesa.

- Então... – Ele disse e olhou para uma pequena ficha diante de si. – Srta. Riza Hawkeye? – Ela acenou confirmando. – Você está aqui para receber seus exames, certo?

- Sim. – Ela confirmou.

- Muito bem. – Ele disse. – Pelo que vi, está tudo normal, exceto que seu corpo parece estar recebendo poucas proteínas. Você tem se alimentado bem, senhorita? – Ele indagou, Riza sentiu uma pontada de culpa. Desde que soubera do casamento de Roy o apetite diminuíra e quando começara a se sentir mal pelas manhãs sua alimentação se tornou ainda mais precária.

- Bom, não exatamente. – Ela respondeu constrangida.

- Bem, a senhorita terá que atentar a isto, ou não fará bem algum para alguém na sua situação. Não que faça bem algum para qualquer pessoa, mas a senhorita tem que tomar um cuidado especial. – O médico falou enquanto escrevia algo num papel.

- Como assim 'alguém na minha situação'? – Ela perguntou confusa.

O médio a olhou curiosamente, com uma sobrancelha erguida.

- Bem, eu pensei que a senhorita soubesse. Você está grávida. – O médico disse.

Riza sentiu como se lhe houvessem acertado. Ela olhou para o médico em descrença, se perguntando se ela realmente ouvira aquilo. O médico a olhou preocupado. Riza piscou várias vezes, como se esperasse acordar a qualquer momento, infelizmente não funcionou.

- Srta. Hawkeye, você está bem? – O médico perguntou diante da falta de reação da mulher.

- D-Desculpe, mas... Você tem certeza? – Ela perguntou.

- Sim. Os exames confirmam. – O médico disse. – você não está feliz com a notícia?

Riza ficou em silêncio. Ela estava feliz? Ela não sabia. Ainda não tinha parado para pensar direito sobre isso. Quando o médico a contou sobre seu 'estado' sentiu como se seus pensamentos fossem sugados por um turbilhão e tudo ficou fora do lugar. Não houve espaço para pensar sobre o fato de que teria um filho.

"Um filho..." – Ela repetiu em sua mente, tocando seu ventre instintivamente. – "Um filho meu e do Roy. Meu filho com um homem que deve ser casado a estas alturas..." – Ela pensou tristemente.

- Senhorita? – O médico chamou novamente.

Riza ergueu o rosto e sorriu. Sim, ela estava feliz. Apesar do pai de seu filho estar casado com outra mulher e estar longe, ela não se deixaria abater por isso. Seu filho precisaria de si, claro que seria duro, mas, mesmo sabendo da existência do pequeno ser há tão pouco tempo, ela já estava disposta a dar sua vida por seu filho ou filha.

- Obrigado, doutor. – Ela disse sorrindo.

- Bem, como eu dizia... – O médico começou a explicar algumas coisas sobre a gravidez para Riza, que ouvia atentamente sem interrompê-lo e com a mão pousada sobre sua barriga.

––

Patrick saltou do banco quando viu Riza se aproximar, ela andava de cabeça baixa, parecendo muito pensativa e com a mão sobre a barriga. Ele se preocupou e correu para onde ela estava. Percebendo a aproximação, Riza levantou a cabeça.

- Você está bem? – Ele perguntou.

Ela assentiu.

- O que o médico falou.

Ela não respondeu nada, apenas riu.

- Qual é a graça? Você está me deixando preocupado. – Patrick disse frustrado.

- Eu não estou doente. – Ela disse.

- Não? Mas e os enjoo e as tonturas... – Ele dizia enquanto a encarava de cima a baixo, quando seus olhos se fixaram na mão dela, as peças se juntaram. – Você está... Está... Grávida?

Os olhos de Patrick estavam arregalados, mas tudo fazia perfeito sentido. Se ela não estava doente e mesmo assim se sentia mal há algum tempo, ela só podia estar... Bom, grávida.

Riza sorriu sonhadoramente.

- Você está grávida. – Desta vez não foi uma pergunta.

Riza apenas balançou a cabeça confirmando.

- Mas... Mas... Como?

- Quer mesmo saber? – Ela disse em tom brincalhão.

- Não... Eu sei como... Quero dizer... Quando e... Com quem? – Ele disse atrapalhado. O sorriso de Riza murchou um pouco.

- Você pode me levar para casa? – Ela perguntou. Incapaz de responder qualquer coisa, Patrick apenas balançou a cabeça, confirmando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Heeey, postei o mais possível porque eu preciso atualizar aqui e no FF.net :]
Anyways, muito obrigado MESMO as meninas que comentaram
Me deixaram muito, muito feliz ♥
Espero que gostem desse aqui
Ah, e me desejem sorte no meu simulado de sábado, esse agora é estilo ENEM
Well, beijos,amores!
—----------------

Ps.: Comecei a fazer uma história original que estou postando no orkut. Quem gosta de história de vampiros, poderia ler?
× http: // www . orkut . com . br/ Main#Community ? cmm=98869609 (junte os espaços)
Dúvidas? Pergunte!
× http: // www . formspring . me / Liligi
×www. twitter . com / Liligib



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Broken Strings" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.