Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 9
Inferno




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Levantei-me rapidamente e então procurei alguma coisa no meu guarda-roupa que combinasse com aquele momento, passei meu dedo entre as dezenas de vestidos que tinha, e então encontrei aquele rosa que Cecília tinha comprado no mês anterior para mim. Era de um rosa bebê com alguns detalhes em dourado e ele valorizava bem as curvas do corpo, o coloquei tão rapidamente que fiquei orgulhosa de mim mesma por saber fazer tamanha façanha.

Me encarei no espelho e resolvi colocar uns brincos da mesma cor dos detalhes, e para deixá-los á mostra, prendi meu cabelo numa trança lateral. Enquanto descia calmamente até a sala de jantar, apreciava o silêncio e beleza daquele enorme casarão. Parecia um castelo, e no qual Lucrezia era a princesa.

Quanto mais perto eu chegava da sala de jantar, mais alto ficavam o som das risadas e das conversas. Parei na porta, observando-os; O papa ficava na ponta, e ao seu lado direito estava Giulia e Lucrezia, e do seu lado oposto se encontrava Vannozza e seu filho mais velho, Cesare, o único lugar que me restava era a outra ponta, de cara com o papa. Como ninguém havia notado minha presença, resolvi falar em alto e bom som:

– Boa noite, amigos! - Todos viraram sua cabeça para me encarar, seus olhos estavam arregalados por conta da surpresa. Andei rapidamente até o meu lugar e sentei, a empregada me serviu uma boa taça de vinho e depois de um demorado gole, completei. - Espero que não tenham começado a se divertir sem mim.

– Claro que não, criança, você é a nossa diversão. - O papa disse com a voz doce, Giulia o cutucou e Vannozza revirou os olhos, ambas acostumadas com o comportamento infantil e desprezível do homem. - Mas, então, por que não veio antes? Estávamos a esperando.

– Eu melhorei agora, Vossa Graça. - Eu forcei um sorriso. - Á propósito, aquele médico me curou, não completamente, é claro, mas mesmo assim...

– O que você tinha? - Vannozza me perguntou enquanto levava o garfo com alguns legumes á boca. Cesare me olhou nervosamente.

– Eu só tinha uma forte dor de cabeça, nada de mais. - Bebi um pouco mais de vinho, e peguei alguns legumes para comer. Comecei a mastigar alguns quando o velho olhou em minha direção e começou a fazer o questionário.

– Então, Dannata, diga-me, quais são os planos políticos de seu pai? O que ele pretende fazer em Florença? - Eu me engasguei, e então voltei á encará-lo. Cesare me olhava de forma ameaçadora, mas o que eu poderia falar pra seu pai sendo que eu mesma não sei de nada?

– Eu não sei. Papai não fala sobre esse assunto comigo, ele só me fala que eu tenho que casar logo, ou ficarei tão velha que nenhum homem irá me querer. - O papa riu. - E também não me interesso por esse assunto, não sei que bem que ele pode me proporcionar, ou que futuro pode me dar. Sobre esses assuntos eu prefiro saber pouco.

– Jura? - O papa arqueou uma sobrancelha. - Mas não vejo a lógica disso, Dannata, se seu pai não falasse pra você sobre suas intenções políticas, pra quem ele falaria?

– Ele tem aliados pra isso. - Comecei a ranger meus dentes de raiva. Eu não estava mentindo! - Nessa parte da vida ele não pode confiar nem na própria família.

– Você não é família, Giorgia, você é uma bastarda. - Lucrezia semi-serrava os olhos.

– Lucrezia! - Vannozza, Giulia e o papa falaram juntos.

– Com licença, eu vou me retirar. - Lucrezia saiu marchando, e logo atrás dela foram Vannozza e Giulia.

– Me desculpe pelos modos da minha filha, sei que ela não deveria estar falando isso, mas - Eu o interrompi.

– Até o senhor já me chamou de bastarda, ou está esquecido? Não se preocupe, não me incomodo com isso, mas não se esqueça de que, quando se trata de poder político, o meu sobrenome tem mais valor que o seu.

– Pior que não podemos discordar. Ela está certa, padre. - Cesare disse.

– Dannata, temos que conversar em particular. - O papa estava me olhando com desejo em seus olhos, e exibia um sorriso de canto. Cesare continuou imóvel, indiferente enquanto á isso.

– Pra você eu sou Giorgia Machiavelli, Vossa Santidade. E não, não temos que conversar nada. - Eu me levantei e caminhei até a porta, o metralhei com o olhar. - Boa noite, Vossa Santidade. Espero que não tenha pesadelos enquanto dorme.

Andei até o meu quarto, e fechei a porta. Desabei na encostada da porta mesmo, coloquei minha cabeça entre minhas pernas e as lágrimas começaram a brotar de meu rosto. Chorei por tudo que havia perdido quando decidi morar com eles, chorei por meu pai e até por Cecília. Eu estava com saudades da minha Florença, da minha vida. Alguém bateu três vezes na porta, enxuguei minhas lágrimas com a manga de meu vestido.

– Vai embora! - Gritei. - Não quero ninguém aqui!

– Nem mesmo eu, querida? - Giulia disse, soando preocupada. - Eu queria te falar sobre hoje...

– Já tá tudo certo, agora, por favor, vá embora! - Eu gaguejava em algumas palavras, mas elas finalmente saíram, e isso já me fez ficar um pouco melhor.

Ouvi mais três batidas na porta.

– Giulia, eu já disse - Aquela voz grossa me interrompeu.

– Não é a Giulia, sou eu, Cesare. Posso entrar?

– Pra quê? Pra rir da minha cara? - Não esperei Cesare responder. - Não, muito obrigada. Estou bem sozinha, pra me menosprezar não preciso de ajuda. Vá embora, Cesare.

– Certo. - Ele deixou um papel embaixo da minha porta. - Cecília Sforza lhe mandou uma carta, só vim deixar isso. Adeus.

Na parte de trás da carta estava a belíssima letra de Cecília, com as seguintes palavras: "De: Cecília Sforza -- Para: Giorgia Machiavelli

Não se esqueça que te amamos muito!!!!!". Abri a carta rapidamente e me emocionei com as seguintes palavras;

Querida Giorgia, minha "filha" querida!
Sei que não deveria te mandar cartas por causa da sua nova família, mas mesmo assim, não me contive. As notícias são boas de mais para não escreve-las e lhe avisar. A fortuna de seu pai triplicou! E saiba que estamos muito orgulhosos de você, querida.
Também sei que isso não é fácil de absorver, mas, lembra que quando você veio me perguntar o que tinha eu respondi que era uma simples gripe? Eu menti, e lhe peço mil desculpas por isso, já que eu e seu pai queríamos que você soubesse o mínimo possível disso. Bem, Giorgia, eu e seu pai nos aproximamos muito, e também nos amamos muito. Como marido
e mulher.

Eu sabia! Voltei a ler a carta com um sorriso nos lábios.

O que eu vim te falar por meio essa carta é que eu estou grávida... De um menino! Já escolhemos seu nome, em homenagem ao seu pai -- Nicolau di Bernardo Machiavelli -- o nome dele será Bernardo Machiavelli. O que achou?
Não é tão ruim assim, não?
Espero que logo você possa nos visitar.
Estaremos sempre de portas abertas para você, filha. Sua família a ama muito!
–- Cecília S. M.


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